Disciplina: Literatura 2 Discentes: Jamile Maiza Nataly Regiane Victor Docente: Viviane
MANUEL BANDEIRA 3 Fonte: G oogle imagens
QUEM FOI? F oi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro . Considera-se que Bandeira faça parte da geração de 1922 da literatura moderna brasileira, sendo seu poema Os Sapos o abre-alas da Semana de Arte Moderna de 1922. Juntamente com escritores como João Cabral de Melo Neto, Paulo Freire, Gilberto Freyre, Clarice Lispector e Joaquim Nabuco, entre outros, representa o melhor da produção literária do estado de Pernambuco. 4
Manuel Bandeira (1881-1968) nasceu na cidade do Recife, Pernambuco, no dia 19 de abril de 1886. Filho do engenheiro Manuel Carneiro de Souza Bandeira e de Francelina Ribeiro, abastada família de proprietários rurais, advogados e políticos. Seu avô materno Antônio José da Costa Ribeiro, foi citado no poema "Evocação do Recife". A casa onde morava, localizada na Rua da União, no centro do Recife é citada como "a casa do meu avô". 5
Casa onde Manuel Bandeira passou sua infância. 6 Fonte: G oogle imagens
Manuel Bandeira viajou, junto com sua família, para o Rio de Janeiro, em 1890. Ingressou no Colégio Pedro II, onde foi amigo de Souza da Silveira, um estudioso da língua portuguesa. Em 1892 voltou para o Recife. É nessa época que escreve seus primeiros versos, não pensava ainda em ser poeta. Em 1903 vai para São Paulo e ingressa na Escola Politécnica, no curso de Arquitetura, mas no fim do ano letivo teve que abandonar os estudos, por ter contraído tuberculose. Voltou para o Rio de Janeiro onde tentou tratamento em estâncias climáticas em Teresópolis e Petrópolis. 7
8 Colégio Pedro II, Rio de Janeiro Fonte: G oogle imagens Escola Politécnica São Paulo. Fonte: G oogle imagens
Em 1913, Manuel Bandeira vai para o sanatório de Clavadel , na Suíça, onde convive com o poeta francês Paul Éluard , que coloca Manuel Bandeira a par das inovações artísticas que vinham ocorrendo na Europa. Discutem sobre a possibilidade do verso livre na poesia. Esse aspecto técnico veio fazer parte da poesia de Bandeira, que foi considerado o mestre do verso livre no Brasil. 9 Bandeira passeando diante do prédio do sanatório de Clavadel . Fonte: Scielo Paul Éluard Fonte : G oogle Imagens
Com o início da Primeira Guerra, em 1914, Bandeira volta a morar no Rio de janeiro. Em 1916, morre sua mãe. Em 1917, publica seu primeiro livro "A Cinza das Horas", de nítida influencia Parnasiana e Simbolista. Em 1918, morre sua irmã, que tinha sido sua enfermeira durante muito tempo. Em 1919, publica "Carnaval", que representou sua entrada no movimento modernista. No ano seguinte morre seu pai. 10
11 Carnaval Fonte : G oogle Imagens A Cinza das Horas Fonte : G oogle Imagens
Em 1921, conhece Mário de Andrade e através deste, colabora com a revista modernista Klaxon, com o poema “ Bonheur Lyrique ”. Morando no Rio de Janeiro, estava distante do grupo paulista que centralizava os ataques à cultura oficial e propunha mudanças. Para a Semana de Arte Moderna de 1922, enviou o poema "Os Sapos", que lido por Ronald de Carvalho, tumultuou o Teatro Municipal. Nesse mesmo ano morre seu irmão. 12
OS SAPOS [...] O meu verso é bom Frumento sem joio. Faço rimas com Consoantes de apoio . Vai por cinquenta anos Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos A fôrmas a forma . Clame a saparia Em críticas céticas: Não há mais poesia, Mas há artes poéticas ... Manuel Bandeira 13
Manuel Bandeira vai cada vez mais se engajando no ideário modernista. Em 1924, publica "Ritmo Dissoluto". A partir de 1925, escreve crônicas para jornais onde faz críticas de cinema e música. Em 1930, publica "Libertinagem", obra de plena maturidade modernista. No poema "Evocação do Recife" que integra a obra, tematiza a infância, faz uma descrição da cidade do Recife no fim do século XIX. Incorpora também vários temas ligados à cultura popular e ao folclore. 14
15 Libertinagem Fonte : G oogle Imagens O ritmo dissoluto Fonte : G oogle Imagens
Em 1938, é nomeado professor de Literatura do Colégio Pedro II. Em 1940 foi eleito para Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira de nº24. A partir de 1943 é nomeado professor de Literatura Hispano-Americana da Faculdade Nacional de Filosofia. Em 1957, viaja durante quatro meses pela Europa. Ao completar oitenta anos, em 1966, publica “Estrela da Vida Inteira ”. Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho faleceu no Rio de Janeiro, no dia 13 de outubro de 1968. 16
17 Estrela da vida Fonte : G oogle Imagens
OBRAS Í cones da literatura brasileira. 18
Estrela da Manhã (1936) Eu quero a estrela da manhã Onde está a estrela da manhã? Meus amigos meus inimigos Procurem a estrela da manhã Ela desapareceu ia nua Desapareceu com quem? Procurem por toda parte digam que sou um homem sem orgulho Um homem que aceita tudo Que me importa? Eu quero a estrela da manhã... 19
Lira dos Cinqüent'Anos (1940): Ouro branco! Ouro preto! Ouro podre! De cada Ribeirão trepidante e de cada recosto De montanha o metal rolou na cascalhada Para o fausto d´ El-Rei , para a glória do imposto Que resta do esplendor de outrora? Quase nada: Pedras... templos que são fantasmas do sol-posto. (em “Ouro Preto ”) Vi uma estrela tão alta, Vi uma estrela tão fria! Vi uma estrela luzindo Na minha vida vazia 20
Belo Belo (1948) Belo belo belo Tenho tudo quanto quero, Tenho o fogo de constelações extintas há milênios, E o risco brevíssimo — que foi? Passou — de tantas estrelas cadentes. A aurora apaga-se, E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora. O dia vem, e dia a dentro Continuo a possuir o segredo grande da noite. 21
Mafuá do Malungo (1948) Olhei para ela com toda a força. Disse que era boa. Que ela era gostosa, Que ela era bonita pra burro: Não fez efeito (...) Virei pirata (...) Então banquei o sentimental (...) Escrevi cartinhas (...) Perdi meu tempo: não fez efeito. Meu Deus que mulher durinha! Foi um buraco na minha vida. 22
Opus 10 (1952-1955) Como em turvas águas de enchente Me sinto a meio submergido, Entre destroços do presente Dividido, subdividido, Onde rola, enorme, o boi morto (...) Morto sem forma ou sentido Ou significado. O que foi Ninguém sabe. Agora é boi morto. (em “Boi Morto”) 23
Estrela da Tarde (1960) Vejo mares tranqüilos,que repousam, Atrás dos olhos das meninas sérias. Alto e longe elas olham,mas não ousam Olhar a quem as olha, e ficam sérias. 24
Estrela da vida inteira Depois de tamanhas dores, De tão duro cativeiro às mãos dos interventores, Que quer o Brasil inteiro? - O Brigadeiro ! (...) Brigadeiro da esperança, Brigadeiro da lisura Que há nele que tanto afiança A sua candidatura? - Alma pura! 25
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CONCLUSÃO Reconhecido como o poeta do humilde sublime, Manuel Bandeira executa em seus versos uma das mais caras propostas do Modernismo: a poesia do cotidiano , da simplicidade . Tratando o tempo presente de modo a redimensioná-lo pela memória, reverencia a vida, a humildade, as coisas pequenas significativas, o sentimento banal, construindo o que ficou conhecido como “banal sublime”. A força de sua poesia está na surpreendente simplicidade da linguagem, coloquial e densa, despojada e plurissignificativa ao mesmo tempo. Segundo o próprio poeta, “ o grande mistério está na simplicidade “, ou seja, em exprimir com grande singeleza conteúdos humanos profundos. 27