PORTOS E LOGÍSTICA
22 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2017
tagem de todo o sistema de gestão da
frota. Ela destaca como prioridades no
desenvolvimento dos serviços a segu-
rança e o planejamento. “Várias em-
presas querem atuar nesse nicho, mas
é preciso muito conhecimento para fa-
zer uma aproximação com o drone em
uma plataforma. Há vários locais iden-
tificados como de atmosfera explosiva,
com a presença do hidrocarboneto.
O chamado ‘triângulo do fogo’ pode
acontecer a qualquer momento. Basta
a presença de hidrocarboneto, oxigê-
nio e algo como uma faísca do drone
ou o motor superaquecido do drone”,
diz a executiva.
— Vamos prestar o serviço do dro-
ne, equipado com câmaras de infra-
vermelho, só que com avaliação de
risco, com responsabilidade técnica,
com plano de emergência, plano de
voo e procedimento de como aquilo
vai ser operado — destaca a diretora
do Grupo Ican. A empresa já fez três
apresentações na Transpetro, para a
área de dutos.
Uma inspeção regular em uma
embarcação offshore envolve a ve-
rificação de eventual vazamento,
comprometimento de casco, alguma
alteração em consequência de coli-
são. A operação pode também ser feita
por drone submarino, que verifica o
calado e o costado.
A Groove.tech, dedicada a inovação
e tecnologia, atua em parceria com o
Grupo Ican. Não diretamente na ope-
ração de drones, mas no desenvolvi-
mento de soluções sob demanda. O
diretor da empresa, Eliandro Lopes
de Sousa, destaca que o mercado de
drone está em ebulição, com diversos
modelos de negócios e novos segmen-
tos descobrindo o potencial competi-
tivo da utilização da tecnologia. Mas
enfatiza que na maior parte das vezes
as soluções de prateleira não são ade-
quadas. “A implantação quase sempre
exige a melhoria da infraestrutura físi-
ca e lógica. É preciso enviar alertas dos
processos em tempo real para centrais
de comando, alertando para anoma-
lias. É necessário também criar cená-
rios e tendências daquilo que é mo-
nitorado e ser preditivo nas análises,
com o uso de inteligência artificial”,
aponta Souza.
A GTP Tecnologia desenvolveu há
três anos um complexo sistema de
monitoramento para a área de enge-
nharia da Petrobras, que necessitava
aferir a evolução de uma obra entre a
Reduc, em Caxias (RJ), e o Comperj,
em Itaboraí (RJ). O projeto partiu de
soluções convencionais até o desen-
volvimento da tecnologia com o uso
de drones. O que a Petrobras pediu foi
uma rede de dados de telemetria ca-
beada em 50 quilômetros. Torre, poste,
transmissão de dados. A GTP propôs
um sistema nômade.
O percurso seria inicialmente feito
por helicóptero, com a tecnologia em-
barcada para coleta e transmissão de
dados. Mas verificou-se que o custo
seria estratosférico. “A ideia era cruzar
dados de telemetria, dados de gestão
de ativos e dados de câmara, tudo isso
numa central de monitoração remota,
distante a ‘xis’ quilômetros. Formar
uma base de dados de conhecimento
para saber se a obra estava se desen-
volvendo de acordo com o programa-
do, se estava usando os equipamentos
e as pessoas programados”, conta o di-
retor de negócios da GTP Tecnologia,
Luiz Araújo. “A banda boa da Petro-
bras, o pessoal da engenharia, queria
monitorar a obra, porque já havia des-
vio”, acrescenta. Segundo Araújo, a fis-
calização era feita por um engenheiro
da Petrobras, que tinha de percorrer 50
quilômetros da faixa de dutos, em áre-
as que incluíam mangue, montanha,
comunidades, locais onde cadáveres
eram desovados e área de tráfico. Na
prática, diz o executivo, muitas vezes,
o programado era usar por exemplo 20
escavadeiras e 30 sidebooms, mas na
verdade estavam operação 10 escava-
deiras e dois sidebooms. E 30 funcio-
nários, quando o programado era 300.
Nos ensaios, foram utilizados dois
drones com 15 quilos de payload e
cinco horas de autonomia. Dependen-
do da velocidade, poderia ir e voltar de
uma ponta a outra, funcionando por
GPS e telemetria.
Vencedora da licitação da Petrobras,
a GTP investiu US$ 300 mil no projeto.
Mas com a descontinuidade das obras
do Comperj, a solução foi abortada.
Com a experiência adquirida, a
empresa resolveu dar continuidade
ao desenvolvimento de soluções com
drones e migrou para equipamen-
tos menores. Hoje opera drone com
payload (carga de uma transmissão de
dados) de dois quilos e autonomia de
40 minutos. Mudou o sistema de nave-
gação de GPS para sensores aéreos. E
está para assinar um contrato com um
porto graneleiro, onde atuará na ges-
tão de ativos. n
Na inspeção de ‘flare’, os drones
podem executar a operação sem
a necessidade de interrupção do
serviço, grande economia