Max Weber e o conceito de Estado
ENEM
É por meio de uma série de categorias que cada um de nós se situa em relação à realidade a nossa volta.
Idade, etnia, gênero, classe social e nacionalidade são alguns desses marcadores que definem quem somos
para nós mesmos e também para os outros. Identificamo-nos como brasileiros, italianos ou dinamarqueses
a partir de nosso país de origem. Logo ao nascermos, ganhamos uma nacionalidade que nos acompanhará
por toda a nossa história, vinculando a nossa existência a um país e conferindo-nos uma série de restrições,
deveres e sentidos. É difícil concebermos um mundo em que o Estado nacional não seja central na
formação de nossa identidade e na organização da vida social. Entretanto, o Estado como o conhecemos
hoje nem sempre existiu e tão pouco tem sua permanência garantida no futuro das sociedades. “No que diz
respeito às criações humanas nada é permanente. Sobretudo quando não estamos falando de coisas físicas,
ou seja, quando nos referimos às instituições sociais – como o capitalismo, a escravidão ou o Estado”,
explica o professor do Departamento de História da USP, Modesto Florenzano.
A definição weberiana de Estado é talvez uma das mais famosas na Sociologia. No artigo Política como
Vocação, o autor afirma que o Estado é “uma relação de homens que dominam seus iguais, mantida pela
violência legítima (isto é, considerada legítima)”. Assim, na conceituação de Weber, o Estado é um aparato
administrativo e político que detém o monopólio da violência legítima dentro de um determinado território,
a partir da crença dos indivíduos em sua legitimidade.
Dois pontos são fundamentais na descrição do autor. Primeiramente, o monopólio estatal da violência
legítima não significa que apenas o Estado fará uso da força, pois indivíduos e organizações civis poderão
eventualmente fazer uso da violência física. Entretanto, apenas o Estado é autorizado pela sociedade para
usá-la com legitimidade. Assim, organizações como a máfia italiana ou o crime organizado no Brasil são
exemplos de grupos que fazem uso da força sem, todavia, terem o apoio do resto da sociedade para fazê-lo,
de forma que a legitimidade do Estado não é questionada. Já, os grupos separatistas que fazem uso da
violência para organizar revoluções de cunho político podem, eventualmente, colocar a legitimidade estatal
em questão se obtiverem o apoio da maior parte da população.