empresas dos EUA, se mantiveram em actividade embora tenham sofrido prejuízo de milhares
de milhões de dólares.
Esses prejuízos levantam uma questão preocupante: é possível que o capitalismo esteja a
tender para uma “eutanásia dos capitalistas”, um estado em que a concorrência acrescida gera
prejuízos crónicos? Para responder a esta questão necessitamos de analisar as condições de
encerramento de longo prazo. Demonstrámos que as empresas devem encerrar a actividade
quando já não podem cobrir os seus custos variáveis. Mas, no longo prazo, todos os custos são
variáveis. Uma empresa que esteja a perder dinheiro pode pagar o empréstimo que ainda
deve, indemnizar os seus gestores e deixar expirar as suas rendas. No longo prazo, todos os
compromissos são de novo opcionais. Assim, no longo prazo as empresas produzirão apenas
enquanto o preço for igual ou superior ao ponto crítico em que o preço é igual ao custo médio.
Há, portanto, um ponto crítico de lucro zero abaixo do qual o preço de longo prazo não pode
baixar para que as empresas se mantenham em actividade. Isto é, o preço de longo prazo deve
cobrir os custos despendidos, tais como salários, matérias-primas, equipamento, impostos e
outros custos, bem como os custos de oportunidade, tal como a remuneração alternativa do
capital do investidor. Isso significa que o preço de longo prazo tem de ser igual ou superior ao
custo médio de longo prazo.
O que acontece se o preço de longo prazo desce abaixo deste nível critico de lucro nulo? As
empresas ao deixarem de ter lucro começam a abandonar o sector. Dado que há menos
empresas a produzir, a curva de oferta de mercado deslocar-se-á para a esquerda e o preço
aumentará. O preço acabará por subir o suficiente para que o sector passe a ser de novo
lucrativo.
Mas o processo também funciona na outra direcção. Suponha que o preço de longo prazo está
acima do custo total de longo prazo, pelo que as empresas estão a ter lucro económico.
Admita ainda que no longo prazo todas as empresas são absolutamente livres de entrar no
sector, de tal modo que um numero qualquer de empresas pode entrar no sector e produzir
exactamente aos mesmos custos das empresas que já fazem parte dele.
Nesta situação, empresas novas serão atraídas pelos lucros futuros, a curva da oferta de curto
prazo desloca-se para a direita e o preço cai. Acabará por cair ate ao ponto crítico, de modo
que deixa de ser lucrativo para outras empresas entrarem no sector.
A conclusão é de que, no longo prazo, o preço de um sector concorrencial tenderá para o
ponto crítico em que empresas idênticas cobrem apenas a totalidades dos seus custos
concorrenciais. Abaixo deste preço crítico de longo prazo, as empresas abandonarão a
actividade até que o preço regresse ao custo médio de longo prazo. Acima deste preço de
longo prazo, novas empresas entrarão no sector, forçando desse modo o preço de mercado a
baixar até ao preço de equilíbrio de longo prazo, com o qual são cobertos apenas todos os
custos concorrenciais.
Chegámos à conclusão preocupante acerca da lucratividade de longo prazo do capitalismo
concorrencial. As forças concorrenciais tendem a empurrar as empresas e os sectores de
actividade para um estado de longo prazo de lucro nulo. A longo prazo, as empresas