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condiÆÔes de caminhar por si e ser capaz de dar
continuidade ¿ vida numa condiÆÂo plena. Os fracassos
neste transcurso serÂo reapresentados sob a forma de
diversos bloqueios no processo evolutivo, como
distÙrbios, dificuldades, impedimentos, vÌcios,
distanciamentos, alienaÆÔes e limitaÆÔes, que se
ramificam sob diversas formas patolÒgicas de posiÆÂo
frente ¿ existÉncia.
Voltando ¿ citaÆÂo do Santo Padre, na EncÌclica
Fides et Ratio, relativa ao OrÀculo de Delfos: #Conhece-
te a ti mesmo$, traz em si a grande questÂo humana,
englobando outros questionamentos tais como: quem
sou, a que vim, para onde vou, traduzindo alguns dos
principais dilemas humanos, os quais, para nÒs cristÂos,
sÂo respondidas pelo Pai, atravÈs de seu Filho.
A evangelizaÆÂo tem na sua missÂo, a
responsabilidade de ser a apresentaÆÂo da realidade
inaugurada por Cristo. Isso implica que seja libertadora,
formadora e sustentadora da caminhada. Ela precisa
fechar um ciclo completo de retorno a Deus.
A infÁncia foi por sÈculos desconsiderada, apesar
do alerta de Jesus de que buscÀssemos ser como as
crianÆas, que entre outras coisas, tem a capacidade de
receber o Reino irrestritamente, sem objeÆÔes ao
anÙncio, numa expressÂo autÉntica de fÈ. "CrianÆa È
futuro" dizem aqueles que tem a infÁncia, como fase
caracterizada pela dependÉncia e incapacidade. Ver a
crianÆa como ser sem alma, adulto em miniatura,
totalmente incapaz, cujos sentimentos nÂo tem
significaÆÂo e as vivÉncias nessa fase nÂo trazem
seqÛelas, sÂo formas de negar a vida, a dignidade e a
escolha de Deus por ela.
Desde a concepÆÂo, vamos sendo formados.
Nascer È um evento marcante, fecha um momento e
inaugura outro, mas nÂo interrompe a seqÛÉncia. Da
concepÆÂo ¿ morte, independentemente do quanto
dure, temos a vida, dom de Deus em seu infinito amor.
A infÁncia inicia uma fase que possui um significado
imprescindÌvel. ¨ a fase em que necessitamos
inicialmente de cuidados totais, mas que vÂo,
gradativamente, sendo suprimidos pela autonomia nesta
subsistÉncia. Da dependÉncia absoluta À independÉncia,
na realidade a crianÆa necessita somente de quem as
acompanhe adequadamente, de quem dÉ, À medida de
sua necessidade, aquilo que ela precisa.
Mas aos atos de amor e cuidado, interferem
diversas seqÛelas das vivÉncias parentais. As mÀs
formaÆÔes vÉm de cuidados limitados, deformados,
recusados dentre outros advindos e repassados pelas
geraÆÔes passadas. Se no presente podemos observar o
convÌvio entre netos, pais e avÒs, poderemos avistar, jÀ
neste pequeno nÙcleo diversos desvios, quanto mais
poderemos constatar ao longo dos novos
relacionamentos que serÂo formados ao longo da vida.
Especificamente na infÁncia, quando as necessidades e o
referencial realizam uma intensa movimentaÆÂo entre o
eu e o outro, quanto melhor forem as condiÆÔes que o
cuidador puder oferecer, mais a crianÆa se beneficiarÀ.
Como algumas boas condiÆÔes citamos a
capacidade de compreensÂo do que a crianÆa sente, a
diferenciaÆÂo entre o que ela quer e o que precisa, a
aceitaÆÂo dela como È, seus reais limites e
necessidades, a aceitaÆÂo de sua independÉncia, a
estimulaÆÂo que desenvolva as capacidades sem
sobrestimaÆÂo (cuja nÂo-correspondÉncia ¿s
expectativas esperadas da crianÆa, gere nela um senso
de incapacidade), nem subestimaÆÂo (cuja fraca
exigÉncia nÂo atinja o desenvolvimento pleno da suas
capacidades).
Discorrer um pouco sobre a infÁncia, nos ajudarÀ
a compreender a fundamentaÆÂo do DGC relativa a
alguns pontos significativos, os quais transcrevemos e
comentamos a seguir:
Com relaÆÂo ¿s necessidades especÌficas para
cada fase do processo evolutivo
"DGC 171. A catequese, segundo as diferentes
idades, È uma exigÉncia essencial para a comunidade
cristÂ. Por um lado, de fato, a fÈ participa do
desenvolvimento da pessoa; por outro lado, cada fase
da vida È exposta ao desafio da descristianizaÆÂo e
deve, acima de tudo, aceitar como um desafio, as tarefas
sempre novas da vocaÆÂo cristÂ. Oferecem-se, pois, por
direito, catequeses por idades, diversificadas e
complementares, provocadas pelas necessidades e
capacidades dos destinatÀrios. Para tanto, È indispensÀvel
prestar atenÆÂo a todos os elementos em jogo,
antropolÒgico-evolutivos e teolÒgico-pastorais,
valendo-se tambÈm dos dados atualizados da ciÉncias
humanas e pedagÒgicas, relativos a cada idade. Tratar-se-À
tambÈm de integrar sabiamente as diversas etapas do
caminho de fÈ, prestando particular atenÆÂo para que a
catequese dirigida ¿ infÁncia encontre harmonioso
cumprimento nas fases posteriores".
Com relaÆÂo ¿ condiÆÂo ¿s principais fases de
formaÆÂo humana
"DGC 177. Esta fase de idade, tradicionalmente
dividida em primeira infÁncia ou idade prÈ-escolar e
adolescÉncia, aos olhos da fÈ e da prÒpria razÂo, tem como
prÒpria a graÆa do inÌcio da vida. Nesta idade, '...nascem
preciosas possibilidades para a edificaÆÂo da Igreja e
para a humanizaÆÂo da sociedade', a serem
assumidas. Filha de Deus graÆas ao dom do Batismo, a
crianÆa È proclamada por Cristo membro privilegiado do
Reino de Deus.
Por diversas razÔes, hoje talvez mais do que ontem, a
crianÆa requer pleno respeito e ajuda nas suas
exigÉncias de crescimento humano e espiritual,
tambÈm atravÈs da catequese, que nÂo pode jamais faltar
¿s crianÆas cristÂs. Quem, de fato, deu-lhe a vida,
enriquecendo-a com o dom do Batismo, tem o dever de
alimentÀ-la em sua continuidade".