ANÁLISE DE OBRA LITERÁRIA: Vidas Secas : um romance de Graciliano Ramos, escrito entre 1937 e 1938, publicado originalmente em 1938. O livro, narrado em terceira pessoa, aborda a história de uma família de retirantes que vive em pleno agreste os sofrimentos da estiagem. Universo pobre de um homem (Fabiano), uma mulher (Sinhá Vitória), os filhos e uma cachorra (Baleia). Fabiano, Sinhá Vitória e os filhos são exemplos de seres convertidos em criaturas, animalizados, brutalizados por causa da precariedade de suas condições de vida, enquanto abandonam a terra onde nasceram, ressequida, estéril, procuravam na cidade uma forma de sobrevivência. Um trecho da obra que ilustra a perda de humanidade de Fabiano: "Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo(...)." Ao longo deste romance, é muito comum as vozes do narrador e das personagens se confundirem, através do discurso indireto livre, um dos mais importantes recursos narrativos de Graciliano Ramos, cuja retórica, e de muitos verbalismos, parece se alojar no interior das personagens, fundindo homem e paisagem, ação e processos mentais. Por essas razões, Graciliano Ramos significa a maturidade de nossa ficção regionalista, a expressão literária, a dimensão política, universal de nossos problemas aparentemente locais.