Como todos os outros homens de Israel, Baraque estava com medo de Sísera e recusou-
se a obedecer, exceto com uma condição: Débora devia acompanhá-lo. Ela seria o seu
talismã no dia da batalha. Ela respondeu:
- Certamente, irei contigo, mas não será tua a honra da investida que empreende; pois às
mãos de uma mulher o Senhor entregará a Sísera (Jz 4.4-6,9).
Ao ouvir falar da conspiração, Sísera levou suas tropas e carros para o ribeiro Quisom,
um leito seco de rio, decidido a esmagar a rebelião. Sua própria força, no entanto, voltou-
se contra ele quando a chuva inundou todo o vale. De repente, novecentos carros de ferro
tornaram-se uma enorme desvantagem. Por mais furiosamente que os soldados
chicoteassem os cavalos para que avançassem, a lama os prendia. Eles se tornaram
alvos fáceis para as tropas de Baraque que desciam do Monte Tabor, passando todos os
homens, exceto Sísera, ao fio da espada.
Mais uma vez, Deus ouvira o clamor de seu povo e enviara um libertador – dessa vez
uma mulher, cuja fé silenciou as vozes de dúvida e timidez, de modo que o povo pudesse
ouvir a Voz que importava. Em seu dia de vitória, Débora e Baraque cantaram este
cântico:
“Desde que os chefes se opuseram a frente de Israel, e o povo se ofereceu
voluntariamente, bendizei ao Senhor. Ouvi, reis, daí ouvidos, príncipes: eu, eu mesma
cantarei ao Senhor; salmodiarei ao Senhor, Deus de Israel[...] Ficaram desertas as
aldeias em Israel, repousaram, até que eu, Débora, me levantei, levantei-me por mãe em
Israel” (Jz 5.2-3)
De fato, uma mãe levantara-se em Israel, uma mulher cuja fé firme fez nascer a
esperança, a liberdade e a paz, que durou quarenta anos. Nunca mais os cananeus
uniriam forças contra Israel. Como uma Joana D`Arc da antigüidade, Débora levantou-se
e chamou o povo a batalha, tirando-os da idolatria e restaurando sua dignidade como
escolhidos de Deus.
SUA VIDA E SUA ÉPOCA
Mulheres na Liderança
Embora mulheres como líderes fossem raras na sociedade israelita, não deixaram de
existir. No período dos juizes, quando Israel achava-se enfraquecido espiritualmente, em
desordem civil e oprimido por seus inimigos, Débora enfrentou o desafio. Seu papel de
liderança desenvolveu-se, provavelmente, aos poucos, à medida que sua sabedoria par
fazer julgamentos veio a tornar-se conhecida. Quando Deus falou a Débora, ela
respondeu imediatamente, chamando Baraque para guiar o povo na batalha contra o
opressor de vinte anos. A relutância de Baraque em partir sem Débora revelou claramente
a falta de uma liderança masculina forte em Israel.
Débora foi a única mulher a manter a posição de juíza em Israel, mas não era a única
profetisa. Várias outras são mencionadas: Miriã (Êx 15.20), Hulda (II Rs 22.14), Noadia
(Ne 6.14), Ana (Lc 2.36) e as quatro filhas solteiras do evangelista Filipe (At 21.9).
As escrituras descrevem Débora como “Débora, profetisa, mulher de Lapidote”. É curioso
que, quando Débora descreveu a si mesma, não usou termos como profetisa, mulher,
juiza, general, líder ou qualquer outro denotando influência ou poder, mas descreveu-se
como “mãe em Israel”(Jz 5.7). Sua posição era a de mãe não só para seus filhos
biológicos, mas também para todos os filhos de Israel. Embora eles tivessem esquecido
não só quem eram, mas também a quem serviam, sua mãe, Débora, lembrou-os e guiou-
os numa vitoriosa caminhada para a paz.
Você, talvez, não esteja numa posição influente de autoridade. Mesmo assim, pode ser
mãe ao orientar seus filhos e crianças de sua vizinhança na direção certa. Você, talvez,
tenha pouco poder em seu trabalho e no cargo que ocupa, mas pode ser mãe para os que
a rodeiam e inspirá-los a seguir o caminho da justiça. Sua vida talvez permita pouco
tempo ou poucas oportunidades de assumir posições significativas de liderança, mas
pode continuar a ser mãe em sua esfera de atuação, seja grande ou pequena, exercendo