Arte Moderna no Brasil - NeoConcretismo- Prof. Andréa Dressler
Contexto histórico Abertura de museus no Rio e em São Paulo (1948) I Bienal de Artes (1951) Arte Concreta com Grupo Ruptura (1952) Construção de Brasília (1960) Golpe Militar (1964)
Arte Concreta/ou Concretismo – Grupo Ruptura Os artistas concretistas do Grupo Ruptura, em São Paulo, se dedicavam à uma estética extremamente racional em suas obras em oposição à arte abstrata pois não apresentava conotação lírica (sentimentalismos) Luiz Sacilotto Vibração Ondular - 1953
Grupo Frente No Rio de Janeiro um outro grupo dava prioridade para as correntes subjetivas e líricas. O Grupo Frente surgiu em 1954 em oposição ao Grupo Ruptura. Contra o excesso de regras e as intransigências em relação ao uso da geometria, esses artistas defendiam a liberdade de experimentação , o retorno à expressão emocional e o resgate de valores individuais. Sem título (1954), de Ivan Serpa , um dos precursores da abstração geométrica no Brasil. Ele abre sua primeira exposição em 1954, na Galeria do Ibeu , no Rio de Janeiro. apresentada pelo crítico Ferreira Gullar.
Influência do Construtivismo Após a Segunda Guerra Mundial (1945) o movimento de origem russa Construtivismo influencia bastante os trabalhos dos artistas concretos no Brasil. Fundado por Vladimir Evgrafovic Tatlin ainda nos anos 20, o construtivismo, defendia a interação entre pintura, escultura, arquitetura e até fotografia . Monumento à III Internacional, ou Torre de Tatlin (1919). Por falta de fundos não chegou a ser executado em escala real.
Um ótimo exemplo de influência construtivista podemos ver na obra “Grande núcleo”, de Helio Oiticica (1960-66) que relaciona escultura com arquitetura possibilitando, também, a participação do espectador na obra.
Qual a diferença? Possuem a mesma base concreta , inclusive, em 1956 os dois grupos expõem juntos na I Exposição Nacional de Arte Concreta. Mas, diferentemente do Grupo Ruptura, o Grupo Frente pregava a experimentação de todas as linguagens artísticas (música, dança, artes plásticas e artes cênicas) Parangolés , de Helio Oiticia , em exposição e sendo usado em uma performance por Nildo da Mangueira, 1964
Grupo Ruptura (São Paulo) Grupo Frente (Rio de Janeiro) RACIONAL : Enfatizam o conceito de pura visualidade da forma EMOCIONAL : Defendem a interação entre as artes e o espectador Waldemar Cordeiro, Contradição Espacial, 1958 Helio Oiticica Instalação Grande Núcleo, 1960-66
Surge o Neoconcretismo Dessa forma, em 1959, com a assinatura do Manifesto Neoconcreto , surge a Arte Neoconcreta (Movimento Neoconcreto): Não concebemos a obra de arte nem como uma "máquina" nem como um "objeto", mas como um " qüasi-corpus ", isto é, um ser cuja realidade não se esgota nas relações exteriores de seus elementos; um ser que, decomponível em partes pela análise, só se dá plenamente à abordagem direta, fenomenológica. Acreditamos que a obra de arte supera o mecanismo material sobre o qual ela repousa, não por alguma virtude extraterrena: supera por transcender essas relações mecânicas (que a Gestalt objetiva) e criar uma significação tácita (M. Ponty ) que emerge nela pela primeira vez. Se tivéssemos que buscar um símile para a obra de arte, não o poderíamos encontrar, portanto, nem na máquina nem no objeto mas, como S. Langer e W. Wleidlé , nos organismos vivos . Essa comparação, entretanto, ainda não bastaria para expressar a realidade específica do organismo estético.
Arte interativa – Relação entre obra e espectador Os neoconcretos criaram a possibilidade de participação real e de caráter lúdico entre o espectador e a obra, não só na contemplação, mas na alteração do projeto artístico. Em outras palavras, buscavam formas de incorporar o observador, que, ao tocar e manipular as obras tornava-se parte delas. Lygia Clark, Esculturas em metal da série Os Bichos , (1960)
Alguns dos principais artistas neoconcretas
Lygia Clark (1920-1988) Escultura “Obra Mole”, da série Trepantes 1964 (borracha) Escultura “Laço Infinito” (1960), de Max Bill baseada no princípio da Fita de Moebius . Gostava de explorar o espaço com os seus não-objetos , como ela mesma chamava. Utilizando materiais diversos como madeira, alumínio e borracha, suas esculturas assumem formas orgânicas e se integram ao espaço, se adaptam, como se estivessem vivas. Lygia Clark na obra “Caminhando” (1964) em que também utiliza a fita de Moebius .
Lygia Pape (1927-2004) Xilogravura da série Tecelares , 1955 Como gravadora explorava a textura pré-existentes nos materiais, como a madeira. Também produziu uma série de instalações e performances que envolviam a utilização do corpo na transformação do objeto. Em Ovo ,1967, cubos de madeira são envolvidos em papel fino e rompido como um nascimento.
Em Balé Neoconcreto, 1958, bailarinos ocupam os objetos em forma de cilindros e paralelepípedos e andam sobre um palco negro. Já em Divisor , 1968, uma multidão preenche um pano de 30 por 30 metros, colocando a cabeça nas várias aberturas existentes e andam pela cidade.
Amílcar de Castro (1920-2002) Além de vários desenhos e pintura, Amílcar de Castro explora diferentes materiais em suas esculturas sem utilizar solda ou nada do tipo. Sem fragmentar a forma utilizava-se de dobras e cortes para manter sua essência. Sem Título, déc .1990 (aço) Veja outras obras em: http://www.institutoamilcardecastro.com.br/esculturas.html Sem Título ,1950 (madeira) Sem título, 2001 (mármore)
Abraham Palatnik (1928- ) Palatnik é considerado o principal representante da Arte Cinética no Brasil, arte que explora efeitos visuais a partir do movimento das formas. Utilizando arame, imãs e parafusos o artista criou esculturas dinâmicas únicas e originais, como vemos no Objeto Cinético, da década de 60, ao lado. Escultura “Gongo Tripo ” (1958), de Alexander Calder , pioneiro do Cinetismo nos EUA na década de 50, que influenciou os trabalhos de Palatnik . Objeto cinético de Palatnik
Franz Weissmann (1911-2005) De origem austríaca, iniciou seus trabalhos no Brasil com obras construtivistas. Depois se tornou um dos fundadores do neoconcretismo e passou a explorar outros materiais como chapa de zinco ou alumínio e a expor em diversos lugares pelas grandes cidades. Dois cubos lineares virtuais, 1954 (vistos de ângulos diferentes) A Torre, escultura com influência construtivista (veja A Torre de Tatlin ), 1957
Diálogo, 1979 (na Praça da Sé, SP) Grande quadrado preto com fita, 1985 (no Parque Ibirapuera, SP) Retângulo Vazado, 1996 (no Centro Cultural Carioca, RJ)