ponta do dedo, uma execugäo tdo indolente, tdo fácil, que tornava
as derrotas, e até mesmo os sucessos, insuportavelmente humilhan
tes. O poder masculino típico parece, comparativamente, um ins-
trumento cego, suas evasivas e estratégias de campo risivelmente
terapéuticas perto do mal que uma mulher pode fazer com um
única palavra cortante: nao.
O sexo € mais poderoso na mente e, para os homens, ni
mente as mulheres tém muito poder, nao só de excitar, mas de
dar valor, autovalor, significado, iniciado, sustentagáo, tudo
gando isso mais claramente através da minha experiénci.
comecei a imaginar se os homens mais extremos recorrem a vio:
léncia com as mulheres porque acham que isso é tudo o que eles
tém, sua única vantagem patética sobre tudo o que €
¡cima deles. Nao justifico isso. Nao há nenhuma justific
so. Mas, como homem, eu me senti vagamente sintonizadc
este modo de pensar ou com sua possibilidade, Nao vivi isso, m;
acho que vi como a rejeigäo pode provocar uma alteragdo absurda
na mente de um homem rejeitado, onde a misoginia e, finale
+ estupro podem ser uma tentativa viciosa de tomar o que náo
pode ser tomado porque nao foi concedido. As vezes, as mulheres
parecem tao superiores quando vocé as vé através dos olhos de u
homem comum que agora, olhando para trás, para esse sentiment
como mulher, a simples idéia de cravar seu pénis numa mulher
para se vingar ou reclamar scu dircito sobre ela, de repente pare
0 absurdamente fora de escala e inútil como um pigmeu enfiand:
seu dedo na lua.
Nos clubes de sexo que visitei e nos encontros que tive
vivenciei uma perspectiva que me foi imposta de fora pela cultur
por outras mulheres e outros homens, e vislumbrei essa conexio
profundamente perturbadora entre a violencia co sexo, e as mulhe
res o autovalor, os marcos da impoténcia masculina, o desamparo,
luxúria venerävel e a ira assassina que podem provir da mesm:
caréncia, da mesma postura servil que pode ocorrer num momento.
Queira-me, tudo isso parece dizer. Ame-me. Deseje-me. Escolha-
me. Preciso de vocé. Vocé me ignora, Vocé me desdenha. Voce
deströi. Odeio voc’.
Tendo visto isso, tenho mais medo do que nunca das men.
tes masculinas, e estranhamente sinto-me mais impotente do que
nunca andando no mundo entre eles, ainda que eu saiba que isso
näo é justo. Os homens nao súo todos iguais, e Ned, como tod:
homem e nao sendo homem, nao era todos os homens € nunca
poderia ser. Mas parece verdadeiro dizer que nós, mulheres, temos
muito mais poder do que imaginamos, e por isso, mesmo com nos
sos medos, nossas defesas e nossa inteligencia, corremos ainda mais
perigo do que imaginamos ou ousamos contemplar.
Mas houve outras razôes de a minha temporada como Ned,
saindo com mulheres, deixar-me com raiva das mulheres. É claro
que me sinto presa na mesma armadilha que elas. Quando
Ned, as mulheres tornaram-se uma sub-espécie a ser responsabi
izada, assim como, para essas mulheres, os homens tornaram-se
o adversário do mal. Eu fiz o que eles faziam e vi como era quas
inevitável quando se € oposto, ainda que, é claro, eu náo fosse, O
<érebro armazena os dados em categorías, mas eu estava nas duas
categorias ao mesmo tempo. Estava zangada porque queria que
-omportassem de um modo mais razoavel. Estava zangada
porque queria tirar conchisöes de uma maneira mais razoável. Sa
com essas mulheres como uma mulher disfargada era como oll
na diizia de versoes diferentes de mim mesma e culpar cada uma
por seus defeitos femininos específicos, e saber que eles söo meu:
também. Usando roupas de homem, eu podia escapar da armadilh
por um segundo e dizer: “Isso nao sou eu, isso sto as Mulheres, com
M músculo. Feministas, com F maitisculo’
Eu nao gostava dessas mulheres ¢ das mulheres em geral
porque elas — nds — se tornaram presas, por necessidade, do auto:
interesse e do chauvinismo. Tornei-me misógina durante algum
tempo, porque no inicio no esperava nada dos homens. Nada que
s fizessem era bom porque, como muitas mulheres, no fundo eu
ndo achat os homens fossem capazes ita coisa, Ness
pecto, eu era tao má quanto as mulheres com quem eu saia.