Não é sempre que vemos
alguém falando sobre a alma
dos animais. Muitas religiões
sequer aceitam que os
animais possuam alma, e as
que aceitam, ainda começam
a engatinhar nesse novo
tema, por isso talvez as
dezenas de dúvidas que
ouvimos quando alguém se
coloca a falar sobre os
animais.
Talvez uma das principais
dúvidas é se eles voltam para
nós quando desencarnam.
Sabemos que todos nós
estamos ligados por laços que
nos unem uns aos outros,
sabemos que nessa ou em
outra vida, nós humanos nos
encontraremos com nossos
entes queridos.
O que nos diferenciaria então
dos animais, se sabemos que
somos todos irmãos embora
em escalas diferentes?
Irvênia Prada, médica
veterinária espírita, em todas
as suas palestras sempre nos
diz: Nós somos os tutores dos
animais, nossa
responsabilidade é grande
para com eles.
Ora, como tutores desses
nossos irmãos, sabemos que
eles nos seguirão e que nos
encontraremos sempre que
lhes for permitido, retornando
sempre que possível para
nossos braços para um novo
aprendizado, tanto nosso
quanto deles. Nem é preciso
repetir aqui a historia de Chico
Xavier e seu cachorrinho
que sempre lhe voltava aos
braços.
Estamos ligados a eles pelos
mesmos laços que nos
ligamos uns aos outros: Amor.
É esse amor que vai fazer
com que cuidemos deles, de
sua educação, de sua
evolução, de sua caminhada
ao Pai. Assim como um dia
fomos tutelados pelos irmãos
maiores, hoje tutelamos esses
nossos irmãos em sua jornada
de aprendizado.
Se eles voltam?
Sempre que podem, sempre
que lhes é permitido.
Como sabemos?
Nem sempre o sabemos,
mas há sempre um olhar,
uma brincadeira,
um afago,
um algo mais que os
identifica.
Perdi há alguns anos um
rottweiler muito querido, meu
amigo e companheiro,
inteligente e carinhoso,
morreu em meus braços, me
olhando, se despedindo.
Passaram-se dois anos de
sua morte e estava eu num
parque quando, do nada,
apareceu um cão sem raça,
todo preto e mancando de
uma das pernas.
Seguia-a me para todo lado,
direi que estava "sorridente",
pois a alegria em seus olhos
era quase palpável.
Para onde eu ia, lá estava ele
manquitolando e sorrindo para
mim. Todo mundo o apontava
e apontava, logicamente, para
mim, afinal aonde eu ia, lá ia
também ele aos saltos e
latidos.
Em determinado momento,
resolvi ir para meu carro, e lá
foi o Michelangelo, nome com
o qual o batizei em poucos
minutos, correndo na minha
frente. Sem que eu dissesse
nada, postou-se o danado
bem ao lado do meu carro,
sorrindo e abanando a cauda,
ora olhando para mim, ora
para o carro. Disfarcei, pois
sei que ele não tinha como
saber qual era meu carro,
afinal eu o encontrara no meio
do parque, aliás, ele me
encontrara.
Dirigi-me então a outro carro,
do mesmo modelo, fingi que ia
abri-lo, Michelangelo não
ligou, latiu e tornou a olhar
para meu carro como quem
dissesse: Hei, você está no
carro errado, nosso carro é
esse. Foi nesse instante que
vi, naqueles olhinhos, não o
cão abandonado que me
olhava, mas meu rottweiler
Renno, esperto e sorridente,
no mesmo carro que durante
tanto tempo o tinha levado
aos veterinários.
Enquanto eu olhava para meu
antigo amigo, ele mais do que
feliz, notara o reconhecimento
e corria de mim para o carro e
vice-versa. Não tive como
deixá-lo ali e quando
chegamos em casa, notei que
não apenas seu olhar era o
mesmo, mas seu modo de
brincar, de latir, de deitar, em
tudo era Renno que havia
voltado e, pelos caminhos do
destino, ele havia me
encontrado novamente.
Ninguém em casa consegue
negar que Michelangelo é
meu antigo rottweiler, noutra
roupagem, para um novo
aprendizado e que, depois de
muito sofrer as ruas, agora
vive num merecido repouso
entre aqueles que um dia já
haviam sido seus donos.
Hoje já não mais me pergunto
se eles voltam.
Não, tenho certeza disso.
Sim eles voltam.
Não importa como,
nem importa a distância,
eles sempre dão um jeito de
nos encontrar novamente.
Esses são os caminhos do
amor, sempre entrelaçados
entre aqueles que aspiram à
mesma coisa: