O Abraço da morte.
Subitamente senti o calor do seu abraço em meu corpo. Fui percebendo
que me fazia bem e pouco a pouco, quando vi, já estava envolvido. Embora que
alguns me dissessem para tomar cuidado, não o fiz. Não via nenhuma forma de
perigo nisso, pois andava comigo, compartilhava bons momentos e no fundo, era
amigo. Era amigo? Com o passar do tempo percebi que seu abraço possuía
diversas formas de se manifestar e que lá no fundo eu não queria ver, mas sentia:
ora quente, ora, frio, ora sincero, ora meio falso. Ao mesmo tempo demonstrava
amor e frieza. Como não queria perceber o que estava tão visível e explícito,
vedei meus olhos e esperei que o que era verdadeiro se manifestasse de forma
natural. Por fim, na hora da maior necessidade, na mais profunda adversidade,
“ele” me abraçou de forma calorosa, mas era frio. Não tinha amor, trazia dor e
um beijo no rosto ainda me deu, beijo como se fosse doce, mas amargo como
fel, beijo de traição. Era um abraço de morte, onde tudo o que ele queria era
realmente ver a minha desgraça, a minha infelicidade. Então, percebi nitidamente
que quem me abraçava, era a falsidade em pessoa e no fundo mesmo, nunca quis o meu bem, mas
sugar as minhas energias, as minhas alegrias, pois seu coração era invejoso e cheio de orgulho e
falsidade profunda. O abraço da morte é sutil como uma planta hospedeira. Chega de mansinho e
sem perceber já te envolveu por inteiro. Age como algo que pode te fazer bem e devagar vai
crescendo tomando grande proporção e quando você menos espera, no momento certo, dá o bote e
mata sufocando aos poucos, gerando tristeza da alma, pois no fundo, era tudo o que queria: dar-te
o abraço da morte.
O abraço da morte é aquele que uma pessoa faz por interesse. As segundas e terceiras
intenções sempre estão presentes, embora, às vezes de forma disfarçada e oculta, mas quando
menos se espera, revela-se na sua totalidade. O abraço da morte é aquele que muitas vezes é feito
com um buquê de flores nas mãos, mas logo em seguida, a faca é tirada por trás e encravada em
suas costas acompanhadas de um sorriso falso, hipócrita, irônico e sarcástico. O abraço da morte é
aquele que pouco a pouco vai revelando o outro lado das verdadeiras intenções e pretensões. Por
vezes até consegue enganar, mas um dia a sua máscara cai e a verdadeira face, aparece. Engana-se
quem acha que pode abraçar a todos dessa maneira, porque quando menos se espera o feitiço, volta
contra o próprio feiticeiro. A verdade é que a morte, também é traiçoeira e age falsamente com seus
próprios seguidores, servos e amigos, se é que ela tem isso.
Recebemos ou damos um abraço praticamente todo dia. De marido, mulher, de mãe, pai, de
tio, tia, de amigo, amiga, namorado, noivo, etc. Muitos são verdadeiros, outros são dados apenas
por respeito ou por consideração, sem nenhum sentimento por trás. Um abraço realizado com boas
intenções tem efeito contagiante.
Mas existe também o ABRAÇO DA VIDA, um abraço cheio de alegria, de fé, de paz, de
perdão, de esperança, de pureza, de liberdade, de sinceridade e por fim de amor, porque no fundo
tudo o que esse abraço quer é revelar a forma mais pura de demonstrar o verdadeiro carinho e
preocupação com o próximo. Na Bíblia, Salomão fala que existe tempo para tudo, inclusive o de
abraçar : (Eclesiastes 3:5). Esaú, deu o abraço de perdão e o beijo da vida em seu irmão Jacó.
(Gênesis 33:4). O Abraço da sabedoria, trás honra ( Provérbios 4-8). Judas Iscariotes, traiu Jesus
com o beijo e o abraço da morte e depois tirou a própria vida, por tamanha angústia da alma que
lhe foi causado por tal ação. Uma coisa é certa, ABRAÇAR, é uma atitude de nobreza, não de
fraqueza. Abraçar é demonstrar de forma carinhosa o que podemos sentir pelo outro. Abraçar é
trazer alegria, por isso, abrace sempre que puder e quem precisar. Portanto, deseje e pratique o
abraço da vida, ele revigora a alma, não o da morte, pois ele trás frieza de espírito.