O Capital Financeiro e a Expansão Imperialista África, Índia e China no Século XIX Baseado em Araribá Conecta História - 8º ano, Capítulo 14
A Transição para o Capitalismo Financeiro Capitalismo Industrial Período: Até meados do século XIX Financiamento: Recursos obtidos pela própria indústria, investimentos individuais ou familiares Características: Livre concorrência, liberalismo clássico, empresas independentes Capitalismo Financeiro Período: A partir de 1870 Financiamento: Bancos e instituições financeiras assumem papel central, financiando produção industrial, agrícola e mineral Características: Concentração de capital, controle via ações, formação de oligopólios, surgimento de transnacionais
Concentração de Capital e Oligopólios Truste Associação de empresas do mesmo ramo que se fundem com o objetivo de controlar preços, produção e mercado. Busca eliminar a concorrência através da integração vertical. Cartel Agrupamento de empresas independentes que estabelecem acordos ocasionais com o propósito de dividir o mercado e combater os concorrentes. Mantém a independência formal das empresas. Holding Empresa que controla uma série de outras empresas, do mesmo ramo ou de setores diferentes, mediante a posse majoritária das ações dessas empresas. Permite diversificação. Impactos da Concentração de Capital Oligopólios: Controle da maior parte do mercado por poucas empresas, prejudicando pequenas empresas e a livre concorrência. Transnacionais: Surgimento de grandes corporações empresariais com filiais em diversos países, expandindo o poder econômico além das fronteiras nacionais.
Motivações Econômicas do Imperialismo • Superar a Crise Econômica O imperialismo foi o caminho encontrado pelos países industrializados para superar a crise econômica iniciada em 1873, que causou falências de pequenas empresas e concentração de capital. • Novos Mercados Consumidores A necessidade de escoar a produção industrial europeia impulsionou a busca por novos mercados consumidores em outras regiões do planeta, como África, China e Índia. • Fontes de Matérias-Primas e Energia Nos continentes africano e asiático foram encontradas reservas de matérias-primas estratégicas e novas fontes de energia (carvão, minérios), essenciais para a continuidade da industrialização. • Oportunidades de Investimento As colônias ofereciam mão de obra barata e novas oportunidades de investimento para o capital financeiro europeu, permitindo a exportação de capitais e a obtenção de lucros extraordinários. • Justificativas Ideológicas A expansão neocolonialista encontrou justificativas variadas, da ciência à religião, incluindo ideologias raciais e o determinismo, que legitimavam a dominação dos povos não-europeus.
A Partilha da África e a Conferência de Berlim Contexto Histórico Até meados do século XIX, a presença europeia no continente africano limitava-se a algumas feitorias e colônias no litoral. A África apresentava uma grande diversidade de sociedades organizadas: pequenos reinos, aldeias, grandes impérios, cidades e populações ruralizadas. A Conferência de Berlim (1884-1885) Objetivo: Definir as regras para a partilha da África entre as potências europeias. Participantes: Grã-Bretanha Alemanha França Portugal Bélgica Outros países Princípio de Influência Uma vez estabelecida no litoral, a nação estrangeira teria o direito de ocupar a zona do interior. Este princípio permitiu que as potências europeias expandissem seus domínios para o interior do continente africano. Resultado da Partilha Quase todo o continente africano foi partilhado entre as potências europeias. Apenas Etiópia e Libéria mantiveram sua independência, escapando do domínio colonial europeu.
Políticas Coloniais e Exploração na África Política de Assimilação Adotada por: Portugal, França e Bélgica Objetivo: Criar uma elite de colaboradores locais Métodos: Ensino da língua da metrópole nas escolas, imposição da religião cristã e do modo de vida europeu Política de Diferenciação Adotada por: Grã-Bretanha e Alemanha Objetivo: Manter as estruturas locais sob controle europeu Métodos: Utilização de lideranças locais para administração colonial, aproveitando disputas internas e estruturas de poder existentes Exploração de Recursos Minerais Domínio Violento: Confisco de terras férteis e uso de mão de obra nativa na agricultura, extrativismo e construção de infraestrutura para escoamento de produtos até o litoral. Recursos Explorados: Ouro, diamantes, cobre, carvão e minério de ferro em diversas regiões da África, com proibição aos povos africanos de explorar seus próprios recursos.
O Domínio Britânico na Índia Séc. XVII Companhia das Índias Orientais 1857 Revolta dos Cipaios Pós-1857 Controle Direto Britânico 1885 Congresso Nacional Indiano Estabelecimento do Domínio Companhia das Índias Orientais: Presença britânica desde o século XVII, inicialmente comercial. Revolta dos Cipaios (1857): Rebelião de soldados indianos contra o domínio britânico, marcando ponto de inflexão. Controle Direto: Após 1857, o governo britânico assumiu controle direto, transformando a Índia em colônia. Exploração e Resistência Exploração Econômica: Extração de matérias-primas (algodão, juta, chá, especiarias) e imposição de produtos industrializados britânicos, destruindo a produção artesanal local. Resistência Organizada: Congresso Nacional Indiano (1885) buscava maior participação na administração e resistência ao domínio colonial.
A Penetração Imperialista na China Resistência Inicial e Abertura Forçada A China tentou manter-se isolada do comércio europeu, resistindo à pressão das potências ocidentais. Porém, foi forçada a abrir seus portos através de conflitos militares e diplomáticos impostos pelos europeus. As Guerras do Ópio 1839-1842 Primeira Guerra do Ópio: A Grã-Bretanha forçou a abertura comercial e a cessão de Hong Kong à China, impondo o comércio de ópio que causava dependência química na população chinesa. 1856-1860 Segunda Guerra do Ópio: Novo conflito que consolidou a dominação britânica e abriu ainda mais portos chineses ao comércio europeu. Política de Portas Abertas Potências europeias e os Estados Unidos impuseram a abertura de múltiplos portos chineses e estabeleceram zonas de influência econômica, transformando a China em um mercado explorado pelas potências ocidentais. Movimentos de Resistência Chinesa Revolta Taiping 1851-1864 Grande movimento de resistência que buscava expulsar os estrangeiros e reformar a sociedade chinesa, mas foi suprimido pelas forças imperiais. Revolta dos Boxers 1899-1901 Movimento popular que se levantou contra a presença estrangeira na China, buscando restaurar a soberania chinesa e expulsar os imperialistas.
O Legado do Imperialismo Reconfiguração Global O imperialismo do século XIX reconfigurou completamente o mapa-múndi, estabelecendo as bases do capitalismo globalizado atual. A divisão de territórios e a imposição de estruturas econômicas coloniais criaram uma ordem internacional que persiste até hoje. Impactos Destrutivos Exploração econômica sistemática de recursos naturais e humanos Destruição de estruturas sociais, políticas e culturais locais Violência generalizada e imposição de ideologias racistas Desestruturação de economias tradicionais e dependência colonial Resistência e Protagonismo Local As populações locais não foram passivas ante a dominação imperialista. Organizaram diversas formas de resistência, desde revoltas armadas até movimentos políticos organizados. Embora não tenham impedido a dominação, marcaram a luta pela autonomia e dignidade. Conexão com o Presente O processo iniciado no século XIX tem importantes conexões com a configuração política e econômica do capitalismo atual. As desigualdades entre nações, a dependência econômica de países em desenvolvimento e as estruturas de poder global têm raízes profundas no imperialismo histórico.