O CRISTÃO DEVE GUARDAR O SÁBADO.pdf

EdinaldoNogueira4 271 views 186 slides Dec 19, 2022
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About This Presentation

O CRISTÃO DEVE GUARDAR O SÁBADO


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O CRISTÃO DEVE GUARDAR
O SÁBADO E DAR O DÍZIMO?















Edinaldo Nogueira
E-mail: [email protected]

3







Dedicatória


Dedico este livro a Deus e Pai de
nosso Senhor Jesus Cristo que me
concedeu graça. A Ele seja a glória
para todo sempre em Cristo Jesus no
poder do Espírito Santo!
À minha digníssima e amada
esposa, Claudete Nogueira, por sua
compreensão e amor e aos nossos
filhos Letícia e Renan e a sua esposa
Aline.
Aos meus pais, Paulo e Marleide
e meus queridos irmãos e irmãs:
Edileuza, Fátima, Ednardo, Edvaldo,
Eduardo e Paula.
À todos os ministros e obreiros
da Assembleia de Deus do Campo de
Messejana.
E a todos os leitores dedico este
livro.

4
SUMÁRIO

Introdução ............................................. 08

I. Quem é o Povo de Deus? ...................... 09

1. Israel é o povo de Deus
2. Se Israel é o povo escolhido de Deus, então,
quem é a Igreja?
3. Os privilégios de Israel como povo escolhido
de Deus
4. Quais são os sinais distintivos que
marcariam o povo de Deus?
5. O que Israel deve fazer para permanecer
como povo eleito?
6. O Messias veio para salvar Israel e
congrega-lo novamente como povo de Deus
7. O novo Israel restaurado e congregado foi
feito Igreja por Jesus Cristo
8. Na nova aliança de Cristo com Israel o
sábado foi abolido?
9. Qual a missão do novo Israel na nova
aliança?

II. Os Gentios Incluídos no Povo de Deus!.. 30

1. A igreja dos gentios substituíram Israel
como povo de Deus?
2. A igreja dos gentios deve guardar o sábado
e a circuncisão?

5
III. Os Gentios e o Sábado .......................... 37

1. Os patriarcas não guardavam o sábado
2. Jesus Cristo é o Senhor do sábado
3. Jesus permitiu que seus discípulos fizesse o
bem no dia de sábado
4. Jesus nos ensinou que o sábado deve
beneficiar as pessoas e não oprimi-las
5. Jesus não guardava o sábado segundo a
tradição dos anciãos
6. Jesus é maior do que o templo
7. Jesus não proibiu as pessoas de fazer as
tarefas domésticas no sábado
8. Os apóstolos de Cristo isentaram os gentios
do sábado
9. Pareceu bem ao Espírito Santo não impor o
sábado sobre os gentios
10. O dia de descanso semanal como
princípio bíblico
11. O sábado no Reino de Cristo

IV. Quem é a Igreja de Deus na Nova Aliança? 82

1. A Igreja de Deus na nova aliança é o Israel
que tem fé em Jesus Cristo
2. Os privilégios de Israel foram transferidos
para a Igreja de Deus
3. Os judeus rejeitaram Jesus como Rei
messiânico de Israel?
4. Os gentios foram enxertados no novo Israel
5. O Israel nacional da Palestina será salvo?

6
V. A Igreja Deve Guardar a Lei de Deus? ........ 95

1. A antiga aliança foi abolida e estabelecida
uma nova aliança
2. Na nova aliança, o sacerdócio levítico foi
substituído pelo sacerdócio de Cristo
3. Na nova aliança, o antigo templo foi
substituído pelo novo templo
4. Na nova aliança, as leis civis, jurídicas e
sociais se tornaram em princípios cristãos
5. Na nova aliança, a lei de Deus é o fruto da
justiça de Cristo na vida do crente
6. Na nova aliança, a lei de Moisés não foi
abolida, mas adaptada à graça de Deus
7. Na nova aliança, o crente recebe o Espírito
Santo que lhe dá poder para obedecer a lei
de Deus
8. Na nova aliança, os gentios não precisam
observar os costumes da lei judaica
9. Na nova aliança, os gentios não precisam
guardar o sábado
10. Na nova aliança, o sábado não foi abolido
dos dez mandamentos
11. Na nova aliança, o sábado continua sendo
o ‘sábado do descanso, santo ao Senhor’

VI. O Cristão e o Domingo .............................. 113

1. Na nova aliança o sábado foi substituído
pelo domingo?

7
2. Na nova aliança o sábado é o selo de Deus
e o domingo é o selo da Besta?
3. O domingo tornou-se um dia especial de
culto para os cristãos
4. Como o domingo se tornou um
mandamento no lugar do sábado?
5. Qual a posição teológica da Assembleia de
Deus em relação ao sábado e ao domingo?
6. O domingo é um dia de celebração de culto
ao Senhor

VII. O Cristão Deve Dar o Dízimo? .................. 140

1. O funcionamento do dízimo no sistema
levítico
2. Cristo Aboliu na cruz todo o sistema levítico
3. Cristo aboliu o dízimo? Como assim!? Então,
por que nós damos o dízimo!?
4. Cristo instituiu uma nova classe sacerdotal
e um novo sistema de dízimo
5. Como funciona o sacerdócio de Cristo e dos
cristãos
6. O ministério de Jesus Cristo como sumo
sacerdote no tabernáculo celestial
7. O cristão dar o dízimo na nova aliança não
é antibíblico

Bibliografia ............................................... 185

8
INTRODUÇÃO


O cristão deve guardar o sábado? A lei foi
abolida? O domingo substituiu o sábado como dia
de descanso? Se os cristãos não guardam o sábado
porque a antiga aliança foi abolida, então, por que
eles devem dar o dízimo?
Essas perguntas são pertinentes para os cristãos
que levam a sério o estudo da palavra de Deus. Pois,
não podemos aceitar uma doutrina apenas porque
a nossa igreja ensina, mas temos que ter a nossa
própria convicção pessoal baseada em argumentos
bem fundamentados nas Escrituras.
Não podemos ir além do que está escrito (1ª Co
4.6), mas, como cristãos bereanos temos que
examinar cada dia nas Escrituras se estas coisas são
assim (At 17.11), exercitar nossas faculdades para
discernir a doutrina sólida da fé (Hb 5.12-14), e
então, examinar e provar a nós mesmos se estamos
na verdadeira fé cristã (2ª Co 13.5).
Leia esse livro e conclua por si mesmo se o
cristão deve guardar o sábado e dar o dízimo?





Edinaldo Nogueira,
Dezembro de 2018

9
Antes de falar diretamente sobre o sábado,
acho necessário abordar alguns assuntos
importantes que estão relacionados ao sábado e sua
compreensão.

I. Quem é o Povo de Deus?

1. Israel é o povo de Deus

Israel é o povo de Deus, a nação escolhida do
Senhor. Quero citar alguns textos dos vários textos
das Escrituras Sagradas que provam que Israel é o
povo de Deus.

Deuteronômio 4.6: ‘Porque povo santo és
ao Senhor, teu Deus; o Senhor, teu Deus, te
escolheu, para que lhe fosses o seu povo
próprio, de todos os povos que sobre a
terra há’.

Deuteronômio 4.37: ‘Porquanto amava
teus pais, e escolhera a sua semente depois
deles, e te tirou do Egito diante de si, com
a sua grande força’.

Salmo 135.4: ‘Porque o Senhor escolheu
para si a Jacó e a Israel, para seu tesouro
peculiar’.

10
Além desses textos, há muitos outros que
comprovam que a nação de Israel é o povo escolhido
do Senhor, mas acredito que esses são suficientes.

2. Se Israel é o povo escolhido de Deus, então, quem
é a Igreja?

Quer dizer, como fica a Igreja diante da eleição
de Israel? O termo ‘igreja’ significa “reunião’,
‘assembleia’ e ‘congregação’ do povo de Deus para
adoração. Então a Igreja é a congregação de Israel.
Quando o povo de Israel se reunia para adorar
a Deus, seja no monte Sinai, no Tabernáculo ou no
Templo, ali estava a Igreja, pois igreja é isto: uma
reunião. Não confunda igreja com o templo físico, o
templo era apenas o local de reunião da igreja.
Portanto, a Igreja é a congregação de Israel
reunida para adorar a Deus. Vamos ler 1° Reis 8.5:

‘E o rei Salomão e toda a congregação de
Israel que se congregara a ele estavam
todos diante da arca, sacrificando ovelhas
e vacas, que se não podiam contar, nem
numerar pela multidão’.

Lembrando que o termo grego para
‘congregação’ é ‘eclesia’, por isso que na
Septuaginta lemos ‘toda a igreja de Israel’. Assim,
‘congregação’ em hebraico é ‘qaal’, em grego
‘eclesia’ e em português ‘igreja’.

11
Esses termos significam ‘reunião, ‘assembleia’ e
‘congregação’. Portanto, quando o povo de Israel se
reunia para adorar a Deus ali estava a igreja.
Por isso concluímos que o povo de Deus é Israel,
e a Igreja é Israel congregado em reunião de
adoração a Deus.

3. Os privilégios de Israel como povo escolhido de
Deus

Israel como povo escolhido de Deus gozava de
certos privilégios que não foram outorgados a
nenhuma outra nação do mundo.
Israel é o povo especial e peculiar de Deus, as
demais nações são os gentios, povos que não
conhecem a Deus, enquanto que, Israel é o povo que
conhece o Seu Deus. Vamos ler Romanos 9.4,5:

‘São israelitas, dos quais é a adoção de
filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o
culto, e as promessas; dos quais são os pais,
e dos quais é Cristo, segundo a carne, o
qual é sobre todos, Deus bendito
eternamente. Amém!’.

Tudo pertence ao povo de Israel! Até mesmo o
Cristo, que é Deus bendito eternamente. Todos os
profetas eram judeus, todos os patriarcas eram
hebreus e todos os que invocavam a Deus eram
israelitas. Então, se alguém quisesse pertencer ao
povo de Deus tinha que se tornar um judeu.

12
Romanos 3.1,2: ‘Que vantagem há então
em ser judeu, ou que utilidade há na
circuncisão? Muita, em todos os sentidos!
Principalmente porque aos judeus foram
confiadas as palavras de Deus’.

Quais são os privilégios ou as vantagens em ser
judeu? Paulo dirá: ‘Muita, em todos os sentidos!’.
Os judeus foram constituídos como guardiões
das Escrituras. Foram os judeus que nos
transmitiram, de maneira fiel, as Escrituras da
Palavra de Deus. Quem escreveu as Escrituras? Os
judeus! Tanto o Antigo como também, o Novo
Testamento. Todos eram judeus. Encontraremos
apenas uma exceção no Novo Testamento, talvez, o
autor dos livros de Lucas, que era um grego.
Ao mais, toda a Bíblia foi escrita por judeus,
copiada, guardada, conservada e transmitida por
eles. Enfim, Israel goza de muitos privilégios por ser
o povo especial do Deus vivo e eterno

Deuteronômio 33.29: ‘Bem-aventurado és
tu, ó Israel! Quem é como tu, um povo
salvo pelo Senhor...’

Um dos grandes privilégio de Israel é que essa
nação foi eleita como povo do Reino do Descendente
de Davi, o Messias, que há de governar sobre todas
as nações da terra a partir de Jerusalém. Portanto,
Israel será as primícias e o primogênito com direitos

13
as maiores bênçãos e há de ser que a nação e o reino
que não servir Israel perecerão (Is 60.12).

4. Quais são os sinais distintivos que marcariam o
povo de Deus?

Além de Deus ter escolhido a nação de Israel
como Seu povo eleito, o Senhor ainda deu alguns
sinais que caracterizavam Israel como Seu único
povo. Significando que esses sinais apenas Israel tem,
e não mais nenhuma outra nação. Deus deu apenas
a nação de Israel.
Quais são esses sinais? As alianças, a
circuncisão, o sábado e a lei. O único povo na face da
Terra que recebeu as alianças de Deus, a saber: a
aliança abraâmica, a aliança mosaica, a aliança
davídica e a nova aliança, foi o povo de Israel.
Nenhuma outra nação recebeu a lei de Deus a
não ser a nação de Israel. Israel recebeu a lei de Deus
ditada pela própria boca de Deus. Além de Israel
ouvir a voz audível de Deus do monte Sinai ditando
os dez mandamentos, Deus também escreveu-os
com seu próprio dedo e lhes entregou.
A ponto de Moisés indagar:

‘Que povo ouviu a voz de Deus falando do
meio do fogo, como vocês ouviram’ (Dt
4.33). ‘Pois, que grande nação tem um
Deus tão próximo como o Senhor, o nosso
Deus, sempre que o invocamos?’ (Dt 4.7).

14
Deus deu o sábado como sinal distintivo para a
nação de Israel. Vamos ler Êxodo 31.13,16,17:

Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo:
Certamente guardareis meus sábados,
porquanto isso é um sinal entre mim e vós
nas vossas gerações; para que saibais que
eu sou o Senhor, que vos santifica.
Guardarão, pois, o sábado os filhos de
Israel, celebrando o sábado nas suas
gerações por concerto perpétuo. Entre
mim e os filhos de Israel será um sinal para
sempre; porque em seis dias fez o Senhor
os céus e a terra, e, ao sétimo dia,
descansou, e restaurou-se’.

O sábado é um dos sinais que identificava Israel
como povo de Deus. Não existe outro povo aquém
Deus deu o sábado como dia santo para adorar a
Deus. Pode-se dizer que o sábado é o sinal da
aliança que Deus fez com Israel no monte Sinai.
O teólogo Esequias Soares escreveu:

‘É o sétimo dia da semana no calendário
judaico, marcado para repouso e
adoração. Foi introduzido no mundo pela
lei; é o sábado legal dado aos israelitas no
Sinai. Nenhum outro povo na história
recebeu a ordem para guardar esse dia; é
exclusividade de Israel (Êx 31.13,17). O
sábado e a circuncisão são os dois sinais

15
distintivos do povo judeu ao longo dos
séculos (Gn 17.11)’ (6ª Lição, 1º Trim/2015).

Além do sábado, a circuncisão também é um
sinal distintivo de Israel.
O judeu trazia na sua própria carne o sinal de
que ele pertencia a Deus. Todos os judeus estão
marcados com a circuncisão. Em época de
perseguição contra os judeus para não haver
dúvidas bastava mandar baixar as calças de um
judeu.
A circuncisão foi dada a Abraão pelo próprio
Deus como sinal da aliança abraâmica que marcava
seus descendentes como povo de Deus para possuir a
terra de Canaã como sua herança perpétua.
Era tão essencial que se algum homem cuja
carne do prepúcio não fosse circuncidada, seria
extirpado do povo de Deus, pois quebrantou a
aliança de Deus com Abraão (Gn 17.1-14).
A circuncisão tornou-se um rito de iniciação na
entrada do povo de Deus que mais tarde será
revelado seu verdadeiro significado que é a
circuncisão do coração ou a transformação do
homem interior ou o novo nascimento e também
será substituída por outro rito, o batismo nas águas
(Dt 10.16; 30.6; Rm 2.28,29; Fp 3.3; Cl 2.11-13; 3.9-11).
Por isso que ao iniciar a era do Messias, João
Batista, seu percurso, anunciou o batismo nas águas
para arrependimento e remissão de pecados a fim
de preparar o povo de Israel para a vinda do Senhor.
E, que apenas ser filho de Abraão na carne por causa

16
da circuncisão física não era suficiente para a
entrada no Reino de Deus (Lc 1.17; Mt 3.1,2,6-9).
Porém, João Batista também reconheceu que o
seu batismo nas águas era apenas um rito simbólico
do real batismo operado por Cristo, que é o batismo
com o Espírito Santo que tem o poder de produzir um
coração novo e um espírito novo.
Essa é a circuncisão feita por Cristo, pela qual
somos libertados do poder da natureza pecadora e
feitos novas criaturas (Mt 3.11; Ez 36.26,27; Cl 3.11-13;
2ª Co 5.17; Gl 6.15).

5. O que Israel deve fazer para permanecer como
povo eleito?

Para que Israel permanecesse como povo
eleito, santo e justo de Deus tinha que guardar a Lei
e a aliança.
Toda a aliança tem seus direitos e deveres.
Israel recebeu muitos direitos ou privilégios como
povo de Deus, mas, também, tinha seus deveres ou
obrigações para obedecer a fim de permanecer
nesses privilégios.

Êxodo 19.5,6: ‘Agora, pois, se
diligentemente ouvirdes a minha voz e
guardardes a minha aliança, então, sereis
a minha propriedade peculiar dentre
todos os povos; porque toda a terra é
minha. E vós me sereis reino sacerdotal e

17
povo santo. Estas são as palavras que
falarás aos filhos de Israel’.

Deuteronômio 28.9: ‘O Senhor te
confirmará para si como povo santo, como
te tem jurado, quando guardares os
mandamentos do Senhor teu Deus, e
andares nos seus caminhos’.

As condições para Israel ser confirmado como
reino sacerdotal e povo santo de Deus era: ser fiel em
guardar a aliança e obedecer as leis que o Senhor lhe
entregou.
Entretanto, sabemos que no decorrer de sua
história, conforme registrada nas Escrituras, Israel
quebrou as leis de Deus em várias ocasiões e em
várias vezes. Por isso o Senhor rejeitou Israel como
seu povo. Porém, essa rejeição não é definitiva e
nem para sempre, mas uma rejeição temporária.
Pois, o próprio Deus prometeu através de seus
profetas restaurar a nação de Israel como seu povo
e estabelecer com ele uma nova aliança através do
Messias. Vamos ler Jeremias 31.31,32:

‘Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que
farei uma nova aliança com a casa de
Israel e com a casa de Judá. Não conforme
a aliança que fiz com seus pais, no dia em
que os tomei pela mão, para os tirar da
terra do Egito, porquanto eles

18
invalidaram a minha aliança, apesar de
eu os haver desposado, diz o Senhor’.

Note que na primeira aliança o Senhor
desposou com Israel, isto é, fez um contrato de
casamento, mas Israel, tal como uma esposa infiel,
quebrou o contrato de casamento e desfez a aliança.
Deus, através do profeta Jeremias, lhe dá carta de
divórcio como está escrito: ‘eu despedi a pérfida
Israel e lhe dei carta de divórcio’ (Jr 3.8).
Mas, depois, o Senhor promete contrair novas
núpcias com Israel conforme retratado no livro de
Oséias.
‘Desposar-te-ei comigo para sempre;
desposar-te-ei comigo em justiça, e em
juízo, e em benignidade, e em
misericórdias; desposar-te-ei comigo em
fidelidade, e conhecerás ao Senhor’ (Os
2.19,20).

Então, o Senhor faz uma nova aliança com
Israel. Esse novo contrato de casamento, por assim
dizer, não seria igual ao velho contrato, pois no
velho contrato, Deus exigiu que Israel guardasse a
Lei, mas no novo contrato, o Senhor diz:

‘Porque esta é a aliança que firmarei com
a casa de Israel, depois daqueles dias, diz
o Senhor: Na mente, lhes imprimirei as
minhas leis, também no coração lhes

19
inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão
o meu povo’ (Jr 31.33).

Escrevendo as suas leis em seus coração, não
mais em tábuas de pedra, Deus fará com que Israel
tenha poder de andar nos caminhos do Senhor
conforme lemos em Ezequiel 11.19,20:

‘Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo
porei dentro deles; tirarei da sua carne o
coração de pedra e lhes darei coração de
carne; para que andem nos meus
estatutos, e guardem os meus juízos, e os
executem; eles serão o meu povo, e eu serei
o seu Deus’.
Ezequiel 36.26-28: ‘Dar-vos-ei coração
novo e porei dentro de vós espírito novo;
tirarei de vós o coração de pedra e vos
darei coração de carne. Porei dentro de
vós o meu Espírito e farei que andeis nos
meus estatutos, guardeis os meus juízos e
os observeis. Habitareis na terra que eu
dei a vossos pais; vós sereis o meu povo, e
eu serei o vosso Deus’.

Que nova aliança é essa? O evangelho da graça
de Deus. Baseando nessa nova aliança, Jesus Cristo
veio para salvar o povo de Israel conforme Mateus
1.21:
‘...lhe porás o nome de Jesus, porque ele
salvará o seu povo dos pecados deles’.

20
Qual é o povo do Messias? Israel. Então, o
Messias veio para salvar Israel.
Quando aquela mulher suplicou que Jesus
curasse a sua filha, Jesus respondeu:

‘Não fui enviado senão às ovelhas
perdidas da casa de Israel’ (Mt 15.24).

O Messias veio para restaurar Israel como povo
de Deus e firmou com ele uma nova aliança.

6. O Messias veio para salvar Israel e congrega-lo
novamente como povo de Deus

Entretanto, para isso Israel deverá ter fé que
Jesus é o Messias, quer dizer, o Cristo, Filho do Deus
vivo.
Qualquer judeu que tivesse fé em Jesus como
Messias era incluído nesse novo Israel, salvo e
congregado no Messias.
Quando o Messias Jesus Cristo veio, a nação de
Israel, de modo geral, não creu nele, mas aqueles
judeus dentre a nação que creram nele foram
constituídos o povo de Deus da nova aliança. Passou,
então, existir dois Israel: o Israel que rejeitou a Cristo
e o Israel que recebeu a Cristo. O Israel que recebeu
a Cristo, Jesus fez com ele uma nova aliança.
Doravante, a nação terrena de Israel para
pertencer ao Israel da nova aliança tem que crer no
evangelho, pois, agora, todas as promessas de

21
Abraão e as bênçãos do Reino de Davi pertencem ao
novo Israel do Messias.
Os da nação terrena de Israel tem
oportunidade de se converterem até a vinda de
Cristo, caso contrário, enfrentarão o juízo e a
destruição como qualquer outra nação.
Então, esses judeus que creram no Messias
foram restaurados como povo de Deus e edificados
como a Igreja de Jesus Cristo. Enquanto, que os
demais judeus são rejeitados durante o tempo que
permanecerem na incredulidade.
Vamos ler Romanos 11.23:

‘Eles também, se não permanecerem na
incredulidade, serão enxertados; pois
Deus é poderoso para os enxertar de
novo’.

7. O novo Israel restaurado e congregado foi feito
Igreja por Jesus Cristo

O novo Israel é chamado de remanescente salvo
segundo a eleição da graça e também de selados de
todas as tribos de Israel, cujo número são 144 mil
israelitas. Vamos ler Romanos 9.27:

‘Mas, relativamente a Israel, dele clama
Isaías: Ainda que o número dos filhos de
Israel seja como a areia do mar, o
remanescente é que será salvo’.

22
Romanos 11.5: ‘Assim, pois, também
agora, no tempo de hoje, sobrevive um
remanescente segundo a eleição da
graça’.

Apocalipse 14.1: ‘Olhei, e eis o Cordeiro em
pé sobre o monte Sião, e com ele cento e
quarenta e quatro mil, tendo na fronte
escrito o seu nome e o nome de seu Pai’.

Recapitulando, Deus elegeu dentre todas as
nações da terra uma nação para ser seu povo
escolhido e particular, Israel, fez aliança com esse
povo e deu-lhe várias promessas e sinais que o
identificasse. Porém, esse povo foi infiel a Deus
várias vezes, entretanto, o Senhor prometeu
restaura-lo quando viesse o Messias e que o Messias
faria com ele uma nova aliança.
O Messias veio, nasceu, exclusive, na terra de
Israel como judeu, morreu por esse povo e fez com
ele uma nova aliança. E todo aquele judeu dentre a
nação de Israel que acreditou em Jesus como o Cristo
prometido tornaram-se o novo Israel, o Israel da
nova aliança. E o Israel da nova aliança, o Senhor
chamou para ser a sua Igreja, a noiva do Cordeiro.
Quando Jesus Cristo instituiu a nova aliança
com Israel? Foi por ocasião da última ceia pascal
com seus doze apóstolos como representantes do
novo Israel. Ali, Jesus ergue o cálice e diz:

23
‘Este é o cálice da nova aliança no meu
sangue derramado em favor de vós. Assim
como meu Pai me designou um reino, eu
vo-lo designo, para que comais e bebais à
minha mesa no meu reino; e vos
assentareis em tronos para julgar as doze
tribos de Israel’ (Lc 22.20,29,30).

A nova aliança foi instituída nessa ocasião, e
quando Jesus subiu na cruz sancionou a aliança com
o seu sangue.

8. Na nova aliança de Cristo com Israel o sábado foi
abolido?

Uma vez que Jesus Cristo fez com Israel uma
nova aliança isso significa que o sábado foi abolido?
Como sabemos, o sábado era o sinal que
identificava Israel como povo da antiga aliança.
Então, o fato de Jesus Cristo ter instituído uma nova
aliança, o sábado foi abolido?
Não! Pois os judeus convertidos a Jesus Cristo
continuavam a guardar o sábado e muitos outros
costumes de Moisés como a circuncisão e as leis
acerca dos alimentos. Vamos ler Atos 21.20

‘...Bem vês, irmão, quantas dezenas de
milhares há entre os judeus que creram, e todos
são zelosos da lei’.

24
O teólogo Esequias Soares, em seu Manual de
Apologética Cristã, escreveu o seguinte sobre os
costumes judaicos:

‘O judeu convertido à fé cristã que quiser
guardar o sábado por convicção religiosa
pessoal não está desviado por isso, pois o
apóstolo Paulo diz que uns fazem
separação de dia, outros acham que
podem comer de tudo. Veja Romanos 14.1-
6. Convém lembrar que o apóstolo está
falando aos judeus cristãos de Roma, por
causa da sua cultura religiosa, e não aos
gentios. Ainda hoje muitos deles
usam kipar e talit (solidéo e manto),
observam o kash’rut (leis dietéticas
prescritas por Moisés) e guardam o
sábado. Isso o fazem meramente para não
perderem sua identidade nacional, é uma
questão cultural e não condição para
salvação. Isso é diferente dos gentios
convertidos a Cristo, pois o apóstolo
deixou claro que tais práticas são um
retrocesso espiritual: ‘Guardais dias, e
meses e tempos, e anos. Receio de vós que
haja trabalhado em vão para convosco’
(Gl 4.10,11)’ (págs. 293,294, CPAD, 2002).

Portanto, os judeus convertidos à nova aliança
guardavam a lei de Moisés, inclusive o sábado, mas

25
não mais como condição de salvação, mas para
manter sua identidade cultural e sua raiz judaica.
Uma certa obra destacou:

‘“[Os judeus cristãos] ainda mantinham o
seu modo judaico de viver, circuncidavam
os seus filhos, comiam alimento puro,
guardavam o sábado, etc”. Isto
indubitavelmente facilitou a conversão de
“muitos milhares” (Atos 21:20) de judeus,
porquanto a aceitação do evangelho não
exigia significativas mudanças em seu
estilo de vida’ (Do Sábado para o
Domingo, pág.85, Samuele Bacchiocchi).

9. Qual a missão do novo Israel na nova aliança?

Após convertido à nova aliança, qual a missão
do novo Israel? Levar o evangelho a todas as nações.
Quando Cristo fez aliança com Israel e
constituiu aqueles judeus crentes como novo Israel
restaurado, lhes deu a missão de levar a luz do
evangelho aos gentios.
Ou seja, depois que Israel for restaurado e
congregado pelo Messias deverá levar a luz do
evangelho aos gentios. Vamos ler Isaías 49.6:

‘Pouco é que sejas o meu servo, para
restaurares as tribos de Jacó e tornares a
trazer os remanescentes de Israel;
também te dei para luz dos gentios, para

26
seres a minha salvação até à extremidade
da terra’.

Eu gosto da Tradução Linguagem de Hoje que
diz: ‘O Senhor me disse:

“Você não será apenas o meu servo que
trará de volta os israelitas que ficaram
vivos e criará de novo a nação de Israel.
Eu farei também com que você seja uma
luz para os outros povos a fim de levar a
minha salvação ao mundo inteiro’.

Conforme essa profecia, o Messias viria e
restauraria as tribos de Israel, e depois de
restaurada as tribos de Israel, deveria levar a luz
para os gentios.
De fato, o Messias veio chamou doze apóstolos
e os constitui como juízes sobre Israel, ou seja, um
apóstolo como representante sobre cada tribo, e
como representantes ou cabeças do Israel
restaurado, estabeleceu diante deles a aliança com
Israel, lhes confiou o reino messiânico e lhes deu a
missão de levar o evangelho a todas as nações do
mundo começando por Jerusalém.
Desse modo, Deus tomaria um povo dentre os
gentios e o congregaria a Israel formando um só
povo de Deus.
Vamos ler Atos 15.13-17. Este texto trata do
Concílio da Igreja, seus delegados estão reunidos
para deliberar acerca de questões oficiais.

27
Atos 15.13-17 diz: ‘E, havendo-se eles
calado, tomou Tiago a palavra, dizendo:
Varões irmãos, ouvi-me. Simão relatou
como, primeiramente, Deus visitou os
gentios, para tomar deles um povo para o
seu nome. E com isto concordam as
palavras dos profetas, como está escrito:
Depois disto, voltarei e reedificarei o
tabernáculo de Davi, que está caído;
levantá-lo-ei das suas ruínas e tornarei a
edificá-lo. Para que o resto dos homens
busque ao Senhor, e também todos os
gentios sobre os quais o meu nome é
invocado, diz o Senhor, que faz todas estas
coisas’.

O profeta diz que Deus restauraria o
tabernáculo de Davi, e após essa restauração os
gentios se voltariam para Deus.
Note que Tiago considera a conversão dos
gentios na igreja primitiva, através da missão
apostólica, como cumprimento da profecia de Amós.
Logo, ele, também, deixa subtendido que a igreja de
Jerusalém, composta por judeus crentes no Messias,
é a restauração do tabernáculo de Davi.
O tabernáculo de Davi era aquela tenda que
Davi ergueu em Sião, na cidade de Jerusalém, não
havia ritualismos sacrificiais, formalismos
cerimoniais, e nem as mobílias sacerdotais, apenas a
arca da aliança representando a presença de Deus,
e os levitas com seus instrumentos e músicas

28
louvando diariamente a Deus com salmos e
profetizando. O tabernáculo de Davi em Sião fazia
alusão a Igreja de Cristo (Hb 12.22-24).
De fato, o tabernáculo de Davi foi restaurado
no dia de pentecoste, registrado em Atos 2, quando
120 judeus receberam o Espírito Santo e com
acréscimo de mais 3 mil judeus, assim, aconteceu a
restauração de Israel e do tabernáculo de Davi, a
partir dali, esses judeus, cheios do Espírito Santo,
levam o evangelho aos gentios.
Inclusive, quando Paulo iniciou sua campanha
de pregação entre os gentios, antes do Concilio de
Jerusalém, cita o texto de Isaías 49.6 como
cumprimento dessa missão entre os gentios dizendo:

‘...eis que nos voltamos para os gentios.
Porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu
te pus para luz dos gentios, para que sejas
de salvação até aos confins da terra. E os
gentios, ouvindo isto, alegraram-se e
glorificavam a palavra do Senhor, e
creram todos quantos estavam ordenados
para a vida eterna (At 13.46-48).

Vamos ler Romanos 15.8-12:

‘Digo, pois, que Jesus Cristo foi ministro da
circuncisão, por causa da verdade de
Deus, para que confirmasse as promessas
feitas aos pais; e para que os gentios
glorifiquem a Deus pela sua misericórdia,

29
como está escrito: Portanto, eu te louvarei
entre os gentios e cantarei ao teu nome. E
outra vez diz: Alegrai-vos, gentios, com o
seu povo. E outra vez: Louvai ao Senhor,
todos os gentios, e celebrai-o todos os
povos’.

Alegrai-vos gentios com Israel! Irmãos, a maior
prova que Deus salva pessoas não eleitas e não
predestinadas é a salvação dos gentios. Porque
gentios são povos não eleitos, não foram escolhidos.
O eleito e o escolhido é o povo de Israel.
Agora, na graça, Deus salva o não eleito! Se
Deus salvasse somente os predestinados, então, só o
povo de Israel se salvaria. Pois Israel é o único povo
predestinado.
Porém, o fato de que Deus não salva apenas os
eleitos é a salvação dos gentios. Se você entender que
Israel é a única nação escolhida por Deus dentre
todas as nações compreenderá que não existe
gentios predestinados, e não quebrará a cabeça
tentando entender picuinhas teológicas entre
calvinistas e arminianos.
O povo escolhido é Israel. Porém, a misericórdia
de Deus estendeu a salvação aos gentios. Por isso
está escrito: Alegrai-vos gentios com Israel, o povo de
Deus, pois vocês alcançaram a misericórdia de Deus.
E além do mais, a promessa feita a Abraão
para ser pai de muitas nações já indicava a
participação dos gentios nas suas bênçãos.

30
Gálatas 3.8,14: ‘Ora, tendo a Escritura
previsto que Deus havia de justificar pela
fé os gentios, anunciou primeiro o
evangelho a Abraão, dizendo: Todas as
nações serão benditas em ti. Para que a
bênção de Abraão chegasse aos gentios
por Jesus Cristo e para que, pela fé, nós
recebamos a promessa do Espírito’.

II. Os Gentios Incluídos no Povo de Deus!

1. A igreja dos gentios substituíram Israel como povo
de Deus?

As igrejas dos gentios não substituíram Israel
como povo de Deus, pelo contrário, judeus e gentios
em Cristo formam a Igreja
Paulo, em sua carta aos Romanos, se dirigindo
aos gentios disse: ‘Não se orgulhem contra os
judeus!’. Pois, os gentios pensavam que eles eram a
Igreja e que Deus rejeitou Israel. Mas, não é assim! A
Igreja é Israel, e os gentios são chamados a
participarem dessa Igreja.
Vamos ler Romanos 9.24,25:

‘Os quais somos nós, a quem também
chamou, não só dentre os judeus, mas
também dentre os gentios? Como também
diz em Oséias: Chamarei meu povo ao que
não era meu povo; e amada, à que não
era amada’.

31
Paulo se refere aos gentios quando diz: ‘...não
era meu povo... não era amada’. Os gentios não
foram amados, apenas Jacó foi amado. ‘Amei Jacó e
aborreci Esaú’ (Rm 9.13). Esaú, de onde provém os
edomitas, são gentios.
Agora prestem atenção em Romanos 9.26:

‘E sucederá que no lugar em que lhes foi
dito: Vós não sois meu povo, aí serão
chamados filhos do Deus vivo’.

Irmãos, nós, gentios, temos muitos motivos de
louvarmos a Deus pela salvação. Pois não éramos
filhos de Deus, e sim, somente os judeus. Mas, agora,
somos chamados, também, de filhos de Deus.
Quando a Escritura fala do ‘mistério oculto’
não se refere a Igreja, mas a entrada dos gentios na
Igreja. Esse é o mistério oculto! Algo que não foi
revelado aos patriarcas e profetas. Ou seja,
antigamente, para que os gentios pudessem se
tornar povo de Deus tinham que primeiro se
tornarem judeus. Mas, agora, em Cristo, os gentios
se tornam povo de Deus sem precisar se tornarem
judeus.
Este é o grande mistério de Deus: fazer com que
pessoas que não pertenciam a nação de Israel se
tornassem participantes do povo de Deus.
O que teria acontecido se Israel como nação
tivesse reconhecido Jesus como Messias? Os gentios se
tornariam povo de Deus!? As nações gentílicas
teriam sido alcançadas, mas não teriam os mesmos

32
privilégios de Israel. O Israel nacional seria o Reino
de Jesus e os gentios seriam nações subordinadas ao
governo messiânico como súditos, e não como reis e
juízes.
As parábolas de Jesus em que o pai de família
manda seus servos saírem as ‘ruas e becos da cidade’
para que se enche sua casa de ‘pobres, aleijados,
mancos e cegos’ se referem a entrada dos gentios na
Igreja? (Mt 22.1-10; Lc 14.21-23). Agora, também,
aplicamos essas parábolas aos gentios, mas, o
sentido primário, se refere aqueles judeus que
viviam à margem da sociedade de Israel e eram
proibidos de participarem da vida religiosa de Israel
por serem prostitutas, publicanos, pecadores,
galileus, leprosos e doentes.
Os rabinos se consideravam como Israel de Deus
e rejeitavam esses como ralé, povo maldito,
entretanto, Cristo veio, e não se associou com a elite
de Israel, mas procurou esses judeus marginalizados
e os constituiu como herdeiros do Seu Reino. Dando
margem para que, no futuro, entendêssemos que os
gentios também seriam incluídos no Reino.
No Antigo Testamento, temos notícia de uma
mulher gentílica e prostituta, chamada Raabe, que
se tornou membro do povo de Deus. Entretanto, a
graça demonstrada aos gentios foi maior que
demonstrada a Raabe e todos aqueles estrangeiros
na antiga aliança. Pois, todos eles se tornaram,
primeiramente, judeus, ao se submeterem a
circuncisão, ao sábado e a todos os costumes e leis de

33
Israel, só, então, foram recebidos como membros do
povo de Deus.
Mas, na nova aliança os gentios aderiram ao
povo de Deus sem precisarem se tornar judeus ou
serem judaizantes ou prosélitos; sem precisar
observar todos aqueles sinais distintivos de Israel.
Vamos ler Efésios 3.3-6:

‘Isto é, o mistério que me foi dado a
conhecer por revelação, como já lhes
escrevi brevemente. Ao lerem isso vocês
poderão entender a minha compreensão
do mistério de Cristo. Esse mistério não foi
dado a conhecer aos homens doutras
gerações, mas agora foi revelado pelo
Espírito aos santos apóstolos e profetas de
Deus, a saber, que mediante o evangelho
os gentios são coerdeiros com Israel,
membros do mesmo corpo, e
coparticipantes da promessa em Cristo
Jesus’.

A Igreja não é o mistério que se revelou quando
os judeus rejeitaram o Messias, o mistério oculto é a
entrada dos gentios na Igreja que na época dos
apóstolos a Igreja era os judeus crentes no Messias, a
comunidade cristã de Israel, e os gentios, agora,
antes estrangeiros, pelo evangelho, são introduzidos
na Igreja, o novo Israel.
Quando os gentios foram chamados já havia a
Igreja. Pois, em Atos 2 a 10 já existia a Igreja, e não

34
havia nenhum gentio convertido, mas ali estava a
Igreja. Apenas no capítulo 15 de Atos, no Concílio de
Jerusalém, depois de muito debate, foi oficializado a
aceitação dos gentios na Igreja. Em Cristo, os gentios
são escolhidos, pois pela fé no Messias de Israel são
introduzidos na Igreja.
Vamos ler Efésios 2.11,12,19-21:

‘Portanto, lembrem-se de que
anteriormente vocês eram gentios por
nascimento e chamados incircuncisão
pelos que se chamam circuncisão, feita no
corpo por mãos humanas, e que naquela
época vocês estavam sem Cristo,
separados da comunidade de Israel, sendo
estrangeiros quanto às alianças da
promessa, sem esperança e sem Deus no
mundo. Portanto, vocês já não são
estrangeiros nem forasteiros, mas
concidadãos dos santos e membros da
família de Deus, edificados sobre o
fundamento dos apóstolos e dos profetas,
tendo Jesus Cristo como pedra angular, no
qual todo o edifício é ajustado e cresce
para tornar-se um santuário santo no
Senhor. Nele vocês [gentios cristãos]
também estão sendo juntamente
edificados [com os judeus crentes], para se
tornarem morada de Deus por seu Espírito
[a Igreja]’.

35
2. A igreja dos gentios deve guardar o sábado e a
circuncisão?

Agora que os gentios foram incluídos no povo
de Deus surge a questão: Há necessidade dos gentios
guardarem o sábado e praticarem a circuncisão?
Pois, os judeus, mesmo, convertidos a Cristo
continuavam praticando a circuncisão e guardando
o sábado. Até mesmo hoje, os judeus messiânicos
guardam o sábado e praticam muitos costumes
judaicos.
Entretanto, vamos, agora, ver porque não há
necessidade dos gentios convertidos guardarem o
sábado mesmo unidos ao novo Israel de Deus, e
muito embora o sábado seja o quarto mandamento
da lei de Deus. Vamos ler Atos 21.25:

‘Quanto aos gentios convertidos, já lhes
escrevemos a nossa decisão de que eles
devem abster-se de comida sacrificada
aos ídolos, do sangue, da carne de animais
estrangulados e da imoralidade sexual’.

As únicas coisas que foram exigidas dos gentios
são, o que hoje os judeus chamam de leis noéticas, as
leis dada a Noé. Noé não era judeu, nem hebreu,
nem semita, foi um dos descendentes de Sete.
Podemos dizer que ele era um gentio, talvez. As leis
de Noé são:

36
‘Os mandamentos que, de acordo com
a tradição judaica, foram ordenados
a Noé após o Dilúvio como regra para
toda a humanidade’, as quais são: ‘Não
cometer idolatria; Não blasfemar; Não
assassinar; Não roubar; Não cometer
imoralidades sexuais; Não maltratar aos
animais e Estabelecer sistemas e leis de
honestidade e justiça’ (Wikipédia).

Acredita-se que os apóstolos instituíram para
os gentios apenas as leis de Noé. Noé não guardava
o sábado e nem praticava a circuncisão.
Era exigido dos gentios praticar a circuncisão
para terem direitos e privilégios entre o povo de
Israel (Êx 12.48,49; Ez 44.9), mas agora, sendo
alcançados pelo evangelho de Cristo, a circuncisão
perdeu o seu valor.
Pois, se os cristãos gentios forem circuncidados,
Cristo de nada servirá para eles. E, além dos mais,
todo homem que se deixa circuncidar estar obrigado
a guardar toda a lei (Gl 5.3).
Porém, em Jesus Cristo, nem a circuncisão nem
a incircuncisão têm virtude alguma, mas, sim, a fé
que opera pelo amor (Gl 5.1-6). A verdadeira
circuncisão é ser uma nova criatura em Cristo (Gl
6.15,16).

37
III. Os Gentios e o Sábado

Veremos onze argumentos porque os gentios
não precisam guardar o sábado do decálogo.

1. Os patriarcas não guardavam o sábado

Abraão recebeu sua chamada divina quando
tinha 75 anos de idade. Desde os 75 anos até aos 90
anos, Abraão serviu a Deus sem circuncisão, e
doravante sem guardar o sábado até o final da sua
vida.
E, foi nessas condições que Abraão foi chamado
para ser pai da fé e pai dos gentios. De modo que
agora os gentios são chamados para serem filhos e
herdeiros de Abraão sem circuncisão, sem sábado e
sem lei. Conforme está escrito em Gálatas
3.8,9,14,18,23-29:

‘Ora, tendo a Escritura previsto que Deus
havia de justificar pela fé os gentios,
anunciou primeiro o evangelho a Abraão,
dizendo: Todas as nações serão benditas
em ti. De sorte que os que são da fé são
benditos com o crente Abraão... para que
a bênção de Abraão chegasse aos gentios
por Jesus Cristo e para que, pela fé, nós
recebamos a promessa do Espírito.
Porque, se a herança provém da lei, já
não provém da promessa; mas Deus, pela
promessa, a deu gratuitamente a Abraão.

38
Mas, antes que a fé viesse, estávamos
guardados debaixo da lei e encerrados
para aquela fé que se havia de
manifestar. De maneira que a lei nos
serviu de aio, para nos conduzir a Cristo,
para que, pela fé, fôssemos justificados.
Mas, depois que a fé veio, já não estamos
debaixo de aio. Porque todos sois filhos de
Deus pela fé em Cristo Jesus; porque todos
quantos fostes batizados em Cristo já vos
revestistes de Cristo. Nisto não há judeu
nem grego; não há servo nem livre; não há
macho nem fêmea; porque todos vós sois
um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo,
então, sois descendência de Abraão e
herdeiros conforme a promessa’.

2. Jesus Cristo é o Senhor do sábado

E como o Senhor do sábado, Ele permitiu que no
sábado seus discípulos colhessem espigas. Vamos ler
Lucas 6.1-5:

‘E aconteceu que, num sábado, passou
pelas searas, e os seus discípulos iam
arrancando espigas e, esfregando-as com
as mãos, as comiam. E alguns dos fariseus
lhes disseram: Por que fazeis o que não é
lícito fazer nos sábados? E Jesus,
respondendo-lhes, disse: Nunca lestes o
que fez Davi quando teve fome, ele e os

39
que com ele estavam? Como entrou na
Casa de Deus, e tomou os pães da
proposição, e os comeu, e deu também aos
que estavam com ele, os quais não lhes era
lícito comer, senão só aos sacerdotes? E
dizia-lhes: O Filho do Homem é senhor até
do sábado’.

Jesus Cristo é extremamente zeloso pela lei
tanto quanto Deus, seu Pai, entretanto, ele sabia
que a velha estrutura levítica, onde se apoiava o
sábado, em breve arruinaria, e Ele como mediador
da nova aliança estabeleceria um novo sistema
sacerdotal baseado na fé, a onde as nações do
mundo inteiro encontraria guarida.
Ora, se o Senhor do sábado quis libertar os seus
discípulos, que eram judeus, das cargas do sábado
impostas pela tradição judaica, como ele permitiria
que tais cargas fossem colocadas sobre os gentios?

Atos 15.10,11 diz: ‘Agora, pois, por que
tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos
discípulos um jugo que nem nossos pais
nem nós podemos suportar? Mas cremos
que seremos salvos pela graça do Senhor
Jesus Cristo, como eles também’.

A fim de tornar lícito a ação dos discípulos de
colher espigas no sábado, Jesus cita o caso de Davi
que ‘tomou os pães da proposição, e os comeu, e deu

40
também aos que estavam com ele, os quais não lhes
era lícito comer, senão só aos sacerdotes’.
Os pães da proposição era um alimento
santíssimo exclusivo dos sacerdotes (Lv 24.9), se
alguém, que não fosse sacerdote, comesse deveria
ser eliminado (Lv 19.8). Mas Davi e seus soldados
comeram das coisas santíssimas e não morreram. Por
que? Por causa da fome! Davi e seus homens
necessitavam de alimento (1º Sm 21.3-6).
Jesus conclui dizendo: ‘O sábado foi
estabelecido por causa do homem, e não o homem
por causa do sábado’ (Mc 2.25-27 ARA).
Quer dizer, o sábado pode ser violado quando
está em jogo as necessidades das pessoas.

3. Jesus permitiu que seus discípulos fizesse o bem no
dia de sábado

Vamos ler Mateus 12.11,12:

‘E ele lhes disse: Qual dentre vós será o
homem que, tendo uma ovelha, se num
sábado ela cair numa cova, não lançará
mão dela e a levantará? Pois quanto mais
vale um homem do que uma ovelha? É,
por consequência, lícito fazer bem nos
sábados’.

E, ‘por isso’, diz Esequias Soares, ‘nós devemos
fazer o bem, não importa qual seja o dia da semana’
(6ª Lição, 1º Trim/2015).

41
Todas essas brechas que vão se abrindo no
sábado dão motivos aos gentios de que não há
necessidade de guardar o sábado.
Trabalhar é fazer o mal ou o bem? É fazer o
bem! Fazer o bem é servir a Deus, então, o cristão
que trabalha no sábado para sustentar sua família
está fazendo o bem e servindo a Deus. Logo, está
guardando o sábado.
As pessoas têm mais valor do que os animais, e
se estes podem ser ajudados no sábado, muito mais
ainda, é permitido que no sábado as pessoas sejam
assistidas.

Lucas 13.15: ‘Hipócrita, no sábado não
desprende da manjedoura cada um de vós
o seu boi ou jumento e não o leva a beber
água?’

Lucas 14.5: ‘Qual será de vós o que,
caindo-lhe num poço, em dia de sábado,
o jumento ou o boi, o não tire logo?’.

Dar assistência as pessoas, além de incluir: dar
de comer quem tiver fome, dar de beber quem tiver
sede, vestir o nu, hospedar os estrangeiros, cuidar
dos doentes e visitar os presos, também, demanda
trabalhar, fazendo com as mãos o que é bom, para
que tenha o que repartir com o que tiver necessidade
(Ef 4.28).

42
Pois, ‘trabalhando assim, é necessário
auxiliar os enfermos e recordar as
palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais
bem-aventurada coisa é dar do que
receber’ (At 20.35).

E, trabalhando noite e dia não seremos pesados
a ninguém (1ª Ts 2.9). E o mandamento apostólico é:
se alguém não quiser trabalhar, não coma também.
Isso evita as pessoas de andarem
desordenadamente, não trabalhando, antes,
fazendo coisas vãs e comendo de graça do pão dos
outros. Antes pelo contrário, trabalhando com
sossego, comam cada um o seu próprio pão (2ª Ts
3.8-12).
Temos que trabalhar para fazer o bem,
principalmente, a nossa própria família, e então,
aos domésticos da fé e a todos (1ª Tm 5.8; Gl 6.10).
Ora, se um cristão está desempregando há
tempos, sua família padecendo necessidades,
endividada e a igreja não garantido seu sustento
diário, e esse cristão encontrando um bom emprego,
se recusa trabalhar, porque é exigido trabalhar no
sábado, ele estará sonegando o bem que se deve
fazer a família. É semelhante deixar um animal com
sede ou caído em uma cova por causa do sábado.
Porém, Jesus indagou: ‘Qual de vós, se o filho...
cair num poço, não o tirará logo, mesmo em dia de
sábado?’ (Lc 14.5 ARA).
Em outras palavras, qual de vós se o filho
padecer de fome, não arrumará logo um emprego

43
mesmo que seja em dia de sábado?
Consequentemente, é lícito fazer bem nos sábados.

4. Jesus nos ensinou que o sábado deve beneficiar as
pessoas e não oprimi-las

Vamos ler Marcos 2.27,28:

‘O sábado foi feito por causa do homem, e
não o homem, por causa do sábado.
Assim, o Filho do Homem até do sábado é
senhor’.

Quer dizer, ‘os seres humanos não foram
criados para observar o sábado, mas que o sábado
foi criado para o benefício deles’ (6ª Lição, 1º
Trim/2015).
A impressão que se tem é que o sábado não tem
a força de um mandamento moral e absoluto como
os demais mandamentos do decálogo, com isenção
daquele caso inusitado em que um homem comum
foi condenado à morte por apedrejamento por
apanhar lenha no dia de sábado, talvez, por
esquecimento do mandamento (Nm 15.32-40).
Porém, a elite sacerdotal violava o sábado e
ficava sem culpa. Jesus disse em tom de censura:

‘...aos sábados, os sacerdotes no templo
violam o sábado e ficam sem culpa’ (Mt
12.5).

44
De fato, no sábado os serviços sacerdotais
dobravam, porque diariamente se ofereciam dois
carneiros, mas no sábado eram quatro carneiros
para os holocaustos diários (Nm 28.9,10).
Desse modo era necessário muito serviço braçal
como carregar lenhas e baldes de águas, acender
fogo, remover cinzas, manusear ferramentas e
utensílios, abater animais, etc. O sacerdote
carregava lenha no sábado e não era apedrejado!
Aqui vemos o sábado sendo violado por causa
de rituais. Como pode um mandamento moral ser
violado em detrimento de leis ritualísticas? Isso
mostra que o sábado não tem a força de um
mandamento moral. Na ética, quando há conflitos
entre dois mandamentos, prevalece o que tem maior
peso. Isso significa que os rituais têm maior peso de
lei do que o sábado.
Jesus nos ensinou que o sábado deve beneficiar
as pessoas e não oprimi-las. Mas não foi isso que
aconteceu no caso daquele homem que foi
apedrejado no sábado. Talvez ele se esqueceu de
apanhar lenhas dobradas na sexta (Êx 16.5), então,
por necessidade familiar foi pegar uns gravetos para
acender o fogo a fim de cozinhar sua comida, mas
infelizmente, foi flagrado e condenado a morte.
Ora, se ritos prevalecem sobre o sábado,
deveria também a necessidade básica, a família e a
vida prevalecer sobre o sábado!
Jesus perguntou aos líderes religiosos, que
oprimiam as pessoas por causa do sábado: ‘É lícito

45
nos sábados salvar a vida ou matar?’ (Lc 6.9). No
caso daquele homem sua vida foi morta no sábado.
Jesus novamente critica os líderes religiosos,
dizendo:
‘...no sábado circuncidais um homem. ... O
homem recebe a circuncisão no sábado,
para que a lei de Moisés não seja
quebrantada...’ (Jo 7.22,23).

O sacerdote pode violar o sábado por causa da
circuncisão, pois, ele precisa manusear ferramentas
cirúrgicas, e o serviço aumenta se houver muitas
crianças para ser circuncidada.
O judeu David Stern escreveu em seu
comentário:

‘...cortar e carregar instrumentos em
público para realizar a circuncisão são
tipos de trabalho proibidos pelos rabinos’
no sábado (Comentário Judaico do Novo
Testamento, pág. 204).

Entretanto, Jesus afirmou que os sacerdotes
violavam o sábado para não violar a circuncisão. Se
o rito da circuncisão tem prevalência sobre o sábado,
isso mostra que o sábado não é um preceito moral,
pois ‘nao existe concessão para preceitos morais’.
Sobre isso Esequias Soares escreveu o seguinte:

‘Se o oitavo dia da circuncisão do menino
coincidir com um sábado, ela tem que ser

46
feita no sábado, nem antes e nem depois.
Assim, Jesus mais uma vez declara o
quarto mandamento como preceito
cerimonial e coloca a circuncisão acima do
sábado (Jo 7.22,23 cf. Lv 12.3). Um
mandamento moral é obrigatório por sua
própria natureza’ (6ª Lição, 1º Trim/2015).

Portanto, o sábado foi feito por causa do
homem, e não o homem por causa do sábado. Em
outras palavras, o sábado deve servir o homem, e
não o homem servir o sábado.
Isso significa que na fome e nas necessidades, o
homem pode violar o sábado e ficar sem culpa (Mc
2.23-28). Os líderes religiosos impôs o seguinte: ‘Seis
dias há em que é mister trabalhar... e não no dia de
sábado’ (Lc 13.14). E, acusavam os discípulos,
dizendo: ‘Eis que os teus discípulos fazem o que não
é lícito fazer num sábado’, que era colher espigas
(Mt 12.1,2).
Realmente, a lei proibia fazer colheita no
sábado, dizendo: ‘Seis dias o colhereis, mas o sétimo
dia é o sábado... ninguém saia do seu lugar...’ para
colher (Êx 14.26,29).
Entretanto, havia outra lei que ordenava:

‘Quando também segardes a sega da
vossa terra, o canto do teu campo não
segarás totalmente, nem as espigas caídas
colherás da tua sega. Semelhantemente
não rabiscarás a tua vinha, nem colherás

47
os bagos caídos da tua vinha; deixá-los-ás
ao pobre e ao estrangeiro’ (Lv 19.9,10).

Deuteronômio 23.25: ‘Quando entrares na
seara do teu próximo, com a tua mão
arrancarás as espigas, porém não meterás
a foice na seara do teu próximo’.

Isso significa que os discípulos de Jesus não
estavam invadindo a propriedade alheia e nem
furtando o que era dos outros, quando passando
pelas searas dos outros, começaram a colher espigas.
Pois, estavam amparados pela lei.
O problema era que eles fizeram aquilo no dia
de sábado. A lei de Moisés ordenava:

‘Seis dias trabalharás, mas, ao sétimo dia,
descansarás; na aradura e na colheita
descansarás’ (Êx 34.21).

Aqui novamente encontramos duas leis em
conflitos. Mas como o sábado não tem força de um
mandamento moral, uma lei social prevalece sobre
ele por causa da necessidade básica do homem.
Se os discípulos não deveriam ser apedrejados
por colherem espigas no sábado por terem feito
aquilo por causa da necessidade da fome, então,
aquele pobre homem também não deveria ter sido
apedrejado, pois também vez por necessidade.
Por isso Jesus disse para os líderes religiosos:

48
‘Mas, se vós soubésseis o que significa:
Misericórdia quero e não holocaustos, não
teríeis condenado inocentes. Porque o
Filho do Homem é senhor do sábado’ (Mt
12.7,8).

Quer dizer, pelo fato de Jesus ser o Senhor do
sábado, é Ele que agora, na nova aliança, estabelece
o que se deve fazer no sábado.
Se aquele homem tivesse sido levado à Jesus,
ele, com certeza, diria: ‘Aquele que não viola o
sábado atire a primeira pedra’.
Portanto, o sábado deve beneficiar as pessoas
e não impedi-las de suprir suas necessidades, e está
escrito que a necessidade do homem o obriga a
trabalhar (Pv 16.26), mesmo que seja num dia de
sábado.
Jesus Cristo ‘viu um homem cego de nascença’,
e a Escritura diz que:

‘[Jesus] ...cuspiu na terra, e, com a saliva,
fez lodo, e untou com o lodo os olhos do
cego. E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque
de Siloé (que significa o Enviado). Foi,
pois, e lavou-se, e voltou vendo’ (Jo 9.6,7).

O problema que aquele dia ‘era sábado
quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos. Então,
alguns dos fariseus diziam: ‘Este homem não é de
Deus, pois não guarda o sábado’. (Jo 9.14,16).

49
O judeu David Stern disse que os rabinos
consideravam ‘amassar para fazer barro’ uma obra
de construção, e construir era proibido no sábado.
Então ele escreveu:

‘Assim, havia duas possíveis violações do
sábado nesse ato de Jesus, de acordo com
a compreensão dos fariseus: construir e
amassar’ (Comentário Judaico do Novo
Testamento, pág. 211).

E, além do mais, Jesus colocou aquelas
substâncias nos olhos do homem. Sobre isso David
Stern escreveu:

‘Se isso foi feito como meio de cura e com
intenção de curar, essa também teria sido
considerada como violação do sábado’
(Comentário Judaico do Novo Testa-
mento, pág. 211).

Os rabinos permitiam que no sábado podia
‘cuidar daqueles seriamente enfermos’, porém,
‘cuidar de enfermidades menores é proibido pelo
decreto rabínico. Segundo David Stern:

‘A razão é que a maioria dos tratamentos
pode requerer triturar alguma coisa para
preparar um remédio, e triturar é uma
forma proibida de trabalho no sábado’

50
(Comentário Judaico do Novo
Testamento, pág. 143).

Entretanto, a fim de beneficiar uma pessoa
doente, Jesus fez um remédio alternativo, mesmo
sendo aquele dia um sábado.
Com essa atitude, Jesus torna legal todos os
serviços dos profissionais de saúde, dos
farmacêuticos, dos químicos, dos médicos, dos
funcionários de farmácias, hospitais, asilos,
manicômios, profissionais de indústrias
farmacêuticas, comércios de remédios, centro
cirúrgicos e etc., como trabalhos que podem ser
realizados no sábado.

5. Jesus não guardava o sábado segundo a tradição
dos anciãos

Segundo Esequias Soares ‘a tradição dos
anciãos criou 39 proibições concernentes ao sábado’.
A religião judaica tornou-se tão formalista que o
profeta Isaías denuncia, dizendo:

‘O incenso é para mim abominação, e
também as Festas da Lua Nova, e os
sábados, e a convocação das
congregações; não posso suportar
iniquidade, nem mesmo o ajuntamento
solene. As vossas Festas da Lua Nova, e as
vossas solenidades, as aborrece a minha

51
alma; já me são pesadas; já estou cansado
de as suportar’ (Is 1.13,14).

Os líderes judaicos encheram a religião de Israel
de tantas regras, dogmas, cargas, normas, preceitos,
tradições e costumes que o profeta Isaías disse:

‘Este povo honra-me com os lábios, mas o
seu coração está longe de mim. E em vão
me adoram, ensinando doutrinas que são
preceitos de homens’ (Mt 15.8,9; 23.4).

Jesus não obedecia essas tradições! Vamos ler
João 5.16-18:

‘E, por essa causa, os judeus perseguiram
Jesus e procuravam matá-lo, porque fazia
essas coisas no sábado. E Jesus lhes
respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e
eu trabalho também. Por isso, pois, os
judeus ainda mais procuravam matá-lo,
porque não só quebrantava o sábado,
mas também dizia que Deus era seu
próprio Pai, fazendo-se igual a Deus’.
‘...invalidastes a palavra de Deus, por
causa da vossa tradição’ (Mt 15.6).

Hoje em nossa vida moderna para se guardar
o sábado, os sabatistas tem que estabelecer vários
preceitos porque hoje existem atividades que não

52
existiam na época bíblica. Então, criam-se novas
normas para se guardar o sábado.
Por exemplo, o que o médico deve fazer
quando o seu plantão é no sábado? Então,
inventaram uma norma que o médico deve
trabalhar, mas não por dinheiro, mas por amor. E,
nos outros dias, ele trabalha por dinheiro, e não por
amor aos doentes?
Jesus não guardava o sábado à moda da
tradição conforme os saduceus e fariseus queriam
que fosse guardado. João diz que ‘os judeus...
procuravam matá-lo’, porque Jesus quebrava o
sábado. A tradição proibia carregar qualquer coisa
no sábado. A lei ordenava:

‘...não carregueis cargas no dia de
sábado, nem as introduzais pelas portas
de Jerusalém; não tireis cargas de vossa
casa no dia de sábado, nem façais obra
alguma; antes, santificai o dia de sábado,
como ordenei a vossos pais’ (Jr 17.21,22).

Baseado nisso, os judeus disseram: ‘Hoje é
sábado, e não te é lícito carregar o leito’ (Jo 5.10).
Mas foi Jesus quem mandou quando disse ao
homem, no sábado: ‘Levanta-te, toma tua cama e
anda’ (Jo 5.8-11).
Por que Jesus mandou tomar a cama no sábado
e andar, e não apenas ordenou aquele homem que
levantasse e andasse? Porque, Jesus quer birrar com

53
a tradição dos homens, e também, porque Ele é o
Senhor do sábado.
Jesus deixa seus discípulos colher espigas no
sábado; Jesus ordena homem carregar cama no
sábado; Jesus ensina que é lícito fazer o bem no
sábado; Jesus permite as pessoas fazerem tarefas
domésticas no sábado. Ele é o Senhor do sábado!

‘E Eu, o Messias, tenho autoridade até
mesmo para decidir o que os homens
podem fazer nos dias de sábado!’ (Mc 2.28
BV).

Quando os judeus intentavam matar Jesus
porque ele fazia coisas no sábado proibidas pela
tradição judaica, Jesus deu uma resposta
interessante:

‘Meu Pai trabalha até agora, e eu
trabalho também’ (Jo 5.17).

A Escritura diz que depois de concluir a obra da
criação, Deus descansou:

‘...em seis dias, fez o Senhor os céus e a
terra, e, ao sétimo dia, descansou, e tomou
alento’ (Êx 31.17).

Deus descansou do trabalho da criação original
e sobrenatural, mas quanto ao trabalho de Deus
para sustentar a criação, Deus não descansa. Essa

54
criação em que Deus se empenha, até nos sábados, é
providencial e natural, Deus não pode parar de
trabalhar, senão a criação entra em colapso.
Sobre essa obra criativa e incansável de Deus, o
salmista escreveu:

‘Tu fazes rebentar fontes no vale, cujas
águas correm entre os montes; dão de
beber a todos os animais do campo. Do
alto de tua morada, regas os montes; a
terra farta-se do fruto de tuas obras.
Fazes crescer a relva para os animais e as
plantas, para o serviço do homem, de
sorte que da terra tire o seu pão, 1Que
variedade, Senhor, nas tuas obras! Todos
esperam de ti que lhes dês de comer a seu
tempo. Se lhes dás, eles o recolhem; se
abres a mão, eles se fartam de bens. Se
ocultas o rosto, eles se perturbam; se lhes
cortas a respiração, morrem e voltam ao
seu pó. Envias o teu Espírito, eles são
criados, e, assim, renovas a face da terra.
A glória do Senhor seja para sempre!
Exulte o Senhor por suas obras!’ (Sl 104.10-
31).

Deus não descansa, nem no sábado, porque
toda a criação depende dele, ‘pois ele mesmo é
quem a todos dá vida, respiração e tudo mais... pois
nele vivemos, e nos movemos, e existimos’ (At
17.25,28). Deus todos os dias trabalha para girar,

55
oxigenar e regar a terra (Ec 1.5-8; Am 4.13; 5.8; 9.6),
para alimentar os pássaros e vestir os lírios (Mt 6.26-
30) e para gerar a criança na mulher grávida (Is
139.13-16).

Eclesiastes 11.5 diz: ‘Assim como tu não
sabes... como se formam os ossos no ventre
da mulher grávida, assim também não
sabes as obras de Deus, que faz todas as
coisas’.

Nem nos sábados, Deus para de trabalhar na
formação dos ossos no ventre da mulher grávida! Foi
em vista de todas essas obras que Deus faz para
sustentar a sua criação que Jesus disse: ‘Meu Pai
trabalha até agora, e eu trabalho também’ (Jo 5.17).
Sobre isso o reformador Martinho Lutero
escreveu que Deus:

‘...denota um poder enérgico, uma
atividade continua que trabalha e opera
sem cessar. Porque Deus não descansa,
mas trabalha sem cessar, como Jesus diz
em João 5.17: “Meu Pai trabalha até
agora, e eu trabalho tambem” (Teologia
Sistemática - Vol. 1, pág. 1012 - Norman
Geisler, CPAD).

De fato ‘o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos
confins da terra, nem se cansa, nem se fatiga’ (Is
40.28).

56
6. Jesus é maior do que o templo

Jesus é maior do que o templo, e nele o crente
pode quebrar o sábado e ficar sem culpa
Vamos ler Mateus 12.5-8:

‘Ou não tendes lido na lei que, aos
sábados, os sacerdotes no templo violam o
sábado e ficam sem culpa? Pois eu vos
digo que está aqui quem é maior do que o
templo. Mas, se vós soubésseis o que
significa: Misericórdia quero e não
sacrifício, não condenaríeis os inocentes.
Porque o Filho do Homem até do sábado
é Senhor’.

Jesus não negou que seus discípulo estavam
violando o sábado ao colherem espigas (Mt 12.1-4),
mas ele se levanta como advogado deles, porque se
no templo os sacerdotes são isentos de culpa por
causa dos sacrifícios, muito mais os crentes em Cristo.
Pois, Jesus Cristo entrou num maior e mais
perfeito tabernáculo e efetuou uma eterna redenção
por seu próprio sacrifício, inocentando as
consciências de seus discípulos das obras mortas da
lei, para servirdes ao Deus vivo e, agora Cristo
comparece, por nós, perante a face de Deus (Hb 9.11-
14,24).
E, assim os cristãos podem se chegar, com
confiança ao trono da graça, para que possam
alcançar misericórdia e achar graça, a fim de serem

57
ajudados em tempo oportuno, sem precisar recorrer
aos sacrifícios do templo, pois, ‘misericórdia quero e
não sacrifício’ (Hb 4.16; Os 6.6).
Se os sacrifícios dos sacerdotes abole a
ordenança do sábado, muito mais, o sacrifício de
Cristo, por isso está escrito:

‘...ninguém vos julgue... por causa... dos
sábados, que são sombras das coisas
futuras, mas o corpo é de Cristo’ (Cl
2.16,17).

‘Estai, pois, firmes na liberdade com que
Cristo nos libertou e não torneis a meter-
vos debaixo do jugo da servidão’ (Gl 5.1).

‘Agora, pois, por que tentais a Deus,
pondo sobre a cerviz dos discípulos um
jugo que nem nossos pais nem nós
podemos suportar?’ (At 15.10).

A lei de Moisés proibia trabalhar no sábado sob
pena de morte.

‘Trabalhareis seis dias, mas o sétimo dia
vos será santo, o sábado do repouso solene
ao Senhor; quem nele trabalhar morrerá’
(Êx 35.2).

Fabricar pão era um trabalho, pois...

58
‘O grão - geralmente o trigo, mas também
a cevada - era moído, peneirado,
transformado em massa, amassado, feito
em forma de bolos, depois assado’ (Vida
Cotidiana nos Tempos Bíblicos).

E, além do mais, era necessário fazer fogo para
assar o pão, porém, a lei dizia: ‘Não acendereis fogo
em nenhuma das vossas moradas no dia do sábado’
(Êx 35.3).
Portanto, quem fizesse pão no dia de sábado
era morto. Por isso Moisés, no deserto, disse ao povo:

‘Deus, no sexto dia, vos dá pão para dois
dias; cada um fique onde está, ninguém
saia do seu lugar no sétimo dia’ (Êx 16.29).

Entretanto, os sacerdotes fabricavam pães no
sábado e não eram mortos. A lei estipulava:

‘Doze pães, cada um pesando dois quilos,
deverão ser feitos da melhor farinha...
Todos os sábados, para sempre, o Grande
Sacerdote colocará os pães em ordem na
mesa’ (Lv 24.5,8 BLH).

Os pães deveriam estar quentes, portanto,
eram fabricados no mesmo dia em que eram
colocados na mesa, isto é no sábado (1º Sm 21.6; Lv
24.8). Cada pão pesava dois quilos de farinha!

59
Então, era empregado 24 quilos de farinha, isso
exigia uma grande mão de obra. Jesus Cristo disse:

‘...aos sábados, os sacerdotes no templo
violam o sábado e ficam sem culpa. Pois
eu vos digo que está aqui quem é maior
do que o templo’ (Mt 12.5,6).

Está aqui quem é maior do que o templo! Com
essa expressão, Jesus estava isentando seus discípulos
de culpa por terem violado o sábado ao colher
espigas. Ora, se no templo, os sacerdotes podiam
fabricar pão, abater animais, acender fogo e outros
trabalhos no sábado, o crente, também pode
quebrar o sábado e ficar sem culpa, pois, Jesus é
maior do que o templo.
A tradução judaica diz que ‘o serviço do templo
tem predominância sobre o sábado’ (Comentário
Judaico do Novo Testamento, pág.71). Quer dizer, o
templo é maior do que o sábado, mas Jesus é maior
do que o templo, e logicamente, Jesus é maior do que
o sábado.
Então, no sábado o crente pode realizar
qualquer trabalho em nome de Jesus, pois ‘tudo o
que fizerdes, seja em palavra, seja em obra, fazei-o
em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a
Deus Pai’ (Cl 3.17).

60
7. Jesus não proibiu as pessoas de fazer as tarefas
domésticas no sábado

Isso é visto claramente quando Jesus, no
sábado, vai a sinagoga, e ao sair da sinagoga, entra
na casa de Pedro, e sua sogra está acamada com
febre (Mc 1.21,29,30). Jesus a cura e o texto bíblico
diz: ‘e a febre a deixou, e servia-os’ (v.31).
Ou seja, no sábado, a sogra de Pedro se
levantou da cama e foi fazer as tarefas domésticas
para preparar um almoço, ou melhor, um banquete
para Jesus e seus quatro discípulos. E, sabemos que
naquela época esse tipo de serviço era braçal e muito
cansativo (Lc 10.40,41).
Dizem que ‘Jesus apreciava uma boa refeição,
uma festa, um banquete’ (Manual dos Costumes e
Usos dos Tempos Bíblicos, pág.38).
Então, a sogra de Pedro caprichou na refeição.
Vejamos, Jesus e seus quatro discípulos, Pedro,
André, Tiago e João tinham indo a sinagoga em
Cafarnaum, de manhã, no sábado como de costume.
Naquela manhã de sábado, Jesus ministrou um
ensino maravilhoso e expulsou um demônio (Mc 1.21-
27; Lc 4.38-41).
Depois do culto da sinagoga, talvez meio-dia,
na hora do almoço, Jesus e os quatro discípulos
foram à casa de Pedro, sua sogra estava com febre
e acamada, Jesus a curou, e ela se levantou para
fazer uma refeição para Jesus e os quatro discípulos.
Naquela época, as tarefas domésticas eram
trabalho exclusivo das mulheres. Então, Jesus e os

61
apóstolos conversavam, enquanto ela preparava a
refeição. Não sabemos quantas mulheres haviam na
casa, contudo, temos certeza que haviam, pelo
menos duas, a sogra e a esposa de Pedro.
Considerando que Pedro era pescador, então o
almoço seria peixe, talvez tilápia ou sardinha, ‘o
peixe era um alimento frequente no cardápio do
judeu... e um alimento bom, nutritivo’ (Manual dos
Costumes e Usos dos Tempos Bíblicos, pág.45).
Uma ‘forma muito comum de preparar o peixe
era assá-lo sobre brasas’ (Jo 21.9). Aquelas mulheres
tiveram que carregar lenhas, rachá-las e acender o
fogo. Coisas proibidas por lei de fazer no sábado (Êx
35.2,3).
Para acompanhar o peixe, elas tiveram que
fazer o pão de trigo, cevada ou centeio. Para
‘fabrico do pão era necessário moê-lo primeiro,
triturando-o entre duas pedras’ (Manual dos
Costumes e Usos dos Tempos Bíblicos, pág.190). Era
um trabalho braçal realizado por duas mulheres (Mt
24.41).
Depois, amassaram o pão e assaram em forno
de barro. Talvez, também, serviram vinho, frutas e
legumes. Outra coisa que tiveram que fazer,
naquele sábado, foi varrer a casa, preparar a mesa
para refeição e servir a comida.
Essas tarefas domésticas eram tão cansativas e
exigiam muito trabalho braçal, que Marta, em
outra ocasião, enquanto preparava refeição para
Jesus e seus apóstolos, se agitava de um lado para

62
outro, ocupada em muitos serviços. De modo que ela
reclamou para Jesus:

‘Senhor, não Lhe parece injusto que minha
irmã fique só sentada aqui, enquanto eu
faço o trabalho todo? Diga-lhe que venha
me ajudar’ (Lc 10.41 – Bíblia Viva).

Isso nos dá uma ideia da ocupação de uma
mulher judia para realizar suas tarefas domésticas.
Entretanto, Jesus não proibiu a sogra de Pedro de
fazer seu trabalho, embora fosse aquele dia um
sábado.
Ora, se essa mulher judia foi desobrigada de
guardar o sábado por causa dos serviços de sua casa
para atender a Jesus e seus discípulos, não sei por
que cargas d'aguas as mulheres gentílicas são
obrigadas guardar o sábado?

8. Os apóstolos de Cristo isentaram os gentios do
sábado

Os apóstolos de Cristo, membros do novo Israel,
isentaram os gentios de guardarem o sábado
Vamos ler Colossenses 2.16,17:

‘Portanto, ninguém vos julgue pelo comer,
ou pelo beber, ou por causa dos dias de
festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que
são sombras das coisas futuras, mas o
corpo é de Cristo’.

63
Não há nenhum mandamento no Novo
Testamento ordenando os gentios guardar o sábado.
Há mandamentos ordenando que não devemos
adorar ídolos, não jurar falsamente em nome de
Deus, não desonrar pai e mãe, que não devemos
matar, roubar, adulterar, cobiçar e mentir.
Encontramos todos essas mandamentos morais
sendo ordenados aos gentios para obedecerem.
Mas nada os apóstolos escreveram acerca do
sábado no tocante a sua observância pelos gentios.
Pelo contrário, sempre que o assunto do sábado é
levantado, os gentios são isentos. Na igreja de
Colossos, Paulo exorta que ninguém deveria julgar
os gentios porque eles não guardava os sábados.
Quando a questão do sábado, levantou-se na
igreja de Roma, Paulo ensinou:

‘Um faz diferença entre dia e dia, mas
outro julga iguais todos os dias. Cada um
tenha opinião bem definida em sua
própria mente... [Pois], Bem-aventurado
é aquele que não se condena naquilo que
aprova.’ (Rm 14.5,23).

A tradução Bíblia Viva diz:

‘Alguns pensam que os cristãos devem
observar os feriados judaicos como dias
especiais para se adorar a Deus; já outros
dizem que é um erro e um absurdo todo
esse incômodo, visto que todos os dias

64
pertencem igualmente a Deus. Em
questões desse tipo, cada um deve decidir
por si mesmo’.

A NVI – Nova Versão Internacional – traduz
assim:
‘Há quem considere um dia mais sagrado
que outro; há quem considere iguais todos
os dias. Cada um deve estar plenamente
convicto em sua própria mente’.

Aqui seria a ocasião ideal para o judeu Paulo
determinar que os gentios devem guardar o sábado
como os judeus guardam. Mas o que encontramos?
Paulo deixando a questão do sábado como caso de
liberdade cristã e consciência cristã.
Se o judeu faz diferencia entre dia e dia, quer
dizer, para o judeu o sábado é um dia santo e os
demais dias são seculares, ele deve fazer essa
distinção de dias para agradar o Senhor.
Mas se o gentio considera todos dias iguais, isto
é, não existe um dia santo, mas todos os dias são
santos ou seculares, ele deve ele deve fazer essa
igualdade de dias para agradar o Senhor.
O judeu não deve julgar os gentios porque eles
não guardam o sábado como dia santo, e o gentio,
por sua vez, não deve desprezar os judeus por eles
guardar o sábado como dia santo (Rm 14.10-13).
O que fazer então? Diz Paulo: ‘Cada um tenha
opinião bem definida em sua própria mente’ ou

65
seja, ‘cada qual siga sua convicção’. A guarda do
sábado é questão de consciência individual.
Paulo conclui a questão dizendo:

‘Assim, seja qual for o seu modo de crer a
respeito destas coisas, que isso permaneça
entre você e Deus. Feliz é o homem que
não se condena naquilo que aprova’ (Rm
14.22).

Em outras palavras, não imponha sua crença
pessoal sobre os outros.
Esses princípios de liberdade cristã se aplicam
também para questões de alimentação, usos e
costumes e entretenimentos.
E, nas igrejas da Galácia, quando os gentios
estavam sendo pressionados pelos judaizantes para
observarem sábados e dias santos, Paulo exortou:

‘Mas agora que conheceis a Deus ou,
antes, sendo conhecidos por Deus, como
estais voltando, outra vez, aos rudimentos
fracos e pobres, aos quais, de novo,
quereis ainda escravizar-vos? Guardais
dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de
vós tenha eu trabalhado em vão para
convosco’ (Gl 4.9-11).

Os gentios eram povos pagãos, separados da
comunidade de Israel, estranhos às alianças da
promessa, incircuncisos, viviam na futilidade dos

66
seus pensamentos, obscurecidos no entendimento,
separados da vida de Deus por causa da ignorância,
eram adoradores de ídolos mudos e serviam aos que
por natureza não são deuses.
A adoração dos gentios aos falsos deuses incluía
muitas cerimônias, festas pagãs e dias ‘sagrados’, de
modo que eram atraídos para lá e para cá, de um
ídolo a outro.
Porém, quando se converteram, abandonaram
toda essa idolatria para adorar o único Deus vivo e
verdadeiro.
Acontece que quando esses gentios entraram
na comunidade cristã, que naquela época era
composta por maioria de judeus, e havia entre eles
judaizantes, que começaram a ensinar para os
gentios que era ‘necessário circuncidar e determinar
que eles observem a lei de Moisés’ que incluía:
guardar o sábado, seguir regras alimentícias,
participar das festas judaicas e etc.
Isso deixou alguns gentios fascinados com a
religião cristã que começaram a praticar essas
coisas, mas outros ficaram perturbados e
transtornados com esses ensinos.
Então, Paulo disse para os gentios fascinados
pelos costumes judaizantes que ao praticarem os
costumes cerimoniais da lei, principalmente, no que
diz respeitos a ‘guardar dias santos’ era como se eles
estivessem retornando aos elementos fracos e pobres
do paganismo, aos quais, de novo, queria ainda
escravizá-los.

67
Então, essa questão se avolumou, porque os
judaizantes insistiam: ‘Se os gentios não andarem
segundo os costumes de Moisés não poderão ser
salvos’. A ponto de estabelecerem um Concílio para
resolver essa questão.
Os apóstolos ali reunidos disseram que esses
judeus não receberam autorização deles para
ensinar tais coisas, e que agora, eles decidem
inspirados pelo Espírito Santo e registrado em carta
circular oficial que não se deve impor sobre os
gentios mais encargo, ou seja, colocar sobre a cerviz
dos gentios um jugo que nem nossos pais nem nós
podemos suportar, isto é, acharam por bem que os
gentios não observem os costumes da lei de Moisés:
circuncisão, sábado, dietas e festas.
E que os gentios cristãos deveriam fazer então?
Os apóstolos do Senhor Jesus, Aquele que é o Senhor
do sábado, determinaram:

‘Senão estas coisas necessárias: Que os
gentios abstenham-se das coisas
sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da
carne sufocada, e da fornicação; destas
coisas fareis bem se vos guardardes. Bem
vos vá’ (At 15.28,29).

Essa decisão foi endossada fortemente por
Tiago, irmão do Senhor, que na época era pastor da
igreja em Jerusalém (At 15.13-21; Gl 2.9), embora,
fosse um judeu muito zeloso pela lei, a ponto de
aconselhar Paulo a fazer oferendas no templo para

68
mostrar para os judeus que o próprio Paulo
guardava a lei (At 21.23,24).
Mas em relação aos gentios, Tiago era muito
flexível, não obrigava os gentios a viverem como
judeus, pois, julgava que não se devia perturbar
com questões da lei aqueles, dentre os gentios, que
se converteram a Deus, antes, achava por bem que
os gentios não tinham necessidades de observar os
costumes da lei.

9. Pareceu bem ao Espírito Santo não impor o
sábado sobre os gentios

É o que está escrito em Atos 15.28:

‘Na verdade, pareceu bem ao Espírito
Santo... não vos impor mais encargo
algum, senão estas coisas necessárias’.

Como os apóstolos concluíram que era também
uma decisão do Espírito Santo que os gentios não
guardassem o sábado?
Antes de responder essa pergunta, tenho que
primeiro explicar o seguinte: Como o Espírito Santo
decidiu que os gentios não guardassem o sábado se
não há nada escrito sobre a observância do sábado
em Atos 15?
Não diretamente, mas sim indiretamente. É
claro que o assunto do Concílio de Jerusalém
abordava várias questões da lei, eu, porém, destaco

69
o sábado porque é o assunto que estou debatendo
nesse livro.
A questão principal girava em torno da
circuncisão. Pois, alguns judeus cristãos desceram da
Judéia para Antioquia e ensinavam aos crentes
gentios o seguinte: ‘se vos não circuncidardes,
conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos’ (At
15.1).
Na verdade a lei exigia que os gentios para
participarem do povo de Deus tinha que praticar a
circuncisão. Porém, a circuncisão era apenas um rito
de iniciação, pois, os gentios não poderiam obedecer
à lei de Moisés sendo incircuncisos.
Por exemplo, até para celebrar a páscoa, o
gentio tinha que ser circuncidado.

‘Porém, se algum estrangeiro se hospedar
contigo e quiser celebrar a Páscoa ao
Senhor, seja-lhe circuncidado todo macho,
e, então, chegará a celebrá-la, e será
como o natural da terra; mas nenhum
incircunciso comerá dela’ (Êx 12.48,49).

Nem no templo, o gentio poderia entrar se não
fosse circuncidado. Ezequiel 44.9 diz:

‘Assim diz o Senhor Jeová: Nenhum
estranho, incircunciso de coração ou
incircunciso de carne, entrará no meu
santuário, dentre os estranhos que se
acharem no meio dos filhos de Israel’.

70
Por isso que a questão não era apenas a
circuncisão em si, mas realmente, com intuito dos
gentios guardarem a lei de Moisés. Conforme lemos
em Atos 15.5:

‘Alguns, porém, da seita dos fariseus que
tinham crido se levantaram, dizendo que
era mister circuncidá-los e mandar-lhes
que guardassem a lei de Moisés’.

Por isso Paulo disse para os gentios: ‘E, de novo,
protesto a todo homem que se deixa circuncidar que
está obrigado a guardar toda a lei’ (Gl 5.3).
E assim aqueles judeus legalistas estavam
colocando a salvação na lei de Moisés, e não na
graça e na fé em Cristo.
Bem, ao exigir que os gentios guardassem a lei
de Moisés era óbvio que eles tinham em mente: o
sábado, as alimentações, as festas e outros costumes
da tradição judaica. Principalmente, o sábado que
era o sinal distintivo de Israel como povo de Deus (Êx
31.13).
Quanto a alimentação, o Espírito Santo fez
algumas ressalvas, que o crente gentio se abstenha
das ‘coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da
carne sufocada’.
Mas quanto ao sábado e os outros costumes da
lei, o Espírito Santo decidiu por ‘bem que nada disto
os gentios observem’ (At 21.25).
Agora, como os apóstolos concluíram que era
também uma decisão do Espírito Santo que os

71
gentios não guardassem o sábado e não apenas uma
decisão deles? Os apóstolos escreveram aos gentios:

‘Na verdade, pareceu bem ao Espírito
Santo e a nós não vos impor mais encargo
algum, senão estas coisas necessárias’ (At
15.28).

Os apóstolos reivindicaram para si a
autoridade do Espírito Santo para isentar os gentios
de guardar o sábado. Mas eles não fizeram isso ao
bel-prazer, mas porque Jesus Cristo prometeu enviar
o Espírito Santo para ensinar e guiar os apóstolos em
toda verdade (Jo 16.13).
E, assim, os apóstolos eram homens inspirados
pelo Espírito e investidos de autoridade para
deliberarem decisões na Igreja (Mt 16.19; 18.18; Jo
20.22,23).
E, do mesmo modo como é o Espirito Santo que
constitui bispos na igreja e realiza várias funções na
Igreja (At 20.28; 1ª Co 12.11), foi Ele que guiou e
inspirou os apóstolos a tomarem a decisão dos
gentios não observarem o sábado.
Outro motivo que é dado ao Espírito Santo o
crédito pelas decisões no Concílio de Jerusalém é
encontrada nas palavras de Pedro em Atos 15.7-11:

‘Varões irmãos, bem sabeis que já há
muito tempo Deus me elegeu dentre vós,
para que os gentios ouvissem da minha
boca a palavra do evangelho e cressem. E

72
Deus, que conhece os corações, lhes deu
testemunho, dando-lhes o Espírito Santo,
assim como também a nós’.

Foi o Espírito Santo que ordenou Pedro ir à casa
do gentio Cornélio, e sem nenhum preconceito
religioso comesse com eles, e lhes anunciasse o
evangelho. Enquanto, Pedro ainda pregava...

‘Caiu o Espírito Santo sobre todos os que
ouviam a palavra. E os fiéis que eram da
circuncisão, todos quantos tinham vindo
com Pedro, maravilharam-se de que o
dom do Espírito Santo se derramasse
também sobre os gentios’ (At 15.44,45).

Imediatamente, Pedro ordenou batizar nas
águas aqueles gentios, integrando-os na Igreja (At
10.47,448).
Assim, ficou claro para os apóstolos que se o
Espírito Santo veio sobre os gentios e os recebeu na
Igreja sem circuncisão, sem sábado e sem qualquer
outro costume judaico então, era óbvio que não
havia necessidades de impor sobre os gentios a
observância dessas coisas. Eles entenderam que essa
era a vontade do Espírito, por isso disseram: ‘Na
verdade, pareceu bem ao Espírito Santo...’.
A decisão do Espírito Santo de não impor
nenhum encargo do judaísmo sobre os gentios, livrou
a igreja de se tornar apenas uma seita do judaísmo

73
e estabeleceu que a incorporação no povo de Deus é
realizada pelo Espírito Santo. Assim está escrito:

‘Pois todos nós fomos batizados em um
Espírito, formando um corpo, quer judeus,
quer gregos, quer servos, quer livres, e
todos temos bebido de um Espírito’ (1ª Co
12.13).

10. O dia de descanso semanal como princípio
bíblico

Muito embora o sábado não foi exigido, o
crente gentio pode observa um dia de descanso
semanal como princípio, e não como código legal.
Ninguém quer trabalhar sem ter um dia de
descanso, e o sétimo dia foi abençoado e santificado
como dia de descanso. Quem quer trabalhar sete
dias semanais sem descansar? Nesse caso, o cristão
guarda o princípio do descanso que é baseado no
sábado da criação que diz:

‘E abençoou Deus o dia sétimo e o
santificou; porque nele descansou de toda
a obra que, como Criador, fizera’ (Gn 2.3).

O teólogo Esequias Soares disse que o sábado
da criação...

‘Se refere ao sétimo dia da semana; pode
ser qualquer dia ou um período de

74
descanso. O sétimo dia da criação não era
mandamento, mas revela a necessidade
natural do descanso de toda a natureza.
O repouso noturno de cada dia não é
suficiente para isso. Deus abençoou e
santificou esse dia não somente para
comemorar a obra da criação mas para
que, nesse dia, todos cessem o trabalho e
assim descansem física e mentalmente
para oferecer o seu culto de adoração a
Deus’ (6ª Lição, 1º Trim/2015).

O crente gentio não guarda o sábado como
código da lei porque a lei determinava que
‘qualquer que no sábado fizer alguma obra, aquela
alma será extirpada do meio do seu povo’ e
‘qualquer que no dia do sábado fizer obra,
certamente morrerá’ (Êxodo 31.14,15). Mas, ‘Cristo
nos resgatou da maldição da lei’ (Gl 3.13).
O sábado da criação também a ponta para um
sábado espiritual em que o crente encontra, pela fé,
descanso em Cristo (Mt 11.28,29).

Hebreus 4.3,4 diz: ‘Nós, porém, que
cremos, entramos no descanso... Porque,
em certo lugar, assim disse, no tocante ao
sétimo dia: E descansou Deus, no sétimo
dia, de todas as obras que fizera’.

Porém, esse descanso espiritual que
desfrutamos, agora, em Cristo, ainda se tornará

75
uma realidade no Reino de Deus quando chegar os
tempos da restauração de todas as coisas (At 3.19-21;
Hb 4.9).

11. O sábado no Reino de Cristo

No Reino de Cristo, o sábado será o dia de
adoração e descanso para todas as nações.

Conforme lemos em Isaías 66.23:

‘E será que... de um sábado a outro, virá
toda a carne a adorar perante mim, diz o
Senhor’.

E isso é confirmado em Hebreus 4.9:

‘Assim, ainda resta um descanso sabático
para o povo de Deus’ (NVI).

Portanto, ainda que o sábado seja violado
pelos gentios, e que fiquem sem culpa por causa da
nova aliança em Cristo, e, que devido a várias
questões culturais, pareceu bem ao Espírito Santo e
aos apóstolos isentar os gentios do sábado (At 15.28),
mesmo assim, e por isso, todos esses problemas serão
resolvidos e compensados no Reino de Deus e de
Cristo.
Pois, neste sábado da nova aliança observado
no Reino de Deus, os gentios terão prazer em Deus
conforme profetizou Isaías:

76
‘E os estrangeiros que se unirem ao Senhor
para servi-lo, para amarem o nome do
Senhor e para prestar-lhe culto, todos os
que guardarem o sábado sem profaná-lo,
e que se apegarem à minha aliança, esses
eu trarei ao meu santo monte e lhes darei
alegria em minha casa de oração. Seus
holocaustos e seus sacrifícios serão aceitos
em meu altar; pois a minha casa será
chamada casa de oração para todos os
povos’ (Isaías 56.6,7).

Quando a Nova Jerusalém descer do céu, como
um tabernáculo de adoração, e ser estabelecida
como centro de culto na nova terra, então, os povos
remidos de todas as nações subirão, tais como
peregrinos, à Sião para adorar a Deus e a Jesus, de
sábado em sábado, conforme estabelecido para
cada povo, e se apresentarão com seus ritmos
musicais, que são a glória e honra das nações (Ap
21.1-3; Is 25.6-9; 35.10; 60.11; 62.6,7; Jr 3.17; Sl 84.7;
110.3; 122.3-5; Zc 2.10-12; 8.3,22; Ap 7.9-10,15-17;
21.24-27).
Desde a criação do mundo, Deus estabeleceu
um descanso e deseja estabelecer um local para esse
descanso.

Hebreus 4.4: ‘Porque em certo lugar disse
assim do dia sétimo: E repousou Deus de
todas as suas obras no sétimo dia’.

77
Genesis 2.3: ‘Abençoou Deus o sétimo dia e
o santificou, porque nele descansou de
toda a obra que realizara na criação’.

Isaías 66.1: ‘Assim diz o Senhor: O céu é o
meu trono, e a terra o escabelo dos meus
pés; que casa me edificaríeis vós? E qual
seria o lugar do meu descanso?’.

Adão que deveria introduzir o descanso de
Deus para os seus descendentes no jardim do Éden
foi expulso do paraíso e perdeu o descanso de Deus.
Então, Deus escolheu Abraão e sua
descendência, e prometeu-lhes dar a terra de Canaã
como lugar de Seu descanso, onde todas as nações da
terra seriam abençoadas por meio do seu
Descendente (Gn 28.3,4,14).
Por isso, Deus firmou uma aliança com Israel
através de Moisés para lhes tornar herdeiros da
promessa do descanso na terra de Canaã, caso,
obedeçam aos mandamentos da aliança (Dt 12.9,10;
Êx 19.5,6).
Porém, tanto Moisés como Josué não
introduziram a nação de Israel no descanso de Deus
em Canaã porque a nação foi desobediente a
aliança de Deus (Êx 33.1-3,14).

Hebreus 4.8 diz: ‘Ora, se Josué lhes
houvesse dado descanso, não falaria,
posteriormente, a respeito de outro dia’.

78
Na época de Davi, Deus escolheu o seu filho
Salomão como herdeiro do trono de Israel e
Jerusalém como local do descanso da arca de Deus
(1º Cr 28.2).
De fato, Davi esperava que durante o seu reino
fosse estabelecido o descanso de Deus. Por isso ele
disse:
‘O Senhor, Deus de Israel, deu descanso ao
seu povo e habitará em Jerusalém para
sempre’ (1º Cr 23.25).

Porém, essa expectativa não aconteceu, por
isso Davi escreveu:

‘Quarenta anos estive desgostado com
esta geração e disse: é um povo que erra
de coração e não tem conhecimento dos
meus caminhos. Por isso, jurei na minha
ira que não entrarão no meu descanso’ (Sl
95.10,11).

O autor aos Hebreus se referindo ao descanso
esperado nos dias de Davi, escreveu:

‘E outra vez neste lugar: Não entrarão no
meu repouso. Determina, outra vez, um
certo dia, Hoje, dizendo por Davi, muito
tempo depois, como está dito: Hoje, se
ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso
coração. Assim, jurei na minha ira que não
entrarão no meu descanso; embora as suas

79
obras estivessem acabadas desde a
fundação do mundo’ (Hb 4.3-7).

Nem mesmo durante o pacífico governo de
Salomão o descanso de Deus foi estabelecido, pois a
terra descansou apenas 40 anos.

1º Reis 4.25 diz: ‘E Judá e Israel habitavam
seguros, cada um debaixo da sua videira,
e debaixo da sua figueira, desde Dã até
Berseba, todos os dias de Salomão’.

O próprio Salomão pensou que Deus havia
estabelecido o Seu descanso, pois disse:

‘Bendito seja o Senhor, que deu descanso
ao seu povo de Israel, segundo tudo o que
disse; nem uma só palavra caiu de todas
as suas boas palavras que falou pelo
ministério de Moisés, seu servo’ (1º Rs
8.56).

Entretanto, logo após o seu governo, o reino se
dividiu e afundou na idolatria e nas guerras até que
foram levados cativos. É interessante que a Escritura
disse que a desolação veio sobre Judá e Israel porque
não guardaram o descanso anual sabático de Deus,
e como castigo o sábado semanal cessaria.

2º Crônicas 36.2 diz: ‘Para que se
cumprisse a palavra do Senhor, pela boca

80
de Jeremias, até que a terra se agradasse
dos seus sábados; todos os dias da
desolação descansou, até que os setenta
anos se cumpriram’.

Oséias 2.11 diz: ‘E farei cessar todo o seu
gozo, e as suas festas, e as suas luas novas,
e os seus sábados, e todas as suas
festividades’.

Portanto, ainda resta um descanso sabático
para o povo de Deus (Hb 4.9).
Esse descanso sabático se cumprirá no Reino de
Deus que será estabelecido por Cristo, na Sua vinda,
para aqueles que tem fé no evangelho da nova
aliança que desde agora, pela fé e esperança,
podem desfrutar desse descanso (Ap 21.1-5; Mt
25.34).
Baseado em Isaías 66.23 interpreto que na
nova terra o sábado será o dia de adoração para
todas as nações. Mas essa interpretação não é aceita
por muitos estudiosos da Bíblia. Entre eles está o
teólogo Edmar Barcellos que escreveu:

‘Desde uma lua nova até à outra, e desde
um sábado até ao outro”, significa que a
adoração será ininterrupta; toda a
semana, todo o mês, eternamente, e não
apenas nos sábados ou nos dias de festa.
No novo céu e na nova terra não haverá
sol nem lua, nem dia, nem noite, nem

81
sábado, nem domingo, nem lua nova,
nem mês, nem ano (Ap 22.5), nem
ficaremos cansados; consequentemente,
não precisaremos de sábado [repouso]’ (O
Sábado Judaico e o Domingo Cristão,
pág.121).

Precisamos distingui o novo céu e na nova terra
da nova Jerusalém. A nova Jerusalém será a capital
do reino de Deus, o novo céu será uma renovação no
cosmo incluído a nossa Via Lacta. O sol e a lua serão
renovados. A nova terra será o território do reino.
A única coisa que não haverá mais da velha
natureza, talvez, seja o mar (Ap 21.1). Quem não
necessitada do sol e da lua é a nova Jerusalém, e não
a nova terra, pois a cidade será iluminada com o
brilho da glória de Deus e de Cristo (Ap 21.23).
A Escritura diz que os remidos estarão ‘diante
do trono de Deus’ e o servirão ‘de dia e de noite no
seu templo’, a nova Jerusalém (Ap 7.15) e a árvore
da vida produzirá ‘doze frutos de mês em mês’ (Ap
22.2). A Escritura também diz que ‘a lua se
envergonhará, e o sol se confundirá quando o Senhor
dos Exércitos reinar no monte Sião e em Jerusalém; e,
então, perante os seus anciãos haverá glória’.
Mas isso não significa que esses corpos celestes
deixarão de existir, pelo contrário, ‘será a luz da lua
como a luz do sol, e a luz do sol, sete vezes maior,
como a luz de sete dias’ (Is 30.26). Porém, a nova
Jerusalém não necessitará do brilho do sol, mas a
nova terra sim. Contudo, o sol não molestará de dia

82
os moradores da nova terra e nem a lua, de noite
(Ap 7.16; Sl 121.6).
Na nova terra, os remidos servirão a Cristo
‘enquanto durar o sol e a lua’, ou seja, ‘pelos séculos
dos séculos’ (Sl 72.5; Ap 22.5).
Ora, se na nova terra haverá sol e lua, então,
haverá também ‘separação entre o dia e a noite’ e
‘estações, dias e anos’, ou seja, meses (lua nova) e
semanas (sábados) (Gn 1.14).
E, assim, haverá santas convocações nas luas
novas e nos sábados para que os reis e as nações se
apresentem diante do Senhor, na nova Jerusalém.
Não se apresentarão de mãos vazias, mas trarão a
glória, a honra e as riquezas das nações e oferecerão
sacríficos espirituais (Lv 23.2,4,37; Dt 12.4,11; Sl 95.2,3;
1ª Pe 2.5; Sl 72.7-11; Is 60.11; 66.23; Ap 21.24-26).
De sábado em sábado, os remidos irão de ‘força
em força; cada um deles aparecerá diante de Deus
em Sião’ (Sl 84.7; Is 35.10).

IV. Quem é a Igreja de Deus na Nova Aliança?

1. A Igreja de Deus na nova aliança é o Israel que
tem fé em Jesus Cristo

Lendo Mateus 16.15-18 aprendemos que a Igreja
é a reunião ou assembleia dos judeus que creem que
Jesus é o Cristo, o Messias, o Filho de Deus.
Encontramos essa confissão na boca de Pedro no
texto bíblico supracitado.

83
Mateus 16.15-18 diz: ‘Disse-lhes Jesus: E vós,
quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro,
respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho
do Deus vivo. E, Jesus, respondendo, disse-
lhe: Bem-aventurado és tu, Simão
Barjonas, porque não foi carne e sangue
quem to revelou, mas meu Pai, que está
nos céus. Pois também eu te digo que tu és
Pedro e sobre esta pedra [o Cristo]
edificarei a minha igreja, e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela’.

Nesse texto, Jesus lançou o fundamento da
igreja que é Jesus, o Cristo. Doravante, todo judeu
que creu e confessou isso tornou-se membro da
Igreja de Cristo. Esses judeus crentes, também, se
tornaram o povo de Deus, que em Gálatas 6.16 é
chamado de ‘o Israel de Deus’ e ficaram também
conhecidos como os escolhidos segundo a eleição da
graça (Rm 11.5-10). Essa é a Igreja de Deus!
Enquanto que os demais judeus, aqueles que
não creram em Jesus Cristo, que são chamados de
‘judeus incrédulos’ (At 14.2) foram rejeitados dentre
o povo de Deus.
Na antiga aliança, o povo de Deus era a nação
de Israel fiel a lei de Moisés, na nova aliança, o povo
de Deus é o novo Israel fiel a fé de Jesus Cristo, o
Messias.
Será que Jesus de Nazaré é realmente o
Messias? Sim! De fato! Jesus Cristo é o Messias

84
prometido! Nós cremos nisso e os judeus messiânicos
também creem assim.
O Estado de Israel na Palestina não acredita
que Jesus, que viveu há dois mil atrás, é o Messias,
mas um profeta qualquer ou um judeu moralista.
Israel nacional ainda está aguardando o Messias,
não no moldes que a Igreja Cristã aguarda, como o
Cristo celestial, mas um homem como Davi ou
Salomão.
Por que os cristãos acreditam que Jesus Cristo é
o Messias? Porque as profecias messiânicas das
Escrituras Sagradas se cumpriram em Jesus.
As profecias indicavam o tempo do surgimento
do Messias, o local do seu nascimento, quem era sua
descendência, o seu ministério e obra, como seria a
sua vida e sua morte, sua ressurreição e ascensão. E
os apóstolos foram testemunhas oculares desses
eventos e registraram o cumprimento dessas
profecias. Dando-nos a garantia que as demais
profecias pendentes também se cumprirão nele.

2. Os privilégios de Israel foram transferidos para a
Igreja de Deus

Sobre isso Esequias Soares escreveu:

‘[Jesus] transferiu os privilégios de Israel
para a Igreja (Êx 10.6,7; 1Pe 2.9,10). Jesus
disse às autoridades judaicas que “o Reino
de Deus vos será tirado e será dado a uma
nação que dê os seus frutos” (Mt 21.43).

85
Com isso, Israel deixou de ser um Estado
Teocrático’ (13º Lição do 1° Trim/2015).

Quais são os privilégios que Deus tirou do Israel
incrédulo e transferiu para a Igreja, o Israel crente?
O Israel incrédulo deixou de ser um reino
sacerdotal e povo santo (Êx 19.6) por isso Deus tirou
dele o reino de Deus, que é o reino messiânico,
prometido a Davi, e transferiu esse reino para o
Israel crente.
Quer dizer, o Israel incrédulo perdeu a entrada
no reino de Deus e do Messias e os judeus crentes, que
foram constituídos uma nova nação em Cristo, são
os verdadeiros herdeiros do reino de Deus.
Sobre isso Jesus disse aos judeus incrédulos:

‘Digo-vos que não sei de onde vós sois;
apartai-vos de mim, vós todos os que
praticais a iniquidade. Ali, haverá choro e
ranger de dentes, quando virdes Abraão,
e Isaque, e Jacó, e todos os profetas no
Reino de Deus e vós, lançados fora. E
muitos virão do Oriente, e do Ocidente, e
do Norte, e do Sul e assentar-se-ão à mesa
no Reino de Deus’ (Lc 13.27-29).

Esequias Soares disse que ‘Israel deixou de ser
um Estado Teocrático’. O que é um Estado
Teocrático? É um Estado governado por Deus. Israel
era um Estado governado por Deus, porém, quando

86
veio o Rei deste Estado, os judeus rejeitaram, então,
Deus também os rejeitou.
Ao serem rejeitados, os judeus incrédulos
perderam não só sua participação no reino como reis
e sacerdotes, mas todas as bênçãos, promessas,
beneficências e privilégios que foram transferidos
para o Israel crente.

3. Os judeus rejeitaram Jesus como Rei messiânico de
Israel?

Será que foram todos os judeus que rejeitaram
Jesus como Rei messiânico de Israel?
Não! Uma boa parte de judeus acreditaram
nele. Quando Jesus Cristo foi assunto aos céus, a
Escritura diz que mais de quinhentos judeus
acreditavam nele (1ª Co 15.6). Em Atos 21.20 já são
milhares de judeus crentes no Messias Jesus. Esses
judeus tornaram-se o novo Israel de Deus, a nação
espiritual de Deus.
É claro que posteriormente com as questões
entre judeus e cristãos diminuíram bastante as
conversões dos judeus na Igreja. Somos informados
pelo Dr. Samuele Bacchiocchi que:

‘Os historiadores Eusébio (cerca de 260-
360 A.D.) e Epifânio (cerca de 315-403),
nos informam que a igreja de Jerusalém,
até o cerco de Adriano (135 A.D.) consistia
de hebreus conversos e era administrada
por quinze bispos dos “da circuncisão”, isto

87
é, de descendência judia’ (Do Sábado
Para o Domingo, pág.87, Samuele
Bacchiocchi).

Havia também um grupo de judeus cristãos
chamados de nazarenos, ‘cuja existência no quarto
século é confirmada até por Jerônimo, parecem ser
os descendentes diretos da comunidade cristã de
Jerusalém que migrou para Pella’ (Do Sábado Para
o Domingo, pág.88).
Porém, durante a Idade Média diminuiu mais
ainda a presença dos judeus na Igreja por causa do
repúdio e da perseguição da Igreja Católica contra
os judeus e do antissemitismo na Europa.
Mas, graças a Deus, atualmente, milhares de
judeus servem a Jesus Cristo, e esse número está
crescendo cada vez mais para se cumprir a profecia
que diz:

‘Depois, tornarão os filhos de Israel, e
buscarão ao Senhor, seu Deus, e a Davi,
seu rei; e, nos últimos dias, tremendo, se
aproximarão do Senhor e da sua bondade’
(Os 3.5).

Então, a partir de Cristo, passaram a existir
dois Israel: Um Israel terreno e nacional, a nação
carnal, que não crer que Jesus é o Messias como até
hoje continua não acreditando e um Israel crente
que são os judeus que acreditam que Jesus Cristo é o

88
Messias, que hoje eles são chamados de judeus
messiânicos.
O Israel terreno perdeu a benção do reino de
Deus que foi transferido para o Israel espiritual, o
novo Israel. Agora para que o Israel terreno entre no
reino de Deus precisa se converter ao evangelho
através da fé em Jesus e se unir ao Israel espiritual.
Foi isso que Jesus disse para Nicodemos, que era
príncipe dos judeus:

‘Na verdade, na verdade te digo que
aquele que não nascer de novo não pode
entrar o Reino de Deus’ (Jo 3.3).

Esse reino é o reino prometido a Davi,
profetizado pelos profetas, o reino do Messias.
Aqueles judeus que creram, nasceram de novo,
entrarão no reino de Deus e serão salvos. Em
Romanos 9.27 lemos:

‘Também Isaías clamava acerca de Israel:
Ainda que o número dos filhos de Israel
seja como a areia do mar, o remanescente
é que será salvo’.

O remanescente salvo é o Israel espiritual, o
novo Israel, o Israel crente, cujo número aparece em
Apocalipse 7, os 144 mil selados de Israel,
congregados no monte Sião, e que foram comprados
da terra como primícias para Deus e para o Cordeiro
(Ap 14.1-5).

89
O remanescente salvo também é chamado de
remanescente da Semente (Jesus Cristo) da Mulher
(Israel), aqueles judeus crentes que ‘guardam os
mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus
Cristo’ ou os santos que ‘guardam os mandamentos
de Deus e a fé em Jesus’ (Ap 12.1,5,17; 14.12).
Sobre a rejeição e o endurecimento de Israel,
Paulo escreveu um excelente tratado sobre esse
assunto em Romanos 9-11. Infelizmente, muitos
teólogos interpretam esse bloco de texto como se
referindo a predestinação individual para salvação.
Mas o texto fala da eleição do novo Israel, da
inclusão dos gentios no novo Israel, do motivo e o
propósito do Israel nacional ter rejeitado Jesus Cristo
e do futuro escatológico do Israel nacional.

4. Os gentios foram enxertados no novo Israel

A graça de Deus através do evangelho enxerta
os gentios na boa oliveira, que é o novo Israel, então,
a partir daqui os gentios são congregados a Igreja.
A noção que se tem de Igreja é que os gentios é
a Igreja que substituiu Israel. Na verdade, a Igreja é
Israel! A congregação do Senhor é Israel! O herdeiro
das promessas de Deus é Israel, o povo eleito de Deus
é Israel.
Não o Israel terreno da Palestina que perdeu
todas essas bênçãos, mas o Israel espiritual composto
por judeus crentes no Messias que em breve serão
reunidos em Sião.

90
E os gentios se tornam povo de Deus, Igreja de
Cristo, quando têm fé no Messias de Israel e
confessam que Jesus Cristo é o Senhor. São unidos ao
novo Israel, que é a Igreja de Deus e Esposa do
Cordeiro. E feitos membros da Igreja de Cristo têm
direito a todos os privilégios de Israel.
Vamos ler 1ª Pedro 2.9,10:

‘Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio
real, a nação santa, o povo adquirido,
para que anuncieis as virtudes daquele
que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz; vós que, em outro
tempo, não éreis povo, mas, agora, sois
povo de Deus; que não tínheis alcançado
misericórdia, mas, agora, alcançastes
misericórdia’.

O gentios não eram geração eleita, e sim Israel,
como também não eram o sacerdócio real, a nação
santa e o povo adquirido. Porém, a partir do
momento que a misericórdia de Deus alcançou os
gentios através do evangelho, eles passaram a
participar do novo Israel e se tornaram junto com ele
a nação santa e membros do povo eleito de Deus.
Nós, gentios, não éramos eleitos e nem
escolhidos de Deus, mas agora, em Cristo, pelo
evangelho, nos tornamos escolhidos porque fomos
unidos ao povo escolhido de Deus. Deus tem apenas
um povo escolhido que são os judeus que creem em
Jesus Cristo, é por isso que tanto os gentios como os

91
judeus incrédulos para fazerem parte do povo eleito
de Deus precisam crer em Jesus Cristo, o Messias.
Vamos ler Efésios 3.6:

‘A saber, que mediante o evangelho os
gentios são coerdeiros com Israel,
membros do mesmo corpo, e
coparticipantes da promessa em Cristo
Jesus’.

Se lermos os versículos anteriores, veremos que
Paulo fala de um mistério que lhe foi revelado. Que
mistério é esse? Então ele explica que os gentios
mediante o evangelho se tornaram coerdeiros com
Israel. O que é coerdeiros? É herdar a mesma
herança junto com o outro. Os gentios herdarão as
mesmas bênçãos de Israel, por isso que eles são
coerdeiros com Israel.
Os gentios são também membros do mesmo
corpo. Que corpo? A Igreja, o corpo de Cristo, o novo
Israel. Os gentios são também coparticipantes da
promessa em Cristo Jesus. Que promessa? A
promessa dada a Abraão de que ele seria o herdeiro
do mundo (Rm 4.13). Os gentios participarão junto
com Israel da promessa de herdar o mundo (Gl 3.29).
Não esse velho mundo, mas o novo mundo que está
para vir.
Ainda falando da aceitação dos gentios no
novo Israel, a Igreja, lemos em Romanos 9.24-27:

92
‘Os quais somos nós, a quem também
chamou, não só dentre os judeus, mas
também dentre os gentios? Como também
diz em Oséias: Chamarei meu povo ao que
não era meu povo; e amada, à que não
era amada. E sucederá que no lugar em
que lhes foi dito: Vós não sois meu povo, aí
serão chamados filhos do Deus vivo.
Também Isaías clamava acerca de Israel:
Ainda que o número dos filhos de Israel
seja como a areia do mar, o remanescente
é que será salvo’.

Prestem atenção na leitura! Os gentios não
eram povo de Deus e nem filhos de Deus, mas agora,
mediante a fé, foram chamados de povo de Deus e
filhos do Deus vivo. E quanto ao Israel terreno,
apenas o remanescente será salvo.
O remanescente salvo pelo evangelho é a Igreja
de Cristo composta por 144 mil israelitas selados de
todas as tribos de Israel que são as primícias da
salvação. E à esses israelitas selados e salvos juntar-
se-ão uma multidão incontáveis de gentios, uma
plenitude dos gentio (Ap 7.9,10,13,14; Rm 11.25).
Jesus ao elogiar a fé de um gentio dizendo: ‘Em
verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei
tanta fé’ (Mt 8.10), disse para os judeus descrentes:

‘Digo-vos que muitos virão do Oriente e
do Ocidente e tomarão lugares à mesa
com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos

93
céus. Ao passo que os filhos do reino serão
lançados para fora, nas trevas; ali haverá
choro e ranger de dentes’ (Mt 8.11,12).

Por último, cito as palavras de Cristo sobre a
reunião dos gentios no aprisco das suas ovelhas
composta por judeus crentes.

‘Ainda tenho outras ovelhas que não são
deste aprisco; também me convém
agregar estas, e elas ouvirão a minha voz,
e haverá um rebanho e um Pastor’ (Jo
10.16).

Na antiga aliança, a Igreja era a congregação
de Israel fiel a lei de Moisés, na nova aliança, a Igreja
é a congregação de Israel fiel a fé de Jesus Cristo.
Então, entendendo essas coisas,
compreendemos que a Igreja de Jesus Cristo é
composta de judeus e gentios que creram no Messias.

5. O Israel nacional da Palestina será salvo?

Segundo alguns estudiosos da escatologia
haverá uma conversão nacional de Israel na
segunda vinda de Jesus Cristo baseado em Romanos
11.26:
‘E, assim, todo o Israel será salvo, como
está escrito: De Sião virá o Libertador, e
desviará de Jacó as impiedades’.

94
Esse texto é uma citação de Isaías 59.20 que diz:

‘O Redentor virá a Sião, aos que em Jacó
arrependerem-se dos seus pecados’.

Então, o Israel que será salvo são aqueles
judeus que ‘arrependerem-se dos seus pecados’. E,
esse arrependimento está acontecendo agora
através do evangelho, e quanto mais se aproxima a
vinda de Cristo mais essas conversões aumentarão
(Os 3.5).
Entretanto, na guerra do Armagedom, que
acontecerá na vinda de Cristo, muitas nações serão
poupadas, principalmente a nação terrena de Israel,
que adentrarão no reino milenar, e durante o
milênio eles terão a oportunidade de serem salvos.
Portanto, o Israel terreno e as nações gentílicas que
sobreviverem ao Armagedom poderão se salvarem
se permanecerem fiéis ao reino de Cristo.
Contudo, na vinda de Cristo os únicos que
participarão do reino de Cristo como reis e
sacerdotes serão os judeus e gentios que pertencem
a Igreja do Senhor. Eles reinarão juntamente com
Cristo sobre as nações e o Israel nacional que serão
súditos, porém, para terem a vida eterna deverão
permanecerem fiéis principalmente na última
tentação encabeçada por Satanás no final do
milênio.
Dito essas coisas, vamos agora entender a
relação entre a Igreja e a Lei de Deus.

95
V. A Igreja Deve Guardar a Lei de Deus?

1. A antiga aliança foi abolida e estabelecida uma
nova aliança

Para Deus unir judeus e gentios na Igreja,
Cristo aboliu a antiga aliança e estabeleceu a nova
aliança. Vamos ler Efésios 2.14-16:

‘Porque ele [Cristo] é a nossa paz, o qual
de ambos os povos [Israel e Gentios] fez
um [a Igreja]; e, derribando a parede de
separação que estava no meio, na sua
carne, desfez a inimizade, isto é, a lei dos
mandamentos, que consistia em
ordenanças, para criar em si mesmo dos
dois [Israel e Gentios] um novo homem [a
Igreja], fazendo a paz, e, pela cruz,
reconciliar ambos [Israel e Gentios] com
Deus em um corpo [a Igreja], matando
com ela as inimizades’.

Para que judeus e gentios se tornassem um
povo, a Igreja, Deus teve que abolir, através de
Cristo, a antiga aliança e estabelecer a nova aliança.
A antiga aliança era baseada na lei, ou seja, a lei
representava a antiga aliança porque na lei estava
suas cláusulas.
Por isso que para Israel, que saiu do Egito, se
confirmasse como povo de Deus, a nação santa e o
reino sacerdotal tinha que guardar os mandamentos

96
conforme a aliança instituída no monte Sinai por
intermédio de Moisés.
Caso Israel não guardasse a lei quebraria a
aliança e deixaria de ser povo de Deus. Em outras
palavras, para Israel permanecer como povo
escolhido de Deus tinha que guardar a aliança, e ele
guardava a aliança obedecendo os mandamentos
da lei. Vamos ler Deuteronômio 28.9:

‘O Senhor te confirmará para si por povo
santo, como te tem jurado, quando
guardares os mandamentos do Senhor,
teu Deus, e andares nos seus caminhos’.

Porém, a nova aliança instituída por Jesus é
baseada na fé em Cristo, de modo que quem crer em
Jesus Cristo se torna povo de Deus. Então, aqueles
judeus que creram em Jesus tornaram-se povo de
Deus, sem guardar a lei. Antigamente para ser uma
nação santa e um povo justo tinha que obedecer a
lei, mas agora, tem que crer em Jesus Cristo.
Vamos ler Gálatas 2.16:

‘Sabendo que o homem não é justificado
pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus
Cristo, temos [os judeus] também crido
em Jesus Cristo, para sermos justificados
pela fé de Cristo e não pelas obras da lei,
porquanto pelas obras da lei nenhuma
carne será justificada’.

97
Desde que Israel saiu do Egito, em 1446 A.C.,
até a época de Cristo perfazendo um período de uns
1.500 anos nunca conseguiu cumprir a lei de Deus,
mas a quebrou várias vezes. Desse modo, os
israelitas não tinham condições de serem
santificados pela lei de Deus.
Muito embora a lei de Deus seja boa, santa,
justa e espiritual por que os judeus não conseguiam
ser fiéis à lei de Deus? Por causa da natureza
pecaminosa. De modo que essa natureza
pecaminosa precisava ser eliminada para que eles
pudessem ser justificados diante de Deus.
Porém, quando Jesus Cristo veio a justificação
tornou-se possível através da fé mediante o seu
sacrifício e sua morte na cruz que aboliu a antiga
aliança. Preste atenção! Jesus Cristo não aboliu a lei,
mas aboliu a antiga aliança, entretanto, a antiga
aliança se baseava na lei.
Quando Jesus Cristo anulou na cruz a antiga
aliança muitas coisas que estavam conectavas na lei
se tornaram obsoletas e houve uma reforma na lei.
Citarei algumas dessas mudanças na lei.

2. Na nova aliança, o sacerdócio levítico foi
substituído pelo sacerdócio de Cristo

O sacerdócio levítico foi substituído pelo
sacerdócio de Cristo proveniente de Melquisedeque,
e assim, os preceitos cerimoniais e ritualísticos
cessaram na cruz. Toda aquela parafernália que
fazia parte do sistema sacrificial levítico acabaram

98
porque Jesus Cristo é o sumo sacerdote, a oferta e o
altar.
Após a substituição do sistema levítico, o novo
Israel formado na nova aliança tinha a necessidade
de continuar ofertando a Deus sacrifícios no templo?
Não! Porque o sacerdócio de Jesus Cristo é exercido
no santuário espiritual, e nesse santuário todos os
crentes são sacerdotes que oferecem a Deus
sacrifícios espirituais. Enquanto que no santuário
terreno apenas eram sacerdotes os da tribo de Levi.

Apocalipse 1.5,6 diz: ‘...e da parte de Jesus
Cristo, que é a fiel testemunha, o
primogênito dos mortos e o príncipe dos
reis da terra. Àquele que nos ama, e em
seu sangue nos lavou dos nossos pecados,
e nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu
Pai, a ele, glória e poder para todo o
sempre. Amém!’.

Todos quantos tiveram seus pecados lavados no
sangue de Jesus Cristo foram feitos sacerdotes de
Deus. Depois irei explorar mais esse assunto.

3. Na nova aliança, o antigo templo foi substituído
pelo novo templo

Na nova aliança, o tabernáculo de Moisés e o
templo de Salomão foram substituídos pelo novo
templo. Em 1ª Pedro 2.5 está escrito:

99
‘Vós também, como pedras vivas, sois
edificados casa espiritual e sacerdócio
santo, para oferecerdes sacrifícios
espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus
Cristo’.

A casa de Deus não é mais o tabernáculo de
Moisés e nem o templo de Salomão. Assim como o
templo de Salomão substituiu o tabernáculo de
Moisés com o estabelecimento do reino de Davi,
assim também, o templo espiritual substitui o
templo terreno com a chegada do Messias.
Qual é o templo ou santuário espiritual do
Messias? Efésios 2.20-22 diz:

‘...edificados sobre o fundamento dos
apóstolos e profetas, sendo ele mesmo,
Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo
o edifício, bem ajustado, cresce para
santuário dedicado ao Senhor, no qual
também vós [os gentios] juntamente [com
os judeus] estais sendo edificados para
habitação de Deus no Espírito’.

Hebreus 3.6 diz: ‘Cristo, porém, como
Filho, [é fiel] em sua casa; a qual casa
somos nós, se guardarmos firme, até ao
fim, a ousadia e a exultação da
esperança’. [Cristo é] ‘o grande sacerdote
sobre a casa de Deus’ (Hb 10.21).

100
Portanto, o templo espiritual do Senhor ou a
casa de Deus é a Igreja composta por judeus e
gentios crentes em Jesus. Então, foi esse templo
espiritual que o Messias veio construir conforme diz
a profecia, e não o templo terreno:

‘Eis aqui o homem cujo nome é Renovo; ele
brotará do seu lugar e edificará o templo
do Senhor. Ele mesmo edificará o templo
do Senhor, e levará a glória, e assentar-se-
á, e dominará no seu trono, e será
sacerdote no seu trono, e conselho de paz
haverá entre ambos’ (Zc 6.12,13).

Não devemos confundir o templo espiritual
com o templo celestial. A Igreja é o templo espiritual,
mas o templo celestial é o céu onde está o trono de
Deus (Hb 8.1,2; 9.24). Depois irei falar mais sobre
isso.

4. Na nova aliança, as leis civis, jurídicas e sociais se
tornaram em princípios cristãos

Na nova aliança, as leis civis, jurídicas e sociais
de Israel se tornaram em princípios para Igreja
Uma vez que o Messias veio na pessoa de Jesus
Cristo, os seus fiéis seguidores judeus foram
constituídos como o Israel espiritual que substituiu o
Israel terreno, e desse modo os preceitos civis e
jurídicos da lei tornaram-se para a Igreja princípios
que devem nortear as práticas cristãs.

101
Israel como estado político e civil tem o seu
estatuto que contém suas leis, e muitas dessas leis
são baseadas nas Escrituras, de modo que podemos
dizer que a Torá é a constituição de Israel.
Porém, qual é o valor das leis civis da Torá para
o Israel espiritual cujos judeus crentes estão
espalhados no mundo inteiro e também para os
gentios cristãos de todas as nações do mundo?
Segundo Martinho Lutero, que foi o reformador
do século XVI que rompeu com a Igreja Católica
dando início ao protestantismo de onde se
derivaram as igrejas evangélicas e pentecostais, ele
dizia:
‘...que a função civil da lei ainda continua
para manter a ordem e o bem-estar da
sociedade’ (13º Lição do 1° Trim/2015).

Cada nação tem os seus preceitos civis e
jurídicos, senão as nações se afundariam na
anarquia e na desordem, e os cristãos, tanto judeus
como gentios, que vivem nessas nações devem
obedecer essas leis.
Geralmente, os países ocidentais que foram
influenciados pela cultura judaico-cristã adotaram
algumas leis extraídas das Escrituras. Essa cultura
judaico-cristã foi se formando a partir do momento
em que os cristãos ao ler as leis dada a Israel extraía
princípios morais e éticos e aplicava na sociedade.
Isso aconteceu principalmente quando o
cristianismo tornou-se a religião oficial do império
romano, dominou o mundo durante a idade média

102
e também com ascensão do protestantismo que
influenciou muitas nações europeias e os Estados
Unidos. Por exemplo, Deuteronômio 19.14 diz:

‘Não mudes o limite do teu próximo, que
colocaram os antigos na tua herança, que
possuíres na terra, que te dá o Senhor, teu
Deus, para a possuíres’.

Literalmente essa lei não nos diz respeito
porque não moramos no território de Israel e muito
menos temos lá alguma herança.
Porém, podemos extrair daqui o princípio da
inviolabilidade da propriedade ou seja não
podemos invadir a propriedade de ninguém e
devemos respeitar o limite da proprie dade
estabelecido pelo governo.
Não podemos invadir uma fazenda e nem
ampliar nosso terreno ultrapassando o limite do
vizinho. A nossa Constituição Brasileira garante o
direito à propriedade privada.

5. Na nova aliança, a lei de Deus é o fruto da justiça
de Cristo na vida do crente

Jesus Cristo cumpriu a lei e a sua justiça foi
transferida para os que creem. Os crentes são salvos
pela justiça de Jesus Cristo. Desse modo, não
obedecemos a lei para sermos salvos, obedecemos a
lei como fruto da salvação. A nossa justiça não
provém mais da lei, mas da justiça de Jesus Cristo.

103
Cristo nos veste da sua justiça e nos tornamos justos,
mas uma vez que somos justos em Jesus, temos que
praticar a justiça.
E onde se encontra as práticas da justiça? Se
encontra nas leis de Deus porque as leis de Deus são
justas (Sl 19.9; Rm 7.12).
Então, a Igreja deve guardar a lei? Sim! Mas
não para ser salva, mas porque ela é salva. A lei
torna-se o fruto ou a prática da salvação. Quando
afirmo que os cristãos obedecem a lei como fruto da
salvação não me refiro a todo sistema mosaico, mas
aqueles mandamentos que foram introduzidos pela
nova aliança e adaptados pela graça que são
chamados de ‘a lei de Cristo’ (1º Co 9.21; Gl 6.2). São
leis ensinadas por Cristo e seus apóstolos.

6. Na nova aliança, a lei de Moisés não foi abolida,
mas adaptada à graça de Deus

O teólogo Esequias Soares diz o seguinte:

‘São preceitos que foram resgatados na
Nova Aliança e adaptados à graça, de
modo que a Igreja segue a lei de Cristo, a
lei do amor, e não o sistema mosaico (Rm
6.14; 13.9,10; Gl 5.18). O Senhor Jesus
cumpriu todos esses mandamentos
durante a sua vida terrena’ sociedade’
(13º Lição do 1° Trim/2015).

104
A nossa justiça não vem do fato de guardamos
a lei, mas do fato de cremos em Jesus porque ele
guardou toda a lei de Deus por nós. Quando temos
fé em Cristo, Deus deposita em nossa conta a justiça
de Jesus (Rm 10.4; Fp 3.9). Por isso que diante de
Deus somos justificados em Jesus Cristo pela graça
(Rm 5.1; Gl 2.16; 3.24).
O que tornou possível a nossa justificação foi
porque Deus propôs o sangue de Jesus Cristo como
propiciação ou expiação para o perdão dos nossos
pecados (Rm 3.21-26). Porém, a justiça de Cristo em
nós tem que produzir seu fruto (Rm 8.4). Esse fruto é
a prática dos mandamentos.
Entretanto, digo novamente, a Igreja não
precisa guardar os 613 mandamentos da Lei. Quais
são, então, os mandamentos que os cristãos devem
obedecer como fruto da justiça?
Para sabermos que mandamentos devemos
praticar como fruto da nossa justiça gratuita
devemos nos voltar para as Escrituras da nova
aliança, o Novo Testamento.
O Novo Testamento é como se fosse uma
reforma do Velho Testamento.

Hebreus 7.12 diz: ‘Porque, mudando-se o
sacerdócio, necessariamente se faz
também mudança da lei’.
Hebreus 9.10 diz: ‘Os quais não passam de
ordenanças da carne, baseadas somente
em comidas, e bebidas, e diversas

105
abluções, impostas até ao tempo
oportuno de reforma’ (ARA).

Por isso que é na Escritura do Novo Testamento
que está registrado os mandamentos que os crentes
devem obedecer. Vamos ler Romanos 13.9,10:

‘Com efeito: Não adulterarás, não
matarás, não furtarás, não darás falso
testemunho, não cobiçarás, e, se há algum
outro mandamento, tudo nesta palavra
se resume: Amarás ao teu próximo como a
ti mesmo. O amor não faz mal ao
próximo; de sorte que o cumprimento da
lei é o amor’.

O amor é o resumo da lei. Portanto, não
guardamos mais a lei para sermos justos diante de
Deus, guardamos a lei porque somos justos em
Cristo. Isso também vale para os judeus que creem
em Jesus ou é apenas para os gentios? Vale para os
dois! (Rm 3.28-30).

7. Na nova aliança, o crente recebe o Espírito Santo
que lhe dá poder para obedecer a lei de Deus

A antiga aliança foi abolida em Cristo e a lei
que fazia parte da antiga aliança foi inscrita no
coração do crente através do Espírito Santo (Jr 31.31-
33), de modo que o crente serve a Deus, não mais

106
debaixo da letra morta da lei, mas em novidade de
espírito. Vamos ler Romanos 7.4-6:

‘Assim, meus irmãos, também vós estais
mortos para a lei pelo corpo de Cristo,
para que sejais doutro, daquele que
ressuscitou de entre os mortos, a fim de
que demos fruto para Deus. Porque,
quando estávamos na carne, as paixões
dos pecados, que são pela lei, operavam
em nossos membros para darem fruto
para a morte. Mas, agora, estamos livres
da lei, pois morremos para aquilo em que
estávamos retidos; para que sirvamos em
novidade de espírito, e não na velhice da
letra’.

Hebreus 8.10: ‘Porque este é o concerto
que, depois daqueles dias, farei com a
casa de Israel, diz o Senhor: porei as
minhas leis no seu entendimento e em seu
coração as escreverei; e eu lhes serei por
Deus, e eles me serão por povo’.

Na antiga aliança, a lei estava escrita em
tábuas de pedra, mas na nova aliança a lei está
inscrita em nossos corações. Ezequiel 36.26,27 diz:

‘E vos darei um coração novo e porei
dentro de vós um espírito novo; e tirarei o
coração de pedra da vossa carne e vos

107
darei um coração de carne. E porei dentro
de vós o meu espírito e farei que andeis
nos meus estatutos, e guardeis os meus
juízos, e os observeis’ (ler também Ez
11.19,20).

A lei não tinha condições de colocar o Espírito
dentro de nós, mas na graça o Espírito é derramado
dentro do crente. Por isso que na lei só havia as
ordenanças, mas ninguém tinha força para
obedecer, mas agora, temos a lei no coração e a
força do Espírito que nos impulsiona a obedecer. O
Espírito produz em nós o fruto do Espírito contra o
qual não há lei. Gálatas 5.22,23 diz:

‘Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz,
longanimidade, benignidade, bondade,
fé, mansidão, temperança. Contra essas
coisas não há lei’.

O cristão que vive no Espírito produzindo o
fruto do Espírito está além da lei porque ele pratica
o que a lei com suas penalidades não conseguia fazer
nele, que era obedecer a Deus.
Mas o Espírito faz através do Seu poder, porque
a letra mata, e o Espírito vivifica, e assim a justiça
da lei se cumpri em nós, que não andamos segundo
a carne da lei, mas segundo o Espírito da vida (2ª Co
3.3-6; Rm 8.1-11).

108
8. Na nova aliança, os gentios não precisam
observar os costumes da lei judaica

Contudo, há muitos judeus crentes que
continuam guardando vários costumes da lei por
questão cultural para não perder sua identidade
judaica. Quais são esses costumes judaicos? O
sábado, a circuncisão, as regras alimentícias, as
festas judaicas, as roupas típicas e muitos outros
costumes. Porém, os gentios não necessitam guardar
os costumes judaicos.
Isso significa que os gentios podem por questões
culturais guardar seus costumes? Foi exigido dos
cristãos gentios que não se contaminassem com os
costumes pagãos. Por exemplo, as festas juninas são
costumes cristãos ou pagãos? Quais são suas origens?
Se eram festas pagãs que receberam uma roupagem
cristã devemos evitar.
Sabemos que a Igreja Católica se apostatou da
fé e absolveu muitas práticas pagãs que deram
origem as festas católicas, porém, se as igrejas
evangélicas são o retorno à pureza do evangelho
devem abandonar esses costumes católicos. Agora,
costumes regionais que não afetam a fé cristã é
questão de consciência de cada cristão.
Vamos ler um texto bíblico que mostrará que os
judeus crentes podem continuar com seus costumes,
mas os gentios não têm necessidade disso. Atos
21.20,25 diz:
‘E, ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor
e disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos

109
milhares de judeus há que crêem, e todos
são zelosos da lei. Todavia, quanto aos
que crêem dos gentios, já nós havemos
escrito e achado por bem que nada disto
observem; mas que só se guardem do que
se sacrifica aos ídolos, e do sangue, e do
sufocado, e da prostituição’.

9. Na nova aliança, os gentios não precisam guardar
o sábado

O sábado faz parte do decálogo! Então, por
que os gentios não guardam o sábado? Porque não
há nenhum mandamento no Novo Testamento
ordenando os gentios cristãos guardarem o sábado.
Pelo contrário, nos ensinamentos dos apóstolos
os gentios são isentos de guardar o sábado (At
15.5,28,29; Cl 2.14-17). Na verdade, os cristãos gentios
não guardam o sábado como lei, mas como princípio
(Rm 14.5). Pois, ninguém quer trabalhar sete dias
por semana sem descanso.
Maiores informações sobre porque os crentes
gentios não guardam o sábado leia o tópico: Os
Gentios e o Sábado (pág. 37).

10. Na nova aliança, o sábado não foi abolido dos
dez mandamentos

Os dez mandamentos se encontram em Êxodo
20.1-17 e Deuteronômio 5.6-21. Não foram abolidos,
mas imprimidos, pelo Espírito, no coração do cristão

110
(Hb 10.15,16). A antiga aliança foi abolida, mas o
decálogo não.
E se o sábado é um mandamento do decálogo,
então, o sábado não foi abolido. Jesus guardou o
sábado, os apóstolo guardaram o sábado, Paulo
guardou o sábado, milhares de judeus crentes
guardavam o sábado e atualmente os fiéis judeus
messiânicos guardam o sábado (Lc 4.16; 23.56; At
13.14; 15.21; 16.13; 17.2; 18.4; 21.20).
Então, por que ‘as igrejas dos gentios’ não
guardam o sábado!? (Rm 16.4). Pois está na lei de
Deus, e a lei de Deus não foi abolida para o cristão.
Evidente, o sábado não foi abolido! Porque a
lei de Deus não foi abolida. Se o cristão abolir o
sábado tem que abolir também outros nove
mandamentos.
Na lei de Deus o dia de descanso é o sétimo dia,
e o sétimo dia é o sábado. O dia que Deus santificou
e abençoou foi o sábado. Por que, então, o cristão
gentio não guarda o sábado?
Já respondi essa questão, mas sucintamente,
torno a responder de novo.
Porque esse foi o único mandamento que os
apóstolos acharam por bem, guiados pelo Espírito
Santo, de desobrigar os cristãos gentios de obedecê-
lo. Esse é o único mandamento que o cristão gentio
quebra, e a culpa não cai sobre ele, pois a Escritura
do Novo Testamento desobriga o cristão gentio de
obedece-lo.
Enquanto que os outros nove mandamentos
são repetidos no Novo Testamento como prática

111
para os cristãos, entretanto, o sábado é repetido no
Novo Testamento como prática para os judeus.
O teólogo Joanyr de Oliveira, no prefácio do
livro ‘O Sábado Judaico e o Domingo Cristão’ de
Edmar Barcellos, na página 12, escreveu o seguinte:

‘Nesta obra relacionam-se os livros e
versículos do Novo Testamento que
reiteram as determinações concernentes
aos Dez Mandamentos. São vários – e nem
um, sequer, referenda a guarda do quarto
mandamento, do sábado. Observa o
escritor, a respeito: “Sem repetição,
somente censuras!”’.

Pensa-se que no Concílio de Jerusalém, os
apóstolos, aparentemente, não incluíram os dez
mandamentos na lista de obrigações para os
gentios.
Não obstante, quando os apóstolos decidiram o
que os cristãos gentios deveriam obedecer da lei,
indiretamente, eles incluíram na lista de obrigações
para os gentios quatro mandamentos do decálogo
(At 15.28,29; 21.25).
Que são: Não adorar ídolos (ou seja, ‘se
abstenham das contaminações dos ídolos’), não
matar (ou seja, ‘se abstenham do sangue’ – Gn 9.4-
6), não adulterar (ou seja, ‘se abstenham da
prostituição’) e não cobiçar a mulher do próximo,
que está incluído no ‘se abstenham da prostituição’
(Mt 5.27,28), e os cinco restantes são confirmados nas

112
epístolas dos apóstolos como normativos para os
gentios com exceção do sábado.
Por isso que os gentios que estão em Cristo,
estão livres do sábado.
Enfatizo veementemente que dos dez
mandamentos, apenas o sábado pode ser quebrado
pelos gentios crentes sem incutir em culpa, pois os
apóstolos, orientados pelo Espírito Santo, os
isentaram de guarda-lo (At 21.25; Cl 2.16,17).
Entretanto, o sábado continua sendo um
mandamento da lei de Deus, não foi abolido. Por
cuja lei os gentios descrentes serão julgados.
Realmente sobre os gentios ímpios pesa esse
mandamento! Se o ímpio não obedecer ao
mandamento de Deus de guardar o sábado será
culpado tanto quanto ele é culpado quando quebra
o mandamento que proíbe fazer imagem de
escultura.

11. Na nova aliança, o sábado continua sendo o
‘sábado do descanso, santo ao Senhor’

Não obstante, o cristão gentio não está
obrigado a guardar o sábado, mas isso não significa
que o sábado deixa de ser o dia santo do Senhor.
O sábado é ‘o sábado do Senhor’, ‘o sábado do
descanso solene ao Senhor’ ‘o santo sábado’, ‘o santo
dia do Senhor’ (Êx 20.10; 35.2; Ne 9.14; Is 58.13).
E se qualquer igreja evangélica quiser guardar
o sábado como dia santo, ninguém pode dizer:
‘Olha! Aqueles cristãos estão debaixo da lei’. Claro

113
que não! Eles estão debaixo da lei desde momento
que digam: ‘Se alguém não guardar o sábado não
será salvo’.
Desse modo eles estão se colocando debaixo da
lei, mas se um cristão pretende guardar o sábado
porque quer nesse dia se consagrar a Deus, ele pode.
Entretanto, o cristão gentio não tem
necessidade de guardar nenhum dia santo, ele
aproveita os dias de feriados das nações. Se estiver
em um país católico, ele aproveita o domingo, se
estiver em um país de cultura judaica, aproveita o
sábado e se estiver em um país mulç umano,
aproveita a sexta-feira.
Todavia, para o cristão gentio não existe
nenhum dia santo para ser observado (Rm 14.5,6; Cl
2.16,17). Pois, ‘o sábado jamais é reiterado no Novo
Testamento como algo obrigatório para os crentes.
Também não estamos obrigados a observar algum
suposto sábado cristão’ (Enciclopédia de Bíblia
Teologia e Filosofia, Vol. 2, pág. 214, Russell Norman
Champlin, Ed. Hagnos).

VI. O Cristão e o Domingo

1. Na nova aliança o sábado foi substituído pelo
domingo?

O sábado não foi substituído pelo domingo! A
onde está escrito nas Escrituras que Deus substituiu
o sábado pelo domingo. Quem substituiu o sábado
pelo domingo foi a Igreja Católica.

114
Porque na lei de Deus o dia de descanso
continua sendo o sábado. O sábado não foi abolido!
Os nossos irmãos judeus continuam guardando o
sábado.
Mas como já foi dito, os cristãos gentios não
guardam o sábado como lei, porque os apóstolos os
isentaram disso, mas eles podem tomar o sábado
como princípio para descanso e para as atividades
espirituais.
Quanto ao domingo, desde o início da igreja
tornou-se um dia especial para os cristãos por ter
sido o dia que Jesus ressuscitou e também o dia que
o Espirito Santo foi derramado sobre a congregação
cristã (Mt 28.1-6; Mc 16.1,2,9; Jo 20.19; At 2.1-4).
Então, os cristãos passaram a se reunir no
domingo para celebrar a ceia, por causa disso o
domingo tornou-se um costume cristão e não um
mandamento (Jo 20.19,26; At 20.7; 1ª Co 16.1,2).
Foi a Igreja Católico, que erroneamente,
colocou o domingo em seu catecismo como
mandamento, dizendo ‘Guardai domingos e festas’.
Dizer que o domingo substituiu o sábado na
nova aliança é um extremo. O domingo não é o nosso
sábado cristão, mas apenas um costume. O sábado
cristão é o sábado da lei. Quando a Escritura diz:

‘No primeiro dia da semana, ajuntando-
se os discípulos para partir o pão Paulo,
que havia de partir no dia seguinte,
falava com eles; e alargou a prática até à
meia-noite’ (At 20.7).

115
Na verdade o termo ‘no primeiro dia da
semana’ nesse texto como também em 1ª Coríntios
16.2 se refere a noite logo após o término do sábado
(que terminava às 18:00h), é evidente que para o
judeu a partir dali já começava o domingo (nesse
caso a tradução não está errada).
Porém, faço essa observação apenas para que
saibamos que para nós na época de hoje, eles se
reuniram no sábado à noite, e Paulo estendeu o seu
sermão até meia-noite, e pela manhã de domingo
viajou (At 20.7,11).
E, por último, quando Cristo voltar e
estabelecer o Seu reino é o sábado que será o dia de
adoração para todas as nações (Is 66.23).
Contudo, se alguma igreja ou algum cristão
individual quiser observar o sábado como dia santo
ou se abster de comer carne que tudo seja feito para
glória de Deus (1ª Co 10.31,32), e não com pretensão
de salvação (Rm 3.20,28), e também não deve julgar
ou desprezar quem tem opinião diferente. Porque
essa questão é uma decisão de consciência cristã
dentro da liberdade cristã (Rm 14.5).
Pois cada um individualmente dará conta de si
mesmo e da sua fé diante de Deus. Bem-aventurado
aquele que não se condena a si mesmo naquilo que
aprova (Rm 14.6-13,22; 1ª Co 4.5; 2ª Co 5.10).

116
2. Na nova aliança o sábado é o selo de Deus e o
domingo é o selo da Besta?

Temos que evitar outro extremo que é dizer que
o domingo é o selo da Besta.
Os adventistas usam suas interpretações do
Apocalipse para introduzir no crente gentio a
obrigatoriedade da guarda do sábado e adoção de
suas leis dietéticas.
Utilizando-se do livro do Apocalipse, eles
dizem: ‘Deus selou os seus servos, mas veja, também,
que a besta vai selar os seus servos. Mas qual é esse
selo de Deus?‟, então eles dizem: ‘Na Bíblia os termos
“sinal”, “selo” e “marca” são usados como sinônimos.
O Senhor expressamente diz que o sábado é um sinal
entre Ele e o Seu povo’ e citam Êxodo 31.13.
Então, eles conclui que se o selo de Deus é o
sábado, então, o selo da besta é o domingo! (veja o
livro Daniel e Apocalipse, de Uriah Smith).
E assim eles vão lentamente, tentando
convencer o cristão gentio à se submeter a cultura
judaica, e se tornarem judaizantes e legalistas. Mas
o que disse Pedro sobre isso?

‘Por que tentais a Deus, pondo sobre a
cerviz dos discípulos [gentios cristãos] um
jugo que nem nossos pais nem nós [os
judeus crentes] pudemos suportar. Mas
cremos que [nós os judeus crentes] seremos
salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo,

117
como eles [os gentios cristãos] também’
(At 15.10,11).

O selo de Deus que aparece em Apocalipse 7.2;
9.4 não é o sábado, mas o Nome: ‘Yeshua’ e o Nome:
‘Yahweh’ (Ap 14.1; Ez 18.3-6). No mesmo sentido, o
selo da Besta não é o domingo, mas o nome da Besta
(Ap 13.17,18; 14.11).

3. O domingo tornou-se um dia especial de culto
para os cristãos

Desde a ressurreição de Cristo, os cristãos
tomaram como costume se reunir no domingo para
celebrar a ceia (At 20.7; 1ª Co 16.1,2) Isso é um fato
histórico desde o início da igreja.
Sobre isso no ‘Didaquê’ ou ‘Instrução dos Doze
Apóstolos’, um documento escrito no primeiro século,
entre os anos 70 a 90 A.D., lemos o seguinte:

‘Reúnam-se no dia do Senhor para partir
o pão e agradecer, depois de ter
confessado os pecados, para que o
sacrifício de vocês seja puro’ (Patrística -
Padres Apostólicos, pág.165, Ed. Paulus).

Nesse documento de instrução para os cristãos
do primeiro século, o domingo já era considerado
como dia do Senhor. Essa expressão ‘dia do Senhor’
foi primeiro usado por João em Apocalipse 1.10. E os
cristãos desde então utilizaram como referente ao

118
domingo. Será que o apóstolo João tinha em mente
o domingo?
Se for assim, então, para João o domingo era
um dia especial, o dia da ressurreição do Senhor, por
isso foi chamado por ele de ‘dia do Senhor’.
É claro que muitos estudiosos atuais dizem que
João se refere ao dia escatológico chamado ‘o Dia do
Senhor’ em que se dará a volta de Jesus, outros
interpretam que esse ‘dia do Senhor’ de Apocalipse
1.10 é o sábado baseado em Mateus 12.8: ‘Porque o
Filho do Homem até do sábado é Senhor’.
Entretanto, pelos escritos antigos os cristãos do
final do primeiro século em diante consideravam
essa expressão de João se referindo ao domingo.
O Novo Testamento utiliza-se a expressão ‘Dia
do Senhor’ referente a vinda do Senhor Jesus em Atos
2.20; 1ª Tessalonicense 5.2 e 2ª Pedro 3.10. Porém, o
termo utilizado em grego é ‘μεραν κυριου’ extraída
da Septuaginta ‘ἡμέρα κυρίου’.
Mas a expressão usada por João em Apocalipse
1.10 é diferente, é uma nova fórmula, e só aparece
aqui: ‘κυριακη ημερα’ que literalmente significa ‘dia
pertencente ao Senhor’. Uma expressão quase
semelhante aparece em 1ª Coríntios 11.20: ‘κυριακον
δειπνον’ que é traduzido por ‘Ceia do Senhor’ que
literalmente significa ‘ceia pertencente ao Senhor’.
Na Vulgada, a tradução em latim, a expressão
grega ‘κυριακη ημερα’ é traduzida por ‘dominica
die’ que significa literalmente ‘dia que pertence ao
Senhor’.

119
O termo latim ‘dominica’ se deriva de
‘dominus’ que significa ‘Senhor’ que era ‘um título
honorífico usado no Ocidente em vários contextos’
(Wikipédia). De onde vem a palavra ‘domínio’.
Por isso que o termo ‘dominical’ significa ‘do
Senhor’, daí temos ‘escola dominical’ (escola do
Senhor), ‘oração dominical’ (oração do Senhor),
‘culto dominical’ (culto do Senhor), ‘ano domini’
(ano do Senhor) e ‘dia dominical’ ou ‘domingo’ (‘dia
do Senhor’ ou ‘dia que pertence ao Senhor’).
As expressões ‘dia dominical’, ‘dia Senhorial’,
‘dia que pertence ao Senhor’, ‘dia Domini’ são boas
traduções para o grego ‘κυριακη ημερα’ de
Apocalipse 1.10.
Então, tudo indica que João tinha em mente o
dia que o Senhor Jesus ressuscitou, o domingo, por
isso que os cristãos primitivos passaram a chama-lo
de dia do Senhor. Isso é atestado pelo documento do
primeiro século, o Didaquê.
Segundo o teólogo Samuele Bacchiocchi o
‘domingo já era observado por poucos ou por muitos
na província da Ásia à época de Inácio (cerca de 115
A.D.)’. Parece que os cristãos judeus guardavam o
sábado e observavam o domingo como um dia
especial para celebrar a ceia. Sobre isso Eusébio de
Cesaréia (260-340 A.D) escreveu sobre os ebionitas,
uma seita judaica-cristã do cristianismo primitivo:

‘Da mesma forma que aqueles,
observavam o sábado e tudo o mais da
disciplina judaica. No entanto, aos

120
domingos celebravam ritos semelhantes
aos nossos em memória da ressurreição do
Salvador’ (História Eclesiástica, Eusébio
de Cesaréia, pág.66, CPAD).

Jesus Cristo ordenou que seus discípulos
celebrassem a ceia, mas não determinou o dia
especifico (1ª Co 11.23-25). Ele próprio instituiu a ceia
em uma quinta-feira ou sexta-feira.
Porém, logo cedo na história, os cristãos gentios
se reuniam no primeiro dia da semana, no domingo,
para partir o pão e cultuar a Deus, suponho que esse
costumes eles copiaram dos judeus crentes de
Jerusalém (At 20.7).
Em 1ª Coríntios 16.1,2, Paulo ordena que os
crentes de Corinto junte a oferta no domingo, assim
como havia ordenado às igrejas da Galácia. Porém,
não podemos esquecer que Paulo mandou ajuntar a
oferta cada um na sua própria casa, entretanto, é
claro que não havia templo naquela época.
Sobre esse texto o teólogo Charles Hodge
expressa que a ‘única razão que pode ser atribuída
para exigir-se que a tarefa fosse feita no primeiro
dia da semana é que naquele dia os cristãos estavam
acostumados a se reunir...’ (Do Sábado Para o
Domingo, pág.62).
Porém, nada disso justifica impor o domingo
como mandamento e substituir o sábado pelo
domingo na lei de Deus.

121
No início, observar o domingo não era uma
obrigação em todas as igrejas. Sobre isso leiamos o
que escreveu Eusébio de Cesaréia:

‘...toda a Igreja tinha paz, tanto os que
observavam o dia como os que não o
observavam’ (História Eclesiástica,
Eusébio de Cesaréia, pág.117, CPAD).

‘Irineu concorda que é necessário celebrar
unicamente no domingo o mistério da
ressurreição do Senhor; no entanto, com
muito bom senso, exorta Victor a não
amputar igrejas de Deus inteiras que
haviam observado a tradição de um
antigo costume, e a muitas outras coisas
(História Eclesiástica, Eusébio de Cesaréia,
pág.117, CPAD).

O bispo Irineu (140-202 A.D), dá esse conselho
a Victor, bispo de Roma (189-199 A.D), porque havia
tido...

‘Sínodos e reuniões de bispos, e todos
unânimes, por meio de cartas,
formularam para os fiéis de todas as
partes um decreto eclesiástico: que nunca
se celebre o mistério da ressurreição do
Senhor de entre os mortos em outro dia
que não no domingo, e que somente nesse
dia guardemos o fim dos jejuns pascais’

122
(História Eclesiástica, Eusébio de Cesaréia,
pág.116, CPAD).

Irineu fala que existiam ‘igrejas de Deus
inteiras que haviam observado a tradição de um
antigo costume’. Que ‘antigo costume’ era esse?
Deixemos que o historiador Eusébio de Cesaréia nos
explique:

‘Por este tempo levantou-se uma questão
bastante grave, por certo, porque as
igrejas de toda a Ásia, apoiando-se em
uma tradição muito antiga, pensavam
que era preciso guardar o décimo quarto
dia da lua para a festa da Páscoa do
Salvador, dia em que os judeus deviam
sacrificar o cordeiro e no qual era
necessário a todo custo, caindo no dia que
fosse na semana, pôr fim aos jejuns, sendo
que as igrejas de todo o resto do mundo
não tinham por costume realizá-lo deste
modo, mas por tradição apostólica,
guardavam o costume que prevaleceu até
hoje: que não é correto terminar os jejuns
em outro dia que não o da ressurreição de
nosso Salvador’ (História Eclesiástica,
Eusébio de Cesaréia, págs.115,116, CPAD).

Policarpo (69-155 A.D.), bispo de Esmirna, era
um que não observava o domingo para celebrar a
páscoa. Pois celebrava ‘como dia da Páscoa o da

123
décima quarta lua, conforme o Evangelho, e não
transgrediram, mas seguiam a regra da fé’ diz
Eusébio de Cesaréia (pág.116).
Policarpo alegava que não observava o
domingo como dia fixo para a páscoa porque
sempre observou o dia 14 de nisã, sem se importar
qual dia seja na semana, pois ‘sempre o havia
observado, com João, discípulo de nosso Senhor, e
com os demais apóstolos com quem conviveu’
(pág.117).
Entretanto, isso não significa que os cristãos da
Ásia, da Palestina e de Alexandria, incluindo o
próprio Policarpo, não observava o domingo, pois, a
questão girava em torno da páscoa se deveria ser
observada no dia 14 de nisã ou no domingo. E não
entre o sábado e o domingo.
Por exemplo Orígenes escreveu:

‘A ressurreição do Senhor é celebrada não
somente uma vez por ano [na páscoa],
mas constantemente, a cada oito dias [aos
domingos] (Origen, Homilia in Isaiam 5, 2,
GCS 8, 265, L).

Eusébio igualmente declara:

‘Enquanto os judeus fiéis a Moisés,
sacrificavam o cordeiro da páscoa
hebraica uma vez por ano... nós, homens
do Novo Concerto, celebramos nossa
Páscoa cada domingo’ (Eusebius, De

124
solemnitate paschali 7, 12, PG 24, 701A;
conforme 706C).

Os cristãos do oriente observavam a páscoa
anual no dia 14 de nisã como os judeus, e nesse dia
eles celebram a ceia, mas, os cristãos do ocidente
celebram a páscoa anual no domingo e realizavam
a ceia. Mas todos celebravam a ceia no domingo
semanal.
Porém, os cristãos do ocidente exigiram dos
cristãos do oriente que eles celebrassem a páscoa no
domingo também, e não no dia 14 de nisã, pois, a
ceia deve ser celebrada sempre no domingo. Isso
mostra que nessa época o costume de observar o
domingo era bastante arraigado.
Essa divergência quanto a observância da
páscoa ficou conhecida como Controvérsia
Quartodecimana.
Então, quando e como o domingo deixou de
ser um costume, e tornou-se um mandamento em
substituição do sábado?

4. Como o domingo se tornou um mandamento no
lugar do sábado?

A substituição do sábado para o domingo deu-
se gradualmente. Podemos afirmar que já no
primeiro século, os cristãos adotaram o costume de
se reunirem no domingo para celebrar a ceia. Isso é
confirmado pelo texto de Atos 20.7 e pelo Didaquê,
escrito em torno dos anos 70-90 D.C.

125
Inácio de Antíoquia, que viveu entre 38-110
A.D., discípulo de Policarpo, enviou uma carta à
Igreja que está em Magnésia no ano 110 D.C., em que
escreveu:

‘Aqueles que viviam na antiga ordem de
coisas chegaram à nova esperança, e não
observam mais o sábado, mas o dia do
Senhor, em que a nossa vida se levantou
por meio dele e da sua morte’ (Patrística
- Padres Apostólicos, pág.46, Ed. Paulus).

A Epístola de Barnabé, um documento
apócrifo, escrito em Alexandria, entre 130 e 138 A.D.,
traz o seguinte texto:

‘Eis por que celebramos como festa alegre
o oitavo dia, no qual Jesus ressuscitou dos
mortos e, depois de se manifestar, subiu
aos céus’ (Patrística - Padres Apostólicos,
pág.146, Ed. Paulus).

O apologista Justino Mártir, que viveu em 100-
165 A.D., em Roma, foi o primeiro a apresentar
argumentos em favor do domingo e as razões
porque o sábado não precisa mais ser observado
pelos cristãos. Em sua apologia, escrita para o judeu
Trifão, ele escreveu:

‘Celebramos essa reunião geral no dia do
sol porque foi... o dia em que Jesus Cristo,

126
nosso Salvador, ressuscitou dos mortos...
não vivermos conforme a vossa Lei, nem
circuncidarmos o nosso corpo como vossos
antepassados, nem guardarmos os
sábados como vós o fazeis... o sábado,
sacrifícios, oferendas e festas começou com
Moisés, e já foi demonstrado que tudo isso
foi ordenado por causa da dureza do vosso
coração, do mesmo modo, por vontade do
Pai, tudo teria que terminar em Cristo
(Patrística - Padres Apostólicos,
pág.44,64,84, Ed. Paulus).

Em ‘155-222 D.C., Tertuliano, o mais vigoroso e
intransigente dos primeiros apologistas cristãos, já
defendia a prática do repouso dominical’ (O Sábado
Judaico e o Domingo Cristão, pág.95).
Eusébio, bispo de Cesaréia, na Palestina, no
ano 324 A.D. escreveu:

‘Todas as coisas que eram do dever fazer-
se no sábado temos transferido para o dia
do Senhor, muito mais honrável do que o
sábado’ (http://www.cacp.org.br/o-conci-
lio-de-laodiceia-e-o-domingo/).

Atanásio (296-373 A.D.) escreveu o seguinte:

‘O sábado foi o final da primeira Criação,
o dia do Senhor foi o princípio da segunda,
na qual ele renovou e restaurou a velha.

127
Do mesmo modo que Ele prescreveu que
deviam anteriormente observar o sábado
como um memorial do final das primeiras
coisas, assim honramos o dia do Senhor
como o memorial da nova Criação’
(Athanasius, De sabbatis et circumcisione
4, PG 28, 133 BC).

Os eruditos cristãos como Inácio, ‘Barnabé’,
Justino, Tertuliano, Atanásio e Agostinho
desenvolveram uma teologia contra o sábado como
dia de descanso e em favor do domingo como dia de
culto e adoração a Deus.
Além da influência da teologia dominical
desses eruditos, três eventos contribuíram para
introduzir a guarda do domingo como mandamento
no catecismo católico.
O primeiro evento foi, em 321 D.C., quando o
imperador Constantino promulgou um édito
oficializando o domingo como dia de descanso. O
decreto dizia:

‘Que todos os juízes, e todos os habitantes
da cidade, e todos os mercadores e
artífices descansem no venerável dia
do Sol...’ (Wikipédia).

O segundo evento foi o Concílio de Nicéia em
325 D.C. Por causa da controvérsia quartodecimana
em que provocou muita contenda entre as igrejas
orientais e ocidentais, quanto a data da páscoa

128
cristã, foi ordenado por Constantino, no concílio de
Niceia, que a páscoa fosse observada em
comemoração à ressurreição. Assim, a páscoa cristã
ficou estabelecida no domingo.
O terceiro evento foi o Concilio de Laodicéia em
364 D.C. O Cânon 29 desse concílio diz assim:

‘Os cristãos não devem judaizar e
descansar no sábado, mas trabalhar nesse
dia; devem preferir o Dia do Senhor e
descansar, se for possível, como cristãos. Se
eles, portanto, forem achados judaizando,
sejam malditos de Cristo’ (http://www.
cacp.org.br/o-concilio-de-laodiceia-e-o-
domingo/).

Muito embora o costume de observar o
domingo como dia de culto cristão tenha se
desenvolvido ao longo da história eclesiástica, é a
Igreja Católica que se ufana de ter instituído o
domingo como mandamento obrigatório para a
cristandade.
O Padre Brady, em um discurso em 1903, disse:

‘Fazemos bem em recordar aos
presbiterianos, batistas, metodistas e
todos os demais cristãos que a Bíblia não
aprova em nenhum lugar a observância
do Domingo. O Domingo é uma
instituição da Igreja Católica Romana, e
aqueles que observam este dia observam

129
um mandamento da Igreja Católica’
(https://portugues.ucg.org/ferramentas-
de-estudo-da-biblia/guias-de-estudo/o-
sabado-de-por-do-sol-a-por-do-sol-o-
dia-do-12).

Em um antigo livro católico sobre ‘Perguntas e
Resposta’, escrito em 1931, pelo Hugo Bressane de
Araújo, observa-se a arrogância da Igreja Católica.
Veja abaixo:















Não sei em que data exata o papado inseriu o
domingo em substituição do sábado como
mandamento no decálogo em seu catecismo. Mas sei
que desde a Idade Média a fórmula de catequese dos
Dez Mandamentos que é proposta pelo Compêndio
do Catecismo da Igreja Católica é o seguinte:
1º - Adorar a Deus e amá-lo sobre todas as
coisas.
2º - Não invocar o Santo Nome de Deus em vão.
3º - Guardar domingos e festas de guarda. etc.

130
Se realmente foram os papas que alteraram os
dez mandamento, cumpriram a profecia acerca do
chifre pequeno que surgiria após a queda do império
romano, que diz:

‘Os dez chifres representam dez reis que
governarão esse reino. Depois deles,
aparecerá outro rei que será diferente dos
primeiros; ele derrotará três reis. Ele
falará contra Deus e perseguirá o povo do
Deus Altíssimo. Procurará mudar a Lei de
Deus e os tempos das festas religiosas’ (Dn
7.24,25).

Na época da Reforma protestante, ‘Lutero,
Zwinglio, Calvino e outros dentre os primeiros
reformadores ensinavam que o sábado foi ab-
rogado no cristianismo... Foi dentro do puritanismo
inglês que o domingo passou a ser considerado um
sábado cristão... O congregacionalísmo da Nova
Inglaterra introduziu esse novo sábado na
civilização do Novo Mundo, e os calvinistas da
América do Norte trataram de popularizar ali a
idéia... A Igreja adventista do Sétimo Dia visto que
promoviam o sábado tradicional, opuseram-se à
ideia do novo sábado’ (Enciclopédia de Bíblia
Teologia e Filosofia, Vol. 2, pág. 215, Russell Norman
Champlin, Ed. Hagnos).
Portanto, ‘encontramos aí a estranha situação
de um erro fazendo oposição a outro, ao passo que
Paulo ensinou que os cristãos não estão na obrigação
de fazer qualquer dia ser mais especial que outro

131
qualquer (Rom. 14:5)’ - (Enciclopédia de Bíblia
Teologia e Filosofia, Vol. 2, pág. 215, Russell Norman
Champlin, Ed. Hagnos).

5. Qual a posição teológica da Assembleia de Deus
em relação ao sábado e ao domingo?

Tenho mostrado que o sábado é o santo dia de
descanso e que não há nenhum problema em que os
judeus cristãos guardem, mas que os cristãos gentios
foram isentos de sua observância pelos apóstolos.
E que o domingo é apenas um costume e não
um mandamento. E agora quero mostrar qual a
posição teológica da Assembleia de Deus sobre esse
assunto.
Primeiro, o sábado é um sinal entre Deus e
Israel. O teólogo Antônio Gilberto escreveu:

‘O sábado foi dado como um “sinal” do
pacto do Sinai entre Deus e Israel. Assim, o
sábado assinala Israel como povo especial
de Deus’ (Lição 07, 1ºTrim/2014).

Segundo, ‘0 judeu convertido à fé cristã que
quiser guardar o sábado por convicção religiosa
pessoal não está desviado por isso...’ (Manual de
Apologética Cristã, pág. 293, CPAD, 2002,).
Terceiro, os cristãos gentios não precisam
guardar o sábado porque o Novo Testamento não
ordena. Sobre isso o Pr. Antônio Gilberto escreveu:

132
‘É importante ressaltar que em o Novo
Testamento não há um só versículo que
ordene a guarda do sábado como dia fixo
santificado para descanso e adoração ao
Senhor’ (Lição 07, 1ºTrim/2014).

Se referindo a prática do sábado, Esequias
Soares escreveu:

‘Mas na Nova Aliança não há
mandamento algum para guardar dias’
(Manual de Apologética Cristã, pág. 295,
CPAD, 2002,).

Quarto, o cristão não guarda o sábado legal,
pois este foi cravado na cruz por causa do novo
concerto, mas guarda o princípio do descanso
baseado no sábado da criação ou institucional.
Encontramos esses ensinos nas Revistas de
Lições Bíblicas da CPAD que trazem os seguintes
comentários:

‘0 sábado legal e todo o sistema mosaico
foram encravados na cruz (Cl 2.16,17),
foram revogados e anulados’ (Lição 06,
1ºTrim/2015).

‘Para nós, o princípio que permanece é
um dia de descanso na semana, para
nosso benefício físico e espiritual’ (Lição
07, 1ºTrim/2014).

133
‘O sábado institucional é o sábado para
descanso de todos os povos... Portanto,
não se refere ao sétimo dia da semana;
pode ser qualquer dia ou um período de
descanso (Hb4.8)’ (Lição 06, 1ºTrim/2015).

Quinto, o domingo não é um mandamento
imposto sobre o cristão, mas uma prática comum
desde os tempos apostólicos. Esequias Soares
escreveu:

‘Os cristãos se reuniam no primeiro dia da
semana: “No primeiro dia da semana,
ajuntando-se os discípulos para partir o
pão, Paulo, que havia de partir no dia
seguinte...” (At 20.7). Assim essa prática
foi se tornando comum, sem decreto e sem
imposição. Foi algo espontâneo’ (Manual
de Apologética Cristã, pág. 294,295,
CPAD, 2002,).

‘0 dia do Senhor foi instituido como o dia
de culto, sem decreto e norma legal, pelos
primeiros cristãos desde os tempos
apostolicos (At 20.7; 1 Co 16.2; Ap 1.10)’
(Lição 06, 1ºTrim/2015).

Para o Pr. Antônio Gilberto, o domingo é
apenas um dia de culto, ele disse:

134
‘Nós, cristãos, observamos o domingo
como dia de culto, pois Cristo ressuscitou
no primeiro dia da semana (Lc 24.1-3)’
(Lição 07, 1ºTrim/2014).

Sobre o decreto de Constantino que promulgou
a guarda do domingo no império, Esequias Soares
escreveu:

‘Os cristãos se reuniam no primeiro dia da
semana. Constantino apenas confirmou
uma prática já antiga dos cristãos’ (Lição
06, 1ºTrim/2015).

Sobre a crítica de que o domingo é um dia
pagão, Esequias Soares escreveu:

A palavra “domingo”, por si só, significa
“Dia do Senhor”, pois, foi nesse dia que o
Senhor Jesus ressuscitou... Dizem que o
‘domingo’ é um dia pagão, porque em
inglês Sunday significa ‘dia do Sol’. Nesse
caso, todos os demais dias também seriam
pagãos, porque os dias da semana, em
inglês, são de origem céltica e
homenageiam antigas divindades,
inclusive o sábado, que é Saturday, ‘dia de
Saturno’ (Manual de Apologética Cristã,
pág. 294,295, CPAD, 2002,).

135
Sexto, de acordo com Assembleia de Deus o
‘sábado da criação aponta para o descanso de Deus
ao mundo inteiro no fim dos tempos: “Portanto,
resta ainda um repouso para o povo de Deus" (Hb
4.9) - Lição 06, 1ºTrim/2015.
E, por último, ‘exigir a guarda do sábado como
condição para a salvação não é cristianismo e
caracteriza-se como doutrina de uma seita’ diz o
apologista da AD, Esequias Soares.

6. O domingo é um dia de celebração de culto ao
Senhor

Apesar do domingo não ser um mandamento,
e nem ter substituído o sábado na lei de Deus como
dia de descanso, ele é considerado pelos cristãos
como um dia de celebração de culto ao Senhor.
Até mesmo aqueles que guardam o sábado
conforme o mandamento, celebram culto ao Senhor
no domingo.
O domingo tornou-se um dia de celebração por
três motivos: a ressurreição do Senhor Jesus, a
descida do Espírito Santo e a fundação da Igreja
cristã aconteceram no domingo.
Esses eventos inéditos foram profetizados e
prefigurados nas Escrituras que iriam acontecer no
domingo. Por isso a Escritura convoca os crentes,
dizendo:

‘A pedra [Cristo] que os edificadores
rejeitaram tornou-se a principal pedra.

136
Foi o Senhor que fez isto, e é coisa
maravilhosa aos nossos olhos. Este é o dia
que fez o Senhor; regozijemo-nos e
alegremo-nos nele’ (Sl 118.22-24).

O Senhor Jesus tornou-se a principal pedra de
salvação na ressurreição. Pedro se referindo a isso
disse:
‘...aquele a quem vós crucificastes e a
quem Deus ressuscitou dos mortos... Ele é
a pedra que foi rejeitada por vós, os
edificadores, a qual foi posta por cabeça
de esquina. E em nenhum outro há
salvação...’ (At 4.10-12).

Foi Deus que ressuscitou o Senhor Jesus! Foi o
Senhor que fez isto e é coisa maravilhosa. Deus
ressuscitou Jesus no domingo! Este é o dia que fez o
Senhor, regozijemo-nos e alegremo-nos no domingo.
O domingo é dia de celebrar a ressurreição de Jesus
Cristo!
Portanto, nesse texto do Salmo 118.24,
encontramos uma profecia relacionado ao domingo.
O domingo também aparece em duas festas de
Israel que prefiguram a ressurreição de Jesus, a
vinda do Espírito Santo e a fundação da Igreja.
Sobre isso irei citar um texto do teólogo Edmar
Barcellos extraído do seu livro ‘O Sábado Judaico e o
Domingo Cristão’, págs. 102,103 (em azul):

137
‘Quando Deus determinou que a Festa das
primícias, e a festa de pentecostes fossem celebradas
no primeiro dia da semana, é porque as constituiu
como figuras da ressurreição de Jesus e do
nascimento da Igreja, eventos que deveriam
acontecer exatamente nesse dia da semana.
1ª) A festa das primícias - “Trareis ao sacerdote
um molho das primícias da vossa sega; no dia
seguinte ao sábado o sacerdote o moverá” (Lv
23.10,11). (O dia seguinte ao sábado é o domingo.)
Essa festa apontava para a ressurreição de
Cristo, como declarou Paulo: “Mas na realidade
Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as
primícias dos que dormem. Cada um, porém, na sua
ordem: Cristo, as primícias, depois os que são de
Cristo, na sua vinda” (1ª Co 15.20, 23).
A festa das primícias deveria ser celebrada,
portanto, no dia em que Jesus havia de ressuscitar e
que, justamente por isso, deixaria de ser, apenas, o
primeiro dia da semana, para ser consagrado como
o dia dominical, ou domingo.
2ª) A festa de pentecostes - “Contareis para
vós, desde o dia depois do sábado, sete semanas
inteiras (...) até ao dia seguinte ao sétimo sábado,
contareis cinquenta dias” (Lv 23.15, 16).
(O dia seguinte ao sábado é o domingo. Essa
cerimônia apontava para o nascimento da Igreja.)
Foi instituída no primeiro dia da semana como
figura de que esse dia seria o dia da “inauguração
da Igreja” e que, daí por diante, por divina
inspiração, continuou sendo o dia das suas reuniões.

138
Concluímos, portanto, que os dois maiores
eventos da história da humanidade, a Ressurreição
de Cristo e o Nascimento da Igreja não aconteceram
por acaso no primeiro dia da semana.
Foi o próprio Deus quem determinou que a
festa das primícias, tipo da ressurreição, e a festa de
pentecostes, figura do nascimento da Igreja,
acontecessem no primeiro dia da semana, o
domingo.

É interessante que quando as primícias da
colheita eram movidas diante do Senhor no
domingo, a partir desse dia contava-se 50 dias para
iniciar a festa de pentecoste, quando os sacerdotes
ofereciam outra oferta de cereais como primícias
também (Lv 23.15,16).
Foi exatamente isso que aconteceu! Jesus foi
ressuscitados como primícias no domingo. Marcos
16.9 diz: ‘Jesus, tendo ressuscitado na manhã do
primeiro dia da semana...’.
Depois de 50 dias, após a ressurreição, inicia-se
a festa de pentecostes, no domingo, quando
acontece a inauguração da igreja onde três mil
judeus se convertem como primícias da igreja. Atos
2.1,41 diz: ‘Cumprindo-se o dia de Pentecostes (no
domingo), estavam todos reunidos no mesmo
lugar... naquele dia (no domingo), agregaram-se
quase três mil almas’.
Antes da sua morte e ressurreição, Jesus tinha
prometido aos seus discípulos a vinda do Espírito
Santo (Jo 14.16,17,26; 15.26; 16.7-14).

139
Por isso que eles deveriam permanecer na
cidade de Jerusalém até Cristo enviar sobre eles a
promessa do Pai, o Espírito Santo, que lhes
revestiriam do poder do alto (Lc 24.49).
Quando Cristo ressuscitou, passou 40 dias com
seus discípulos, e ‘determinou-lhes que não se
ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a
promessa do Pai’, pois ‘vós sereis batizados com o
Espírito Santo, não muito depois destes dias’ (At 1.3-
5). Então, depois da sua ascensão aos céus, os seus
discípulos voltaram a Jerusalém e se congregaram
no cenáculo em constante oração (At 1.12-14).
E após uns dez dias da ascensão, reunidos no
domingo, ‘cumprindo-se o dia de Pentecostes... e, de
repente, veio do céu... o Espírito Santo, e ‘todos
foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar
em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes
concedia que falassem’ (At 2.1-4).
Esse foi outro evento, a vinda do Espírito Santo,
que aconteceu no domingo tornando esse dia
singular e de celebração ao Senhor. Por isso que a
festa de pentecostes, onde era oferecida outra oferta
de primícias, prefigurava também a descida do
Espírito Santo, quando os crentes recebem ‘as
primícias do Espíritos’ (Rm 8.23).
A vinda do Espírito Santo sobre 120 crentes
oficializou a fundação da Igreja Cristã como
resultado da ressurreição e ascensão de Jesus Cristo.

Atos 2.32,33 diz: ‘Deus ressuscitou a este
Jesus, do que todos nós somos

140
testemunhas. De sorte que, exaltado pela
destra de Deus e tendo recebido do Pai a
promessa do Espírito Santo, derramou isto
que vós agora vedes e ouvis’.

Portanto, esses três eventos inéditos e
maravilhosos, a ressurreição de Jesus, a vinda do
Espírito Santo e a fundação da Igreja aconteceram
no domingo. Por isso ‘este é o dia que fez o Senhor;
regozijemo-nos e alegremo-nos nele’ (Sl 118.24).

VII. O Cristão Deve Dar o Dízimo?

1. O funcionamento do dízimo no sistema levítico

A tribo de Levi não recebeu herança territorial
em Canaã como as demais tribos (Nm 26.62; 35.1-4).
Foram doze tribos que receberam territórios, a tribo
de Levi tornou-se como que uma décima terceira
tribo e se espalhou nos territórios de outras tribos, e
a tribo de Manassés tomou o seu lugar entre as doze
tribos.
Isso aconteceu porque a tribo de Levi foi
escolhida para o sacerdócio (Dt 10.8,9). Dela
procedem o sumo sacerdote e os sacerdotes para o
ministério sacerdotal (Êx 28.1; Nm 3.1-4), e também,
os levitas que foram consagrados no lugar dos
primogênitos de Israel para servirem os sacerdotes
no tabernáculo e depois no templo (Nm 1.47-54; 3.4-
13,40-45; 4.1-49).

141
O dízimo foi instituído para o sustento dos
sacerdotes e levitas a fim de se dedicarem
integralmente aos serviços do tabernáculo (Lv
27.30-33; Nm 18.21,24-31; Dt 18.1-5; 2º Cr 31.4-6; Ne
10.37-39).
Os dízimos eram divididos em três categorias:
Primeiro, o dízimo para custear as festas
anuais (Dt 14.22-26).
Israel realizava três festas anuais: a festa da
páscoa comemorada em março/abril, a festa de
pentecostes, comemorada em maio/junho e festa dos
tabernáculos comemorada em outubro. Nesse mês
também era realizada o Dia da Expiação.
Os israelitas utilizavam esse dízimo para
bancar tanto a sua viagem à Jerusalém como seu
sustento durante os dias das festas, e o sustento dos
levitas.
Esse dízimo não poderia ser comido em
qualquer lugar, mas apenas no local onde estava o
tabernáculo ou o templo (Dt 12.11,12,17,18).
Segundo, o dízimo trianual que os israelitas
davam de três em três anos como herança para o
sustento dos levitas. Era entregue aos levitas em suas
próprias cidades. O estrangeiro, e o órfão, e a viúva
também comiam desse dízimo (Dt 14.27-29; 26.12-
15).
Terceiro, o dízimo dos dízimos que os levitas
davam para o sustento dos sacerdotes. Era chamada
de oferta alçada e representava a parte que
pertencia ao Senhor. E o sacerdote podia comer em
qualquer lugar com a sua família, porque esse era o

142
galardão dado ao sacerdote pelo seu ministério na
tenda da congregação (Nm 18.25-32; Ne 10.37,38).
Além dos dízimo dos dízimos, os sacerdotes
também tinham direitos para seus sustentos todas as
partes das ofertas que eram poupadas do fogo,
como, das ofertas de votos e voluntárias, das ofertas
de cereais, das ofertas pacíficas, das ofertas de
expiação e reparação, todas as primícias, as ofertas
alçadas, as ofertas consagradas, o peito do
movimento e o ombro direito dos animais da
expiação, os primogênitos dos animais (Nm 18.9-
15,17-20; 2º Cr 31.4-6; Ne 10.35-37), os couros dos
animais dos holocaustos (Lv 7.8) e 60 gramas de
prata pagos pelo resgate (Nm 18.16).
Já os levitas apenas ganhavam os dízimos como
salários, e receberam 48 cidades nos territórios de
Israel para habitarem junto com os sacerdotes.
Dessas cidades foram escolhidas seis cidades de
refúgio que serviam de asilos para homicidas não
intencionais.
Havia uma superintendência sob a fiscalização
de um sacerdote que cuidava da distribuição dos
dízimos e outras ofertas para que nenhum levita ou
sacerdote fosse desamparado (Ne 10.38,39; 12.44-47;
13.5,12,13).

2. Cristo Aboliu na cruz todo o sistema levítico

A antiga aliança foi abolida juntamente com
o tabernáculo e os serviços sacerdotais levíticos.

143
Jesus Cristo invalidou todas as cerimônias que
pertenciam ao culto dos levitas. A lei como código
penal também foi abolida, preservando-se os seus
princípios eternos.
Uma vez que o sacerdócio levítico foi abolido,
tudo aquilo que estava atrelado ao sacerdócio
levítico também foi abolido tornando -se
desnecessário para a prática dos cristãos.
Se quisermos praticar qualquer coisa que
pertence ao sacerdócio levítico, teremos que entrar
pela circuncisão para nos tornar judeus, e então
praticar essas coisas. Pois como gentios somos
proibidos praticá-las, não podemos, por exemplo,
comer o cordeiro, participar das festas de Israel e etc.
Mas agora temos acesso a Deus, pois o véu do
santuário se rasgou, e na cruz, Cristo aboliu a antiga
aliança, o sacerdócio levítico, as festas, os sacrifícios
e o dízimo.

3. Cristo aboliu o dízimo? Como assim!? Então, por
que nós damos o dízimo!?

Ora, se a antiga aliança foi abolida
juntamente com o tabernáculo e os serviços
sacerdotais levíticos, então, por que os cristãos
devem dar o dízimo?
O dízimo foi instituído para o sustento dos
sacerdotes e levitas, em vista disso, o que é que tem
a ver os crentes da nova aliança pagarem o dízimo
se as igrejas e seus pastores não são da Tribo de Levi?

144
Ora, se o sistema levítico foi abolido para
sempre na cruz, e o dízimo faz parte do sistema
levítico, então, o dízimo foi abolido também,
entretanto, por que os pastores recolhem dízimo dos
fiéis?
O dízimo dos levitas pertencia a antiga aliança.
Para darmos esse dízimo temos que viajar para
Israel. Jesus aboliu o templo. Não existe mais templo.
Isso aqui não é o templo, é apenas um lugar de
reunião. Chamamos esse lugar de templo como
figura de linguagem. O templo, agora, é espiritual,
é a igreja.
No templo espiritual não existe uma elite
sacerdotal que é proibida de trabalhar e que deve
ser sustentada pelos crentes através dos dízimos.
Pelo contrário, todos os crentes são sacerdotes.
Jesus Cristo aboliu toda a aliança levítica e o
sacerdócio levítico, e em seu lugar, ele estabeleceu
outro sacerdócio, o sacerdócio de Melquisedeque.
Vamos ler em Gênesis capítulo 14 sobre esse
sacerdócio, que é o sacerdócio de Cristo e também o
nosso. Nesse capítulo é a primeira vez que aparece a
figura de Melquisedeque na Bíblia.

Gênesis 14.18-20: ‘E Melquisedeque, rei de
Salém, trouxe pão e vinho; e era este
sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-
o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus
Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra;
e bendito seja o Deus Altíssimo, que

145
entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E
Abrão deu-lhe o dízimo de tudo’.

A quem Abraão deu o dízimo? A
Melquisedeque. Portanto, o dízimo que os cristãos
pagam não é o dízimo do sacerdócio levítico, mas o
dízimo do sacerdócio de Melquisedeque.
De acordo com Hebreus 7.13-26, Jesus Cristo é
sacerdote da ordem sacerdotal de Melquisedeque, e
foi constituído sacerdote para sempre. Jesus nunca
poderia ser sacerdote da ordem de Arão, pois ele
pertence a tribo de Judá, e os sacerdotes tinham que
provir da tribo de Levi.
Mas como Jesus Cristo não pertencia a tribo de
Levi, ele tornou-se sacerdote pela ordem de
Melquisedeque. E esse sacerdócio é maior que o
sacerdócio levítico, pois, o próprio Levi pagou o
dízimo a Melquisedeque (vv.9,10).

4. Cristo instituiu uma nova classe sacerdotal e um
novo sistema de dízimo

Pelo fato do sacerdócio de Melquisedeque não
ter sido abolido, pois é eterno, ele continua
recebendo o dízimo na pessoa de Jesus Cristo (Hb
7.8), pois, assim como Abraão e Levi deram o dízimo
a Melquisedeque, nós temos que dar o dízimo a
Cristo, pois ele é o nosso Melquisedeque Maior, nosso
sumo sacerdote.
O dízimo de Cristo não está debaixo de
maldição como o dízimo levítico (Ml 3.8,9), mas o

146
dízimo de Melquisedeque está debaixo de bênção,
pois está escrito que ele abençoou Abraão (Hb 7.6).
Deixe de dar o dízimo para Arão, e passe a dar
o dízimo para Cristo! Quando colocamos o nosso
dízimo na salva, o Espírito de Cristo guia o pastor a
onde ele deve aplicar aquele dinheiro na obra de
Deus, pois estamos dando para Cristo.
Prestem bem atenção! O dízimo que doamos
não é o dízimo do sistema sacerdotal levítico
instituído por Moisés na lei, mas o dízimo de
Melquisedeque, de cuja ordem sacerdotal Jesus
Cristo herdou seu sacerdócio eterno.
Vamos ler Hebreus 7.5-9:

‘E os que dentre os filhos de Levi recebem
o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de
tomar o dízimo do povo, isto é, de seus
irmãos, ainda que tenham descendido de
Abraão. Mas aquele cuja genealogia não
é contada entre eles tomou dízimos de
Abraão e abençoou o que tinha as
promessas. Ora, sem contradição alguma,
o menor é abençoado pelo maior. E aqui
certamente tomam dízimos homens que
morrem; ali, porém, aquele de quem se
testifica que vive. E, para assim dizer, por
meio de Abraão, até Levi, que recebe
dízimos, pagou dízimos’.

Damos o dízimo ‘aquele de quem se testifica
que vive’, isto é, Cristo, para o sustento da obra de

147
Cristo. Através de Abraão todos, Isaque, Israel, Levi
e os sacerdotes pagaram o dízimo a Melquisedeque
(Gn 14.18-20).
E quem é Melquisedeque? É o sacerdote do
Deus Altíssimo e rei de Salém [Jerusalém] (Hb 7.1-7),
que prefigurava Jesus Cristo que foi, sob juramento,
feito sacerdote eternamente segundo a ordem
sacerdotal de Melquisedeque.
Por isso Cristo é sacerdote semelhante a
Melquisedeque, em outras palavras, Jesus Cristo é o
sacerdote do Deus Altíssimo de quem Melquisedeque
tornou-se semelhante (Hb 7.15-21).
Então, na realidade, Abraão e Levi pagaram o
dízimo a Jesus Cristo na pessoa de Melquisedeque, e
como o sacerdócio de Cristo é eterno, ele continua
até hoje recebendo dízimos. Quando os cristãos dão
o dízimo a Cristo, estão honrando ‘ao Senhor... com
as primícias de toda a sua renda’ (Pv 3.9).
O dízimo da lei estava debaixo de maldição (Ml
3.8-12; Gl 3.10), mas o dízimo cristão está debaixo da
benção de Cristo (Hb 7.6,7), pois, Deus ama e
abençoa quem dar com gratidão (2ª Co 9.7-12).
Como membro da igreja de Cristo, o crente
deve contribuir com os dízimos e as ofertas para que
haja manutenção do patrimônio, sustentação dos
pastores, ajuda aos necessitados e pagamento das
despesas da igreja local. Somos nós que financiamos
a obra de Deus, e não o poder público.
Eu sei que existem muitos pastores que são
verdadeiros empresários e mercenários que estão
enriquecendo a custa dos dízimos e das ofertas. Em

148
vez de investirem na obra de Deus, eles estão
investimento em seu próprio patrimônio; em vez de
administrarem o dinheiro de Deus para trazer
benefícios ao povo de Deus, estão administrando-o
em sua própria conta bancária; praticam lavagem
de dinheiro, e deposita-o em conta na Suíça e nas
Ilhas Caimãs.
Enquanto o dinheiro da igreja está sendo
desviado para os paraísos fiscais, muitos crentes
estão padecendo necessidades, viúvas e órfãos
desamparados e pobres passando fome. Esses
pastores milionários estão levando uma vida
luxuosa, gastando dinheiro com coisas banais à
custa do povo de Deus.
Mas nada disso torna o dízimo da nova aliança
inválido, e nem pode servir de pretexto para sonegar
o dízimo, pelo contrário, procure um lugar sério e
contribua com a obra de Deus.
Pois, acerca desse falsos pastores, desses cães
gulosos (Is 59.10,11), bestas ruins, ventres preguiçosos
(Tt 1.12) e animais irracionais (Jd 10-13), que
transformam as igrejas em negócio comercial (2ª Pe
2.3), está escrito:

‘Assim diz o Senhor Jeová: Ai dos pastores
de Israel que se apascentam a si mesmos!
Não apascentarão os pastores as ovelhas?
Comeis a gordura, e vos vestis da lã, e
degolais o cevado; mas não apascentais as
ovelhas. A fraca não fortalecestes, e a
doente não curastes, e a quebrada não

149
ligastes, e a desgarrada não tornastes a
trazer, e a perdida não buscastes; mas
dominais sobre elas com rigor e dureza.
Assim diz o Senhor Jeová: Eis que eu estou
contra os pastores e demandarei as
minhas ovelhas da sua mão; e eles
deixarão de apascentar as ovelhas e não
se apascentarão mais a si mesmos; e
livrarei as minhas ovelhas da sua boca, e
lhes não servirão mais de pasto’ (Ez 34.1-
4,10).

E, por sua vez, o cristão não dá o seu dízimo
com a finalidade de receber bênçãos, para
barganhar com Deus, mas por gratidão pelas
bênçãos recebidas. Deus não se vende!
Alguém tentou comprar as bênçãos de Deus,
Pedro lhe respondeu: ‘O teu dinheiro seja contigo
para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se
alcança por dinheiro’ (At 8.19,20).
Deus não abençoa o simples ato de dar o
dízimo, mas abençoa aqueles que são fiéis e
generosos. Em Provérbios 3:9,10 está escrito:

‘Honra ao Senhor com os teus bens, e com
a primeira parte de todos os teus ganhos;
e se encherão os teus celeiros, e
transbordarão de vinho os teus lagares’.

Jesus Cristo disse:

150
‘Quem é fiel no mínimo, também é fiel no
muito; quem é injusto no mínimo,
também é injusto no muito. Pois, se nas
riquezas mundanas não fostes fiéis, quem
vos confiará as verdadeiras?’ (Lc 16.10,11).

Provérbios 11.25: ‘A alma generosa
prosperará e aquele que atende também
será atendido’.

Por fim, muito embora Cristo tenha abolido as
coisas do velho sistema levítico, contudo essas coisas
continuam tendo significa espiritual para o cristão.
Por exemplo, o pão sem fermento aponta para
Cristo sem pecado, o pão da vida (Jo 6.35,48,51; Hb
4.15). O cordeiro da páscoa aponta para Cristo, o
cordeiro pascoal (Êx 12.5,6; 1ª Co 5.7,8) e etc.
Assim está escrito: ‘...tendo a lei a sombra dos
bens futuros e não a imagem exata das coisas...
Cristo [é] o sumo sacerdote dos bens futuros....’ (Hb
10.1; 9.11). De modo que as coisas da lei ‘são sombras
das coisas futuras, mas o corpo [a realidade] é de
Cristo’ (Cl 2.17).

5. Como funciona o sacerdócio de Cristo e dos
cristãos

O sacerdócio de Cristo não é da linhagem de
Levi, mas da linhagem de Melquisedeque, e
substituiu o sacerdócio levítico. E, ‘mudando-se o

151
sacerdócio, necessariamente se faz também
mudança da lei’ (Hb 7.12).
Por isso que Cristo aboliu o tabernáculo
mosaico, os sacrifícios de animais, as ofertas de
manjares, as festas judaicas, os dízimos levíticos, a
circuncisão da carne, a casta sacerdotal e as leis
cerimoniais.
Todavia, Cristo tenha anulado o sacerdócio
levítico como sistema de salvação, contudo, não
eliminou a cultural judaica. Isso significa que o judeu
que se converte ao Messias pode continuar com sua
identidade judaica como praticando a circuncisão,
celebrando as festas judaicas como memória da
história de Israel e guardando o sábado como sinal
entre Deus e Israel.
Na ordem sacerdotal de Melquisedeque não
existe uma classe sacerdotal formada por uma
aristocracia, pelo contrário, todos os cristãos são
sacerdotes de Cristo (Ap 1.5,6).
Porém, dentre esses sacerdotes, Cristo, escolhe
alguns para serem líderes de igrejas, que são os
pastores, evangelistas e presbíteros para o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério e para edificação do corpo de Cristo (Ef
4.11-16).
Todos os cristãos têm livre acesso ao trono da
graça de Deus sem precisar de mediação de algum
sistema religioso e de denominação evangélica, sem
mediação de líderes espirituais como papas, padres,
pastores, gurus, profetas, ungidos, iluminados,
mestres, espíritos, anjos e de ninguém. O cristão se

152
dirige diretamente a Deus por intermédio de Cristo
(Hb 4.14-16; 10.19-23).
Todavia, somos sacerdotes uns dos outros, e
assim oramos uns pelos outros, ministramos a
palavra uns aos outros, exortamos uns aos outros,
servimos uns aos outros, ajudamos uns aos outros,
perdoamos uns aos outros e amamos uns aos outros
(Jo 13.14; Rm 12.10; 15.7,14; Ef 4.32; 5.21; Gl 6.2; 5.13; Cl
3.13; 3.16; 1ª Ts 4.9,18; 5.11; Hb 3.13; 10.24,25; Tg 5.16;
1ª Pe 1.22; 5.5,14; 1ª Jo 4.11).
Os sacerdotes de Cristo foram predestinados,
perdoados, justificados, regenerados, adotados,
santificados, espiritualmente ressuscitados e
assentados nos lugares celestiais por isso serão
ressuscitados e arrebatados em corpos glorificados.
Pois são filhos de Deus, seus herdeiros e coerdeiros de
Cristo.
Os sacerdotes de Cristo não se contaminam por
causa de alimentos, pessoas doentes ou por
participarem de algum velório, mas mantem suas
consciências boas e limpas diante de Deus e dos
homens (Mc 7.18-23; At 24.16; 1ªTm 1.5; 3.9; 2ªTm 1.3).
Os sacerdotes de Cristo não usam roupas
santas, porém, seguem os princípios de pudor e
modéstia em suas vestes. Pois as nossas roupas são
espirituais e diz respeita as nossas obras de justiça,
santidade e pureza de caráter. Nossas calças não são
santas, nem nossos paletós e gravatas; as saias e os
vestidos das irmãs não são santas. São roupas
seculares usadas por qualquer pessoa. Porém em
cada cultura, nos vestimos com pudor e modéstia,

153
sem sexualidade e extravagância (1ª Tm 2.9,10; 1ª Pe
3.3-7; Ap 16.15).
Os sacerdotes de Cristo ministram no
tabernáculo espiritual, que é a Igreja. Seus sacrifícios
são suas vidas, seus cultos, suas boas obras, seus
dízimos e contribuições, e seus serviços dedicados a
Deus (2ª Co 6.16-18; Rm 12.1; 1ª Pe 2.5; Hb 10.24,25;
13.15,16). São membros do Corpo de Cristo, cheios do
Espírito e dos dons espirituais, mortificam os seus
desejos carnais e produzem o fruto do Espírito (1ª Co
12.4-31; Rm 12.4-8; Ef 5.18-21; Rm 8.9-17; Gl 5.16-26).
Os sacerdotes de Cristo não recebem e nem dão
o dízimo levítico, mas o dízimo de Melquisedeque,
contudo, não são sustentados por esse dízimo, mas o
utilizam para promover a obra do Reino, pagar o
salário dos ministros de tempo integral, manter suas
instituições e patrimônios e ajudar os necessitados e
doentes (Hb 7.5-10; 13.10; 1ª Tm 5.17,18; Ef 4.28; At
20.35).
Os sacerdotes de Cristo não obedecem a Lei
como código penal de regras para serem justos e
salvos, mas como fruto da justiça e do amor de Deus
produzido num coração justificado, regenerado e
santificado, onde a lei de Deus foi inscrita pelo
Espírito de Deus (Hb 10.15,16; Rm 7.4-5; 8.4; 13.8-10;
2ª Co 3.3.6).
Os sacerdotes de Cristo reinarão com ele no
Reino de Deus estabelecido no novo céu e na nova
terra (Ap 5.9,10; 22.3-5).

154
6. O ministério de Jesus Cristo como sumo sacerdote
no tabernáculo celestial

O tabernáculo de Moisés era apenas cópia do
tabernáculo original, e o sacerdócio levítico e os
serviços sacerdotais apenas figuras do sacerdócio de
Cristo e do seu serviço sacerdotal. Hebreus 8.1-5 diz:

‘A suma do que temos dito é que temos um
sumo sacerdote tal, que está assentado
nos céus à destra do trono da Majestade,
ministro do santuário e do verdadeiro
tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e
não o homem... os sacerdotes que
oferecem dons segundo a lei... servem de
exemplar e sombra das coisas celestiais,
como Moisés divinamente foi avisado,
estando já para acabar o tabernáculo;
porque foi dito: Olha, faze tudo conforme
o modelo que, no monte, se te mostrou’.

O tabernáculo celestial é o céu onde está o
trono de Deus, ali Cristo ministra a destra do Pai
como sumo sacerdote (Hb 8.1,2; 9.24; Ap 4.1-11; 5.6-
14; Mc 16.19; At 7.55,56).
Na nova terra, Jerusalém celestial é chamada
de tabernáculo de Deus porque ali estará o trono de
Deus e do Cordeiro, o centro da adoração, por isso
que o Pai e o Filho no trono são o templo da nova
Jerusalém como se fosse o Santo dos santos, onde seus
servos prestarão culto (Ap 21.1-3,22; 22.3; 7.15).

155
No memorável Dia da Expiação, o sumo
sacerdote entrava no santo dos santos para realizar
a purificação dos pecados de Israel acumulados no
tabernáculo, utilizando-se do sangue de um bode
(Hb 9.6,7). Uma vez terminado o serviço no
tabernáculo, e tendo purificado o santuário, os
pecados eram transferidos para um bode vivo que
levado ao deserto representava a destruição dos
pecados (Lv 16.1-34).
Esse serviço sacerdotal apenas prefigurava a
obra de Cristo, pois ‘é impossível que o sangue dos
touros e dos bodes tire pecados’ (Hb 10.4).
Está escrito que ‘era bem necessário que as
figuras das coisas que estão no céu assim se
purificassem (com sacrifícios de animais); mas as
próprias coisas celestiais, com sacrifícios melhores do
que estes’ (Hb 9.23).
Jesus realizou a verdadeira purificação do
tabernáculo celestial. Na verdade, os pecados dos
crentes da antiga aliança ainda permaneciam
diante de Deus (Hb 9.15), mas quando Jesus subiu
aos céus, entrou no santo dos santos, apresentou seu
sangue diante de Deus, perdoou os pecados dos
santos ali acumulados purificando assim o santuário
celestial (Hb 9.11-14,23,24), obteve uma eterna
redenção para a expiação dos pecados (Hb 9.12) e
foi constituído eternamente sumo sacerdote,
segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 6.19,20).
Tendo concluído a purificação dos pecados no
santuário celestial assentou à destra do trono de
Deus como sumo sacerdote (Hb 1.3; 8.1; 10.12; 12.2).

156
Nessa posição, agora ele comparece, por nós,
perante a face de Deus para poder salvar
perfeitamente os que por ele se chegam a Deus,
vivendo sempre para interceder por eles. (Hb 7.25;
9.24). E assim, ‘quem intentará acusação contra os
escolhidos de Deus?... Quem os condenará? Pois é
Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou
dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e
também intercede por nós’ (Rm 8.33,34).
Quando Jesus concluir esse ministério de
intercessão pelos santos, iniciará o ministério de juízo
para destruição dos pecados e punição dos ímpios.
Conforme está escrito nas Escrituras que dizem:

‘Jesus havendo oferecido um único
sacrifício pelos pecados, está assentado
para sempre à destra de Deus, daqui em
diante esperando até que os seus inimigos
sejam postos por escabelo de seus pés’ (Hb
10.12,13).

‘Eis que é vindo o Senhor com milhares de
seus santos [anjos], para fazer juízo
contra todos e condenar dentre eles todos
os ímpios, por todas as suas obras de
impiedade que impiamente cometeram...
(Jd 14,15).

‘...como labareda de fogo, tomando
vingança dos que não conhecem a Deus e
dos que não obedecem ao evangelho de

157
nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por
castigo, padecerão eterna perdição, ante
a face do Senhor e a glória do seu poder’
(2 Ts 1.8,9).

‘Porque convém que Cristo reine até que
haja posto a todos os inimigos debaixo de
seus pés. Depois, virá o fim, quando tiver
entregado o Reino a Deus, ao Pai, e
quando houver aniquilado todo império e
toda potestade e força. Ora, o último
inimigo que há de ser aniquilado é a
morte’ (1ª Co 15.24-26).

Jesus Cristo iniciou a purificação do santuário
celestial em 1844? Não! Isso é uma interpretação
equivocada dos adventistas.
O texto de Daniel 8.13,14 diz:

‘Até quando durará a visão do contínuo
sacrifício e da transgressão assoladora,
para que seja entregue o santuário e o
exército, a fim de serem pisados? E ele me
disse: Até duas mil e trezentas tardes e
manhãs; e o santuário será purificado’.

Essa expressão ‘o santuário será purificado’ não
se refere a purificação do santuário celestial
realizada por Cristo. Pois, a expressão ‘o santuário
será purificado’ de Daniel 8.14 não faz referência ao
Dia da Expiação, quando o sumo sacerdote entrava

158
no tabernáculo para realizar sacrifício com objetivo
de purificar o santuário.
É esse Dia da Expiação e o serviço do sumo
sacerdote no santuário que fazem referência a obra
de Cristo no santuário celestial.
O santuário era purificado no dia da expiação
por causa dos pecados dos israelitas acumulados ali
durante o ano pelas ofertas dos pecados oferecidos
todos dias. Os pecados dos israelitas eram
transferidos para o tabernáculo e assim o santuário
ficava contaminado. Então, havia um dia anual
para purificar o santuário, ou seja, para remover do
santuário os pecados.
Mas, na verdade os pecados dos israelitas não
eram purificados, pois, os sacrifícios de animais eram
ineficazes. Portanto, os pecados dos santos da
antiga aliança continuavam registrados diante de
Deus no santuário celestial.
Por isso que Cristo após sua ressurreição, subiu
ao céu, entrou no santo dos santos, na presença de
Deus, com o seu próprio sangue purificou os pecados
dos crentes do antigo testamento que estavam
registrados no santuário celestial, e tornou-se a
propiciação mediante a redenção no seu sangue
para todos os que creem nele (Hb 9.11-15,22-24; Rm
3.22-26). Sobre a purificação dos pecados dos santos
da antiga aliança registrados no céu lemos:

‘E, por isso, é Mediador de um novo
testamento, para que, intervindo a morte
para remissão das transgressões que

159
havia debaixo do primeiro testamento, os
chamados recebam a promessa da
herança eterna’ (Hb 9.15).

‘Deus propôs [Cristo] para propiciação
pela fé no seu sangue, para demonstrar a
sua justiça pela remissão dos pecados
dantes cometidos, sob a paciência de
Deus’ (Rm 3.25).

Mas essas coisas não tem nada a ver com o texto
de Daniel 8.14. Analisando o contexto desse texto
entendemos que um rei, o chifre pequeno, surgiria
de um dos reinos que se dividiu do império da
Grécia, o reino da Síria, os selêucidas.
Esse rei da Síria se engradeceria contra a terra
gloriosa, Israel, prevaleceria contra a verdade,
interromperia os sacrifícios diários e colocaria dentro
do santuário uma abominação, profanando assim o
santuário do Senhor (Dn 8.8-14; 11.30,31,36; 12.11).
Então, a pergunta é: Quando o santuário será
purificado ou restaurado dessa profanação
idólatra? (Dn 8.14 c/ Dn 12.11).
Acontece que os adventistas anunciaram o
advento de Cristo para 1844, mas como isso não
aconteceu de modo visível, eles interpretaram,
baseado em Daniel 8.13,14, que o advento aconteceu,
mas de modo invisível ou seja, em 1844, Jesus Cristo
entrou no santo dos santos do santuário celestial
para purifica-lo, dando início ao juízo investigativo
quando os pecados dos crentes serão absolvidos ou

160
condenados. Então, Cristo voltará visivelmente para
pronunciar a sentença.
Essa interpretação não tem nada a ver com o
texto de Daniel 8.13,14. Pois, como um rei humano
pode entrar no santuário celestial, fazer cessar os
sacrifícios e erigir um ídolo abominável no céu,
profanando o santuário celestial? Isso não tem
cabimento! Isso é impossível!
O texto de Daniel 8 tem dupla interpretação. A
primeira interpretação é histórica e literal. Se refere
ao que aconteceu sob o reinado de Antíoco Epifânio,
rei da Síria. Sobre isso Flávio Josefo escreveu:

‘Antíoco Epifânio 'mandou construir um
altar no templo [dedicado a Zeus] e lá fez
sacrificar porcos, o que era uma das coisas
mais contrária à nossa religião. Obrigou
então os judeus a renunciarem ao culto do
verdadeiro Deus, para adorar seus ídolos,
[proibiu a observância do sábado]...
Proibiu os judeus [circuncidar] seus
filhos... Mandava queimar todos os livros
das Sagradas Escrituras...’ (História dos
Hebreus, págs.256,287, CPAD).

De acordo com 1º Macabeus 1.54 ‘Antíoco
levantou sobre o altar dos holocaustos a
abominação desoladora’, assim profanou o
santuário, a semelhança dos ímpios reis de Israel que
profanavam o santuário com suas abominações
idólatras introduzidas no templo (Ez 5.11; 8.3-18).

161
A profecia diz que a profanação do santuário
duraria 2.300 tardes e manhã. Segundo o teólogo
Elienai Cabral ‘a purificação do santuário ocorreu
três anos e dois meses [168 a 165 a.C] depois de o
altar do Senhor ter sido removido por Antíoco’ (9ª
Lição, 4º Trim/2014).
No texto de Daniel 8.14, ‘2.300’ refere-se à
quantidade de sacrifícios que seriam suspensos
durante os três anos e meio de profanação
promovida por Antíoco IV Epifânio, de 168 a 165 A.C.
(Dn 11.31; 12.11), e não um período profético de 457
A.C até 1844 D.C., conforme ensinam os adventistas.
Foram os macabeus, um grupo de judeus fiéis,
que se levantaram contra Epifânio e restauraram o
santuário do Senhor (Dn 11.32,33; 1º Macabeus 4.36-
59). Por isso que os judeus celebram uma festa
chamada Festa da Dedicação (Jo 10.22), que é
atualmente conhecida como Hanucá.
A segunda interpretação é simbólica e
escatológica. Se refere ao Anticristo. Sobre isso Paulo
escreveu:

Primeiro virá ‘a apostasia e [depois] se
manifestará o homem do pecado, o filho
da perdição, o qual se opõe e se levanta
contra tudo o que se chama Deus ou se
adora; de sorte que se assentará, como
Deus, no templo de Deus, querendo
parecer Deus’ (2ª Ts 2.3,4).

Sobre esse período, também, lemos:

162
‘E foi dada [a Besta] uma boca para
proferir grandes coisas e blasfêmias; e
deu-se-lhe poder para continuar por
quarenta e dois meses. E abriu a boca em
blasfêmias contra Deus, para blasfemar
do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos
que habitam no céu. E foi-lhe permitido
fazer guerra aos santos e vencê-los; e deu-
se-lhe poder sobre toda tribo, e língua, e
nação. E adoraram-na todos os que
habitam sobre a terra...’ (Ap 13.5-8).

Nessa época, o santuário que será profanado
pelo Anticristo é a Igreja Cristã que se transformará
na Grande Babilônia. O Anticristo obrigará os santos
adorar a imagem da Besta. Então, um grupo de
crentes fiéis, a semelhança dos macabeus,
restaurarão a igreja do Senhor e as verdades cristãs
(Ap 14.12; 15.2,3).
Então, como vimos a interpretação de Daniel
8.13,14 não faz referência a obra ministerial de Cristo
no santuário celestial, e sim Levítico 16 que fala do
Dia da Expiação.
A profanação do santuário de Daniel 8.13,14 é
diferente da contaminação do santuário de Levítico
16.16 que diz: ‘por causa das imundícias dos filhos de
Israel e das suas transgressões’.
Pois, o santuário era contaminado pelo próprio
sistema do culto levítico que transferia para o
tabernáculo os pecados mediante as ofertas de
animais ali sacrificados. Mas a profanação do

163
santuário acontecia quando alguém introduzia nele
uma imagem pagã ou fazia nele algum ato
contrário o que a lei determinava como fez Antíoco.
Diz um site adventista que: ‘...o santuário
celestial manchado pelo pecado de Satanás e seus
anjos’(www.adventistadareformacompleta.org/pur
ificação_do_santuario.html).
Mas isso não faz sentido, pois, o resultado do
Dia da Expiação para purificar o santuário era
perdoar os pecados de Israel que tinham
contaminado o santuário (Lv 16.34).
Ora, nesse caso Satanás e seus anjos serão
perdoados após a purificação do santuário celestial,
já que foram seus pecados que mancharam o
santuário celestial segundo os adventistas. Isso é um
absurdo!
Para purificar o santuário dos pecados de
Israel, o sumo sacerdote realizava uma expiação
anual com sangue. Porém, para purificar o
santuário da profanação, os macabeus tiveram que
remover e destruir a imagem pagã e o altar
idólatra.
O santuário celestial não foi profanado, mas
contaminado com os pecados sob a antiga aliança.
Por isso que Cristo teve que apresentar o seu sangue,
e não remover e destruir algum ídolo que foi ali
introduzido. Portanto, o contexto de Daniel 8.13,14 é
totalmente incompatível com a obra sacerdotal de
Cristo no santuário celestial.
Os adventistas, também, afirmam que Jesus
ministrou no lugar santo de 30 D.C. a 1844 D.C., e

164
depois, em 1844, entrou no santo dos santos para
iniciar o juízo investigativo.
Mas isso também não faz sentido. Cristo não
necessitou ministrar no santo lugar como faziam os
sacerdotes da antiga aliança. Porque senão, Cristo
teria que oferecer muitos sacrifícios desde a
fundação do mundo (Hb 9.25,26; 10.11), mas Cristo
ofereceu um único sacrifício uma única vez (Hb
10.10-12).
Por isso que na cruz, Cristo rasgou o véu do
santuário, fez cessar os sacrifícios e os serviços dos
sacerdotes no primeiro santuário (Mt 27.51; Hb 9.6-
8; 10.8,9), quando subiu ao céu entrou imediata-
mente, e uma vez, no segundo santuário, o santo dos
santos (Hb 9.11,12; 9.8; 10.8-10), apresentou seu
sangue, fez a purificação do santuário celestial e
assentou à destra de Deus como está escrito:

‘Jesus havendo oferecido um único
sacrifício pelos pecados, está assentado
para sempre à destra de Deus, daqui em
diante esperando até que os seus inimigos
sejam postos por escabelo de seus pés.
Porque, com uma só oferta, aperfeiçoou
para sempre os que são santificados’ (Hb
10.12-14).

Eu acredito que o tempo que Cristo levou para
fazer a purificação do santuário celestial foram dez
dias, no ano 30 A.D. Porque foi o tempo que levou
da ascensão a descida do Espírito (At 1.2,3 c/ At

165
2.1,4). E, Pedro disse que Cristo enviou o Espírito
quando Jesus foi ‘exaltado pela destra de Deus e
tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo,
derramou...’. Quer dizer, quando Jesus assentou-se a
destra de Deus derramou o Espírito Santo. E o Autor
aos Hebreus informa que Cristo só se assentou a
destra de Deus depois que purificou o santuário
celestial (Hb 9.11,12,23 c/ Hb 10.12,13).
O Espírito Santo foi derramado sobre a Igreja
depois de dez dias após a ascensão, tempo necessário
para purificar o santuário celestial e deixar o
caminho do santuário aberto para descida do
Espírito Santo no Pentecostes (Hb 9.8 c/ Hb 10.9-14).
E, além do mais, o Autor aos Hebreus, que
escreveu sua epístola depois do ano 70 A.D, informa
categoricamente, que Cristo ‘entrou uma vez no
santuário’, depois do ‘véu’ (Hb 9.12,24; 6.19,20),
usando o verbo no passado, isto aconteceu no ano 30
A.D. Ele não disse: ‘entrará’ como se referindo a um
evento futuro que se cumpriria em 1844 da nossa era.
De tantas implicações, quero citar apenas três
implicações que torna o ano de 1844 inviável para a
entrada de Cristo no santuário celestial.
Primeira implicação, Cristo teve que esperar
1814 anos, isto é, de 30 A.D. até 1844, para aspergir
seu sangue no propiciatório do santo dos santos,
diante do trono de Deus. Sendo que o Autor aos
Hebreus informa que o sangue de Jesus já havia sido
trazido para dentro do santo dos santos, pois, seu
corpo já havia padecido fora do arraial (Hb 13.11-13).

166
Segunda implicação, a propiciação e a
santificação dos crentes só ocorreram 1814 anos após
a ascensão, pois, enquanto Cristo não entrasse no
santo dos santos, com seu sangue, não poderia
expiar e santificar os crentes no seu sangue (Hb
9.7,11-14,24,25; 10.10-14; 13.12; Rm 3.25).
Terceira implicação, os crentes tiveram que
esperar 1814 anos para entrarem no santo dos santos
em oração (Hb 4.14,16), pois, não poderiam entrar
ali antes de Jesus, o nosso precursor, que abriu o
caminho com o seu sangue (Hb 6.19,20; 10.19-23).
Quanto ao juízo investigativo, esse termo
não é usado na teologia evangélica, contudo,
haverá um juízo investigativo, quando Jesus Cristo
voltar, estabelecerá o tribunal, julgará a todos, vivos
e mortos, no período de mil anos através dos
registros dos livros, e depois, no final, pronunciará a
sentença de cada um. E o reino será do Senhor.
Enquanto, esse tempo não vem, o Senhor Jesus
‘está assentado nos céus à destra do trono da
Majestade’, servindo como ‘ministro do santuário e
do verdadeiro tabernáculo’, e ali ele recebe as
orações, os cultos, as boas obras e os dízimos dos
crentes fiéis ‘como cheiro de suavidade e sacrifício
agradável e aprazível a Deus’ (Hb 8.1,2; 7.8; Fp 4.18).

7. O cristão dar o dízimo na nova aliança não é
antibíblico

Em setembro de 2014 eu recebi uma carta de
um diácono da congregação da Assembleia de Deus-

167
Salém, que quero manter o seu nome em sigilo, que
trazia uma refutação de um tal de Luiz Carlos
Teixeira que escreveu um artigo sobre ‘dizimar é
anti-escritura sob a nova aliança’.
Então resolvi escrever ao nosso querido diácono
uma contestação ao escrito de Luiz Carlos Teixeira
nestes termos.
A primeira razão que o irmão Luiz Carlos
Teixeira menciona porque o cristão não deve pagar
dízimo é...

‘como não há Sacerdotes Levitas hoje,
ninguém pode dizimar sob a Nova
Aliança’.

Mas isso não é um motivo válido, pois, não
havia sacerdotes levitas no tempo de Abraão e Jacó,
contudo eles dizimaram (Gn 14.20; 28.22).
Não importa se Abraão não ‘dizimou
regularmente de sua propriedade pessoal ou de seus
gados’ ou que ‘dizimou só das pilhagens da Guerra’,
o que importa nesse momento é que ele deu o dízimo
antes de haver ‘sacerdotes levitas’.
O irmão Luiz Carlos Teixeira diz:

‘Não há evidência que ele [Abraão]
jamais tenha dizimado outra vez’.

Isso ninguém pode afirmar! Entretanto, como
Abraão ficou sabendo que existia essa prática de dar

168
dízimo, se ele já não tivesse um conhecimento prévio
sobre o dízimo? De onde ele tirou essa ideia!?
Pelo fato de dar o dízimo à Melquisedeque,
prova que isso era uma prática comum do patriarca
Abraão e também uma prática da religião de
Melquisedeque.
Não importa se Jacó disse: ‘que se Deus o
abençoasse primeiro, então Jacó daria a Deus um
dízimo’, o que importa é que Jacó deu o dízimo antes
de existir ‘sacerdotes levita’.
Bem, por enquanto, o irmão Luiz Carlos
Teixeira não foi convincente. O irmão Luiz Carlos
Teixeira afirmou:

‘Depois da ressurreição de Cristo, os
apóstolos não recolheram dízimos ou
“dinheiro de dízimo” das pessoas’.

Na época dos apóstolos havia ‘sacerdotes
levitas’, e conforme o irmão Luiz Carlos Teixeira um
dos motivos em não dizimar é porque ‘não há
Sacerdotes Levitas hoje, ninguém pode dizimar sob
a Nova Aliança’.
Então, nesse caso os apóstolos dizimavam no
templo, pois havia ‘sacerdotes levitas’, assim, como
todos os judeus crentes, pois, eles permaneciam fiéis
as tradições judaicas. Mesmo assim havia na igreja
primitiva uma doação de dinheiro administrada
pelos apóstolos (At 4:34).
A Bíblia diz que ‘grande parte dos sacerdotes
[levitas] obedecia à fé’ (At 6.7). Ninguém pode

169
negar que esses ‘sacerdotes levitas’ continuavam
recolhendo os dízimos do povo. E, além do mais não
há nenhuma ordem de Jesus Cristo, e nem dos
apóstolos, mandando os judeus crentes sonegarem o
dízimo, pelo contrário, Cristo disse: ‘deveis, porém,
fazer estas coisas (isto é, dar o dízimo)’ (Mt 23.23).
O irmão Luiz Carlos Teixeira diz:

‘Só os Levitas poderiam recolher dízimos.
Os evangelistas cristãos não são “Pastores
de Levi!” Eles podem aceitar ofertas
alçadas, eles não deviam recolher
“dízimos!” NÃO existem pastores de Levi
no mundo de hoje e nem em nenhum
lugar. É um PECADO para qualquer
pessoa pegar e dizer o valor de “dinheiro
de dízimo” de qualquer pessoa!’.

Isso é verdade: Só os levitas poderiam recolher
dízimos! Veja Hebreus 7.5. Porém, neste momento
precisamos diferenciar entre os dízimos recolhidos
pelos levitas e os dízimos recolhidos por
Melquisedeque.
Os levitas eram sacerdotes da ordem de Arão,
mas os cristãos são sacerdotes da ordem de
Melquisedeque. E, segundo consta a ordem de
Melquisedeque não foi abolida.
Então, os cristãos pagam dízimo a
Melquisedeque, à esse até o próprio ‘Levi, que recebe
dízimos, pagou dízimos’ (Hb 7.9).

170
E quem é Melquisedeque? É uma figura do
Filho de Deus (Hb 7.1-8), e a Escritura testifica que
hoje ‘toma dízimos Aquele de quem se testifica que
vive (isto é, Cristo)’ (Hb 7.8). É evidente que o Nosso
Melquisedeque Maior escolheu mordomos fiéis
dentre os cristãos para cuidarem de seus bens (Mt
24.45; At 4.34).
Ora pelo fato da ordem sacerdotal de
Melquisedeque permanecer até hoje, o mesmo que
recebeu dízimo de Abraão (o pai da fé) e de Levi (o
pai dos sacerdotes levitas), não é pecado, também,
qualquer cristão pagar o seu dízimo a
Melquisedeque.
O irmão Luiz Carlos Teixeira disse:

‘Paulo absolutamente nunca pegou um
centavo de “dinheiro de dízimo” para
apoiar o seu longo e maravilhoso
ministério!’.

Paulo não podia recolher dízimo levítico, pois
ele não era um sacerdote levita, mas um fariseu, e
como fariseu ele dava dizimo como qualquer outro
fariseu. Mesmo depois de se converter, Paulo não
deixou de praticar seus costumes judaicos, lemos por
exemplo em Atos 24.17: ‘Ora, muitos anos depois,
vim trazer à minha nação esmolas e ofertas’.
Veja, por exemplo, o conselho de Tiago à Paulo:
‘Toma estes contigo, e santifica-te com eles, e faze
por eles os gastos para que rapem a cabeça, e todos
ficarão sabendo que nada há daquilo de que foram

171
informados acerca de ti, mas que também tu mesmo
andas guardando a lei’ (At 21.24).
Devemos entender que os judeus crentes do
primeiro século viviam em uma transição, e
enquanto o templo judaico existisse, eles não
poderiam instituir o dízimo cristão (Hb 9.8).
De modo, que os crentes judeus pagavam
dízimo levítico, mas os crentes gentios não, conforme
escreveu Tiago: ‘Todavia, quanto aos que crêem dos
gentios, já nós havemos escrito, e achado por bem,
que nada disto observem’ (At 21.25).
Porém, isso não significa que hoje, os cristãos,
tanto judeus como gentios, não possam dar seus
dízimos ao Seu grande sacerdote, Cristo. Veja o que
diz o autor aos Hebreus: ‘Mas aquele (isto é, Cristo),
cuja genealogia não é contada entre eles (sacerdotes
levitas), tomou dízimos de Abraão, e abençoou o
que tinha as promessas’.
Cristo continua tendo o direito de tomar o
dízimo de seus irmãos, embora não seja sacerdote
levita, mas é sacerdote da ordem de Melquisedeque,
superior a ordem de Arão.
O irmão Luiz Carlos Teixeira diz:

‘No antigo Israel, sob o sacerdócio
Levítico, o dinheiro não era uma
comodidade dizimável’.

Mas isso era apenas uma questão cultural,
naquela época não havia indústrias, fábricas,
empresas, cada um plantava e colhida. A

172
subsistência era muito diferente de hoje. Porém,
nada disso se constitui algum tipo de isenção para o
crente deixar de dar o seu dízimo a Cristo.
Nem mesmo o fato de lobos devoradores
administrar mau os dízimos do Senhor é motivo de
deixar de dar o dízimo a Melquisedeque.
Nesse caso o cristão deve mudar de
congregação, mas não deixar de praticar o bem, pois
ainda há pastores de Cristo que administram bem os
dízimos melquisedéquios, por assim dizer, para
ajudar os pobres, as viúvas, os órfãos, assalariar
pastores de tempo integral, investir no reino de Deus
e para manutenção das congregações.
Enfim, tanto o dízimo levítico como o templo e
os sacrifícios de animais foram abolidos quando
Cristo substitui o sacerdócio levítico. Porém, o
sacerdócio de Melquisedeque não foi abolido, pois, é
eterno, e hoje, Cristo é o sacerdote do Deus Altíssimo
na ordem sacerdotal de Melquisedeque, e como tal
recolhe dízimo dos crentes, semelhante a Abraão,
pai dos crentes, que deu dízimo a Cristo na pessoa de
Melquisedeque.
Portanto, este é um dos vários motivos porque
o crente da nova aliança paga seus dízimos: a ordem
sacerdotal de Melquisedeque não foi abolida, e esse
continua recebendo dízimo na Pessoa de Cristo.
Outro motivo é porque dar dízimo é uma
questão de princípio. Muito embora o sacerdócio
levítico com todas as suas parafernálias foi abolido,
os princípios são eternos, e um dos princípios diz:

173
‘Honra ao Senhor com os teus bens, e com a primeira
parte de todos os teus ganhos’ (Pv 3.9).
O cristão que dá o seu dízimo estar horando ao
Senhor Jesus, nosso sumo sacerdote. É igual ao
sábado, muito embora foi abolido para os cristãos
gentios, mas o princípio de trabalhar seis dias e
folgar um, para honrar ao Senhor, não foi abolido.
Portanto, as refutações de Luiz Carlos Teixeira
são contundentes e até convincentes em relação ao
dízimo levítico pertencente ao antigo sacerdócio
levítico, mas quanto ao dízimo da nova aliança
pertencente ao sacerdócio eterno de Melquisedeque
suas refutações são fracas.
Pois, se os cristãos não derem os dízimos como
fica o texto que diz ‘ali (isto é, no céu), [toma
dízimos] aquele de quem se testifica que vive (isto é,
Cristo nosso sumo sacerdote) ? – Hb 7.7.
Convém salientar que o inspirado Autor aos
Hebreus disse: ‘até Levi, que recebe dízimos, pagou
dízimo [a Melquisedeque]’ (Hb 7.9). Isso significa
que, indiretamente, todos os dízimos recolhidos
pelos sacerdotes levíticos foram recebidos por Cristo.
Assim aprendemos que os sacrifícios levíticos
eram tipo do sacrifício perfeito de Jesus Cristo, e o
dízimo levítico era tipo do dízimo de Melquisedeque.
Hebreus 7.15,17 diz:

‘E muito mais manifesto é ainda, se à
semelhança de Melquisedeque se levantar
outro sacerdote. Porque dele (de Cristo)
assim se testifica: Tu és sacerdote

174
eternamente, segundo a ordem
[sacerdotal] de Melquisedeque’.

Ora, como Cristo será ‘à semelhança de
Melquisedeque’ se ele não receber dízimo hoje!?
Portanto, os cristãos pagam seus dízimos hoje
porque eles prestam serviços ao Representante atual
da ordem sacerdotal de Melquisedeque, e como se
sabe essa ordem sacerdotal não foi abolida (Hb
7.24). E, assim como o patriarca Abraão, os cristãos
consideram ‘quão grande’ é o Cristo, maior do que
Melquisedeque e Levi, por isso, Jesus é digno de
receber dízimos de seus irmãos e tem ordem e direito
para tal (Hb 7.4,5).

Depois recebi outra carta do nosso diácono da
AD-Salém que segue abaixo:

“A paz irmão, gostei muito de seu artigo, mas
observe a seguinte colocação: Se o ofício sacerdotal
iniciado por Melquisedeque não teve êxito porque
era fundamentado apenas em oferendas religiosas e
no sacrifício ritualístico de animais. Por causa disso,
ele teve de ser substituído pelo sacerdócio de Jesus
(Hebreus 7.11), o que significa que o sacerdócio do
Velho Testamento deu lugar definitivamente ao
sacerdócio do Novo Testamento. Isso é correto?
Por extensão, o Velho Concerto se tornou
repreensível e por isso foi rejeitado, havendo sido
ABOLIDO por Cristo, como diz 2 Coríntios 3:14-16. E
assim, o ministério de Melquisedeque representa o

175
ministério do Velho Testamento, o qual foi
invalidado por Cristo por causa de sua FRAQUEZA e
INUTILIDADE (Hebreus 7:18). Se foi abolido, como
pode perpetuar?
...continuação: O fato do sacerdócio de Jesus
Cristo ter sido “segundo a ordem de Melquisedeque”,
como diz Hebreus 5:6, 7:17 e 7:21, não significa que os
dois ministérios estavam relacionados entre si, como
se um fosse uma continuidade do outro, visto que as
diferenças entre eles são muito grandes, a saber:
 O sacerdócio de Melquisedeque foi temporal
enquanto que o de Cristo foi eterno (Hebreus
7:25);
 No sacerdócio de Melquisedeque e de todos os
sacerdotes do Velho Testamento, o sangue usado
para expiação era de animais (bodes, bezerros,
touros e novilhas), enquanto que o sacerdócio de
Cristo foi exercido com o derramamento de seu
próprio sangue (Hebreus 9:12-14);
 Cristo é ministro do santuário do VERDADEIRO
tabernáculo estabelecido por Deus (Hebreus 8:2),
e não do VIRTUAL, que foi exercido por
Melquisedeque e por todos os sacerdotes do Velho
Testamento;
 Com a mudança do sacerdócio houve também a
mudança da lei (Hebreus 7:12) e assim, todo
aquele arcabouço ritualístico de religiosidade
aparente, que regia o ministério do Velho
Testamento, deu lugar ao ministério eficaz e
autêntico de Jesus no Novo Testamento (Hebreus
8:6; 8:13; 2 Coríntios 3:6).”

176
Após ler essa carta, resolvi escrever outra carta
nestes termos:

Graça e Paz,
Melquisedeque versus Cristo!? Como assim?
Você está confundido a classe sacerdotal de
Melquisedeque com a classe sacerdotal de Levi, e
usando os textos, que o escritor aos Hebreus, utilizou
para demonstrar que o sacerdócio levítico foi
abolido para dar lugar ao sacerdócio de
Melquisedeque.
Ou seja, você está afirmando aquilo que o
escritor está refutando.
Veja bem, Cristo só é sacerdote porque ele
pertence à classe sacerdotal de Melquisedeque (Hb
5.10), caso contrário, ele não poderia ser sacerdote,
pois Cristo não pertence a tribo de Levi. Conforme
está escrito em Hebreus 7.13-15:

‘Porque aquele (Cristo) de quem estas
coisas se dizem pertence a outra tribo (a
tribo de Judá, e não tribo de Levi), da qual
ninguém serviu ao altar, visto ser
manifesto que nosso Senhor procedeu de
Judá, e concernente a essa tribo nunca
Moisés falou de sacerdócio. E muito mais
manifesto é ainda, se à semelhança de
Melquisedeque se levantar outro
sacerdote...’.

177
Melquisedeque era rei e sacerdote na cidade de
Salém (Hb 7.1) que é Jerusalém, dentro do território
ocupado pela tribo de Judá. Semelhantemente
Cristo é Rei de Jerusalém e sacerdote semelhante a
Melquisedeque.
Por que semelhante a Melquisedeque? Porque
ambos pertence a mesma classe sacerdotal.
Conforme está escrito: ‘Porque dele (de Cristo)
assim se testifica: Tu és sacerdote eternamente,
segundo a ordem de Melquisedeque’ (Hb 7.17).
Por isso que Cristo, mesmo sendo da tribo de
Judá, pode ser sacerdote da nova aliança.
Ora, se o sacerdócio de Melquisedeque foi
abolido, então, o próprio, sacerdócio de Cristo foi
abolido, pois, ambos pertencem ao mesmo
sacerdócio. E, além do mais, Melquisedeque é a
figura do próprio Cristo (Hb 7.3), por isso que a
Escritura é clara em dizer que Melquisedeque
‘permanece sacerdote para sempre’ (Hb 7.3).
Você escreveu: ‘Por causa disso, ele
(Melquisedeque) teve de ser substituído pelo
sacerdócio de Jesus (Hebreus 7.11)’.
Não! Não é isso que o texto diz. Pelo contrário,
o texto diz que o sacerdócio levítico teve que ser
substituído pelo sacerdócio de Melquisedeque, de
onde surgiu ‘outro sacerdote’, que é Cristo.
Você disse: ‘E assim, o ministério de
Melquisedeque representa o ministério do Velho
Testamento, o qual foi invalidado por Cristo por
causa de sua fraqueza e inutilidade (Hebreus 7.18)’.

178
Não! O ministério de Melquisedeque não
representa o ministério do Velho Testamento (velha
aliança), mas o ministério levítico que representa o
ministério do Velho Testamento ‘(porque sob ele o
povo recebeu a lei’ - Hb 7.11). Pelo contrário, o
ministério de Melquisedeque representa o ministério
da nova aliança.
Pois assim está escrito referente ao sacerdócio
de Melquisedeque: ‘Que (Cristo) não foi feito
(sacerdote) segundo a lei do mandamento carnal
(antiga aliança), mas segundo a virtude da vida
incorruptível (Hb 7:16)’.
Veja que o autor aos Hebreus utiliza o termo
‘segundo a virtude da vida incorruptível’ em
sinônimo ‘segundo a ordem de Melquisedeque’.
Por que? Porque Melquisedeque ‘não teve
princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito
semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote
para sempre’ (Hb 7.3).
Por isso que o seu sacerdócio é segundo a
virtude da vida incorruptível (imortal, eterna).
Sendo assim, Cristo é sacerdote eterno, pois pertence
ao sacerdócio eterno de Melquisedeque.
Como pode ‘o ministério de Melquisedeque’ ser
‘fraqueza e inutilidade’, se segundo o escritor ele é
‘virtude da vida incorruptível?!’. Fraco e inútil é o
sacerdócio levítico conforme Hebreus 7.18, pois ‘a lei
(levítica) nenhuma coisa aperfeiçoou’, enquanto
que pelo ministério de Melquisedeque, Cristo é
constituído perfeito para sempre (Hb 7.28).

179
Você afirma: ‘O fato do sacerdócio de Jesus
Cristo ter sido “segundo a ordem de Melquisedeque”,
como diz Hebreus 5:6, 7:17 e 7:21, não significa que os
dois ministérios estavam relacionados entre si, como
se um fosse uma continuidade do outro, visto que as
diferenças entre eles são muito grandes, a saber:’
E você cita quatro diferenças.
Porém, essas quatro diferenças dizem respeito
ao sacerdócio levítico, e ao aplicar os textos que
dizem respeito ao sacerdócio levítico como se
referindo ao sacerdócio de Melquisedeque, você está
fazendo a Bíblia entrar em contradição.
Pois como pode Cristo ser sacerdote segundo a
classe sacerdotal eterna de Melquisedeque e ao
mesmo tempo Cristo ter abolido o sacerdócio de
Melquisedeque? Isso é contradição!
Você disse: ‘O sacerdócio de Melquisedeque foi
temporal enquanto que o de Cristo foi eterno
(Hebreus 7:25)’.
Acredito que você está citado o versículo 24 que
diz: ‘Mas este (Cristo), porque permanece
eternamente, tem um sacerdócio perpétuo’ (Hb
7.24).
O autor aos Hebreus, nesse texto, está
contrastando o ministério sacerdotal levítico com o
ministério sacerdotal de Cristo e, não o sacerdócio de
Cristo com o de Melquisedeque.
E a base do autor para defender que Cristo
‘tem um sacerdócio eterno’, aparece no versículo 21:
‘Mas este (Cristo) com juramento (foi feito
sacerdote) por aquele que lhe disse: Jurou o Senhor,

180
e não se arrependerá; Tu és sacerdote eternamente,
Segundo a ordem de Melquisedeque’ (Hb 7.21).
Quer dizer, Cristo tem um sacerdócio eterno,
exatamente, porque ele pertence a Ordem de
Melquisedeque e não a Ordem de Arão (Hb 7.11).
A Ordem de Arão é que ‘foi temporal’, e não a
Ordem de Melquisedeque. E, além do mais, o próprio
Deus jurou que Jesus seria sacerdote eterno segundo
a Ordem de Melquisedeque, então, como agora,
Deus vai abolir essa Ordem. Lembrando que esse
termo ‘ordem’ nesses textos significa ‘classe,
categoria, posição’.
A seu segunda diferença que você cita é: ‘No
sacerdócio de Melquisedeque e de todos os
sacerdotes do Velho Testamento, o sangue usado
para expiação era de animais (bodes, bezerros,
touros e novilhas), enquanto que o sacerdócio de
Cristo foi exercido com o derramamento de seu
próprio sangue (Hebreus 9:12-14)’.
Aqui você, primeiramente, compara o
sacerdócio de Melquisedeque com o sacerdócio
levítico (ou da velha aliança), enquanto que o autor
aos Hebreus confronta-os em Hb 7.11,12 que diz:

‘De sorte que, se a perfeição fosse pelo
sacerdócio levítico (porque sob ele o povo
recebeu a lei), que necessidade havia logo
de que outro sacerdote se levantasse,
segundo a ordem de Melquisedeque, e não
fosse chamado segundo a ordem de Arão?
Porque, mudando-se o sacerdócio,

181
necessariamente se faz também mudança
da lei’.

A Ordem de Melquisedeque é totalmente
diferente da Ordem de Arão, enquanto que o
sacerdócio levítico não traz a perfeição, o sacerdócio
de Melquisedeque foi exatamente levantado para
trazer a perfeição.
E note, que o sacerdócio de Melquisedeque
substituiu o sacerdócio levítico quando diz:
‘mudando-se o sacerdócio’. Que mudança foi essa?
Ora, Deus removeu o imperfeito, temporário, carnal
sacerdócio de Arão e colocou em seu lugar o perfeito,
eterno e espiritual sacerdócio de Melquisedeque.
E além do mais, em lugar nenhum das
Escrituras diz que Melquisedeque oferecia animais,
a única coisa que o encontramos oferecendo foi pão
e vinho conforme está escrito em Gênesis 14.18: ‘E
Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e
era este sacerdote do Deus Altíssimo’.
E sabemos que esses dois elementos apontava
para o sacrifício de Jesus Cristo e foi exatamente
esses mesmos elementos que Cristo usou para
instituir a ceia do Senhor.
Na sua terceira diferença, você escreveu: ‘Cristo
é ministro do santuário do verdadeiro tabernáculo
estabelecido por Deus (Hebreus 8:2), e não do
virtual, que foi exercido por Melquisedeque e por
todos os sacerdotes do Velho Testamento’.
Melquisedeque não exerceu seu ministério no
tabernáculo virtual, pois este pertencia ao

182
sacerdócio levítico que foi ‘feito segundo a lei do
mandamento carnal’, enquanto que o tabernáculo
de Melquisedeque pertencia ‘a virtude da vida
incorruptível’.
Ora, Melquisedeque era rei de Salém e
sacerdote do Deus Altíssimo, essa Salém refere-se a
Jerusalém Celestial, onde se encontra o verdadeiro
tabernáculo, ali, Cristo foi feito sacerdote
eternamente como está escrito: ‘Onde (no céu) Jesus,
nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente
sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque
(Hb 6.20; 7.1).
Esse Melquisedeque não é terreno, mas
celestial, pois ele, à semelhança de Cristo, é ‘sem pai,
sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de
dias nem fim de vida’ (Hb 7.3).
A sua quarta diferença que você tenta provar
entre Melquisedeque e Cristo diz: ‘Com a mudança
do sacerdócio houve também a mudança da lei
(Hebreus 7:12) e assim, todo aquele arcabouço
ritualístico de religiosidade aparente, que regia o
ministério do Velho Testamento, deu lugar ao
ministério eficaz e autêntico de Jesus no Novo
Testamento (Hebreus 8:6; 8:13; 2 Coríntios 3:6)’.
Qual o sacerdócio foi mudado? O sacerdócio
levítico. E foi mudado para qual sacerdócio? Para o
sacerdócio de Melquisedeque. A Escritura diz que
Cristo foi ‘chamado por Deus sumo sacerdote,
segundo a ordem de Melquisedeque’ (Hb 5.10).
Ora, se a ordem de Melquisedeque foi mudada,
então, Cristo é sacerdote de qual ordem? A Bíblia diz

183
que: ‘Cristo não se glorificou a si mesmo, para se
fazer sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse... Tu
és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de
Melquisedeque’ (Hb 5.5,6).

Ora, para que Deus pudesse cumprir esse
juramento, ele teve que remover o sacerdócio de
Levi e colocar em seu lugar o sacerdócio de
Melquisedeque.
E esse sacerdócio é exatamente ‘o ministério
eficaz e autêntico de Jesus no Novo Testamento’.
Veja que a Escritura diz que esse juramente
‘constitui ao Filho, perfeito para sempre’ (Hb
7.21,28). Os sacerdotes levíticos foram feitos
sacerdotes sem juramento (Hb 7.20), quer dizer,
Deus não jurou que o sacerdócio levítico seria eterno,
por isso ele poderia muda-lo, porém, Deus jurou que
o sacerdócio de Cristo segundo a classe sacerdotal de
Melquisedeque seria eterno (Hb 7.20).
Então, Deus não pode remover e nem mudar,
jamais, o sacerdócio de Melquisedeque, pois o
juramento de Deus é imutável (Hb 6.17,18).
Portanto, permita-me corrigir a sua frase: os
‘dois ministérios (de Melquisedeque e de Cristo)
estão relacionados entre si, e um é a continuidade do
outro, visto que as semelhanças entre eles são muito
grandes’.
A própria Bíblia diz que Melquisedeque foi
‘feito semelhante ao Filho de Deus’ (Hb 7.3) e que
Cristo é ‘à semelhança de Melquisedeque’ (Hb 7.15).

184
Logo não pode haver ‘diferenças entre eles’ como
você afirma.
E assim como Abraão, pai dos crentes e
patriarca da nação de Israel e Levi pai dos sumos
sacerdotes e dos sacerdotes levíticos pagaram o
dízimo a Melquisedeque (Hb 7.2,9), assim, também,
nós devemos pagar nosso dízimo a Cristo.
Ambos pertencem a mesma classe sacerdotal
que não foi abolida e nem invalidada e jamais será,
antes pelo contrário, está em pleno vigor, pois assim
lemos: ‘ali (no céu, toma dízimo), porém, aquele
(Cristo) de quem se testifica que vive’ (Hb 7.8).

Outras obras literárias de Edinaldo Nogueira:













Para baixar os livros acesse os sites:
www.issuu.com ou www.4shared.com


Edinaldo Nogueira
Fortaleza-CE, Dezembro, 2018

185
BIBLIOGRAFIA
 Manual de Apologética Cristã, Esequias Soares,
CPAD, 2002
 Do Sábado Para o Domingo, Samuele
Bacchiocchi, 1992
 Teologia Sistemática - Vol. 1, Norman Geisler,
CPAD, 2010
 Vida Cotidiana nos Tempos Bíblicos, J. I.
Packer, Merrill C. Tenney e William White,
Editora Vida, 1988
 Comentário Judaico do Novo Testamento,
David H. Stern, Editora Atos, 2007
 Novo Manual de Usos e Costumes dos Tempos
Bíblico, Ralph Gower, CPAD, 2012
 O Sábado Judaico e o Domingo Cristão, Edmar
Barcellos, Editorial Projecto, 2002
 Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, Vol.
2, Russell Norman Champlin, Ed. Hagnos, 2013
 Patrística - Padres Apostólicos, Ed. Paulus,
1995
 História Eclesiástica, Eusébio de Cesaréia,
CPAD, 1999
 História dos Hebreus, Flávio Josefo, CPAD,
2004
 Revistas de Lições Bíblicas, 1ºTrim/2014,
4ºTrim/2014, 1ºTrim/2015, CPAD

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