Ao perceberem a possibilidade de diferentes formas de execução, reconhecem o procedimento do
colega como mais produtivo e econômico, construindo, assim, a lógica necessária para poder
aprender (a criança aprendeu com outra que sabe mais).
Tem-se, assim, de um delicado casamento entre a disponibilidade da informação externa e a
possibilidade da construção interna - construtivismo: um modelo explicativo da aprendizagem que
considera, ao mesmo tempo, as possibilidades do sujeito e as condições do meio.
Cabe ao professor tomar decisões importantes, seja na formação das parcerias entre alunos, seja nas
questões que ele mesmo propõe no desenrolar da atividade.
Todas as crianças sabem muitas coisas, só que umas sabem coisas diferentes das outras.
As crianças são provenientes de culturas diferentes e isso contribui para que saibam coisas
diferentes, por isso é importante que o professor tenha claro que as crianças provenientes de um
nível cultural valorizado pela escola apresentam enormes vantagens em relação às outras crianças.
Para tais crianças a escola será muito mais fácil, porque está em consonância com a cultura da
família e do seu ambiente. Por outro lado, as crianças provenientes de ambientes onde as pessoas
possuem menor grau de escolaridade e distantes dos usos cotidianos dos conteúdos que a escola
valoriza encontrarão dificuldades.
Assim, a equalização das oportunidades de aprendizagem dessas crianças deve ser uma tarefa da
escola que deve repensar sua própria prática, de modo a não prejudicar o sucesso escolar desses
alunos. (...) "É preciso, pois, educar o olhar para enxergar o que sabem as crianças que
aparentemente não sabem nada".(p, 49)
A equalização de oportunidades de aprendizagem não significa uma pedagogia compensatória.
É preciso socializar os conteúdos pertencentes ao mundo da cultura: literatura, ciência, arte,
informação tecnológica, etc., pois isso é uma questão de inserção social e, portanto, direito de todas
as crianças. A escola não pode ser instrumento de exclusão social.
Todo professor deve levar todos os seus alunos a participarem da cultura.
O termo cultura é utilizado não em seu sentido antropológico e sim no do senso comum: a cultura
erudita e a de larga difusão, mas produzida para e pela elite.
Todos os professores, principalmente, aqueles das classes iniciais que quiserem contribuir para que
todos os alunos de sua classe tenham a mesma oportunidade de aprender, devem estimulá-los a
participar da cultura.
É papel do professor ler diferentes tipos de assuntos/textos (usar o jornal e outras fontes de
informação e de pesquisa) em classe e levar as crianças para exposições de artistas importantes. É
preciso oferecer às crianças a oportunidade de navegar na cultura, na Internet, na arte, em todas as
áreas do conhecimento, em todas as linguagens, em todas as possibilidades.
Um exemplo de alguém que sabia como tratar as crianças era Monteiro Lobato que escrevia livros
contando coisas da Antiguidade, falando de astronomia, da história do mundo. Porém, o que
normalmente se oferece para as crianças lerem são histórias empobrecidas, versões resumidas e
textos com supressões.
Não é possível formular receitas prontas para serem aplicadas a qualquer grupo de alunos.
Nos anos 1970, uma visão de escola como linha de montagem, denominada de tecnicista,
voltada para criar máquinas de ensinar, métodos de ensino, sequências de passos pro-
gramados, dominava a concepção de ensino e aprendizagem. No Brasil, esse modelo chamava-se
ensino programado. A função do professor, nesse modelo, era simplesmente, a de administrar o
ensino programado e foi, justamente, esse modelo o responsável por uma exigência cada vez mais
baixa de qualificação dos professores.
O ensino programado permitia o que se chamava de 'ensino na medida do estudante', que
embora considerasse os vários ritmos de aprendizagem da criança, todos aprendiam, pois, seguindo