dor a quem dor nos causou, afligir quem nos afligiu. Toda vez que xingamos estamos expressando raiva,
dor, ódio, frustração, desapontamento, decepção e coisas tais. Quando tratamos alguém com rispidez,
grosseria, exasperação, irritação, má vontade ou qualquer tipo de sentimento ou atitude que faz com que
nosso interlocutor sinta-se ferido, magoado ou simplesmente "indesejável" estaremos diante da
comprovação da inexistência de mansidão em nosso ser. De se concluir que a mansidão é também
externação da benignidade. Enquanto que a bondade é a prática de atos de benignidade, a mansidão nos
faz abster de praticar qualquer ato que vá ferir, magoar, prejudicar, irritar, ou até mesmos deixar nossos
companheiros de jornada aborrecidos ou entristecidos.
A Palavra de Deus, repita-se, é espiritual e deve ser espiritualmente interpretada. Essa mansidão de
que a fala a Bíblia, tem o sentido de INABALÁVEL. Fé inabalável. Essa é a fé que fez com que Paulo e Silas
cantassem hinos de louvor a Deus nas masmorras da cidade de Filipos (Atos 16). Quem tem uma fé
inabalável é firme como o monte Sião (Salmo 125) que não se abala. Somente quem é dominado pelo
Santo Espírito de Deus consegue essa mansidão.
FRUTO DO ESPÍRITO: TEMPERANÇA (10)
A última parte do fruto (ou último fruto, como queira) é a temperança, que algumas versões colocam
como "domínio próprio". O dicionário coloca que temperança é "qualidade daquele que é moderado nas
paixões, nos apetites, etc.; comedimento, sobriedade", o que, é evidente, não cabe no conceito bíblico de
temperança. Mais uma vez devo lembrar que o entendimento bíblico deve ser espiritual, e, portanto, de
acordo com o Espírito de Deus.
Temperança, em linhas gerais, é o negar-se a si mesmo de que falou Jesus em Mateus 16:24; Marcos
8:34 e Lucas 9:23.
As pessoas fazem o que acham certo ou o que querem, desejam fazer. Não raro, ocorrem
contradições entre os sentimentos e os pensamentos: queremos fazer o que condenamos, o que achamos
errado, reprovável; ou não queremos fazer o que precisa ser feito.
Deus precisa dominar nossos pensamentos (espírito) e nossos sentimentos (alma). Enquanto nossos
pensamentos e nossos sentimentos forem carnais e vendidos sob a escravidão do pecado (Rom.7), nossos
atos também o serão. Enquanto não chegarmos a estatura de varão perfeito, estaremos sujeitos a fazer o
que é errado, pensando que é o certo, e nos deixar dominar por emoções carnais, pelo desejo lascivo,
devasso, destrutivo.
Não digo que devamos negar e reprimir todas as nossas emoções, sentimentos e desejos, mas que
isso deve acontecer para nossa alegria e alegria dos que vivem e convivem conosco. Entregar-se às
emoções que magoam, matam e destroem nos conduzirá para as trevas e para a solidão.
Entende?
Nossos pensamentos vão se formando aos poucos, vão evoluindo, e se tornam como as rochas que
seguram as ondas do mar (e também precisam da santificação). Não são as águas que seguram as
rochas, são as rochas que seguram as ondas. Assim, os pensamentos é que refreiam as emoções. A
raiva, o ódio, a paixão, o desejo, são tempestades que agitam nossa alma, e se não houver rochas altas,
rígidas e firmes, as águas acabam por escapar, destruindo tudo que está à frente.
Enquanto não se chega ao final do processo de santificação, eu entendo que devemos confiar mais
em nossos pensamentos do que em nossos sentimentos. Desconfie sempre de tuas emoções. Machado de
Assis (escritor de romances do início do século XX) já dizia que "a emoção nunca foi boa conselheira".
A temperança (negar-se a si mesmo) é justamente isso: reprimir sentimentos, emoções e desejos
carnais, egoístas e destrutivos, e agir mais de acordo com os pensamentos. Os pensamentos são mais
confiáveis, visíveis, compreensíveis e palpáveis. Nossas emoções mudam de repente, sem nenhum motivo
aparente. O mesmo não ocorre com nossos pensamentos. A emoção não distingue o que é bom ou mau.
O pensamento distingue quais são as emoções "boas" ou "más".
Emoções, desejos, sentimentos são coisas que despencam (ou explodem) em nós, sem que peçamos,
sem que possamos escolher. Não somos nós que controlamos o surgimento, o nascimento, a gênese de
nossas emoções. Mas somos nós que controlamos o crescimento e o desenvolvimento dessas emoções
dentro de nossos corações.
Temperança é a capacidade de não se deixar dominar pelas emoções que nos afastam de Deus (por
mais que queiramos), e alimentar as que nos aproximam de Deus (por mais que as repudiemos).
FRUTO DO ESPÍRITO: CONCLUSÃO (11)
O estudo do fruto (ou frutos) do Espírito Santo é extremamente importante, e... humilhante. Ao
mesmo tempo nos incentiva, no induz, nos constrange a passar mais tempo e nos dedicarmos mais ao
estudo, à oração e à comunhão do Santo Espírito de Deus, também revela nossas falhas, nossas
omissões, defeitos e a deformação que o pecado produziu em nossa alma, em nosso ser.
A produção de frutos é um ato natural. Toda árvore frutífera tem frutos. Bons ou maus, úteis ou
inúteis, visíveis ou invisíveis. É algo tão natural quanto à água que molha, ou o fogo que queima.
Árvores que não dão frutos são árvores que sofrem de algum tipo de deficiência.
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