PARTE IV - A HISTÓRIA DESCONHECIDA DOS HOMENS
14 O Lado Secreto da História
O lado visível da história, aquele que é pesquisado pelos historiadores, surge das
narrativas, das crônicas, dos relatos de primeira mão, daqueles que se ouviram de outros, e
por último, das lendas. Já a história que ocorre nos bastidores, esta somente vem à luz em
razão da eventual indiscrição dos participantes dos acontecimentos. Muitas vezes, sua
versão muda bastante o que se pensa saber a respeito da história oficial. Apesar de rejeitada
pelos historiadores ortodoxos, ainda assim ela merece ser estudada.
A se acreditar em certos pesquisadores, é possível que a ação de determinadas
sociedades secretas seja capaz de levar a cabo gigantescas transformações sociais em todo o
mundo, à revelia do conhecimento ou da vontade dos cidadãos comuns de cada país.
Quando Carlos Magno
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conquistou a Saxônia em 772 d.C., ele somente conseguiu
subjugá-la após a criação de um tribunal secreto, o Vehm, com o qual os gauleses foram
encarregados de suprimir o paganismo entre os saxões. Quando a região foi por fim
pacificada, o tribunal tornara-se tão poderoso que não hesitou em resvalar para a
clandestinidade, quando se tentou acabar com ele. Por mais de mil anos permaneceu na
penumbra, servindo a muitos poderosos, os quais mantinham uma atitude mesclada de
complacência e oportunismo com relação ao tribunal. O Vehm foi a semente de várias
sociedades que se espalharam posteriormente, principalmente pelos países de língua alemã.
Os Templários, antes de sua dissolução, e posteriormente várias fraternidades maçônicas
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Carlos Magno (neto de Carlos Martel, que deteve os sarracenos ao vencê-los na batalha de Poitiers, em
732 d.C.) conseguiu recuperar em parte a antiga glória do império romano. Ele reuniu a Europa Central em
um corpo político simultaneamente temporal e espiritual. Ao invés de obrigar as nações a obedecerem a uma
única vontade, ou a se submeterem a leis que contrariavam os costumes diversos de cada povo, Carlos Magno
instituiu um concerto de nações em que havia influência, mas não dominação. Ao restaurar o símbolo político
do império romano, o que conseguiu pela sua coroação realizada pelo próprio papa (o que significava, de
certa forma, uma unção que o transformava em chefe temporal e espiritual), Carlos Magno conseguiu algo
que nenhum povo bárbaro invasor conseguiu: tornou-se rei por direito divino, (e por ser descendente dos
bárbaros germanos), não um usurpador. O historiador Césare Cantu diz que a sua autoridade começava na
Austrásia e abrangia as províncias do Escaut, Mosa e Mosela, até ao Reno; além da Hesse, da França renana,
da Alsácia, da Alemanha, da Suábia, da Baviera, da Caríntia, do Saxe, da Frísia. À Neustria ou França
ocidental, situada entre o Escaut, o Mosa e o Loire, ligavam-se a Aquitânia, a Septimânia, a Borgonha, como
o Nivernes, o Franch-Comté, a Suíça Borguinhesa, o Valais, Genebra, Lion, o Delfinado e Avignom; além da
Sabóia, a Provença e as Marcas de Espanha. Toda a Itália lhe obedecia, à exceção da Calábria, da Campânia,
de um porção da Lucânia, da Sicília, ainda gregas, do ducado longobardo de Benevento e do patrimônio da
Igreja. A Córsega, a Sardenha, as ilhas baleares, eram-lhe disputadas pelos árabes. Todo este império (que
reunia vinte nações distintas: francos, bascos, visigodos, bretões, saxões, turíngios, frisões, bávaros, recianos,
alemães, borguinhões, lombardos, obotritas, vilzes, lusácios, sorábios, tseques, morávios, croatas e
esclavões), o primeiro a unir toda a Europa, se desfez após a morte de Carlos Magno. Vinte e nove anos após
a sua morte, o império estava dividido nos reinos de França, Germânia e Itália. Em mais quinze anos, dividiu-
se em sete estados: França, Navarra, Provença, Borgonha, Lorena, Germânia e Itália.