oferece produtos piores do que os nossos, tem funcionários com nível inferior aos
nossos, mas, por algum motivo estranho e desconhecido, vende mais do que nós.
Uma coisa que eu aprendi na vida é que empresas inteligentes sempre têm
concorrentes de bom nível, enquanto as empresas burras têm concorrentes
ignorantes. Sempre que uma empresa decide tratar o concorrente como um traste,
ela pode esperar pelo pior, porque a reação normal do desafeto será a de partir para a
ignorância. E, como se sabe, daí para frente será o caos, porque dois ignorantes
jamais chegam a um acordo. Concorrentes são adversários, não são inimigos. Bons
concorrentes se ajudam no desenvolvimento do mercado, através de produtos
melhores, de inovações e de boas campanhas. Maus concorrentes diminuem a
qualidade e promovem guerras de preço, achando que, assim, estarão prejudicando o
outro e não a si mesmos. Bons concorrentes cooperam entre si, dentro dos limites
legais e éticos. No caso dos funcionários, a coisa funciona da mesma maneira.
Funcionários são seres humanos normais, que procuram o sucesso pessoal. Para
conseguir isso, terão que superar seus concorrentes, que são os colegas que estão na
mesa ao lado. E aí, como enfrentar a concorrência de um colega? Os bons
concorrentes conversam. Os maus concorrentes se ignoram. Os bons concorrentes
se ajudam. Os maus concorrentes querem prejudicar um ao outro. Bons
concorrentes se entendem. Maus concorrentes vivem se desentendendo. No
mercado de trabalho, ser bom não basta. O segredo é saber convencer os colegas
concorrentes de que somos melhores que eles, mas sem nunca tentar mostrar que
eles são piores do que nós.
A importância do networking interno
OUTRO DIA, EU RECEBI UMA LIGAÇÃO DE UMA PESSOA QUE
TRABALHOU comigo há dez anos. Vou chamá-lo de Airton, entre outras coisas
porque o nome dele é Airton. Eu deduzi que o Airton, em teoria, queria saber como
iam as coisas, porque ele me perguntou: “Max, como vão as coisas?”. E eu respondi
com outra pergunta: “Quem está falando?”. Aí, o Airton me falou o nome dele e eu
não lembrei quem ele era. O Airton então me disse que havia trabalhado comigo, e
eu continuei não lembrando. Lá pelas tantas, o Airton esclareceu que a gente não
tinha, assim, muito contato. E, finalmente, confessou que nunca tínhamos nos
encontrado pessoalmente, apenas trabalhávamos na mesma empresa, mas em prédios
diferentes. O círculo de relacionamentos, ou networking, é uma das coisas mais
importantes hoje em dia. Em muitos casos, vale mais que um currículo. A maioria
imagina que fazer um networking é conhecer gente de outras empresas. Na verdade,
o bom networking começa em casa, com as pessoas da própria empresa. E muita
gente que está empregada perde a chance de fazer contatos com colegas dos quais
poderá precisar daqui a cinco, dez, quinze anos, e que estão ali, bem ao lado,
disponíveis para uma conversa. Esse relacionamento interno não tem nada a ver com
amizade nem com coleguismo, é apenas, digamos assim, uma poupança profissional.
Para que isso funcione, é preciso que o funcionário se torne conhecido dentro da