Resolvi sair em defesa do outono e me surprendi com tanta beleza que a natureza nos proporciona nessa época do ano.
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Language: pt
Added: Aug 11, 2008
Slides: 48 pages
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As Cores do Outono
Jacques Prevert poeta francês nascido no começo do século passado,
talvez tenha escrito uma das mais belas poesias sobre a dor da
separação. A poesia chama-se ”Les Feuilles Mortes” ( Folhas Mortas) e tem o outono
como pano de fundo.
De tão bela, na tristeza de seus versos, esta canção
de amor, em pouco tempo transformou-se em música e em filme,
“Les Portes de La Nuit” (As Portas da Noite), estrelado por Yves Montand. em 1946.
Mas foi nos anos cinqüenta que a versão americana dessa música,
conhecida por “Autumn Leaves” (Folhas de Outono), tornou-se imortal na voz de Nat King Cole.
Quem quiser ouvir a versão dessa maravilhosa canção, em
francês, veja o clipe de Andrea Bocelli, no Youtube.
Vale a pena conhecer as duas composições.
O outono traz em si mesmo uma conotação de tristeza, de
separação, de coisas que caem, de belezas que findam, de
vida que se esvai. Afinal, chegado o outono, as alegrias do
verão já pertencem ao passado, o céu se tinge de cinza,
desaparece o calor do sol e as folhas morrem.
Símbolo do triste ocaso de uma estação de luz e da vida, o
outono tem inspirado muitos artistas além de Prevert.
“Folhas Mortas” também foi tema para uma composição de
Ari Barroso. Será que alguém se lembra deste samba
canção?:
“Tive carinhos... Já tive sonhos,
Os dissabores levaram minh'alma...
Por caminhos tristonhos.
Hoje sou folha morta, que a corrente transporta ...
Oh, Deus! Como eu sou infeliz!”
O colombiano Gabriel Garcia Marques, laureado com o
Nobel de literatura, escreve sobre o triste fim de um ditador
em ”Outono do Patriarca”.
Ingmar Bergman, no magnífico filme ”Sonata de Outono”, produziu
uma obra prima sobre uma pianista de meia idade que, ao ver bem
próximo o fim de sua carreira de sucesso, tenta recuperar o amor da
filha que por anos negligenciara.
Não é portanto sem razão que o Dicionário Michaelis define outono
como: ... idade que precede a velhice; decadência, declínio, ocaso;
o primeiro período da velhice.
Ou seja, o outono tem tudo para ser doloroso, monótono e triste.
Mas eu descobri aqui, nestas latitudes boreais, que o outono tem
um lado desconhecido.
Acho que Tom Jobim já tinha percebido isso quando compôs
“Águas de Março” e, já prevendo a chegada do seu outono, canta
os versos:
"São as águas de março fechando o verão
São promessas de vida no meu coração"
Foi o que de melhor achei na internet, assinado por Lorenzo Madrid, ao pesquisar tudo sobre outono.
Na verdade, procurei intensamente comentários a respeito do
outono, pois sempre achei que fazíamos injustiça com essa linda
estação do ano.
Encontrar o comentário de Lorenzo muito me ajudou, enquanto
descobria as lindas fotos do site
http://ildesantos.multiply.com/photos/album/45#25.
As fotos, por si só, já me seriam suficientes para sair em defesa do
outono, até então apenas uma estação do ano que vem depois do
verão, e proclamar os seus encantos, cantados em versos por Tom
Jobim e outros compositores.
Sempre indaguei: por que tratarmos o outono com menos importância e
entusiasmo do que aferimos às demais estações?
Sobre o fenômeno das cores que explodem nos galhos das árvores, dizem que
se dá por um stress da natureza, em decorrência da falta da chuva e dos raios
solares na proporção exata de sua necessidade.
Daí o nosso empenho para sair em defesa desse período tão
desprivilegiado e mal valorizado. Talvez porque a ele se segue o
inverno, época de isolamento e frio, essa proximidade contagie a
estação das “ Falling Leaves”.
Mas até o inverno tem sua beleza e oferece ocasião de prazer.
Quem pode curte suas lareiras com os fondues e raclettes e, de acordo com suas
posses, alguns vão para Aspen, outros para Bariloche e o sul do Brasil, nessa
época, também atrai turistas que se maravilham ao contato com a neve.
E depois há ainda todo aquele clima de espera da primavera com suas cores e
beleza. Com o poema de Cecília Meirelles que transcrevemos a seguir, a
estação primaveril já se faz presente com todo o seu carisma e frescor.
“A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua
jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas
naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.”
A primavera sempre teve incontáveis poetas a louvá-la e defini-la com amor.
Ao verão, bastaria “Águas de Março” de Tom Jobim, que já se tornou conhecida
internacionalmente, para enaltecer a calorosa estação.
O inverno também tem seu charme, sugerindo lindos trajes especiais, proporcionando festivais,
competições e várias manifestações culturais e esportivas. Enfim, é uma estação inspiradora pelas
lindas paisagens e que se impõe pelo diferencial.
Daí minha proposta de sair em defesa do outono.
Argumentos?
Precisamos de mais, além das lindas fotos que estampamos nessa apresentação?
Admiremos suas cores e formas, na certeza de que Deus nos deu os dias para serem vividos intensamente.
Cada qual com seus encantos, características e excentricidades.
Compete a nós contemplar e usufruir a beleza e o estímulo que se apresentam aos nossos olhos, motivos
suficientes para nos manter vivos, felizes e agradecidos sempre. É preciso perceber que o belo e o fantástico se
fazem presentes em toda essa diversidade.
Fiquem com as imagens e a beleza ímpar do outono. Só por elas, nossa homenagem e reconhecimento.
Texto e apresentação por Renato Cardoso.
Com o outono vem a escassez da chuva e as árvores sentem.
Mas como querendo mostrar que estão vivas, se esforçam e nos
exibem flores com cores únicas... só possível nessa época do ano.
www.vivendobauru.com.br