ciscar... Aquilo nao tinha fim. Parecia que aqui
galinhas só viviam para ciscar. Mas havia outro
motivo, € claro. El botavam ovos. Muitos ovos.
im corria a vida no galinheiro: o galo a canta
galinhas a ciscar e a botar ovos. S
Porém, havia uma jovem galinha, a Carols
jue parecia se chatear muito com aquela vida. Ela
nao ciscava tanto quanto 2
nc “se na grade e ficava
inguém sabia o que ela olhava
st galinha cresceu e chegou a sua época de
botar Gyos. Era costume no galinheiro todos
prestarem atencio no primeiro ovo que uma galinha
Bótasse. E, afinal, chegou o grande dia. Carola
retiröu-se para'o canto mais sossegado do galinheiro
Er botar o seu.ovo. Porém, em vez de mostrá-lo,
ela ficou ali, quictinha, sem dizer nada a ninguém
Ficou, pensativ
As outras galinhas ficavam em volta dela e
diziam ao mesmo tempo:
— Vamos, deixe a gente ver o seu ovo...
— É grande?
— É amarelo?
Carola, tímida, saiu de seu ninho e mostrou:
— Oh! Nao é possivel!
— Um ovo... quadrado?
— Como?!
Num instante, todos ficaram sabendo da
espantosa novidade e foi convocada uma reunido
urgente, porque eles achavam que alguma coisa
deveria ser feita, imediatamente.
— Estragaria a nossa reputaçäo — dizia outra.
— Eo que € que os vizinhos váo pensar? —
cacarejava outra.
— Eu bem que desconfiei que Carola ainda
nos traria problemas — disse uma outra galinha,
muito invejosa.
Armou-se tamanha confusäo no galimheiro que
o se entendia mais nada do que diziam
O galo era o juiz, e, como tal, tomou a
palavra:
— Siléncio
falar.
Pigarreou e, depois, falou:
— Distinto público, a situaçäo € grave. Todos
concordamos nao poder aceitar tal coisa no nosso
querido galinheito. Tragam aqui a mal-cducada,
quero dizer, a Carola
Mas, embora Carola fosse uma galinha muito
corajosa, nao póde evitar que seus joelhos
tremessem.
O juiz continuou, em voz alta:
Vocé nao tem culpa de ter botado um ovo
quadrado. Nós nao iremos desprezá-la por isso,
desde que vocé jogue fora o seu ovo, só isso, e
viveremos felizes para sempre.
— O qué? — gritou Carola furiosa. — Jogar
fora o meu ovo? Nunca, ouviram bem?, nunca
N-U-N-C-A. NUNCA!
Depois disso, Carol proteger o
seu frágil ovo quadradc ando
— Eu gosto uito d Y do ito que
ele €. E náo vou me separar dele
As outras galinhas ficarar nuit nervosas,
uma delas até desmaiou — e o galo, como juiz,
bateu com o martelo no caixote, com bastante
forca, para chamar a atengäo geral e disse
- Muito bem, Carola será considerada uma
galfha desordcira. Já que náo quer aceitar o
reglamento, será expulsa. Nunca mais porá os pés
aquisfeste galinheiro! De acordo?
A. aprovaçäo foi geral. Carola teve que aceitar a
deóióab. Arrumou as suas coisas, agasalhou bem o
seymovo quadrado e foi embora
4 Mas, ir para onde?
Ela, uma jovem galinha, que nunca havia saido
de casa, nada conhecia do mundo.
Mas nao importa, Carola estava decidida a
continuar com o seu ovo quadrado e disposta a
enfrentar qualquer coisa
Já estava escurecendo e ela procurou um lugar
para passar a noite com o seu ovo, longe dos
perigos da cidade. Depois de andar muito,
encontröu um buraco numa grande árvore e
ajeitou-se o melhor que póde, chocando o seu
SYinho. Só saía de vez em quando para comer'e
beber água, mas voltava depressa. Adormecia,
acordava, sempre chocando o seu ovo. Assim,
depois de vinte e trés dias aconteceu o esperado:
seu filhote estava saindo da casca. Era um lindo
pintinho, amarelo e bem quadrado.
Carola ficou muito feliz com o seu filhinho e
abragou-o carinhosamente. Nunca vira um pintinho
táo original assim.
A
m até que
ra agradävel
muita seguranga por ser muito
À Por isso, ela e o pintinho quadrado
continuaram a procurar um novo lu
Mas todos os melhores lugares esta
buracos, ninhos e rnas já esta
ninguém.
“oe ni GT
a Ü
nen
> a
&
Mas Carola continuou procurando, "are qué
feyou um verdadeiro susto! Cheia de alegria, viu 3
sua frente um belo galinheiro, com muito espago
Creio que conseguiremos ficar aqui
pensou Carola, enquanto se dirigia a entrada do
galinheiro. Bateu e ficou esperando. Ulita Balinha
filhinho
Por qué? — perguntou a outra
Bom — disse Carola, ansiosa e muito
tímida eu morava num galinheiro, ali, perto da
a de lá, e
montanha, mas acontece que fui expuls
‘nao tenho para onde ir
A outra cocou a cabeca e perguntob,
desconfiadal
Mas por que vocé foirexpulsa, minha filha?
Sao todos tao bonzinhos naquele galinheiro
— Oh, nao sao. Nao sao bonzinhos, nao. Eles
me expulsaram só porque eu botei um ovo
quadrado e...
— O QUE??? Um ovo QUADRADO!?
E, BLAM! Bateu a porta na cara dela
oe
Ele percebeu que a sua máe estava tendo
problemas por sua causa, e vendo-o assim Carola
logo o consolou:
— Filhinho, náo se preocupe. Nós acharemos
um bom lugar para viver, vocé verá.
Mas mamáe, o que há de mal em ser
quadrado? Por que ninguém gosta de mim?
— Deixe de bobagens, querido. Nao há
nada errado com vocé. A mamáe gosta muito de
vocé, sabe?
Sim, eu sei, mamäe. Mas vocé ainda nao
explicou por que ninguém gosta de mim. Por que
todos se espantam comigo?
— Sabe, meu bem, é que muita gente se deixa
levar pelas aparéncias.
— Eo que € ‘‘aparéncias’’, mamäe?
— ‘‘Aparéncias’’ € aquilo que parece ser, mas
nem sempre é. Entendeu?
O pintinho quadrado fingiu que entendeu,
porque ele já estava com muito sono. Bocejou e
adormeceu sob as asas da sua mae. Logo depois ela
também dormia profundamente, pois estava muito
cansada.
O sol estava muito forte
olhos, bem devagarinho.
novo. Fechou ¢ abriu mais al
olhos com as asinhas e pe:
— Eu estou sonhando,
Mas ela nao estava sonha
verdade
Ao seu re
monte de bichc
simpáticos, como ela
E, assim, como sempre acontece quando
pessoas se simpatizam, conversaram bastante e
arola contou-lhes tudo — tintim por tintim
final já tinham ficado amigos
E po -stamos aqui oncluiu a
— A senhora sabe — disse a tartaruga espiral
, isso também aconteceu com a gente. Todos nös
fomos expulsos por sermos quadrados où redondos,
triangulares ou espirais...
— Isso mesmo — confirmou a girafa
| Mas agora as coisas sao diferentes — dis
pata) Fedondo
=—INós somos muito amigos e nos ajudamos_.
us 208 outros. falou o macaco hexagonal pi
Nós nao estamos contra os litros bichos —.
suspirou o coelho triangular Eles,e que
gostam de nós, mas nós nao temMös taiva deles
— Queremos ajudar a construir um mundo
outros, dizendo
sáo quadrados ou redondos, isso ou aquilo —
falou, bem calma, a tartaruga que parecia
saber de muitas coisas.
onde ninguém fique reparando nc
que
€
>intinho, curioso, que muito
E como
perguntou o
gostaria de viver num luga
— A gente também
az para construir esse mundo?
assim
ao sabe — confessou O
elefante, que até entáo mantinha-se calado
O pintinho quadrado espantou
=
Mas vocés já säo grandes, e näo
Carola tentou explicar para o filho:
— Querido, náo é porque somos grandes que
abemos de tudo. A gente nunca para de aprender
abem?
O pintinherficon pensando, pensando
Entáo, todos passatain 4 discerur o que cada
um podcria.fazer” pará construir esse mundo que
cles qucriam
As vezes, as idéias eram as mesmas. Em outras
ocasides, nem todos concordavam
“à
Ex
Quando isso acontecia, eles resolviam por
votagäo:
_ Levanta a mao quem € a favor.
Alguns levantavam e ai contava-se as mos
— Agora, levanta o pé quem € contra.