O OUE E A SOC OLOGIA? 15
Harriet Martineau
Harriet Martineau (1802-1876) foi já chamada a
,primeira mulher socióloga", mas, tal como Marx
3u Weber, não pode seÍ vista apenas como uma
socióloga. Ela nasceu e cresceu em lnglaterra,
:endo escrito mais de cinquenta livros, bem como
1ümerosos ensaios. Martineau é hoje considerada
rcmo tendo introduzido a Sociologia na Grã-Breta-
'na, por via da sua tradução da Filosofia Positivade
acmte, tratado ÍunciadoÍ da djsciplina (Rossi, 1973).
:' ém disso, lvlartineau conduziu um estudo siste-
-álico
em primeira máo sobre a sociedade amêri-
:âna no decurso das suas extensas viagens pelo
-:erior dos Estados Unidos da América, na década
:e 30 dÕ século XlX. das quais resultou o seu livro
:. Sociedade na América. A aulota lem importância
:â:a os sociólogos dê hoje em dia por diversas
-32ões. Em primeiro lugar, defendia que quando
= guém estuda uma sociedadê deve centrar-se em
todos os seus aspectos, incluindo as principais ins-
tituiçóes políticas, religiosas ou socìais. Em sêgun-
do lugar, insistia em que a análise de uma socieda-
de deve incluir a vida das mulheÍes. Em terceiro, Íoi
a primeira a olhar de uma forma sociológica para
assuntos anteriormente ignorados, como o casa-
mento, as crianças, a vida pessoal e rel;giosa, e as
relações racìais. Como escreveu a autora, .o quar-
to dâs criânças, os aposentos femininos, e a cozi-
nhâ são escolas excelentes, onde podemos Íicar a
conhecer a moÍal e os modos de uma povo' (lvlar-
tineau, 1962, p. 53). Por último, a autora defendia
que os sociólogos não devem limitâr-se apenas a
observar, mas devem igualmente agir em prol de
uma sociedade. Consequentemente, Martineau foi
uma Íigura activa tanto na deÍesa dos direitos das
mulheres como na luta pela emancjpação dos
escravos.
:-:.r da ciência, da tecnoÌogia modena e da buro
. , , loi colectivamente descrito por Weber coÌno
-
,nrlizaqão - a organizaçaro da vidx económica e
- - >equndo pfincípios de eficiência e tendo por
' .: r ionÌìecimcnto técnico. Se nas sociedades tl.a-
- :"rs a religião e os hábitos enraizados definiam
: ,rres e as atitudes das pessoas, a sociedade
,::rr caractedzava-se pela racionalização de cada
: :.:ii campos, da política à reìigião. passando
, ,-lir idade económica.
-
-
:Joldo com o aúor, a Revolução Industrial e a
: ::-ÌraÌa do capitalismo eram provas de uma ten-
, ,, rraìor no sentido da racionalização. O capita-
:io er.Ì dominado peÌo conflito de classes,
\llrr Cefendia, mas pelo avanço da ciência e
-:
,,'racia - organizações de grande dinensão.
:
.- .i:ber. o caráctel científico era um dos traços
.
- -:ixc te rís ticos do Ocidente. A burocracia. o
- ::rodo cÌe organizar eficientemente unì gnnde
:i Je pessoas, expandiu-sc com o crescimerto
- :-:.-o e político. O autoÌ utilizou o termo deJ€l?-
'.,rr1) para descrever a forma pcla qual o perr-
samento cieDtífico no mundo modcrno lcz clcsapare-
cer as forças sentinentais do passado.
Weber não era. no entanto, totalmcnte optimista
em reÌação às consequências da racionalização.
Temia umu rociedlde nrodema que fos\e um si:lerna
que, ao tentaÍ Íegular todas as esferas da vida social.
destruísse o espírito humano. Receava, em pafiìcular,
os eÍèitos potencialmente sufocantes e desumanizan
tes da burocracia e as suas inplicações no destino da
democracia. A agenda do IÌuminismo do século
XVÌÌÌ, da promoção do progresso, da riqueza e da
felicidade através da rejeição da tradição e da supers-
tição em favor da ciência e da tecnologia, produz os
seus própÌ'ios perigos.
Olhares socioiógicos mais recentes
Os primeiros sociólogos pafiilhavan o desejo de con
ferir sentido à sociedade em mudança em que vivian.
Todavia, queriam Íãzer algo rnais do que limitar-se a
descrever e interpretiir os acontecimentos rnomertâ
neos do seu ternpo. Mais inÌpofiante do que isso, pro-