O Ateliê. 1855. Óleo sobre tela. 359 × 598 cm
O Ateliê é a obra mais ambiciosa de Courbet e também a mais ambígua. Foi recusada
pelo Salão de 1855.
Intitulada pelo artista de O Meu Ateliê – Uma Alegoria Real, ou ainda Resumo de Sete
Anos da Minha Vida, esta obra representa o pintor em frente da tela, pintando uma
paisagem da sua terra natal, Ornans, rodeado por personagens da sociedade parisien-
se do seu tempo.
À direita, estão os seus amigos e protetores, pessoas «amantes da arte» que «têm
ideias realistas», o que, na linguagem do pintor, equivale a dizer progressistas, demo-
cratas, socialistas. Reconhece-se Baudelaire (poeta e crítico de arte), os seus pais, um
casal de amantes, Champfleury (escritor), Promayet (músico), Max Bouchon (poeta
realista), Bruyas (o seu mecenas) e Proudhon (filósofo).
À esquerda, Courbet retrata figuras da política e da vida mundana: um sacerdote, um
judeu, um caçador, um operário. Acredita-se que possa haver um retrato disfarçado
de Napoleão III, vestido de caçador. O chapéu, a guitarra e a faca no chão podem ser
considerados como símbolos do Romantismo já decadente.
Paradoxalmente, esta multidão, que deveria estar no ateliê para ver a obra do artista,
parece distraída ou demasiado absorta nos seus pensamentos. A única figura que ver-
dadeiramente olha o quadro é criança a junto ao pintor e a mulher nua. Pensa-se que
esta mulher possa representar aquela verdade sem disfarce que Courbet tanto pro-
clamara como o princípio orientador da sua arte.