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iniciado no batismo (10.22) e consumado escatologicamente como um todo
xviii
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O descanso mencionado em Gn 2.2, nas palavras de Von Rad (1966, p. 102), é “uma
expectativa escatológica, um cumprimento das profecias da redenção”.
A. T. Lincon (1982, p. 212) entende que o descanso de Gn 2.2 mostra “a consumação
dos propósitos de Deus para a criação”. E quais são esses propósitos? A redenção de
Seu povo e um descanso consumado num ambiente celestial. Assim Lincon interpretada
esse descanso a luz de uma escatologia inaugurada.
Ainda que esta visão esteja correta, precisamos estreitar um pouco mais seu significado.
O descanso deve ser interpretado como a entrada na Nova Aliança, por meio do grande
Dia do Sacrifício da Expiação pelo grande sumo sacerdote, Jesus
xix
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Em primeiro lugar, Levítico 16. 29-31 e 23. 26-32 apresentam o Dia da Expiação como
um “sábado de descanso” durante o qual as pessoas não poderiam faze obra alguma e
era purificada de seus pecados. Nas duas passagens, a ordenança do sábado está em
associação direta com a oferta do sumo sacerdote no Dia da Expiação, e essa oferta
recebe atenção especial do autor de Hebreus (2. 17-18; 4. 14-5.4; 7. 26-28; 8.3-10.
18)
xx
.
Em segundo lugar, os pesquisadores em geral não conseguem perceber essas profundas
conexões lexicais existentes entre 3.1 – 4.3 e os dois resumos mais importantes sobre a
obra sacerdotal de Cristo na epístola, a saber, 4. 14-16 e 10. 19-25, passagens que
formam uma inclusio em torno do discurso do autor sobre a designação do sumo
sacerdote celestial e sua oferta superior
xxi
.
Analisando cuidadosamente, o resumo de 10. 19-25 volta atrás e se conecta com a seção
de exortação (3.1 – 4.13), por meio de termos relacionados: “irmãos” (3.1; 10.19); o
nome Iesôus – “Jesus” ou “Josué” (3,1; 4.8; 10.19); “considerai” (3.1; 10.24); Cristo
como o grande sumo sacerdote (3.1; 10.19,21); “entrando em” (4.1.3,5,6,10,11; 10.
19,20); “confiança” (3.6; 10.19); “sua casa” (3.6; 10.21); “Deus” (3.4,12; 4. 4,10,12);
etc. Assim há pelo menos 21 paralelos entre o resumo da obra de Cristo no tabernáculo
celestial, em 10. 19-25 (apenas sete versículos), e 3.1 – 4.13. Isso demonstra que o autor
conduz com habilidade o tema do livro para 10. 19-25, que vem a ser o resumo da obra
sacerdotal de Cristo e o ápice do texto que começa em 3.1 – 4. 11 e inclui a passagem
sobre o descanso
xxii
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Portanto, podemos concluir que o descanso mencionado pelo autor de Hebreus é a
entrada pessoal na Nova Aliança. Alguns membros da comunidade o rejeitaram porque
não uniram a fé com o ouvir o evangelho (4. 1-2). Todos devem se esforçar para entrar
nesse descanso (4. 11). A entrada na Nova aliança envolve uma postura corajosa ao lado
de Cristo e de Seu povo, porém ao mesmo tempo, implica o descanso das próprias obras
(4.10). No contexto, isso aponta para uma vida de fé e obediência a Deus, na qual uma
pessoa se afasta de um estilo de vida “errante” e abraça a palavra proclamada de Deus.
Por fim, é um descanso no qual se pode entrar agora pela fé (4.3) e que será consumado
no final dos tempos
xxiii
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Uma última passagem a ser examinada nesse estudo está no primeiro capítulo da
epístola de Paulo aos colossenses, verso 12 que diz: “Dando graças ao Pai, que vos fez
idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz.