levado junto. Nisso, um clarão se fez e Samira voltou para junto de nós, trazida pela
rede dos lanceiros. Ela estava apavorada.
- Ajude-me, não me deixe sozinha com eles! Se Deus existe, peça por mim! Você,
beato, ajude-me!
Segurei sua mão e orei: - Senhor, tenha piedade de todos nós, seres pecadores.
Ajude-nos, agora e sempre, para que possamos encontrar o estreito caminho da
perfeição. Se nossos pés cansados se encontram, faça com que a fé nos eleve até
Deus, nosso Pai amado. Não nos deixe enleados nas nossas fraquezas, para não
conhecermos o fracasso. Ajude-nos, Jesus, a dar, nem que seja um passo apenas, em
sua direção. Agora imploramos não somente pela irmã, mas por todos os que distantes
se encontram do seu estreito caminho, que nos leva à salvação. Ajude-nos Jesus.
Samira encontrava-se abraçada comigo. Seu corpo tremulo balançava, como se fosse
voar. Não sei com que força, mas segurei-a bem forte, até que Jessé a envolveu com
sua capa de proteção. Nisso, aproximou-se Enaré, que ficou conversando com Josué e
este tomou nova direção, pedindo que não olhássemos para traz, o que fez
morrêssemos de curiosidade para saber o que estava acontecendo. Ai, então, ouvimos
gritos de xingamento – eram os trevosos que queriam Samira, só que não nos
conseguiam alcançar. Esse martírio demorou muito e quando ficamos livres deles foi
um alivio.
Samira, beijando a mão de Josué, falou: - Não sei quem é o senhor é, mas muito
obrigado por ter-me salvada.
- Irmã, Deus, espera por nós e nada deve retardar esse encontro. Devemos estar
sempre atentos para não deixar passar a oportunidade de chegar até Ele.
- Luiz, ninguém imagina o que sejam esses locais de sofrimento – falou Juanito.
O vale foi ficando para trás, mas aquela musica era tão forte em nossos ouvidos que
demorou a nos livrarmos dela. Logo o ar foi ficando menos pesado, até o chão nos
pareceu ficar macio, pois ia surgindo uma hera amarelada. Depois, descortinou-se à
nossa frente um campo verde e florido. Nossa irmã Samira, deitada, parecia dormir.
Fomos abordados por dois guardas, Emerenciano e Deodoro, com quem Hilário
conversou muito, só depois foi permitida nossa entrada no local, por sinal lindo,
repleto de flores.
- Como podem nascer flores no Umbral? Perguntei a Camélia. – Muito simples: na
terra também não nascem?
- É diferente, assim penso eu.
- Não, não é diferente. Deus manifesta-se em qualquer lugar.
Fomos recebidos por Emmy, uma irmã que falava com forte sotaque alemão.
Sorridente, cumprimentou-nos e guiou Samira para uma das alas daquele pequeno
hospital. Empédocles, um médico, aproximou-se, dizendo-lhe: - Seja bem vinda e,
olhando para o grupo, continuou: - Espero que todos encontrem descanso em nosso
hospital. Sejam bem vindos. Creio que nosso médico Juanito já conhecia Empédocles,
pois este o enlaçou pelo ombro e falou: - Trouxe-nos outros doentes?
- Não somente esta menina. Está cada vez mais difícil tirá-los de lá.
Por que pergunta?
- Os doentes não desejam ajuda. Como podem gostar daquele lugar pavoroso?