Hall em Nova York usando um instru-
mento bem diferente do Tárrega. Era
um violão Fleta. O espanhol Ignacio
Fleta (1897-1977) é reconhecido como
um dos principais luthiers de todo o
mundo (mal comparando, um violão
Fleta é como um violino Stradivarius).
Seus violões de incrível potência sonora
foram dedilhados por gente como
Segóvia e John Williams. Os filhos de
Fleta seguem produzindo excelentes
João no Carnegie Hall com seu Ignacio Fleta,
em uma noite de problemas com o som
instrumentos, mas esse violão de João
foi provavelmente feito pelo pai e por
isso seu preço poderia flutuar perto de
impressionantes cem mil reais.
Intrigante para muitos é a preferência
de João pelo seu inseparável Di Giorgio
quando pode dispor de um violão do mais alto nível.
Meu pinho emudeceu - Em 2011,
Claudia Faissol informou ao jornalista
Ivan Marsiglia do Estadão que precisou
levar o instrumento xodó de João
Gilberto para restauração em oficina
especializada (pos sivelmente na sede
da própria Di Giorgio). Uma queda ou
esbarrão havia resultado em rachadura
na lateral. João Marcelo (o filho de JG
com Astrud) confirmou a avaria e
chegou a pedir aconselhamento a
respeito de luthiers em sua página no
Facebook.
Circulou então a notícia que o Di
Giorgio Tárrega, apesar de consertado,
não seria usado na turnê de 2011, mas
a própria turnê terminou cancelada sob
a alegação de problemas de saúde em
meio a diversos outros problemas de
comunicação entre produção do evento,
imprensa e assessoria do artista. Terá
mesmo chegado o momento da
aposentadoria do Di Giorgio mais
famoso do mundo? Será o Fleta a nova
escolha de João? Essas perguntas não
têm muita importância num momento
em que os fãs não sabem nem sequer
pressentem se João voltará a se
apresentar. O certo é que esse cantor,
tantas vezes incomp reendido, formatou
a nossa música e com isso a identidade
de um país inteiro. Se sua meticulosa
revolução puder ser mais uma vez
vivida, importará menos quem fabricou
o violão, do que os sons produzidos por
quem o tiver em mãos. E privilegiados
serão os que tiverem ouvidos.
Fernando Romeiro é carioca, ilustrador
profissional, músico amador e feliz
proprietário de dois violões Di Giorgio.
Recomenda-se a leitura dos livros
“Bim-Bom” de Walter Garcia e “João
Gilberto - Coleção Folha Explica” de Zuza
Homem de Mello.
*Esse texto pretendeu reunir, entre
outros detalhes, informações sobre o
instrumento escolhido por João Gilberto,
disponibilizando-as para aqueles que por
elas se interessarem. As imagens foram
buscadas na internet e optei por não dar
créditos, visto que, em muitos casos não
havia essa informação e trata-se aqui de
material informativo sem fins lucrativos.
Disponho-me desde já a suprimir partes
que ofenderem eventuais reclamantes.
Há, no decorrer do texto, um tanto de
especulação e outro de imprecisão; por
isso, comentários, sugestões e correções
serão apreciados.
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