Julho, existe uma Escritura de Contrato e Composição, que fez o Bispo D.
Hugo com Martinho, Prior do Mosteiro de Leça, aparecendo este com
toda a regularidade conventual de Prelado e súbditos, remitindo-lhe por si
e seus sucessores a obrigação do jantar (colheita ou contribuições, a que
sempre ficarão obrigadas as referidas Ordens) em que só pelo referido
Mosteiro lhe era obrigado: doação pelo Prior da Ordem ao Bispo do Porto
de diversos bens.
É difícil fixar ao certo, quem concedeu a primeira doação à Ordem do
Hospital; se o Conde D. Henrique com sua mulher D. Thereza; se esta
juntamente com o seu filho, ou finalmente se este só, naquela parte das
conquistas de seu Pai em a Província do Minho e Galliza, de que somente
tinha ficado mais liberto Senhor, continuando a sua Corte em Guimarães?
Pode-se conjecturar que D. Afonso Henriques, imediatamente que ficou
de posse pacífica de todo o Reino em 1128, se lembraria muito
naturalmente de confirmar a Doação, ou fazê-la como de novo, a uns
Cavaleiros e Donatários, de que cada vez iria recebendo mais serviços.
Em 1130 o Papa Innocencio II dá enorme distinção à Ordem, pelo
empenho na defesa da Terra Santa. É desta época, em que todos os
Príncipes, Senhores, e Poderosos, repartem de suas rendas (com mão
mais larga) a favor da Ordem do Hospital, que adquire possessões, Igrejas,
Terras, por esmola e doações, às quais chamou Comendas, entre as sete
Nações e Províncias do Ocidente, que são: Inglaterra, Provença, Alvernia,
França, Itália, Hespanha (antes da sua divisão) e Alemanha.
A Ordem foi introduzida em Portugal quase ao mesmo tempo que foi a
dos Templários. Segundo D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto, na
Homilia, da celebração de encerramento das Comemorações do Milénio
da História do Mosteiro de Leça do Balio, 14 de Março de 2004, «foi na
aproximação do Rio Leça, no lugar de Recarei, que houve um modesto
cenóbio, de carácter familiar, documentado desde 1003. Sucedeu-lhe, em
continuidade, uma construção românica do século XII, a qual terá recebido
os primeiros Hospitalários portugueses. São pouco consistentes as datas e
vagas as circunstâncias da sua chegada e implantação. Fala-se da
interferência do Conde D. Henrique, insiste-se mais na doação de D.