ficarem em brasa no forno do desejo; senão, não imaginem que abrirão caminho de
chamas para cima, até o céu. Vocês que meramente dizem, na forma gélida da
ortodoxia: "Deus, tem misericórdia de mim, pecador", nunca acharão misericórdia. É o
homem que clama, na angústia ardente da emoção sincera do coração: "Deus, tem
misericórdia de mim, pecador; salva-me, senão pereço", é atendido no seu pleito. É ele
quem concentra a alma em cada palavra, e lança a violência do seu ser em cada frase,
que conquista a entrada pelas portas do céu. A fé esquadrinhadora, uma vez concedida,
pode levar o homem a fazer assim. Sem dúvida, existem alguns que já chegaram até este
ponto. Pensei ter visto lágrimas brotando de muitos olhos agora mesmo, e muito
rapidamente afastadas, mas o percebi como indicador de que alguns diziam na alma:
"Sim, sei o que isso significa, e estou confiante de que Deus me trouxe até aqui".
Devo falar aqui uma palavra no tocante à fraqueza da fé esquadrinhadora. Ela pode
realizar muitas coisas, mas comete muitos enganos. A falha da fé esquadrinhadora é
saber pouquíssimo, pois vocês observarão que esse pobre homem disse: "Senhor, vem,
vem". Pois bem, mas ele não precisa ir para lá. O Senhor pode operar o milagre sem ir.
Contudo, nosso pobre amigo pensava que o Mestre não pudesse salvar o menino, a não
ser que chegasse até ele, e colocasse nele a mão, e se prostrasse sobre ele como fez
Elias. "Oh, vem", diz ele. Assim acontece com você. Você andou ditando a Deus a
maneira de ele salvá-lo. Você deseja que ele lhe mande algumas convicções terríveis, e
considera então, que poderia crer; de outra forma você quer ter um sonho ou uma visão,
ou ouvir uma voz lhe falando e dizendo: "Filho, seus pecados estão perdoados". A falta
é sua; veja bem: sua fé esquadrinhadora é suficientemente forte para levá-lo a orar, mas
não forte o bastante para lançar da mente suas fantasias tolas. Você quer ver sinais e
maravilhas, senão, não crerá. Ó cavalheiro, se Jesus opta por falar a palavra e seu filho
fica curado, isto não lhe serve tão bem como ele ir até lá? "Oh", diz ele, "nunca pensei
nisso?"; e assim, miserável pecador, se Jesus optar por lhe dar paz nesta manhã, neste
salão, isto não lhe serve tão bem como passar um mês sob o flagelo da lei? Se, ao sair
destas portas, você estiver capacitado a confiar simplesmente em Cristo, e assim achar a
paz, isso não será uma salvação tão boa como se você tivesse que passar pelo fogo e
pela água, e todos os seus pecados tivessem sido usados para pisotear sua cabeça?
Nisto, pois, está a fraqueza da sua fé. Embora possua muitas qualidades excelentes por
levar você a orar, existem nela falhas, pois o leva a prescrever com imprudência como o
Todo-poderoso deverá abençoá-lo -- levando-o com efeito, a impugnar a soberania
divina, e a ditar-lhe, de modo ignorante, a forma da vinda da bênção prometida.
Passaremos, agora, à segunda etapa da fé. O Mestre estendeu a mão, e disse: "Pode ir; o
seu filho continuará vivo". Você vê o rosto do oficial? As marcas que ali estavam,
parecem desfeitos em um só momento, sumiram todas. Os olhos estão cheios de
lágrimas, mas são de outro tipo agora -- lágrimas de alegria. Ele bate as mãos, afasta-se
silenciosamente, o coração a ponto de explodir com gratidão, a alma cheia de confiança.
"Por que está tão feliz, senhor?". "Ora, meu filho foi curado", diz ele. "Não, mas você
não o viu curado". "Mas meu Senhor disse que sim, e creio nele". "Mas pode ser, que
quando você chegar em casa, descobrirá que a fé é ilusão e que seu filho é um cadáver".
"Pelo contrário", diz ele, "Creio naquele homem. Antes, eu cria nele e o busquei, agora
creio nele e o achei". "Mas você não tem a mínima evidência de que seu filho está
curado". "Ao contrário", diz ele, "não preciso de evidências. A palavra do profeta divino
me basta. Ele disse assim, e sei que é a verdade. Mandou-me voltar; meu filho vive; vou
caminhando, e estou plenamente em paz e à vontade". Note, agora: quando a fé chega à
segunda etapa, na qual você crê literalmente na palavra de Cristo, é então que começa a