Só às vezes, durante uns poucos momentos –e estes se tornaram mais e mais
excepcionais para o homem moderno-, só durante uns momentos, os sonhos cessam e
está totalmente dormido. Mas então essa inatividade é inconsciente. Não está
consciente, a não ser profundamente dormido. A atividade cessou; agora não há
circunferência, agora está no centro; mas totalmente exausto, totalmente morto,
inconsciente.
Por isso os hindus hão dito sempre que o sushupti, o dormir sem sonhos, e o
samadhi, o êxtase supremo, são similares: o mesmo, com apenas uma diferença. Mas a
diferença é grande: a diferença é de consciencia. No sushupti, no dormir sem sonhos,
está no centro de seu ser, mas inconsciente. No samadhi, no êxtase supremo, no estado
supremo de meditação, também está no centro, mas consciente. Essa é a diferença, mas
é uma grande diferencia, porque se estiver inconsciente, inclusive estar no centro carece
de significado. Renova-te, faz que esteja mais vivo de novo, dá-te vitalidade –pela
manhã se sente fresco e ditoso-, mas se não ser consciente, inclusive se estiver no
centro, sua vida permanece igual.
No samadhi entra em ti mesmo plenamente consciente, plenamente alerta. E
uma vez que esteja no centro plenamente alerta, nunca voltará a ser o mesmo. Agora
saberá quem é. Agora saberá que suas posses, suas ações, estão só na periferia; são só
as ondas, não sua natureza.
O objeto destas técnicas para parar é te lançar de repente à inatividade. Esse
ponto deve chegar repentinamente, porque se tenta estar inativo o converterá em uma
atividade. Assim não o tente, e te ponha inativo de repente. Esse é o significado de
”Alto!”. Está correndo e eu digo: “Alto!” Não o tente; simplesmente para! Se o tentar,
perderá a oportunidade. Por exemplo, está sentado aqui. Se disser “alto!”, para lhe
imediatamente, imediatamente; não terá que perder nem um só momento. Se tenta te
reajustar, e te acomoda e logo diz: “Muito bem, agora me pararei”, terá perdido a
oportunidade. A base é de repente, assim não faça nenhum esforço por te parar:
simplesmente para lhe!
Pode prová-lo em qualquer parte. Está tomando um banho: de repente te ordene
a ti mesmo “Para!”, e para lhe. Embora seja só um momento, sentirá um fenômeno
diferente acontecendo dentro de ti. É arrojado ao centro e, de repente, tudo se detém;
não só o corpo. Quando o corpo se para totalmente, sua mente também se para.
Quando disser “Para!”, não respire. Deixa que todo se pare…, nenhuma respiração,
nenhum movimento do corpo. Durante um só momento permanece nesta detenção, e
notará que entraste de repente, à velocidade de um projétil, ao centro. E inclusive um
vislumbre é milagroso, revolucionário. Troca-te, e com o tempo pode ter mais
vislumbre do centro. Por isso a inatividade não tem que ser praticada. Usa-a de
repente, quando estiver despreparado.
De modo que um professor pode ser útil. Este é um método de grupo. Gurdjieff
o usou como método de grupo porque se você disser “Alto!”, pode-te enganar
facilmente a ti mesmo. Primeiro fica cômodo e logo diz: “Alto!” Ou inclusive se
conscientemente não tiver feito nenhuma preparação para isso, pode que te prepare
inconscientemente. Então pode que diga: “Agora me posso parar”. Se o faz a mente, se
houver alguma planejamento detrás disso, é inútil; então a técnica não servirá para nada.
Assim em grupo é melhor. Há um professor trabalhando contigo, e ele diz: “Alto!” Ele
encontrará momentos nos que esteja em uma postura muito incômoda, e então acontece
um brilho, um relâmpago repentino.
A atividade se pode praticar; a inatividade não se pode praticar; e se a pratica,
volta-se simplesmente outra atividade. Só pode ser inativo de repente às vezes
acontece que está conduzindo um carro e, de repente, sente que vai haver um acidente,