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ISSN 1519-521X
freqüência; porém o estafilococo pode ser considerado o agente que, quando presente na
pneumonia, mais tem capacidade de evoluir com derrame pleural
5 - Como se faz o diagnóstico clínico de derrame pleural em crianças?
O diagnóstico clínico de derrame pleural é muito difícil. Em geral, suspeita-se dessa complicação
em crianças já com diagnóstico de pneumonia com evolução desfavorável, caracterizada por febre
persistente, dor torácica e aumento da dificuldade ventilatória. Na ausculta pulmonar, evidencia-se
redução do murmúrio vesicular no lado afetado. Em lactentes, a presença de batimento de asas do
nariz também pode sugerir piora da pneumonia, o que deve levantar a suspeita da presença de
derrame pleural.
6 - Como se faz o diagnóstico de derrame pleural com o radiograma de tórax?
O derrame pleural de pequeno volume pode não ser percebido num radiograma realizado em
decúbito dorsal, que é a técnica mais utilizada em crianças. Derrames de moderado volume podem
ser melhor vistos com radiograma obtido em decúbito lateral. Embora seja prática freqüente, o
exame obtido em decúbito lateral em derrame pleural volumoso (hemitórax opaco) não tem
indicação, pois nessa situação não haverá contraste entre parênquima e líquido devido ao volume
deste. Uma limitação do radiograma de tórax é distinguir entre derrame e espessamento pleural.
Nesta última condição não há mais líquido no espaço pleural, pois ele foi substituído por material
inflamatório fibrinoso.
7 - Qual o papel da ultrassonografia?
A ultrassonografia é um exame auxiliar muito valioso em derrame pleural da criança. Ela pode
definir a sua presença, estimar seu volume e localização, assim como detectar a presença de
loculações, o que pode definir a estratégia terapêutica. É um exame que pode ser realizado com a
presença do médico que vai puncionar o derrame, determinando o melhor local de punção. Nos
casos em que existem evidências de septações à ecografia, a toracocentese pode ser substituída
pela pleuroscopia, que permite melhor acesso aos locais septados.
8 - Quando está indicado fazer toracocentese em derrame pleural?
Indica-se a toracocentese em todo derrame pleural associado à pneumonia em crianças, uma vez
que ele apresentará características físicas importantes (devido à fase inflamatória em que se
encontra) além de poder conter a bactéria causadora da infecção, orientando melhor a terapêutica.
Derrame pleural de volume mínimo (mal definido ao radiograma de tórax) não necessita de
toracocentese imediata, mas sua evolução deve ser acompanhada. Em geral, em 48 horas se
define a evolução para reabsorção, estabilidade ou para aumento do derrame, que determina a
necessidade de drenagem.
9 - Qual a utilidade dos exames laboratoriais do líquido pleural?
Vários são os aspectos da análise do líquido pleural que podem contribuir no diagnóstico e no
tratamento desta condição. Se o aspecto do líquido for purulento, há indicação de sua drenagem.
Se for identificado no exame direto ou na cultura do mesmo a presença de bactéria, a
antibioticoterapia será então a ela orientada e, na maioria das vezes, esse achado também irá
constituir indicação de drenagem do líquido pleural. A análise bioquímica do líquido pleural tem
muita utilidade nos casos indefinidos quanto à necessidade de drenagem, ou seja, aqueles com
volumes moderados ou grandes, aqueles não-purulentos e com evolução clínica insatisfatória
apesar da antibioticoterapia. Os exames de maior sensibilidade e especificidade para indicar
drenagem são a análise do pH e da glicose pleural. Em contraste ao que ocorre no adulto, na
quase totalidade dos casos de derrame pleural em crianças com pneumonia, não há necessidade
de diagnóstico diferencial entre exsudato e transudato, assim como não é necessário excluir outras
causas como doenças reumáticas, autoimunes ou neoplasias. Tornam-se desnecessários,
portanto, exames como a dosagem de proteínas, desidrogenase lática e estudo da celularidade.