Introdução à
Bioestatística
Nutrição e Fisoterapia
Primeiro Semestre/2013
Probabilidade
Sua origem está relacionada a jogos de azar;
Exemplo:
Jogar um dado;
Retirar uma carta de um baralho;
Lançar uma moeda;
...
Probabilidade
Normalmente é impossível identificar com certeza o resultad o
de um evento futuro:
Qual lado da moeda vai sair,
A carta que vou puxar do baralho será de qual naipe,
Com quantos anos determinada pessoa vai morrer,
De qual sexo será o primeiro filho de determinado casal,
Determinada pessoa vai desenvolver diabetes,...
Usando a teoria da probabilidade, é possível quantificar a
chance de um evento futuro ocorrer com base em
informações obtidas de eventos passados.
Experimentos Aleatórios ou
Determinísticos
Experimento aleatório:
Experimentos que quando repetidos, nas mesmas condições,
produzem diferentes resultados:
Jogar um dado numa superfície plana;
Retirar uma carta de um baralho;
Lançar uma moeda.
Experimento determinístico:
Experimentos que quando repetidos, nas mesmas condições,
produzem resultados iguais:
Ao deixarmos uma pedra cair de determinada altura, o tempo de
queda será sempre igual;
Ao nível do mar, a água entra em ebolição sempre que atinge 100ºC .
Espaço Amostral
O conjunto de resultados possíveis, relacionado a um
experimento, é denominado espaço amostral.
Exemplos:
Lançamento de um dado (Existem 6 resultados possíveis)
Espaço amostral: 1, 2, 3, 4, 5, 6;
Retirar uma carta de um baralho (Existem 52 resultados possíve is
-são 13 cartas de cada naipe e 4 naipes).
Espaço amostral: Ás de Copas, Ás de Ouros, ..., Rei de Paus, Rei de
Espadas.
Lançar uma moeda (Existem 2 resultados possíveis).
Espaço amostral: Cara, Coroa.
Eventos
Um evento pode se referir a um único resultado, ou a u m
subconjunto de resultados, pertencente à um espaço
amostral;
Exemplo:
Lançamento de um dado:
Evento 1 = sair 5;
Evento 2 = sair um valor menor do que 3.
Retirar uma carta de um baralho:
Evento 1 = Sair um 3 de espadas;
Evento 2 = Sair uma carta de paus.
Lançar uma moeda:
Evento 1 = sair cara;
Evento 2 = sair coroa.
Exercício 1
Defina um espaço amostral para cada um dos seguintes
experimentos aleatórios:
Num hospital, conta-se o número de pacientes atendidos num
intervalo de uma hora;
Investigam-se famílias com três crianças, anotando-se a
configuração segundo o sexo;
Mede-se a duração de tubos de oxigênio, até que se esvazie m.
Como Estudar a Probabilidade de
um Evento
Definir o objetivo do estudo;
Definir o objeto do estudo, aquilo que deverá ser repet ido;
Descrever todos os resultados possíveis;
Repetir o experimento o maior número de vezes que pude r;
Relatar todos os resultados obtidos;
Estudar a regularidade com a qual cada resultado ocorreu .
Exemplo -Rh
Em 1977 um pesquisador chamado Garcia se interessou pelo
estudo da probabilidade dos indivíduos de São José do Rio
Preto apresentarem Rh –ou +, em seus tipos sanguineos .
Objeto de estudo: moradores de São José do Rio Preto ;
Resultados possíveis: Rh negativo ou Rh positivo;
Foram coletadas informação de 820 indivíduos:
Rh Frequência Absoluta Freq. Relativa Positivo 737 0,8988
Negativo 83 0,1012
Total 820 1
Definição Frequentista de
Probabilidade
Se um experimento é repetido Pvezes sob condições
essencialmente iguais e se o evento rocorre ovezes, então,
conforme Paumenta, a razão
P
r
⁄
se aproxima de um limite
fixado, denominado probabilidade de r:
a
r i
P
r
;
P l o l d, logo, a probabilidade de um evento ocorrer é
dada por um valor entre 0 e 1;
Se a
r i d, ré chamado de evento nulo ou impossível, e
pode ser representado por ∅;
Se a
r i s, ré chamado de evento certo, e pode ser
representado por , em que representa o espaço amostral.
Exemplo -Rh
Evento A = o indivíduo apresentar Rh –em seu tipo sangu íneo;
P
r o
Pr
Pob
o baibil;
Evento B = o indivíduo apresentar Rh + em seu tipo sang uíneo;
P
d o
ara
Pob
o baeEees
Rh Frequência Absoluta Positivo 737
Negativo 83
Total 820
Exemplo: Evento Nulo e Evento
Certo
Lançamento de um dado:
Evento 1 = sair um número menor ou igual a 6 – Evento Certo;
Evento 2 = sair um valor menor do que 1 – Evento Nulo.
Retirar uma carta de um baralho:
Evento 1 = Sair uma carta de paus, ou de ouros ou de espadas ou d e
copas – Evento Certo;
Evento 2 = Sair um 14 de paus – Evento Nulo.
Lançar uma moeda:
Evento 1 = sair cara ou coroa – Evento Certo;
Evento 2 = sair o número 13 – Evento Nulo.
Operações entre Eventos –Teoria
dos Conjuntos
A reunião de dois eventos é denotada por: xAl;
A interseção entre dois eventos é dada por: xal;
O complementar do evento x, denotado por x
p
, é o evento
que ocorre quandoxnão ocorre;
xAl aó i
xaó A
laó;
xal Aó i
xAó a
lAó;
xAl
p
i x
p
al
p
;
xal
p
i x
p
Al
p
.
Operações entre Eventos –Teoria
dos Conjuntos
E x pE e p E
E
E
E
E E
p
E
p
Exercício 2
Sendo A e B dois eventos em um mesmo espaço amostral
“traduza” para a linguagem da Teoria dos Conjuntos, as
seguintes situações:
Pelo menos um dos eventos ocorre;
O evento A ocorre, mas B não;
Nenhum deles ocorre;
Exatamente um dos eventos ocorre.
Algumas Propriedades
a
∪∪
o
i s;
a
∪0∪
o
i d;
a
r ista
∪
o
.
a
P
P
P
P
P
P
P
PP i ld e
P
P
P
P
P
Algumas Propriedades
a
rç ia
r va
ta
rA ;
=+
-
+ P PP
P
ooo
o
Eventos Mutuamente
Exclusivos
Eventos mutuamente exclusivos são aqueles que jamais
podem ocorrer ao mesmo tempo.
Exemplo:
Lançamento de um dado: Evento A = sair 2; Evento B = sair um
valor maior do que 4.
Po
P b o i E
Eventos Mutuamente
Exclusivos
a
rç ia
r va
.
=+ o
o
o
P
P
P
Exemplo -Rh
Os eventos A e B são mutuamente exclusivos, já que um
indivíduo não pode apresentar Rh –e Rh +, em seu tipo
sanguíneo, ao mesmo tempo;
a
r i
ba
bil
idnsdsx;
a
i
dad
bil
i dncíccE
a
rA id;
a
rç ia
r va
idnsdsxvdncícci s;
r
o
i ;
o
i r.
Exercício 3
Em uma universidade, 2000 estudantes do curso de medicin a,
em determinado ano, foram classificados de acordo com o
tipo de esporte que praticam. Futebol é praticado por 2 60
estudantes, natação por 185 estudantes e musculação por 210
estudantes, sendo que alguns estudantes praticam mais de
um desses esportes. Assim, tem -se 42 estudantes que
praticam natação e musculação, 12 futebol e musculação, 18
futebol e natação e 3 praticam as três modalidades. Se um
desses estudantes é sorteado ao acaso, qual é a prob abilidade
de:
Praticar somente musculação;
Praticar pelo menos um destes esportes;
Praticar pelo menos dois destes esportes;
Não praticar nenhum destes esportes.
Probabilidade Condicional
Muitas vezes existe o interesse em determinar a probabilid ade
de um evento , dado que já se conhece o resultado de um
outro evento A;
A probabilidade de ocorrer o evento , dado que ocorreu o
evento A
a
Rré dada pela seguinte expressão:
a
Rr i
∩
, desde que a
r hd.
Probabilidade Condicional
P
P
P
P
o
o
o
o
opP i
sço
sçP
opP i
sço bP
sçP
opP i
∅
sçP
i A
opP i
sçP
sçP
i l
Exercício 4
Em um estudo feito com 15 pessoas, foram coletadas
informações sobre o estilo de vida de cada um (sedentár io ou
não) e sobre o peso de cada um (obeso ou não). Foi
observado 5 pessoas obesas e 9 sedentárias; dentre a s 5
pessoas obesas, 4 foram classificadas como sedentárias.
Qual a probabilidade de:
Um indivíduo ser obeso e sedentário;
Um indivíduo ser obeso ou sedentário;
Um indivíduo ser obeso dado que ele é sedentário;
Um indivíduo ser sedentário dado que ele é obeso;
Regra Multiplicativa
Sai diretamente da probabilidade condicional:
a
rA ia
rR a
ia
Rr a
r.
Essa regra é de grande utilidade na verificação de
dependência entre os eventos envolvidos.
Eventos Independentes
Dois eventos são considerados independentes quando a
ocorrência de um não influencia na ocorrência ou não-
ocorrência do outro;
Logo, se dois eventos, re , são independentes tem-se:
a
rR ia
re a
Rr i a
;
Ou seja, a
rA i a
r Da
.
OBS: Os termos mutuamente exclusivos e independentes n ão
são sinonimos; basta lembrar que eventos mutuamente
exclusivos não possuem interseção.
Exercício 5
Considere as situações dadas abaixo. Identifique se os e ventos
são mutuamente exclusivos ou independentes.
Evento A: O primeiro filho de um casal ser menina; Evento B: O
segundo filho de um casal ser menina.
Evento A: Um indivíduo, de determinada população, ter o tipo
sanguíneo A; Evento B: Um indivíduo, de determinada população,
ter o tipo sanguíneo O.
Considere dois eventos, A e B, dado que P
r o bae, P
d o bap
e P
rçd o ba .
Partição do Espaço Amostral
Uma partição do espaço amostral é dada por um conjunt o de
eventos mutuamente exclusivos que quando unidos formam o
espaço amostral:
p i
⋃
∩
ç A
o
∪
o
o
o
∩
o
a
o
i
o
1
o
o
Exemplo –Debilidade Auditiva
O Levantamento Nacional de Entrevistas de Saúde de 1980 –
1981 fornece informações sobre as debilidades auditivas
devido a lesões registradas por indivíduos de 17 anos de idade
e mais velhos.
Os entrevistados foram divididos em 3 grupos:
A: Atualmente empregados, P
r o baAbAm;
B: Atualmente desempregados, P
d o bab pt;
C: Fora da força de trabalho, P
v o bam eb.
Os eventos A, B e C representam uma partição do
Espaço Amostral?
Teorema da Probabilidade
Total
Dado um evento ∪e uma partição do espaço amostra
0nãn
tem-se:
a
r i
∑
a
rA
∪
ç Ai
∑
a
rR
a
∪
ç A
o
∪
o
o
o
∩
o
a
o
i
o
1
o
o
P
Exemplo –Debilidade Auditiva
O levantamento Nacional de Entrevistas de Saúde de 1980 –
1981 nos fornece as seguintes informaçõessobre a ausê ncia
(evento q) e presença (evento ) de debilidade auditiva
devido a lesões:
P
n
|
r o babbpAc
P
n
|
d o babbmAc
P
n
|
v o babbApc
Qual a probabilidade de um indivíduo retirado aleatoriamente
da população apresentar debilidade auditiva?
Teorema de Bayes
Dado um evento ∪e uma partição do espaço amostra
0nãn
tem-se:
a
Rr i
∩
i
|
∑
|
o
∪
o
o
o
∩
o
a
o
i
o
1
o
o
P
Exemplo –Debilidade Auditiva
Uma informação que não foi dada, que pode ser de inter esse,
é a probabilidade de um indivíduo pertencer ao grupo de f ora
da força de trabalho dado que ele apresenta debilidade
auditiva
,
3
|
, por exemplo.
Calcule:
P
r
|
n;
P
d
|
n;
P
v
|
n.
Testes de Diagnóstico
O teorema de Bayes é muito útil quando se deseja realiza r um
teste de diagnóstico ou triagems;
Triagem consiste na aplicação de um teste em indivíduos
assintomáticos, visando classificá-los quanto a chance de
apresentarem ou desenvolverem determinada doença;
Aqueles indivíduos que apresentam resultados positivos na
triagem possuem uma probabilidade maior de apresentar
determinada doença, sendo assim eles são, usualmente,
direcionados a procedimentos de diagnóstico adicionais, ou a
tratamentos.
Terminologia
Suponha que temos o interesse em dois eventos mutuame nte
exclusivos e exaustivos:
v
= o indivíduo apresenta determinada doença;
n
= o indivíduo não apresenta determinada doença. (
v
o
)
Seja !
v
a representação de um resultado positivo em um teste
de triagem;
Estamos interessados na probabilidade do indivíduo
realmente apresentar a doença, dado que o resultado f oi
positivo:
a
v
|!
v
.
Terminologia
Prevalênciada doença
é a probabilidade de que um indivíduo,
escolhido ao acaso da população, apresente a doença em
questão;
Falso negativo:
ocorre quando o exame feito em uma mulher
com câncer fornece um resultado negativo;
Sensibilidade do teste:
probabilidade do teste dar positivo,
dado que o indivíduo está realmente doente;
Falso positivo:
ocorre quando o teste feito em um indivíduo
saudável fornece um resultado positivo;
Especificidadedo teste:
probabilidade do teste dar um
resultado negativo quando o indivíduo está saudável;
Acuidade do teste:
probabilidade do teste dar um resultado
negativo e o indivíduo estar saudável ou do teste dar po sitivo
e o indivíduo estar doente (probabilidade de acerto).
Câncer do Colo do Útero
Alta chance de remissão desde que detectado no início;
O Papanicolau é um procedimento de triagem altamente
aceito e utilizado;
Um teste de proficiência, conduzido em 1972, 1973 e 197 8,
avaliou a competência dos técnicos que analizavam o
Papanicolau para anormalidades.
Os técnicos de 306 laboratórios de citologia em 44 estado s
foram avaliados (EUA);
Câncer do Colo de Útero
16,25% dos testes realizados em mulheres com câncer
resultaram em
falsos negativos
;
(a
!
n
v
idnsNxC);
Os outros sddtsNnxCi c2ngCMdas mulheres que tinham
câncer no colo do útero apresentaram resultados positiv os
(a
!
v
v
idnc2gC,
sensibilidade do teste
);
18,64% dos testes realizados em mulheres com câncer
resultaram em
falsos positivos
;
a
!
v
|
n
i dnscN3418,64% das mulheres cujos testes
deram positivo não apresentavam a doença.
Os outros sddtscnN3i csn2NMdas mulheres que não
tinham câncer no colo do útero apresentaram resultados
negativos (a
!
n
|
n
istdnscN3 idncs2N,
especificidade
do teste
).
Aplicações do Teorema de
Bayes
Sabemos a probabilidade do teste ser positivo ou negativo
dado que a paciente tenha ou não câncer de colo de út ero;
Apesar de serem informações importantes, a informação de
maior interesse é saber a probabilidade de uma mulher
realmente ter câncer de colo de útero dado que o exam e deu
positivo.
Tenho:
P
í
1
x1
1
; P
í
2
x1
1
; P
í
1
x1
2
e P
í
2
x1
2
.
Quero:
P
1
1
xí
1
.
Aplicação do Teorema de Bayes
Teorema de Bayes:
a
v
|!
v
i
x
sc
c
i
x
c
mx
x
c
mx
ve
x
A
c
mx
A
;
Preciso dos valores de a
v
e a
n
;
a
v
é a probabilidade de que uma mulher sofra de câncer
do colo de útero, ou a
prevalência
da doença em determinada
época;
Posso calcular a
v
com base em dados coletados nas
últimas pesquisas na área.
Uma fonte registrou que a taxa desse câncer em mulher es
estudadas de 1983 a 1984 foi de 8,3 por 100.000.
Aplicação do Teorema de Bayes
Com base nessa base de dados coletada em 1983-1984, tenho
que a
v
i
bía
Alllll
idnddddc2;
Logo:
a
n
istdnddddc2 i dníííísg.
Inserindo todos os valores no teorma de Bayes tem -se:
a
v
|!
v
i
líllllba1líbad-
líllllba1líbad-vlíRRRRAd1líAbhD
idnddd2g2;
Aplicação do Teorema de Bayes
Ou seja, a chance de uma mulher estar doente, dado q ue o
Papanicolau foi positivo é de 0,0373%; em outras palavras
apenas 373 mulheres, em 100.000 que forneceram result ados
positivos, apresentam a doença.
Vale notar que 0,000373 é aproximadamente 4,5 vezes m aio
do que 0,000083, ou seja, um Papanicolau positivo indica uma
probabilidade 4,5 vezes maior de ter câncer de colo de ú tero
do que uma mulher tirada aleatóriamente da população.
Aplicação do Teorema de Bayes
1.000.000 de Mulheres
Câncer no Colo Uterino
83
Sem Câmcer no Colo Uterino
999.917
Teste +
70
Teste +
186.385
Teste –
13
Teste –
813.532
Teste +
186.455
Teste –
813.545
Prevalência
= 0,000083
Sensibilidade
= 0,8375
Especificidade
= 0,8136
Resultados observados no
teste