A ATENÇÃO E OS OUTROS PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS PROF. MS. Ana Carolina Pinto Soares
ATENÇÃO “ É a capacidade de selecionar e manter o controle sobre a entrada de informações necessárias num dado momento.”Lúria (1979) “A direção da consciência, o estado de concentraçãoda atividade mental sobre determinado objeto.”Cuvillier (1937) EXEMPLO: Você quer encontrar uma amiga, em uma festa e consegue identificá-la de costas, pelas vozes e pela risada no meio à multidão. Somos maciçamente bombardeados, o tempo todo, por informação perceptual que não podemos processar de uma só vez: esta tem que ser filtrada --> Selecionar o que é relevante, filtrando o irrelevante é vital para cumprirmos nossas metas O déficit atentivo é o problema mais comumassociado à alteração cerebral e o mais encontrado na prática clínica.
A atenção dá inicio a toda a sequência de percepção de estímulos, pois ela é um processo de observação seletiva ou dividida em que atuam diversos fatores determinantes: os fatores externos e os fatores internos. Fatores externos são agentes que surgem exteriormente ao corpo, ou seja, são os estímulos que os órgãos dos sentidos identificam, geralmente involuntariamente. Como exemplo pode-se considerar a movimentação do estímulo (um objeto movendo-se rapidamente na visão periférica), a sua intensidade, contraste e incongruência. Os fatores internos são relacionados com a personalidade e o conhecimento do próprio ser, geralmente acontecem voluntariamente. Como exemplo considera-se a experiência do indivíduo, a motivação para o estimulo (procurar um amigo numa festa), a natureza social e expectativa.
C onsidera-se a atenção como um processo psicológico mediante o qual concentramos a nossa atividade psíquica sobre o estímulo que a solicita, seja este uma sensação, percepção, representação, afeto ou desejo, a fim de fixar, definir e selecionar as percepções, as representações, os conceitos e elaborar o pensamento. Resumidamente pode- se considerá-la como a capacidade de se concentrar, que pode ser espontânea ou ativa; é um processo intelectivo, afetivo e volitivo. Distinguem-se duas formas de atenção: 1. Atenção voluntária: é aquela que exige certo esforço, no sentido de orientar a atividade psíquica para determinado fim. 2. Espontânea: é a tendência natural da atividade psíquica orientar-se para os estímulos sensoriais e sensitivos
Tipos de Atenção Atenção Seletiva: É a capacidade de direcionar a atenção para uma determinada posição do ambiente, enquanto os demais estímulos à sua volta são ignorados. Atenção Sustentada : É a capacidade para manter o mesmo estado de ativação, necessário à tarefa que estamos desempenhando, durante o tempo suficiente. É manter o foco da atenção ao longo do tempo. Atenção Alternada: É a capacidade de modificar o foco da atenção de um componente da tarefa para outro afim de manter um comportamento fluente. Atenção Dividida: Engajar-se em mais de uma tarefa ao mesmo tempo e deslocar recursos de atenção para distribuí-los prudentemente, conforme necessário.
Prejuízos atentivos Atenção Pode ser prejudicada por distúrbio funcional ou orgânico Ansiedade – distração- baixa de atenção Depressão- desinteresse- baixa de atenção e vigilância. Muito sensível a variáveis emocionais! Atenção Seletiva Inabilidade para realizar tarefas Dispersa com estímulos ambientais Dificuldades em preparar uma refeição com pessoas conversando ao lado. Atenção Sustentada Dificuldades em acompanhar uma conversa longa Não finaliza as atividades. Se cansa com pouco tempo de atividade Dificuldade em acompanhar um programa de TV.
Atenção Alternada Estudante ouve uma leitura e toma nota Paciente com dificuldade em mudar de tarefa ou precisa de apoio extra para iniciar ou realizar uma nova tarefa Atenção Dividida Conversar durante o preparo de uma refeição Dirigir escutando rádio. Facilitadores da atenção Engajamento e facilitação sensorial com eliminação de todos os distratores possíveis, em quantidade e qualidade Utilização de meios atraentes, convidativos da atenção
Atenção Alternada Estudante ouve uma leitura e toma nota Paciente com dificuldade em mudar de tarefa ou precisa de apoio extra para iniciar ou realizar uma nova tarefa Atenção Dividida Conversar durante o preparo de uma refeição Dirigir escutando rádio. Facilitadores da atenção Engajamento e facilitação sensorial com eliminação de todos os distratores possíveis, em quantidade e qualidade Utilização de meios atraentes, convidativos da atenção
O papel da atenção no processo perceptivo Constantemente recebemos uma quantidade de estímulos (visuais, auditivos, olfativos,…), o que implica que nem todos sejam captados do mesmo modo. • A ATENÇÃO desempenha um importante papel na nossa percepção da realidade, pois leva-nos a selecionar umas sensações em detrimento das outras. • Assim, para “vermos” alguma coisa ela tem de chamar a nossa atenção. Quantas vezes não passamos pelas coisas e, simplesmente, não as vemos?
O grau de concentração da atenção sobre determinado objeto não depende apenas do interesse, mas do estado de ânimo e das condições gerais do psiquismo. O interesse e o pensamento são os dirigentes da atenção, sendo que a intensidade com que a efetuamos é o grau de concentração alcançado. As alterações da atenção desempenham um importante papel no processo de conhecimento. Em geral estas alterações são secundárias, decorrem de perturbações de outras funções das quais depende o funcionamento normal da atenção. A fadiga, os estados tóxicos e diversos estados patológicos determinam uma incapacidade de concentrar a atenção.
Processos psicológicos básicos Odor de fumaça (sensação- atenção), reconheço (percepção) de acordo com o que já foi aprendido (aprendizagem e memória) que esse pode ser um sinal de incêndio; a partir de então busco estratégias para solucionar o problema (raciocínio- inteligência), como primeiro me certificar do que se trata, manter a calma (emoção), retirar as pessoas do local, e chamar por socorro (funções executivas).
AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS PSICOLÓGICOS Avaliação: Observação casual, baseada no senso comum e na aprendizagem social, pela qual cada um decodifica e categoriza comportamentos (próprios e dos outros) nos diversos contextos. -“...avaliamos continuamente o comportamento de todo mundo dentro de um sistema de expectativas.” Atitude inerente à vida humana - Métodos e Técnicas de descrever e classificar (interpretar) o comportamento dos outros para incluir em categorias e daí fazer inferências, organizar expectativas e agir/adequar-se aos outros.
AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS PSICOLÓGICOS AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA: avaliação científica necessária à vida humana atual (mais complexa). - Observação Científica: não-casual, confiável, válida e rigorosa (“mais verdadeira”?) Refere-se, portanto, à análise e síntese de informações obtidas à luz dos conhecimentos da Psicologia, tendo como propósito entender os processos psíquicos e sua relação com situações- problema de forma a planejar ações e intervenções profissionais. O objetivo último desse processo é beneficiar os indivíduos envolvidos, promover sua saúde e seu desenvolvimento psíquico e, por conseguinte, da sociedade (Primi, 2005).
Impacto da avaliação dos processos psicológicos na vida dos sujeitos Importância que este diagnóstico pode adquirir na vida do sujeito, falando-se tanto em uma relação pessoal (“o teste diz que eu não sou apto para o emprego X”) como para uma relação mais social, onde a avaliação psicológica pode ser motivo de exclusão dos sujeitos nos mais diversos ambientes, desde o familiar até em suas relações sociais dentro da comunidade.
O CASO DE PHINEAS GAGE Phineas Gage era um jovem supervisor de construção de ferrovias da Rutland e Burland Railroad, em Vermont, EUA. Em 1848 de setembro, enquanto estava preparando uma carga de pólvora para explodir uma pedra, ele socou uma barra de aço inadvertidamente no buraco. A explosão resultante projetou a barra, com 2.5 cm de diâmetro e mais de um metro de comprimento contra o seu crânio, a alta velocidade. A barra entrou pela bochecha esquerda, destruiu o olho, atravessou a parte frontal do cérebro, e saiu pelo topo do crânio, do outro lado. Gage perdeu a consciência imediatamente e começou a ter convulsões. Porém, ele recuperou a consciência momentos depois, e foi levado a médico local, Jonh Harlow que o socorreu. Incrivelmente, ele estava falando e podia caminhar. Ele perdeu muito sangue, mas depois de alguns problemas de infecção, ele não só sobreviveu à horrenda lesãol, como também se recuperou bem, fisicamente.
Phineas conservou todas sua faculdades intelectuais. Salvo a perda do olho e a cicatriz, nada parecia indicar a gravidade do seu acidente. Sem problemas de memória, os cinco sentidos perfeitos, movimentos em ordem, conversa fluente, inteligência normal... foi sua esposa e outra pessoas próximas que notaram alterações dramáticas principalmente em sua personalidade: “Seus chefes, que o consideravam o trabalhador mais eficiente e capaz antes do acidente, disseram que as mudanças que tinha sofrido eram tão marcantes que não poderiam lhe devolver seu antigo emprego. Era agora instável e irreverente, capaz das condutas e blasfêmias mais grosseiras, mostrando escasso respeito pelos seus semelhantes, impaciente, incapaz de escutar qualquer conselho que se opusesse aos seus desejos. Também se mostrava insistentemente obstinado, teimoso e ao mesmo tempo vacilante, imerso em muitos planos para o futuro mas, sendo incapaz de continuar uma tarefa demasiado longa, mudava-os constantemente. Em virtude destas mudanças, seus amigos e familiares concluíram que Gage “não era mais Gage”.” (depoimento da esposa de Gage).