Justificativa
Ultimamente tem crescido a percepção de que a poluição sonora é uma das
formas mais graves de agressão ao meio ambiente, no qual o ser humano está logicamente
inserido; aliás somos o principal ator, já que somos os maiores degradadores da natureza.
Apesar dos efeitos do barulho no organismo serem pouquíssimo estudados no Brasil, a
questão já está em terceiro lugar na lista de problemas a serem combatidos pela OMS, para a
garantia da saúde humana. Entretanto, raramente a poluição sonora é tratada sob o ponto de
vista do meio ambiente e do direito ambiental, incluindo aí seu estudo como fonte
poluidora, suas conseqüências à saúde pública e a proteção jurídica dos cidadãos.
Segundo o sitio na internet da Organização Mundial de Saúde “ Noise causes
a wide range of health effects, including sleep disturbance, cardiovascular effects, damage
to work and school performance, hearing impairment (including tinnitus). The immediate
effects of sleep disturbance in adults are quantified through the number and duration of
nocturnal awakenings, the number of changes in sleep stage.”
1
. O limite tolerável ao ouvido
humano é de 65 dB (A); acima disto o nosso organismo sofre de estresse. Ruídos acima de
85 dB (A) aumentam o risco de comprometimento auditivo. Quanto maior o tempo maior o
risco a que se expõe a pessoa. Dois fatores são determinantes para a amplitude do dano: o
tempo de exposição e o nível do barulho a que se expõe a pessoas ou pessoas.
Segundo o estudo Noise Exposure and Public Health, dos professores Willy
Passchier-Vermeer, da Organização Holandesa de Pesquisa Científica e Win F. Paschier, do
Departamento de Toxicologia e Análise de Riscos a Saúde da Universidade de Maastrich,
na Holanda, “Exposure to noise constitutes a health risk. There is sufficient scientific
evidence that noise exposure can induce hearing impairment, hypertension and ischemic
heart disease, annoyance,sleep disturbance, and decreased school performance. For other
effects such as changes in the immune system and birth defects, the evidence is limited.
Most public health impacts of noise were already identified in the 1 960s and noise
abatement is less of a scientific but primarily a policy problem. (…) Noise exposure is on
the increase, especially in the general living environment, both in industrialized nations and
in developing world regions. This implies that in the twenty-first century noise exposure will
still be a major public health problem.”
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A tabela a seguir, citada no trabalho, ilustra alguns ruídos do dia-a-dia, mas
que, expostos de maneira contínua, podem causar malefícios à saúde acima de determinada
intensidade:
1
Ruídos em alta intensidade causam uma vasta gama de efeitos para a saúde, incluindo distúrbios do sono, efeitos
cardiovasculares, danos ao desempenho profissional e escolar, deficiência auditiva (incluindo o zumbido). Os efeitos
imediatos do distúrbio do sono em adultos são quantificados por meio do número e duração dos interrupções bruscas do
sono e o número de mudanças no estágio do sono durante o transcorrer de uma noite.
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A exposição ao ruído constitui um risco para a saúde. Há evidências científicas suficientes que o ruído
pode provocar deficiência auditiva, hipertensão e doença isquêmica do coração, além de aborrecimento,
perturbação do sono e diminuição do desempenho escolar. Outros efeitos, como mudanças no
sistema imunológico e defeitos de nascimento, a evidência é limitada. A maioria dos impactos do ruído na saúde
humana já foram identificados na década de 60. A redução do ruído passa menos por um trabalho científico, e mais
por políticas públicas.
A exposição ao ruído está aumentando, especialmente em âmbito residencial, tanto nos países industrializados e em
desenvolvimento de regiões do mundo, e que políticas públicas de controle de ruído serão imprescindíveis no século
XXI.