Segundo Maria Antonieta Antunes Cunha, para cada um, a leitura representa "a
possibilidade de ver os dados do mundo com mais verdade, mais argúcia, com mais
nuanças. Por tudo isto, com mais encantamento."
Acrescenta, ainda, que o entusiasmo, o encantamento da criança, ao se descobrir
"leitora", vem do fato de se perceber capaz de penetrar num mundo novo, cheio de
mistérios a desvendar.
Para Cunha, o lugar da leitura, na escola, não pode ser o lugar da irrelevância,
nem do desprazer. A emoção e o prazer da descoberta não podem ser diminuídos, ou
até acabar, se a escola trabalha inadequadamente a experiência do ler. A leitura não
pode conviver com o medo, a cobrança descabida, a punição; não cabem também
nem o descaso, nem a repetição mecânica.
Partindo da concepção de leitura abordada por Ângela Kleiman, é possível
refletir sobre o verdadeiro significado do trabalho com leituras no espaço escolar, bem
como evidenciar a função da escola frente ao contexto social da atualidade,
vislumbrado por diversas formas de ler e interpretar uma complexidade de situações
comunicativas. Assim, ao adotar uma prática pedagógica pautada no diálogo e
interação Escola/Sociedade, é preciso que os profissionais de educação percebam
essa dialética como sendo uma necessidade vital e que, somente através da dinâmica
da leitura, discussão e análise das ideias embutidas nessas leituras é que a escola,
enquanto espaço de construção, pode contribuir para que os alunos sejam capazes de
inferir opiniões e ideias acerca do ambiente em que vive.