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...ao olhar para um objeto nós procuramos alcançá-lo. Com um dedo
invisível movemo-nos através do espaço que nos circunda,
transportamo-nos para lugares distantes onde as coisas se encontram,
tocamos, agarramos, esquadrinhamos suas superfícies, traçamos seus
contornos, exploramos suas texturas. O ato de perceber formas é uma
ocupação eminentemente ativa. (Arheim, 2005, p.36)
O objeto ao ser observado, de alguma forma, passa a ser apropriado pelo sujeito
observador, este lhe alcança como se possuísse mãos invisíveis, e seu conhecimento sobre
este objeto, olhado mais atentamente, é específico e único, que ao menor balançar de cabeça,
ou mudança de postura do espectador, se desenhará de forma diferente; mudam-se os ângulos,
mudam-se as perspectivas, muda-se o objeto, e a forma de representá-lo.
Toda vista de um objeto reflete a extensão do que se conhece sobre e de como este se
apresenta a cada um. Por isso, sempre ao observar um objeto é necessário que o faça de uma
forma estrangeira, buscando encontrar novos contornos, novas formas, novos jogos de luz e
sombra, novas possibilidades.
Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. O ato de ver não é
coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso é afirmou
que a primeira função da educação é ensinar a ver. (Rubem Alves. A
Arte de ver, s/d)
Como afirma Rubem Alves, em citação acima, há muitas pessoas de visão perfeita que
nada vêem, olham despercebidas como se já conhecessem o mundo a sua volta, como se tudo
fosse uma repetição constante, de formas, de cores, de perspectivas. Ao educar o olhar, o
indivíduo torna-se mais sensível para as coisas do mundo. Todo visualidade pressupõe uma
imagem, toda imagem é sempre um mistério, algo a ser compreendido, algo a ser desvendado,
cada elemento, cada signo, tudo supõe uma narrativa, cabe ao leitor de mundo decifrá-la.