Análise do poema épico de 1600, que marca o início do Barroco no Brasil.
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Added: Dec 11, 2017
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LITERATURA BRASILEIRA I “PROSOPOPÉIA” BENTO TEIXEIRA José Paulo Alexandre de Barros Hellyton José Vieira Marinho Thaynã Emanoela Guedes Carneiro
INTRODUÇÃO Uma das obras mais valiosas do barroco brasileiro –Prosopopéia de Bento Teixeira– traz uma rica leitura mitológica, junto com o nativismo de Pernambuco. Com este trabalho, temos a pretenção de conhecer mais profundamente a obra de Bento e analisar todos os aspectos à ela ligados, tanto no nível de compreensão textual quanto no nível estrutural da obra.
APRESENTAÇÃO BIBLIOGRÁFICA DO AUTOR BENTO TEIXEIRA (1561-1600) Nasceu em Portugal, cristão-novo, veio para o Brasil e instalou-se no Espírito Santo. Foi perseguido pela inquisição e refugiou-se em Olinda. Foi preso após admitir sua crença judaíca . Escreveu “Prosopopéia” na prisão, em Lisboa. Mas só foi publicado após sua morte. Só escreveu a obra durante toda sua vida.
EXPLICAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E CONCEITUAÇÃO DO GÊNERO EM FOCO “E popéia” vem do grego épos = verso + poieô = faço Narrativa de fatos grandiosos e maravilhosos que interessa a um povo. É uma poesia objetiva, impessoal, contém a presença de um narrador falando do passado (os verbos aparecem no pretérito). Episódio grandioso e heróico da história de um povo. Enquadra-se no gênero narrativo - é sempre um relato de acontecimentos. O assunto deverá ter um carácter excepcional e um ser excepcional As epopéias evoluíram da Grécia e Tróia com Ilíadas e Odisséia , e chegaram ao Brasil com Caramuru e O Uruguai .
EXIBIÇÃO SUPERFICIAL DO MEIO DA OBRA Conta-se os feitos de Jorge de Albuquerque (terceiro donatário da capitania de Pernambuco) e de seu irmão, Duarte Coelho de Albuquerque; Usa da mitologia para tratar uma guerra contra os índios na Nova Lusitâna (Pernambuco), lutam com Vulcano . O poeta introduz mitologia para retratar a batalha de Alcácer-Quibir , no Marrocos, travam uma luta com Nepturno e Tritão .
ESTRUTURA EXTERNA DO POEMA Prosopopéia foi escrito em versos decassílabos, dispostos em oitava rima, heróicos, com 94 estrofes. Sem divisão de cantos, nem numeração de estrofes, cheio de reminiscências, imitações, arremedos e paródias dos Lusíadas .
ESTRUTURA INTERNA DO POEMA Proposição (estrofe 1): O poeta começa chamando o seu compatriota, Jorge de Albuquerque, ressaltando sua personalidade firme. Declara seus feitos contra os inimigos. Invocação (estrofe 2-6): Bento dispensa as musas da tradição como fonte de inspiração católica e invoca Jorge, para exercer sua obra. “(...) Aquele chamo só, de quem espero A vida que se espera em fim de tudo” (II) “(...) Que eu canto um Albuquerque soberano, Da Fé, da cara Pátria firme muro (I) “(...) E vós, sublime Jorge, em quem se esmalta A Estirpe d' Albuquerques excelente.” (III)
Narração (estrofe 7-16): Aqui ele concretiza tudo que apresentou na “Proposição” Dedicatória (Localizada no Prológo ): É a parte em que ele oferece, humildemente, o poema a Jorge de Albuquerque. “...receba minhas Rimas, por serem as primícias com que tento servi-lo. “ Epílogo (estrofe 94): Conclui-se o poema. “(...) Eu que a tal espetáculo presente Estive, quis em Verso numeroso Escrevê-lo por ver que assim convinha...” (XCIV)
Plano mitológico: Bento utiliza da mitologia pagã clássica, esse recurso é mais uma forma de o poeta engrandecer os feitos de Jorge. “(...)Quando ao longo da praia, cuja area É de Marinhas aves estampada, (...) Do mar cortando a prateada vea , Vinha Tritão em cola duplicada, Não lhe vi na cabeça casca posta (Como Camões descreve) de Lagosta “ (X) “Toca a Trobeta com crescido alento, Engrossa as veas , move os elementos, E, rebramando os ares com o acento, Penetra o vão dos infinitos assentos. Os Pólos que sustem o firmamento, Abalados dos próprios fundamentos, azem tremer a terra e Ceo jucundo , E Neptuno gemer no Mar profundo.” (XIV) ESTRUTURA DA NARRAÇÃO
Plano nativista: O poema conta com uma seção denominada “Descrição do Recife de Pernambuco”, na qual o poeta exalta o nativismo de Pernambuco, mais especificamente de Olinda, por qual o poeta andou um tempo. “(...)Mas, enquanto te dão a sepultura, Contemplo a tua Olinda celebrada, Cuberta de fúnebre vestidura, Inculta, sem feição, descabelada. “ (XCI) “(...) E a opulenta Olinda florescente Chegar ao cume do supremo estado. Ser de fera e belicosa gente O seu largo destricto povoado; Por nome ter Nova Lusitânia, Das Leis isenta da fatal insânia. “ (XXVI)
Plano indianista: Quanto aos índios, o autor adota a ótica do colonizador, na qual propõe que os índios devem ser domados. No poema eles são bárbaros descendentes de Vulcano, tratados com desprezo na obra. “Porque Lémnio cruel, de quem descende A Bárbara progênie e insolência, Vendo que o Albuquerque tanto ofende Gente que dele tem a descendência, Com mil meos ilícitos pretende Fazer irreparável resistência Ao claro Jorge, varonil e forte, Em quem não dominava a vária sorte.” (XLV) “O Princípio de sua Primavera Gastarão seu destrito dilatando, Os bárbaros cruéis e gente Austera, Com meio singular, domesticando(...)” (XXX).
Plano do poeta: Bento expressa suas considerações pessoais no início e no final do poema, sempre ressaltando sua dedicação da obra à Jorge de Albuquerque. “Aqui deu [fim] a tudo, e brevemente Entra no Carro [de] Cristal lustroso; Após dele a demais Cerúlea gente Cortando a vea vai do Reino acoso . Eu que a tal espetáculo presente Estive, quis em Verso numeroso Escrevê-lo por ver que assim convinha Pera mais Perfeição da Musa minha.” (XCIV) “Imagem da vida e feitos memoráveis de vossa mercê, quis primeiro fazer este riscunho , pera depois, sendo-me concedido por vossa mercê, ir mui particularmente pintando os membros desta Imagem, se não me faltar a tinta do favor de vossa mercê, a quem peço, humildemente, receba minhas Rimas, por serem as primícias com que tento servi-lo.” (Epílogo)
Plano da exaltação: A prosopopéia de onde Bento Teixeira tirou o nome, foi de uma fala de Proteu , profetizando o Post Facto , que significa os feitos e as fortunas dos Albuquerques , exageradamente idealizados pelo poeta. “(...)Cousas que Deos eterno e ele cura, E tornando ao Preságio novo e raro, Que na parte mental se me figura, De Jorge d’Albuquerque, forte e claro, A despeito direi da enveja pura, Pera o qual monta pouco a culta Musa, Que Meónio em louvar Aquiles usa.” (XXXIX) “(...)Vereis seu Estandarte derribado Aos Católicos pés victoriosos , Vereis em fim o garbo e alto brio Do famoso Albuquerque vosso Tio.” (IV)
ESTÉTICA DA OBRA Personagens: Jorge D’ Albuquerque, Duarte Coelho Albuquerque, Jerônimo, Vulcano , Tritão , Proteo , Nepturno , dentre outros seres mitológicos, D. Sebastião, mouros e índios. Cenário: Nova Lusitâna , Olinda, Lisboa, Marrocos. Tempo: Tudo acontece em 24 horas. Estrutura do poema: Prólogo Narração Descrição do Recife de Pernambuco Epílogo Soneto per ecos, ao mesmo Senhor Jorge d’Albuquerque Coelho
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Prosopopéia , Bento Teixeira, 1600. A Prosopopéia de Bento Texeira , 1997. MOISÉS, Massaud – História da Literatura Brasileira, 3 vols., S. Paulo, Cultrix , 2001