Provas e Expiações - a luz da Doutrina Espírita

ADALBERTOCOELHOSILVA 622 views 89 slides Jan 19, 2021
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About This Presentation

Provas e expiações, eis a condição do homem na Terra. Expiação do passado, provas para fortalecê-lo contra a tentação; para desenvolver o Espírito pela atividade da luta; para habituá-lo a dominar a matéria e prepará-lo para os prazeres puros que o esperam no mundo dos Espíritos.
O Es...


Slide Content

Provas Expiações –
Entrevistando Joanna de
Angelis

i

SUMÁRIO

1 Provas e Expiações – Conceitos e Fundamentos ........................................................................................................ 1
1.1 Provas ..................................................................................................................................................................... 1
1.2 Expiação ................................................................................................................................................................. 1
1.3 Síntese .................................................................................................................................................................... 3
2 Provas e Expiações – Entrevista com Joanna de Angelis .......................................................................................... 6
2.1 Provas e Expiações – Significado ......................................................................................................................... 6
2.2 Provas e Expiações – Causas ................................................................................................................................ 7
2.3 Provas e Expiações – O Carma e o Determinismo ............................................................................................. 8
2.4 Provas e Expiações – Morais e Físicas ................................................................................................................ 8
2.5 Provas e Expiações – O Verdadeiro Infortúnio ................................................................................................. 9
2.6 Provas e Expiações – A Fatalidade na Família ................................................................................................ 10
2.7 Provas e Expiações – O Suicídio ........................................................................................................................ 10
2.8 Provas e Expiações – A Aflição em Você .......................................................................................................... 10
2.9 Provas e Expiações – A Dor e o Sofrimento ..................................................................................................... 11
2.10 Provas e Expiações – Dentro da Família ........................................................................................................... 11
3 Provas e Expiações – Visões Doutrinárias ................................................................................................................ 12
3.1 Allan Kardec ....................................................................................................................................................... 12
3.1.1 Sobre a Expiação e a Prova ........................................................................................................................... 12
3.2 Joanna de Angelis ............................................................................................................................................... 15
3.2.1 Provas e Expiações ....................................................................................................................................... 15
3.2.2 Necessidade da Reencarnação ...................................................................................................................... 17
3.2.3 Considerando o Sofrimento e a Aflição ........................................................................................................ 18
3.2.4 Dor Benfeitora .............................................................................................................................................. 19
3.2.5 Aprendizagem pela Dor ................................................................................................................................ 20
3.2.6 Provações ...................................................................................................................................................... 21
3.2.7 Sequelas do Sofrimento ................................................................................................................................ 22
3.2.8 Sofrimento Reparador ................................................................................................................................... 24
3.2.9 Serão Consolados .......................................................................................................................................... 26
3.2.10 Funções do Sofrimento ................................................................................................................................. 26
3.2.11 Infortúnios e Bênçãos ................................................................................................................................... 30
3.2.12 Dores e Resignação ....................................................................................................................................... 32
3.2.13 Provações ...................................................................................................................................................... 33
3.2.14 Inconformismo e Revolta .............................................................................................................................. 34
3.2.15 Amor a Vida.................................................................................................................................................. 35
3.2.16 Desígnios de Deus ........................................................................................................................................ 36
3.2.17 Aceita a Vida ................................................................................................................................................ 37
3.2.18 Ascenção Espiritual ...................................................................................................................................... 38
3.2.19 Momentos de Aflição e Prova....................................................................................................................... 39

ii
3.2.20 Carma e Consciência .................................................................................................................................... 40
3.2.21 Dores Morais................................................................................................................................................. 41
3.2.22 Infortúnios ..................................................................................................................................................... 42
3.2.23 Glórias e Insucessos ...................................................................................................................................... 44
3.2.24 Cristo em Casa .............................................................................................................................................. 45
3.2.25 Suicídio ......................................................................................................................................................... 47
3.2.26 Aflição e Consolação .................................................................................................................................... 49
3.2.27 Ante a Dor ..................................................................................................................................................... 50
3.2.28 Necessidade de Evolução .............................................................................................................................. 51
3.2.29 Almas Problema ............................................................................................................................................ 55
3.2.30 Sob testes e exames ....................................................................................................................................... 56
3.3 Emmanuel ............................................................................................................................................................ 58
3.3.1 Provação e Expiação ..................................................................................................................................... 58
3.3.2 Expiação ....................................................................................................................................................... 59
3.3.3 Inferno Antes ................................................................................................................................................ 60
3.3.4 Na Senda Evolutiva ...................................................................................................................................... 61
3.3.5 Na Terra e no Além ...................................................................................................................................... 62
3.3.6 No Problema da Dor ..................................................................................................................................... 63
3.3.7 Dentro da Luta .............................................................................................................................................. 64
3.3.8 Em Plena Prova ............................................................................................................................................. 65
3.3.9 Perante a Dor ................................................................................................................................................ 66
3.4 André Luiz ........................................................................................................................................................... 67
3.4.1 Bem-Aventurados ......................................................................................................................................... 67
3.5 Hermínio de Miranda ......................................................................................................................................... 68
3.5.1 Terapia Homeopata da Dor ........................................................................................................................... 68
3.6 Marta Antunes de Moura ................................................................................................................................... 71
3.6.1 As Provas e Expiações como mecanismos Evolutivos ................................................................................. 71
3.7 Maria Dolores ...................................................................................................................................................... 73
3.7.1 Jornadas no Tempo ....................................................................................................................................... 73
3.8 Cornélio Pires ...................................................................................................................................................... 72
3.8.1 Escolha das Provas ........................................................................................................................................ 72
3.9 Antero de Quental ............................................................................................................................................... 74
3.9.1 A Dor ............................................................................................................................................................ 74
4 Anexo – Joanna de Angelis – Biografia .................................................................................................................... 75
4.1 Joanna de Angelis e a Codificação Espírita ...................................................................................................... 75
4.2 Joanna de Angelis e as suas Vidas Passadas ..................................................................................................... 76
4.2.1 Joana de Cusa ................................................................................................................................................ 76
4.2.2 Clara de Assis ............................................................................................................................................... 77
4.2.3 Juana Inês de La Cruz ................................................................................................................................... 79
4.2.4 Joana Angélica de Jesus ................................................................................................................................ 80
5 Referências .................................................................................................................................................................. 81

iii

1

PROVAS e EXPIAÇÕES
1 Provas e Expiações – Conceitos e Fundamentos
Provas e expiações, eis a condição do homem na Terra . Expiação do passado, provas para fortalecê-lo
contra a tentação; para desenvolver o Espírito pela atividade da luta; para habituá-lo a dominar a matéria e prepará-
lo para os prazeres puros que o esperam no mundo dos Espíritos.
O Espírito de Verdade – Revista Espírita – 1864 – Dezembro
1.1 Provas

Provas – vicissitudes da vida corporal pelas quais os Espíritos se purificam segundo a maneira pela qual as
suportam. Segundo a doutrina espírita, o Espírito desprendido do corpo, reconhecendo sua imperfeição, escolhe ele
próprio, por ato de seu livre arbítrio, o gênero de provas que julga mais próprio ao seu adiantamento e que sofrerá
em sua nova existência. Se ele escolhe uma prova acima de suas forças, sucumbe, e seu adiantamento retarda.
Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – Vocabulário
(...)
No estado errante, antes de nova existência corpórea, o Espírito tem consciência e previsão do que lhe vai
acontecer durante a vida?
Ele mesmo escolhe o gênero de provas que deseja sofrer; nisto consiste o seu livre arbítrio.
Allan Kardec – O Livro dos Espíritos –2º Parte – Cap.67 –Perg. 258
(...)
É na vida corpórea que o Espírito repara o mal de anteriores existências, pondo em prática resoluções
tomadas na vida espiritual. Assim se explicam as misérias e vicissitudes mundanas que, à primeira vista, parecem
não ter razão de ser. Justas são elas, no entanto, como espólio do passado – herança que serve à nossa romagem para
a perfectibilidade.
Allan Kardec – O Céu e o Inferno – 1º Parte – Cap. 7 – Item 31
(...)
Mediante as diversas existências corpóreas é que os Espíritos se vão expungindo, pouco a pouco, de suas
imperfeições. As provações da vida os fazem adiantar-se, quando bem suportadas. Como expiações, elas apagam
as faltas e purificam. São o remédio que limpa as chagas e cura o doente.
Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo – Capítulo 5 – item 10.
(...)
Provas – Lições retardadas que nós mesmos acumulamos no caminho, através de erros impensados ou
conscientes em transatas reencarnações, e que somos compelidos a rememorar e reaprender.
André Luiz – Estude e Viva – Cap. 40: O Espiritismo em sua Vida
(...)
A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação
espiritual. A expiação é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime.
Emmanuel – O Consolador – Perg. 246
1.2 Expiação

2

Expiação – pena que sofrem os Espíritos como punição das faltas cometidas durante a vida corporal. A
expiação, sofrimento moral, ocorre no estado de Erraticidade como o sofrimento físico ocorre no estado corporal.
As vicissitudes e os tormentos da vida corporal são, ao mesmo tempo, provas para o futuro e expiação do passado.
Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – Vocabulário
(...)
O que orienta o Espírito na escolha das provas?
Ele escolhe as que lhe podem servir de expiação, segundo a natureza de suas faltas, e fazê- lo adiantar mais
rapidamente.
Uns podem impor-se uma vida de misérias e privações, para tentar suportá-la com coragem; outros,
experimentar as tentações da fortuna e do poder, bem mais perigosas pelo abuso e o mau emprego que lhes pode dar
e pelas más paixões que desenvolvem; outros, enfim, querem ser provados nas lutas que terão de sustentar no contato
com o vício.
Allan Kardec – O Livro dos Espíritos –2º Parte – Cap.67 –Perg. 264
(...)
Até que os últimos vestígios da falta desapareçam, a expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que lhe
são consequentes, seja na vida atual, seja na vida espiritual após a morte, ou ainda em nova existência corporal.
Allan Kardec – O Céu e o Inferno – 1º Parte – Cap. 7 – Item 17
(...)
Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada
falta.
Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu
progresso.
Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação.
Provas e expiações, todavia, são sempre sinais de relativa inferioridade, porquanto o que é perfeito não
precisa ser provado.
Pode, pois, um Espírito haver chegado a certo grau de elevação e, nada obstante, desejoso de adiantar-se
mais, solicitar uma missão, uma tarefa a executar, pela qual tanto mais recompensado será, se sair vitorioso, quanto
mais rude haja sido a luta.
Tais são, especialmente, essas pessoas de instintos naturalmente bons, de alma elevada, de nobres
sentimentos inatos, que parece nada de mau haverem trazido de suas precedentes existências e que sofrem, com
resignação toda cristã, as maiores dores, somente pedindo a Deus que as possam suportar sem murmurar.
Pode-se, ao contrário, considerar como expiações as aflições que provocam queixas e impelem o homem à
revolta contra Deus. Sem dúvida, o sofrimento que não provoca queixumes pode ser uma expiação; mas, é indício de
que foi buscada voluntariamente, antes que imposta, e constitui prova de forte resolução, o que é sinal de progresso
Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. 5 – Causas anteriores das aflições – item 9

3

1.3 Síntese

As aflições na terra são os remédios da alma; elas salvam para o futuro, como uma operação cirúrgica
dolorosa salva a vida de um doente e lhe devolve a saúde. É por isso que o Cristo disse: "Bem-aventurados os aflitos,
pois eles serão consolados."
Allan Kardec – O Espiritismo em sua Expressão mais Simples – Cap. 1 – Item 40
Quando o Cristo disse: "Bem-aventurados os aflitos, o reino dos céus lhes pertence", não se referia de modo
geral aos que sofrem, visto que sofrem todos os que se encontram na Terra, quer ocupem tronos, quer jazam sobre
a palha. Mas, ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem
conduzi-los ao reino de Deus.
Lacordaire – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 5 – Item 18
Nada existe sem razão de ser.
A Sabedoria do Senhor não deixa margem à inutilidade.
O sofrimento tem a sua função preciosa nos planos da alma, tanto quanto a tempestade tem o seu lugar
importante na economia da natureza física.
Emmanuel– Fonte Viva – Cap. 162:Dentro da Luta
Não existe dor sem causa, nem alegria sem título de merecimento.
Em ambas as situações, mantém-te vigilante, porque ninguém passa pelo mundo sem as suas vivências, e a
dor faz parte do processo iluminativo.
O aperfeiçoamento moral do Espírito é da sombra para a luz, do bruto para o sublime.
Joanna de Angelis – Reformador – Maio/2016: Provas e Expiações
As provas e expiações, resgates e sofrimentos são formas de reajustamento do Espírito, que soma a essas
experiências dolorosas os esforços empregados na aquisição de conhecimento e virtude.
Juvanir Borges de Souza – Tempos de Renovação – Cap.13: Auto-Educação
Bastará apenas sofrer para que resgatemos os compromissos adquiridos nas existências passadas ?
Se temos o coração aberto em feridas profundas, i sso não basta; é preciso transubstanciar as próprias dores
em esperanças e ensinamentos.
Emmanuel – Leis de Amor – Cap. 6 – Item 2:Redenção
Com muita propriedade a Terra é considerada planeta de “provas e expiações”.
A prova examina, experimentando o grau de preparação do educando.
A expiação ensina, rigorosa, a lição desperdiçada na inutilidade ou na viciação.
A prova lembra escolaridade.
A expiação solicita enfermagem.
O aprendiz estuda e se prepara para a vida.
O enfermo se reeduca e disciplina para continuar a vida.
Escola e Hospital são os valiosos recursos que se multiplicam para o discípulo sincero de Jesus, na jornada
libertadora.
Joanna de Angelis – Dimensões da Verdade – Cap. 39

4

(...)
Divaldo, Porque sendo Espírita sofro tanto e há tanto tempo ?
Porque o Espiritismo não nos torna indenes à dor.
A função do Espiritismo é preparar-nos para a dor e não libertar-nos, sem o necessário mérito, do
sofrimento. A função do Espiritismo é a de dar-nos uma visão ampla da vida, oferecer-nos recursos para superarmos
as nossas limitações. Eleve-se pela confiança, porque a dor, ao invés de punição, é benção, é crédito perante a vida.
O Espiritismo nos dá o lenitivo, o otimismo para enfrentarmos as aflições; é uma terapêutica para vencer o
sofrimento.
Divaldo Franco – Viagens e Entrevistas – Perg. 89:Sofrimento
(...)
Bem-aventurados os que choram – , disse Jesus.
Nem todos, porém.
Há lágrimas que não traduzem humildade nem esperança.
Choros que fomentam vinganças ultrizes e engendram males de largo curso.
Jesus reportou-se, sem dúvida:
− Àqueles que choram sob o açodar das injustiças humanas, sem qualquer rebeldia;
− Àqueles que sofrem as contingências afligentes, sem acalentar os sentimentos de vingança;
− Aos que expungem os débitos pretéritos, sem desespero;
− Aos que sentem a alma pungida, e no entanto, transformam a agonia lacrimejante em esperanças estelares;
− Aos que, padecendo, não infligem aflições a ninguém; .
− Àqueles que, perseguidos, jamais se deixam consumir pelo desejo do desforço;
− Aos que, esfaimados e sedentos de amor e paz, laboram pela felicidade do próximo ...
... Estes serão consolados.
O choro é reação do sentimento, da emoção, nem sempre credor de respeito e solidariedade.
Por isso, bem-aventurados todos os que choram, tocados pelo espírito do bem e da misericórdia, sofrendo
para não fazer sofrer, burilando-se sem macerar ninguém, porquanto, assim, serão realmente consolados.
Joanna de Angelis – Alerta – 2º Parte – Cap. 7: Nem Todos Consolados
(...)
Não nos esqueçamos, porém, de que nunca estamos sem a presença de misericórdia divina junto às
ocorrências da divina justiça, que o sofrimento é invariavelmente reduzido ao mínimo para cada um de nós, que
tudo se renova para o bem de todos e que Deus nos concede sempre o melhor.
Emmanuel – Chico Xavier pede Licença – Cap. 19: Desencarnações Coletivas
(…)
Não nos iludamos. Mais dia, menos dia, todos sofrem. Há, contudo, quem sofra com rebeldia, com revolta,
com desânimo ou com desespero, perdendo o valor da prova em que se vê.
Emmanuel – Segue-me – Cap. 19:O Ponto Certo

5

(...)
As dores enrijam as fibras da alma e fortalecem as disposições do sentimento.
Quanto mais rude a tormenta mais rápido cessam as forças do seu desgoverno.
A carga de aflições que conduzes não significa abandono a que estejas relegada, e sim recordação de que
não és esquecida.
A fé não libera a alma dos resgates que lhe cumpre atender, como esperam alguns crentes apressados.
Ela é a fonte de energia e o dínamo de força, o penso que balsamiza a ferida e o conforto que ampara a
coragem, não um mecanismo de evasão das responsabilidades ou documento para chantagear o equilíbrio da justiça
Victor Hugo – Calvário da Libertação – 4º Parte – Cap. 7
(...)
Se sobes calvário agreste, irriga em suor e pranto a senda para o futuro.
Qual ocorre ao enfermo que solicita assistência adequada antes da consulta, imploraste, antes do berço, a
prova que te agracia.
Aspirando a sanar as chagas do pretérito, comissionaste o próprio destino para que te entregasse à existência
o problema inquietante e a frustração temporária, o embaraço imprevisto e a trama da obsessão, o parente
amargoso e a doença difícil.
Não atraiçoes a ti mesmo, fugindo ao merecimento da concessão.
Milhares de companheiros desenleados da carne suplicam o ensejo que já desfrutas.
Mergulhados na dor maior, tudo dariam para obter a dor menor em que te refazes.
Desse modo, quando estiveres em oração, sorvendo a taça de angústia, na sentença que indicaste a ti pró -
prio diante das Leis Divinas, roga a bênção da saúde e a riqueza da paz, a luz da consolação e o favor da alegria,
mas pede a Deus, acima de tudo, o apoio da hu mildade e a força da paciência.
Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 75: Em Plena Prova
(...)
Toda aflição se fixa em raízes que devem ser extirpadas. Algumas possuem causas atuais, enquanto outras
se prendem ao passado espiritual, constituindo tais fatores a justiça impertérrita que alcança os infratores dos
códigos divinos do amor e do equilíbrio.
Joanna de Angelis – Celeiros de Bênçãos – Cap. 35: Serão Consolados
(...)
Muitas vezes exclamas: — Justiça! Justiça!
E afirmas-te demasiadamente sofredor, perseguido pelas sombras ou desamparado pela Bênção do Céu!
Nos dias de aflição e cinza, não te recolhas à blasfêmia e nem peças por maiores manifestações da
Justiça, em teu campo de ação, porque a Justiça mais ampla poderia agravar -te as dores, mas sim roga o
acréscimo da Divina Misericórdia, em teu benefício, a fim de que disponhas de ombros fortes para que não venhas
a lançar longe de ti os favores da própria cruz.
Emmanuel – Assim Vencerás – Cap. 9: Justiça e Misericórdia

6

2 Provas e Expiações – Entrevista com Joanna de Angelis
2.1 Provas e Expiações – Significado

[1] Qual o significado das Provações em nossas Vidas?

(...)
A provação para o espírito encarnado é fogo purificador.
Dores na alma, em forma de angustia e saudade, provando a resistência da fé.
Dores no corpo, em úlceras purulentas, provando o valor da fé.
Dores no sentimento, em forma de ansiedade e frustração, provando a fé.
Guarda-te, nas provações, no valioso refúgio da paciência, confiando no celeste Pai.
Mesmo que chovam dificuldades, que a solidão assinale os teus dias e que ardam labaredas na alma, impedindo
que o claro sol pareça luminoso aos seus olhos, confia no Senhor e segue.
Joanna de Angelis – Messe de Amor – Cap. 53: Provações (Joanna de Angelis Responde – Perg. 54)
(...)
Não te consideres inatingível.
Acostuma-te à fragilidade do corpo e às necessidades decrescimento como espírito que és.
Nenhuma dor te alcança sem critério superior de justiça.
Sofrimento algum no teu campo emocional, que se não acabe, deixando o resultado do seu trânsito.
Utiliza-te das ocorrências que trazem dor, para crescer, e não te apresentes inconformado.
Joanna de Angelis – Alerta – Cap. 20:Inconformismo e Revolta (Joanna de Angelis Responde – Perg. 54)
(...)
Desgraça real é o desconhecimento dos objetivos superiores da existência sem a chama luminosa do amor
como benção e a imperiosa necessidade de seguir, arrastado pelas circunstâncias penosas.
Joanna de Angelis – Alerta – Cap.39: Amor a Vida (Joanna de Angelis Responde – Perg. 54)
(...)
Em Momento algum deixa de confiar nos desígnios de Deus.
Não te encontras à deriva, apesar de supores que o rumo para a felicidade perdeu-se em definitivo.
A ausência aparente de respostas diretas aos teus apelos e necessidades faz parte de uma programática para o teu
bem.
Sem que o percebas, chegam-te os socorros imprescindíveis para o equilíbrio e êxito, sem os quais, certamente,
não suportarias as provas a que te propuseste por impositivo da própria evolução.
Joanna de Angelis – Otimismo – Cap.51: Desígnios de Deus ( Joanna de Angelis Responde – Perg. 54)
(...)
Aceita a vida e ganha-a com alegria para o teu próprio bem.
Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap.4: Aceita a Vida (Joanna de Angelis Responde – Perg. 54)
Nota: As perguntas deste trabalho forma extraídas do Livro : Joanna de Angelis Responde , complementadas por
diversos outros livros da Mentora. A integra de todas as mensagens dela e dos demais Mentores estão na S eção
3: Provas e Expiações – Visões Doutrinárias.

7

2.2 Provas e Expiações – Causas

[2] Onde se encontram as Causas dos Sofrimentos atuais?

(...)
Quando a criatura sofre sem conhecimento das causas que a levam à aflição, raramente logra forças para
superar-se e suportar com resignação as suas dores.
Eis porque, ante a conjuntura ou situação dolorosa que atinge os homens, somente se pode entender, ante a
divina justiça, que se a causa dos padecimentos não se encontra na existência atual, está, sem dó vida, em precedentes
reencarnações.
Repetem-se as vidas corporais para o Espírito quantas vezes se fazem necessárias para o seu burilamento, a
sua plenitude.
Cada etapa repara os erros da fase anterior, ao. Mesmo tempo contribuindo para a aquisição de valores e
experiências que necessitam ser armazenados e que contribuem, poderosamente, para a evolução, do homem.
(...)
Se não compreendes o porquê das tuas dores atuais, ausculta a consciência e eia te inspirará a entender as
causas anteriores, ajudando-te a suportá-las ei vencê- las bem.
O sofrimento não tem exclusiva finalidade corretiva, senão educadora, abrindo percepções e facultando
valores que não seriam conhecidos sem o seu com tributo.
Não menosprezes, por essa razão, a fragilidade orgânica, a celeridade com que transcorre cada ciclo das
reencarnações.
Aproveita, quanto possas, as ensanchas que se te apresentem, reunindo experiências positivas, recuperando
lições perdidas, realizando trabalhos valiosos, provas de acréscimo que todos recebem e nem sempre utilizam como
devem, incidindo, então, na compulsória de adquirirem pela dor, o que não realizaram pelo amor.
Joanna de Angelis – Otimismo – Cap. 42: Ascenção Espiritual ( Joanna de Angelis Responde – Perg.123)

[3] Objetivamente, por que passamos por momentos de aflição e prova, em nossas vidas? ,

(...)
Momentos de aflição e prova surgem pelo caminho, inesperados, concitando à disciplina espiritual
indispensável ao processo evolutivo do ser.
Enquanto domiciliado no corpo, espírito algum se encontra em segurança, vitorioso, isento de experiências
difíceis, de possíveis insucessos.
Os momentos de prova e aflição constituem recursos de aferição dos valores morais de cada um, mediante
os quais o homem deve adquirir mais, valiosas expressões iluminativas como suportes para futuros, investimentos
evolutivos.
Por isso, todos somos atingidos por tais métodos de purificação.
Joanna de Angelis – Oferenda – Cap. 11: Momentos de Aflição e Prova (Joanna de Angelis Responde – Perg.91)

8

2.3 Provas e Expiações – O Carma e o Determinismo
[4] Algumas pessoas dizem que certas dores são cármicas, portanto, difícil é livrarem -se delas. O carma é
realmente inalterável ou não?

(...)
O carma está sempre em processo de alteração, conforme o comportamento da criatura.
A desdita que se alonga, o cárcere moral que desarvora, a enfermidade rigorosa que alucina, a limitação que
perturba, a solidão que asfixia, o desar que amargura podem alterar-se favoravelmente, se aquele que os
experimenta resolve mudar as atitudes , aprimorando-se e desdobrando -se em prol do bem geral , no que resulta
em bem próprio.
Nos mapas das experiências humanas, graças às mudanças de comportamento dos reencarnados, em decorrência
do seu livre-arbítrio, são alterados com assídua frequência, sucessos e socorros, dores e problemas programados,
abreviando-se ou concedendo -se moratória à vilegiatura daqueles que se situam num como noutro campo desta ou
daquela necessidade.
Não existe nas soberanas Leis da Vida fatalidade para o mal.
O que ao ser acontece, é resultado do que ele fez de si mesmo e nunca do que Deus lhe faz, como apraz aos
pessimistas, aos derrotistas e cômodos afirmar.
Refaze, pois, a tua vida, a todo momento, para melhor, mediante os teus atos saudáveis.
Joanna de Angelis – Momentos de Consciência – Cap. 8: Carma e Consciência (Joanna de Angelis Responde –
Perg. 99)
2.4 Provas e Expiações – Morais e Físicas
[5] Existem dores físicas e dores morais. Qual a medicação para uma e para outra?

(...)
Os sofrimentos, genericamente dilaceram o corpo, alguns, todavia, esfacelam a alma, na roda dentada das
aflições.
Aqueles que decorrem das enfermidades físicas e mentais produzem desespero, levando, não raro, os que os
têm sobre os ombros, a estados de desesperação, se não se apoiam na resignação e na humildade. Todavia, os
sofrimentos morais parecem transcorrerem clima de mais ásperas provanças.
Há dores físicas que se tornam difíceis tormentos morais.
Sem embargo, os legítimos sofrimentos morais, aqueles que se transformam em feridas abertas, em chaga
viva ulcerando a alma, terminam em agonias fisicas.de largo porte...
Para as dores físicas, a ciência já conseguiu um sem número de recursos que colaboram para a recuperação
da saúde e ao mesmo tempo, produzem diminuição quando não transitória cessação dos padecimentos.
Diante, porém, das dores morais, as denominadas “ciências da alma" podem, quando muito, propor esquemas
paliativos que, decerto, não atuando no cerne do problema aflitivo, não conseguem modificar a paisagem de angústia
e sombra que escarnece e estiola a vítima .
Que medicamentos se podem propor, senão a terapia da prece, da fé abrasadora e da irrestrita confiança em
Deus!
Joanna de Angelis – Rumos Libertadores – Cap. 21: Dores Morais (Joanna de Angelis Responde – Perg.128)

9

2.5 Provas e Expiações – O Verdadeiro Infortúnio
[6] Existem pessoas que não suportam o sofrimento e qualquer espécie de dor lhes constitui verdadeiros
infortúnios. Que são realmente os infortúnios, as dores, etc...?
(...)
Do ponto de vista humano, infortúnio ou desgraça significa tudo que perturba a comodidade e contraria as
ambições imediatas em que se compraz a criatura humana.
Observado, no entanto, do ponto de vista espiritual, o infortúnio, que poderia significar verdadeira desdita
para os desarmados morais faculta, aos que sabem entregar-se a Deus, conquistas que se trasladam para a vida imortal
– a verdadeira.
As dores de qualquer procedência, as injunções de toda natureza, as enfermidades ditas incuráveis, a presença
da pobreza material, a ausência dos valores amoedados, a ingratidão das pessoas amadas representam apelos ao
espírito calceta e atrabiliário para cuidar quanto antes da sua renovação e consequente ascensão moral.
Provas e expiações de qualquer monta são necessidades elaboradas por nós próprios, a fim de
repararmos as faltas cometidas, encontrando na dor que se deve superar os recursos valiosos para a libertação dos
gravames inditosos e a paz da consciência.
Não são, portanto, desgraças reais os chamados infortúnios, conforme conceituam as convenções do
utilitarismo e do imediatismo.
O verdadeiro infortúnio pode ser encontrado na ausência da fé em Deus, com o impositivo de prosseguir -
se caminhando entre dores e desesperações sem os arrimos abençoados da crença e da esperança.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 11: Infortúnios – Joanna de Angelis Responde –
Perg.106

[7] Muitas pessoas reclamam, dizendo-se infelizes e desgraçadas com a vida que levam. Que representam estas
dores e o que podemos considerar realmente uma desgraça?

(...)
Ninguém que esteja em estado de desgraça, enquanto transitando nas roupagens carnais.
Soledade, pobreza, doença, limitação, esquecimento constituem provas redentoras de que se utilizam os
excelsos mentores encarregados da programática reencarnatória, para a educação, a ascensão e a felicidade dos que
tombaram nos fossos da loucura e da criminalidade, quando no uso das disponibilidades que lhes abundavam no
passado...
Desgraça real é sempre o mal que se faz, nunca o que se recebe. Insucesso social, prejuízo econômico,
fatalidade são terapêuticas enérgicas da vida para a erradicação dos cânceres morais existentes em metástase cruel
nos tecidos do espírito imortal.
Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap.45: Glórias e Insucessos (Joanna de Angelis Responde –
Perg.178)

10

2.6 Provas e Expiações – A Fatalidade na Família
[8] A Doutrina Espírita nos ensina que não existe fatalidade, porém, determinadas famílias padecem inúmeras
desgraças, dando-nos a impressão de atrair tragédias. Qual a razão disso?

(...)
Vinculados por compromissos vigorosos para a própria evolução, os Espíritos reencarnam-se no mesmo
grupo cromossomático, endividados entre si, para o necessário reajustamento, trazendo nos refolhos da memória
espiritual as recordações traumáticas e as lembranças nefastas, deixando-se arrastar, invariavelmente, a complexos
processos de obsessão recíproca, graças ao ódio mantido, às animosidades conservadas e nutridas com as altas
contribuições da rebeldia e da violência.
Em razão disso, o desrespeito grassa, a revolta se instala, a indiferença insiste e a aversão assoma...
A família, em tais circunstâncias, se transforma em palco de tragédias sucessivas, quando não se faz aduana
de traições e desídias...
Estimulando os desajustes que se encontram inatos nos grupos da consanguinidade, a hodierna técnica da
comunicação malsã tem conspirado poderosamente contra a paz do lar e a felicidade dos homens.
Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap. 3: Cristo em Casa (Joanna de Angelis Responde –
Perg. 69)
2.7 Provas e Expiações – O Suicídio
[9] O que leva uma pessoa – às vezes, aparentemente feliz – a fugir da vida através do suicídio?
(...)
Temendo o sofrimento, o suicida impõe-se maior soma de aflições, no pressuposto de que o ato de cobardia
encetado seria sancionado pelo apagar da consciência e pelo sono do nada...
... No fundo de todas as razões predisponentes para o autocídio, excetuando-se as profundas neuroses e psicoses
de perseguição, as maníaco-depressivas – que procedem de antigas fugas espetaculares à vida e que o Espírito traz
nos refolhos do ser como predisposição à repetição da falência moral – encontra-se o orgulho tentando, pela
violência, solucionar questões que somente a ação contínua no bem e a sistemática confiança em Deus podem
regularizar com a indispensável eficiência.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 18: Suicídio (Joanna de Angelis Responde – Perg. 108)
2.8 Provas e Expiações – A Aflição em Você
[10] “Vinde a mim todos vós, que vós encontrais aflitos...” A quais aflitos o Mestre se referia?

(...)
Os aflitos, a que se refere o Mestre, são aqueles que da tribulação retiram o bom proveito ; aqueles que
encontram na dor um desafio para superarem-se a si mesmo; os que abrasam na fé ardente e sobrepõem-se às
conjunturas dolorosas; todos os que convertem as dificuldades e provações em experiências de sabedoria; os que
sob o excruciar dos testemunhos demonstram a sua fé e perseverança nos ideais esposados, porfiando fieis aos
compromissos abraçados...
Os aflitos humildes e que se convertem em lições vivas de otimismo e de esperança – eis os que serão bem-
aventurados, porque após as dividas resgatadas, os labores, os testemunhos confirmados, “serão consolados” pela
benção da consciência tranquila, no país da redenção total.
Joanna de Angelis – Rumos Libertadores – Cap. 5: Aflição e Consolação (Joanna de Angelis Responde – Perg.
168)

11

2.9 Provas e Expiações – A Dor e o Sofrimento
[11] Ninguém gosta da dor, embora soframos a sua investida. Como entender a dor e o sofrimento?
(...)
A dor é a mensageira da esperança que após a crucificação do Justo vem ensinando como se pode avançar
com segurança. Recebamo-la, pacientes, sejam quais forem às circunstâncias em que a defrontemos, nesta hora de
significativas transformações para o nosso espírito em labor de sublimação.
O sofrimento de qualquer natureza, quando aceito com resignação – e toda aflição atual possui as suas
nascentes nos atos pretéritos do espírito rebelde– propicia renovação interior com amplas possibilidades de progresso,
fator preponderante de felicidade.
A dor faculta o desgaste das imperfeições, propiciando o descobrimento dos valiosos recursos, inexauríveis,
aliás, do ser.
Após a lapidação fulgura a gema.
Burilada a aresta ajusta-se a engrenagem.
Trabalhado, o metal converte-se em utilidade.
Sublimado pelo sofrimento reparador, o Espírito liberta-se.
Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap. 17: Ante a Dor (Joanna de Angelis Responde –
Perg.118)
[12] As criaturas, de um modo geral, temem a dor, qualquer que seja. A dor é uma punição?
(...)
A dor, em qualquer situação, jamais funciona como punição, porquanto Sua finalidade não é punitiva, porém
educativa, corretora. Qualquer esforço impõe o contributo do sacrifício, da vontade disciplinada ou não, que se
exterioriza em forma de sofrimento, mal-estar, desagrado, porque o aprendiz, simplesmente, se recusa a considerar
de maneira diversa a contribuição que deve expender a benefício próprio.
Joanna de Angelis – No Limiar do Infinito – Cap. 6: Necessidade de Evolução (Joanna de Angelis Responde –
Perg.127)
2.10 Provas e Expiações – Dentro da Família
[13] De onde procedem estas criaturas-problemas que são colocadas ao nosso lado?
(...)
A pessoa-problema que renteia contigo, no processo evolutivo, não te é desconhecida...
O filhinho–dificuldade que te exige doação integral, não se encontra ao teu lado por primeira vez.
O ancião–renitente que te parece um pesadelo contínuo, exaurindo-te as forças, não é encontro fortuito na tua
marcha...
O familiar de qualquer vinculação que te constitui provação, não é resultado do acaso que te leva a desfrutar
da convivência dolorosa.
Todos eles provêm do teu passado espiritual.
Eles caíram, sim, e ainda se ressentem do tombo moral, estando, hoje, a resgatar injunção penosa. Mas tu
também.
Quando alguém cai, sempre há fatores preponderantes e outros predisponentes, que induzem e levam ao abismo.
Normalmente, oculto, o causador do infortúnio permanece desconhecido do mundo. Não, porém, da consciência,
nem das Soberanas Leis.
Renascem em circunstancia e tempos diferentes, todavia, volvem a encontrar-se, seja na consanguinidade, através
da parentela corporal, ou mediante a espiritual, na grande família humana, tornando -se o caminho das reparações
e compensações indispensáveis.
Joanna de Angelis – Alerta – Cap.6: Almas Problema (Joanna de Angelis Responde – Perg. 124)

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3 Provas e Expiações – Visões Doutrinárias
3.1 Allan Kardec
3.1.1 Sobre a Expiação e a Prova

A expiação implica necessariamente a idéia de um castigo mais ou menos penoso, resultado de uma falta
cometida; a prova implica sempre a de uma inferioridade real ou presumida, porquanto, aquele que chegou ao ponto
culminante a que aspira, não mais necessita de provas.
Em certos casos, a prova se confunde com a expiação, isto é, a expiação pode servir de prova, e
reciprocamente. O candidato que se apresenta para receber uma graduação, passa por uma prova. Se falhar, terá de
recomeçar um trabalho penoso; esse novo trabalho é a punição da negligência que apresentou no primeiro; a segunda
prova torna-se, assim, uma expiação.
Para o condenado a quem se faz esperar um abrandamento ou uma comutação, se bem se conduzir, a pena é,
ao mesmo tempo, uma expiação por sua falta e uma prova para sua sorte futura. Se, à sua saída da prisão, não estiver
melhor, a prova é nula e um novo castigo desencadeará uma nova prova.
Considerando-se, agora, o homem na Terra, vemos que ele aí suporta males de toda a sorte, muitas vezes
cruéis. Esses males têm uma causa. Ora, a menos que os atribuamos ao capricho do Criador, somos forçados a admitir
que a causa esteja em nós mesmos, e que as misérias que experimentamos não podem ser o resultado de nossas
virtudes; portanto, têm sua fonte nas nossas imperfeições.
Se um Espírito encarnar-se na Terra em meio à fortuna, honras e todos os prazeres materiais, poder-se-á dizer
que sofre a prova do arrastamento; para o que cai na desgraça por sua má conduta ou imprevidência, é a expiação de
suas faltas atuais e pode dizer-se que é punido por onde pecou. Mas que dizer daquele que, desde o nascimento, está
em luta com as necessidades e as privações, que arrasta uma existência miserável e sem esperança de melhora, que
sucumbe ao peso de enfermidades congênitas, sem nada ter feito, ostensivamente, para merecer tal sorte?
Quer seja uma prova, ou uma expiação, a posição não é menos penosa e não seria mais justa do ponto de
vista do nosso correspondente, porquanto, se o homem não se lembra da falta, também não se lembra de haver
escolhido a prova. Tem-se, assim, de buscar alhures a solução da questão.
Como todo efeito tem uma causa, as misérias humanas são efeitos que devem ter uma causa; se esta não
estiver na vida atual, deve estar numa vida anterior. Além disso, admitindo a justiça de Deus, tais efeitos devem ter
uma relação mais ou menos íntima com os atos precedentes, dos quais são, ao mesmo tempo, castigo para o passado
e prova para o futuro.
São expiações no sentido de que são consequência de uma falta, e provas em relação ao proveito que delas
se retira. Diz- nos a razão que Deus não pode ferir um inocente. Se, pois, formos feridos, é que não somos inocentes:
o mal que sentimos é o castigo, a maneira por que o suportamos é a prova.
Mas acontece, muitas vezes, que a falta não se acha nesta vida. Então se acusa a justiça de Deus, nega-se a
sua bondade, duvida-se mesmo de sua existência. Aí, precisamente, está a prova mais escabrosa: a dúvida sobre a
divindade.

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Quem quer que admita um Deus soberanamente justo e bom deve dizer que ele não pode agir senão com
sabedoria, mesmo naquilo que não compreendemos e, se sofremos uma pena, é porque o merecemos; é, pois, uma
expiação.
O Espiritismo, pela grande lei da pluralidade das existências, levanta completamente o véu sobre o que esta
questão deixava no escuro. Ele nos ensina que se a falta não foi cometida nesta vida, o foi numa outra e, deste modo,
que a justiça de Deus segue o seu curso, punindo- nos por onde havíamos pecado.
A seguir vem a grave questão do esquecimento que, segundo o nosso correspondente, tira aos males da vida
o caráter de expiação. É um erro. Dai-lhe o nome que quiserdes: jamais fareis que não sejam a con sequência de uma
falta.
Se o ignorais, o Espiritismo vo-lo ensina. Quanto ao esquecimento das faltas em si, não tem as consequências
que lhe atribuis.
Temos demonstrado alhures que a lembrança precisa dessas faltas teria inconvenientes extremamente graves,
uma vez que nos perturbaria, nos humilharia aos nossos próprios olhos e aos do próximo; trariam perturbação nas
relações sociais e, por isto mesmo, entravaria o nosso livre-arbítrio.
Por outro lado, o esquecimento não é tão absoluto quanto se supõe; ele só se dá na vida exterior de relação,
no interesse da própria Humanidade; mas a vida espiritual não sofre solução de continuidade. Quer na erraticidade,
quer nos momentos de emancipação, o Espírito se lembra perfeitamente e essa lembrança lhe deixa uma intuição que
se traduz pela voz da consciência, que o adverte do que deve ou não deve fazer. Se não a escuta, é, pois, culpado.
Além disso, o Espiritismo dá ao homem um meio de remontar ao seu passado, se não aos atos precisos, pelo
menos aos caracteres gerais desses atos, que ficaram mais ou menos desbotados na vida atual. Das tribulações que
suporta, das expiações e provas deve concluir que foi culpado; da natureza dessas tribulações, ajudado pelo estudo
de suas tendências instintivas e apoiando-se no princípio de que a mais justa punição é a consequência da falta, ele
pode deduzir seu passado moral; suas tendências más lhe ensinam o que resta de imperfeito a corrigir em si.
A vida atual é para ele um novo ponto de partida; aí chega rico ou pobre de boas qualidades; basta-lhe, pois,
estudar-se a si mesmo para ver o que lhe falta e dizer: “Se sou punido, é porque pequei”, e a própria punição lhe dirá
o que fez.
Citemos uma comparação: Suponhamos um homem condenado a tantos anos de trabalhos forçados, sofrendo
um castigo especial mais ou menos rigoroso, de acordo com a sua falta; suponhamos, ainda, que ao entrar na cadeia
perca a lembrança dos atos que para lá o conduziram. Poderá dizer: “Se estou na prisão, é que sou culpado, porquanto
aqui não se põe gente virtuosa.
Tratemos, pois, de ficar bom, para não voltarmos quando daqui sairmos.” Quer ele saber o que fez?
Estudando a lei penal, saberá quais os crimes que para ali conduzem, porque ninguém é posto a ferros por
uma leviandade.
Da duração e da severidade da pena, concluirá o gênero dos que deve ter cometido. Para ter uma idéia mais
exata, terá apenas de estudar aqueles para os quais irá sentir-se instintivamente arrastado.
Saberá, então, o que deve evitar daí em diante para conservar a liberdade, e a isso será ainda estimulado pelas
exortações dos homens de bem, encarregados de o instruir e o dirigir no bom caminho. Se não o aproveitar, sofrerá
as consequências.

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Tal a situação do homem na Terra, onde, tanto quanto o grilheta, não pode ter sido posto por suas perfeições,
considerando-se que é infeliz e obrigado a trabalhar. Deus lhe multiplica os ensinamentos de acordo com o seu
adiantamento; adverte-o incessantemente e chega mesmo a feri-lo, para o despertar de seu torpor, e aquele que
persiste no endurecimento não pode desculpar -se com sua ignorância.
Em resumo, se certas situações da vida humana têm, mais particularmente, o caráter das provas, outras têm,
de modo incontestável, o do castigo, e todo castigo pode servir de prova.
É um erro pensar que o caráter essencial da expiação seja o de ser imposta. Vemos diariamente na vida
expiações voluntárias, sem falar dos monges que se maceram e se fustigam com a disciplina e o cilício. Nada há,
pois, de irracional em admitir que um Espírito, na erraticidade, escolha ou solicite uma existência terrena que o leve
a reparar seus erros passados.
Se tal existência lhe tivesse sido imposta, não teria sido menos justa, apesar da ausência momentânea da
lembrança, pelos motivos acima desenvolvidos. As misérias da Terra são, pois, expiação, por seu lado efetivo e
material, e provas, por suas consequências morais.
Seja qual for o nome que se lhes dê, o resultado deve ser o mesmo: o melhoramento. Em presença de um
objetivo tão importante, seria pueril fazer de um jogo de palavras uma questão de princípio. Isto provaria que se dá
mais importância às palavras que à coisa.
Allan Kardec – Revista Espírita – 1863 – Setembro: Sobre a Expiação e a Prova

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3.2 Joanna de Angelis
3.2.1 Provas e Expiações

Bendize as provas afligentes que te pungem o coração e te inquietam a mente.
Sob o açodar do sofrimento, o ser humano vê-se conduzido a reflexões que o esclarecem a respeito do sentido
da existência corporal.
A vida no corpo físico possui um significado profundo que deve ser observado, que é o da evolução.
Natural que se anele pela saúde perfeita, por ocorrências jubilosas, pelos encantamentos e distrações que
produzem o prazer e mantêm a leviana superficialidade das coisas sem valor que contribuem para o bem-estar
momentâneo.
É, normalmente, quando se está nas paisagens ricas de gozo que surgem os abusos, aumentam as aspirações
do prazer, a fim de se evitar o tédio e suas várias manifestações.
O Espírito é criado sem as experiências que lhe devem constituir o patrimônio imortal.
Toda e qualquer realização, quando repetida sem alteração, dá lugar à indiferença, deixando de produzir
novas sensações e emoções. A monotonia substitui a alegria infrene inicial e as novidades, graças à sua continuidade,
perdem o brilho, o fascínio.
Surgem ambições mais audaciosas, o ócio estimula atitudes atrevidas, radicais, e o acumpliciamento com o
desrespeito ao comportamento dos outros conduz ao ludíbrio, ao crime, na busca de gozos novos e mais fortes.
Nascem, então, as intrigas, as traições, as infâmias, os problemas de alta gravidade que entorpecem os
sentimentos, ludibriam a dignidade e induzem a situações de conduta lamentável.
É inevitável que, vivendo no universo regido pela ordem e por leis de equilíbrio, o infrator seja convidado
ao resgate, à correção dos atos reprocháveis. Eis a causa das atuais aflições.
Nada obstante, quando convocado à regularização e ainda prossegue na marcha da desobediência e da
soberba, é natural que seja recambiado à escola terrestre sob injunção penosa, amargurado nas expiações incoercíveis.
A verdade é que ninguém consegue ludibriar a divina legislação, ainda que aparente uma força e um poder
que não possui, já que a organização fisiológica, acostumada a suportar situações vigorosas, é muito frágil em relação
às infecções, aos processos degenerativos, à debilidade, reduzindo-a ao estado de fragilidade extrema.
Ademais, o fenômeno biológico da morte sempre está presente na maquinaria física... E os transtornos
emocionais de tão fácil ocorrência, os distúrbios mentais, as limitações do soma, que o precedem?
Provas e expiações constituem os regularizadores da existência plena ou aparentemente desventurada.
Agradece a Deus a tua momentânea aflição, seja qual for a sua expressão.
Autopenetra-te mentalmente em uma autoanálise honesta e pergunta-te qual é a mensagem que te está sendo
enviada. Indaga-lhe onde necessitas e como reparar a sua causa, a fim de libertar-te .
Com sinceridade, busca compreendê-la e, ao detectar -lhe a nascente, sem qualquer ressentimento, corrige o
fator de desintegração e rejubila-te.
No entanto, se não conseguires encontrá-la de imediato, não te envolvas nos tecidos sombrios da melancolia
ou do desespero, permanecendo alegre, isto é, consciente de que se trata de uma ocorrência transitória e benéfica.

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Tem a certeza de que sairás da situação melhor do que no momento quando se instalou, no instante em que
não esperavas tal acontecimento.
Notarás um amadurecimento psicológico fascinante, que te permitirá harmonia interior, compreensão do
sentido de viver e estímulo para valorizar apenas aquilo que seja de duração real: os valores do Espírito! É justo que
se aspire pela paz, no entanto, apoiando-se no amor que é o seu alicerce.
De maneira alguma se pode desfrutar de serenidade sem o concurso da afetividade correta, do sentimento de
amizade fraternal, sem a generosidade do sorriso rico de ternura, sem a consciência do dever cumprido corretamente.
O amor fomenta a compreensão das situações mais embaraçosas, porque dulcifica aquele que o cultiva.
Retira do psiquismo os miasmas do ressentimento e de outras paixões que vitalizam vidas microscópicas
na área das viroses e no sistema emocional.
Porque compreende, o amor é suave bálsamo para todas as feridas do corpo e da alma.
Quando tudo estiver bem na tua jornada, agradece a Deus e cuida-te, porque são concessões que recebes dele
para multiplicá-las em chuvas de bondade e de simpatia, beneficiando o solo dos corações para a ensementação da
plenitude.
Não existe dor sem causa, nem alegria sem título de merecimento.
Em ambas as situações, mantém-te vigilante, porque ninguém passa pelo mundo sem as suas vivências, e a
dor faz parte do processo iluminativo.
O aperfeiçoamento moral do Espírito é da sombra para a luz, do bruto para o sublime.
O estado de angelitude começa na primeira molécula que constituirá o ser, prosseguindo, indefinidamente,
no rumo da perfeição relativa que a todos está destinada.
Jesus foi peremptório quando propôs: “Sede perfeitos como o Pai Celestial é perfeito”. (Mateus, 5:48.)
Se estás sob o ardor de alguma provação alegra-te, por te encontrares no rumo libertador. Se te encontras
aureolado pela fortuna da alegria, da juventude, das facilidades, mantém-te atento e aplica com sabedoria esses bens
da vida para que mais tarde possas apresentar os resultados.
Resguarda, pois, a tua consciência de remorsos e arrependimentos, enquanto brilha a luz da tranquilidade e
da inocência nos teus sentimentos.
Mantém-te criança...
Joanna de Angelis – Reformador – Maio/2016: Provas e Expiações

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3.2.2 Necessidade da Reencarnação

"As lutas têm sido cruéis. Dificuldades me assinalam os passos em todo lugar. Sofro em demasia." – Clamam,
com irreflexão, aqueles que jornadeiam, desatentos, a trilha evolutiva.
"Acompanho a marcha do progresso e constato que o êxito a coroar tantas cabeças não me alcança. Creio
que em breve desistirei da luta". Rebelam-se os companheiros do labor diário, em pleno campo redentor.
"Fracassos me seguem nos melhores empreendimentos, conduzindo-me a desespero infrene. A dor é
comensal dos meus dias. Que fazer?" – Refletem, de mente desalinhada, os que se distanciam da fé racional e se
consomem em interrogações aflitivas.
No entanto, todos esses que seguem, sob aparente amargura, aprendem na enxerga da aflição a valorizar os
tesouros divinos que malbarataram por leviandade ou loucura. Recomeçam pelos sítios em que desertaram da vida,
fixando experiências que a rebeldia, mal contida, ainda hoje transforma em novos cardos a se lhe cravarem nos
tecidos sutis da alma.
Tem paciência diante da aflição punitiva ou libertadora.
Não recolhas à análise deprimente dos fatos ou das oportunidades.
Enquanto contabilizas desditas, olvidas a claridade estelar espargindo luminosidade, seja durante o dia, seja
na escuridade da noite.
Tudo são lições.
O desgosto de agora transformar-se-á em proveitosa experiência de amanhã. Caminho percorrido – local
identificado.
Afervora-te ao exame do trabalho sem a desarmonia ansiosa dos resultados que temes. O que hoje parece
insucesso logo mais se converterá em dadivoso bem.
A reencarnação significa precioso ensejo de sublimar e superar, registrando como bênçãos nos refolhos da
alma as experiências de libertação do imediatismo e da extravagância.
É expressivo o retorno à carne para refazimento das experiências deixadas à margem; tantas se fazem
necessárias quantas as oportunidades de evoluir, até chegar à perfeição.
Nunca se nos deparam os mesmos recursos no roteiro da vida, nas mesmas condições. Não pisarás duas vezes
as águas do mesmo rio. Embora retornes ao local da véspera, as águas que fluem não são as mesmas.
A oportunidade, conquanto se nos apresente assinalada pelo nosso desagrado, representa preciosa dádiva.
Transforma, portanto, a dor em cântico de júbilo.
Cada etapa vencida é vitória conquistada a marcar os teus triunfos sobre as próprias lutas, incessantemente
até conquistares a paz em plenitude.
Não fossem os dissabores, e os estímulos para as tarefas desapareceriam. A reencarnação ficaria destituída
de valor se não BURILASSE os espíritos quando do retorno iluminativo.
O pavio que não arde, conserva-se; todavia, não espalha luz. a lâmina que não se consome, no uso, não vai
além de ornamento a pesar na economia das utilidades.
Nasce e renasce o espírito em diversos círculos para conquistar e reconquistar afetos, alargando os horizontes
da fraternidade entre todas as criaturas, de modo a que o Reino de Deus não se transforme em oásis fechado de
felicidade grupal, distante da Humanidade inteira.
Com propriedade, portanto, anotou o Codificador do Espiritismo que "a reencarnação, aliás, precisa ter um
fim útil".
Ascendamos através das lutas diárias nesse "estado transitório" da encarnação, calcando óbices e superando
dificuldades, de tal modo que esta oportunidade significativa para os que se encontram revestidos da organização
carnal constitua a ponte que leva ao planalto da vida melhor, sem sombra, sem dor, sem desespero, fazendo-os
vencedores das paixões e da morte, verdadeiramente espíritos felizes.
Joanna de Angelis – Lampadário Espírita : Cap. 14 – Necessidade da Reencarnação

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3.2.3 Considerando o Sofrimento e a Aflição

“Se, ao contrário, concentramos o pensamento, não no corpo, mas na alma, fonte da vida, ser real a tudo
sobrevivente, lastimaremos menos a perda do corpo, antes fonte de misérias e dores.”
Allan Kardec – O Céu e o Inferno – 1ª parte – Cap. 2 — Item 4.
Ei-los misturados em todo lugar.
Sofrimento causado pela evocação de um amor violento que passou célere, e aflição de quem, não tendo
amado, deseja escravizar-se desnecessariamente.
Sofrimento decorrente do desejo de perseguir quando gostaria de fazê-lo, e aflição, porque, perseguido, não
tem oportunidade de também perseguir.
Sofrimento pela dor que se agasalha no coração, santificando o espírito, e aflição em face da dor, por não
poder fazer quanto gostaria, comprometendo-se muito mais.
Sofrimento nascido no desequilíbrio da ambição que deslocou a linha básica do caráter, e aflição, porque,
desejando e possuindo tanto não pode fruir quanto pensava gozar.
Sofrimento derivado da revolta de não ser feliz nos moldes que planejou, e aflição por ter a felicidade ao
alcance das mãos, constatando, porém, quanta treva e pranto se guardam sob o manto brilhante dessa felicidade.
Sofrimento por muito ter e constatar nada ter, e aflição por nada ter e descobrir quanto poderia ter.
Sofrimento na cruz dos desajustes emocionais, e aflição causada pelos desajustes na cruz do dever reparador.
Sofrimento em quem luta pela reabilitação, e aflição em quem, errando, não tem força para reabilitar-se.
Sofrimento que vergasta, e aflição buscada para vergastar.
É, no entanto, o sofrimento uma via de purificação, e a aflição um meio libertador para quem, mantendo o
encontro com a verdade elege, na recuperação dos valores morais, a abençoada rota através da qual o espírito se
encontra consigo mesmo, depois das múltiplas Lutas do caminho por onde jornadeia, quando desatento e infeliz.
Com Jesus aprendeste que sofrer, recuperando-se interiormente, é libertar-se, e afligir-se, buscando
renovação, é ascender.
Empenha-te, valoroso, no esforço da eliminação do mal que ainda reside em ti, pagando o tributo do
sofrimento e da aflição à consciência. Recorda que antes da manhã clara e luminosa da Ressurreição do Mestre houve
a sombra da traição e a infâmia da Cruz, como ensinamento de que, precedendo a madrugada fulgurante da
imortalidade triunfal, defrontarás a noite de silêncio e testemunho como prenúncio da radiosa festa de luz e liberdade
definitiva, que alcançarás por fim.
Joanna de Angelis – Espírito e Vida – Cap. 37: Considerando o Sofrimento e a Aflição

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3.2.4 Dor Benfeitora

Floresce, espontânea, em toda parte, independendo dos fatores que lhe propiciam o desabrochar.
Inesperadamente aparece nos solos áridos, nos quais os sentimentos não medram.
Nas terras encharcadas da emotividade abundante, também surge sem qualquer programação...
Sua presença é percebida, logo de início, convidando à atenção que nela se fixa, a partir desse momento.
Em todas as épocas, ei-la presente, estabelecendo diretrizes e caracterizando pessoas, grupos e nações.
Detestada, não teme as reações, tornando o seu apelo mais forte.
Aceita, diminui a agudeza dos seus efeitos, suavizando-os.
Estudada por teóricos e práticos, todos se lhe referem de maneira variada, sem chegarem a uma conclusão
unânime.
A verdade, porém, é que se faz conhecida sempre, e ninguém pode impedir-lhe a presença.
Depois que encerra um ciclo, prepara, para um novo cometimento, a sua oportuna aparição.
Nenhum recurso a impede, porque, por enquanto, ela é a única maneira de conduzir o homem na conquista
dos Altos Cimos da Vida, desde que o amor não logre fazê-lo.
Esta flor abençoada, que surge nos terrenos de todas as vidas, é a dor.
Este homem padece de injunções sócio-econômicas e tem a alma em desalinho.
Aquele experimenta a abundância de valores amoedados e sofre a solidão afetiva que o dinheiro não pode
comprar.
Esse arde nas brasas do desejo, insatisfeito, e, lasso, entrega-se ao frenesi da promiscuidade.
Este outro esgrime o ódio e sofre-lhe a rebeldia dilacerante nos tecidos íntimos do ser.
Aqueloutro caminha chancelado pelas etiquetas das patologias cruéis.
Uns definham nas garras afiadas de enfermidades irreversíveis.
Outros derrapam em alucinações inimagináveis...
Todos, porém, sofrendo a constrição das dores de variada expressão, amargurando, lapidando, despertando
para novos valores da vida, que permanecem desprezados.
A dor é benfeitora anônima, que a todos visita.
Cessados os seus efeitos perturbadores, quantas conquistas morais e espirituais!
*
Os prepotentes, que a desconsideram, não chegam ao termo da jornada sem experimentar-lhe a companhia.
Os ingratos, que se supõem felizes, não lhe fogem à presença.
Os orgulhosos, que a desprezam, considerando-se inatingíveis, encontram-na adiante...
Ela verga toda cerviz e submete, sem exceção, todas as criaturas.
O seu cerco é invencível e ela sai-se sempre vencedora.
É instrumento da Lei, que o próprio homem vitaliza e necessita.
Tu, que conheces Jesus, recebe sem rebeldia essa benfeitora.
Não se trata de masoquismo, mas, sim, da inevitabilidade de sofrer, transformando esse estado em formosa
aquisição de bênçãos.
Há os testemunhos à fé e os resgates que procedem do passado.
Seja qual for o motivo, transforma-o em oportunidade iluminativa, porque estás na Terra para crescer e
evoluir, adquirindo experiências de profundidade.
A dor, que a muitos amesquinha, envilece e atordoa, deve constituir-te estímulo para a grande vitória sobre
ti mesmo.
Não te preocupes com mais nada, e, sob o seu jugo, confiante, avança com a dor até conseguires o teu
momento de plena libertação.
Joanna de Angelis – Momentos de Felicidade – Cap. 20: Dor Benfeitora

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3.2.5 Aprendizagem pela D or

Referes-te à dor como se ela se te constituísse punição imerecida, injustificável interferência nas atividades
da tua existência.
Armas-te de revolta e investes contra o sofrimento, tombando em crises de desequilíbrios e alucinações em
decorrência de enfoques defeituosos e do atavismo utilitarista que te assinala a vida.
A dor, no entanto, resulta de uma necessidade imperiosa da evolução.
Sem ela dificilmente conseguirias bendizer a felicidade, da mesma forma que, sem o concurso da sombra,
não te darias conta da elevada mensagem da luz. Não conhecendo a enfermidade, sentir-te-ias sem condição de
valorizar a saúde.
A dor pode ser considerada como um fórceps, de que se utiliza a vida para arrancar belezas nas almas calcetas,
que jazem prisioneiras das couraças do primitivismo ancestral.
Quando, no entanto, o ser é dúlcido e acessível, a dor nele funciona como um arco delicado que tange, no
violino dos sentimentos, leves acordes de uma balada sublime de amor.
Com o seu concurso, nascem os heróis e se forjam os santos: faz-se companheira dos caracteres nobres e é a
irmã da reflexão, cujo concurso invoca ao instalar-se no imo da criatura humana.
*
Até aqui, a dor tem sido considerada apenas sob o ponto de vista negativo, transformando-se numa espada
de Dâmocles sempre ameaçadora, prestes a tombar, fatalmente, sobre os que lhe sofrerão, inermes, a conjuntura
destrutiva...
Examinem-se as vidas dos artistas do pensamento e das artes, consultem-se as existências superiores dos
mártires e dos apóstolos de todos os tempos e de todos os fastos históricos, e logo se encontrará o buril da dor
trabalhando-os e embelezando -os, a fim de que a sensibilidade deles, apurada, pudesse erguer-se às regiões onde
predominam a beleza e a inspiração, de lá as transferindo para os olhos, os ouvidos e as mentes do mundo sensorial,
transformando-se em estímulos à ascensão e à liberdade.
Interroguem-se as mães e os lidadores das ciências como lograram atingir as cumeadas do ministério e se
descobrirá a dor na condição de alavanca impelindo-os para frente.
O diamante, arrancado do seio generoso da terra, somente resplandecerá após a lapidação.
*
Não te consideres em desdita, porque a dor-provação te alcança, concitando-te à regularização dos débitos
pretéritos que trazes contigo.
Não te perturbes em face da dor-enobrecimento que te conclama a meditação, de modo a amadureceres os
valores espirituais e adquirires sabedoria.
Não te desesperes ante a dor-surpresa, injustamente denominada tragédia ou infortúnio, dela retirando os
recursos da edificação íntima. Compreenderá desse modo, que a vida física é experiência rápida, e que a aparente
vitalidade orgânica, a segurança e as conquistas que se disputam, na Terra, são sempre bens muito transitórios,
desaparecendo de um momento para outro. Assim, preparar-te-ás para considerar a existência como um rápido
capítulo do livro da vida imperecível...
Jesus, que não possuía débitos, ensinou- nos a técnica de superação da dor, entregando-se em caráter de total
tranquilidade às determinações divinas, mediante o sofrimento por amor, já que a dor faz parte do programa de
ascensão, na Terra, irmã e benfeitora que deverás receber como dádiva superior para a felicidade que lograrás agora
ou mais tarde.
Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap. 10: Aprendizagem pela Dor

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3.2.6 Provações
Referes-te a nuvens nos céus das tuas aspirações. Acusas angústias e inquietudes, macerando os melhores
programas que traças, tendo os olhos fitos no futuro.
Experimentas a sensação de pesado fardo em forma de opróbrio e dor sobre as tuas fracas forças.
E porque sonhas com a felicidade que todos gostariam de fruir, sentes a melancolia que se avoluma e
desperdiças as horas nobres da renovação espiritual entre rebeldias injustificáveis e desesperos incompreensíveis.
Sim, há dor no teu coração e não poucas frustrações se assenhoreiam das tuas horas, nublando o claro sol
das tuas esperanças, de tal modo que a aflição constringente se agasalha nos teus painéis mentais.
Medita. seriamente, porém.
Recolhe-te ao oásis da prece e refaze as paisagens sombrias, banhando -as com a clara luz da confiança.
Olha em derredor.
Dirás que o sofrimento é comensal de todas as, horas, em todos os corações em todo lugar.
Explicarás que somente poucos desfilam, no carro dourado da alegria, adornados de felicidade, enquanto a
miséria desta ou daquela natureza espia a pompa e o triunfo...
Não te demores a fitar a vida apenas a lição retificadora.
A felicidade que muitos aparentam possuir, em verdade não é legitima. ·
Aqueles que passam, sob o frêmito das glórias, não poucas vezes trazem o coração como fornalha escaldante
ardendo no peito.
Muitos deles tudo dariam por uma hora de solidão, em silêncio.
Ignoras o preço que pagam os apaniguados das láureas efêmeras da transitoriedade carnal.
*
Não te inquietes tanto ante a treva aparente no teu domicílio afetivo ou com a soledade momentânea que
te cinge o espírito.
“Logo mais” é realidade que alcançarás nesta ou em outra vibração da vida.
“Amanhã” é medida de tempo que chegará ao âmago das tuas horas.
Confia no bem e persevera.
O que agora te parece punição injusta, logo depois se te afigurará dádiva libertadora.
*
O céu carregado de brumas apaga só aparentemente o cintilar das. estrelas.
Respondendo à indagação No 258 de “O Livro dos Espíritos”, proposta por Allan Kardec, os Excelsos
Mensageiros responderam, conscientes: “Ele próprio (o homem) escolhe o gênero de provas por que há de passar
e nisso consiste o seu livre-arbítrio”.
Isto é: as dificuldades e agonias, o espírito as solicita antes de mergulhar em nova existência corporal, para
aprimorar o caráter e redimir-se das culpas.
Assim sendo, considera os Espíritos superiores de todos os tempos; consulta a história dos construtores do
Mundo Melhor; examina a vida daqueles que elaboraram. os programas da técnica do conforto, da saúde das
multidões; pensa nos santos e nos sábios e vê-los -ás desfilarem sob sarcasmos e azedumes, invariavelmente entre
névoas e dores, estigmatizados por uns e azorragados por outros, integérrimos, no entanto, pelo caminho dos elevados
ideais que esposaram.
Possivelmente aspiras à própria felicidade e por essa razão te rebelas.
Aumenta a dosagem de paciência.
O amor fluirá abundante do nosso Pai na direção da tua vida, se te converteres em instrumento do bem,
transformando as feridas do teu sentimento em condecorações luminescentes que te identificarão com a vida um
pouco mais adiante.
Fita, pois, a madrugada do dia nascente e segue a rota dos que avançam, encorajados, abrindo os caminhos,
para que os teus pés te conduzam ao porto ditoso da paz última e da felicidade real, vencidas as provações que
escolhestes antes.
Joanna de Angelis – Lampadário Espírita – Cap. 21: Provações

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3.2.7 Sequelas do S ofrimento

O sofrimento desempenha na Terra uma ação relevante, qual seja a de contribuir para o desenvolvimento
intelecto-moral dos seres.
Nas esferas primárias expressa- se no campo dos instintos, desenhando as primeiras sensações e emoções
nervosas.
No ser humano, não tendo caráter punitivo, é processo de desgaste dos atavismos que o retém na
retaguarda do progresso.
Graças à sua ação, alteram-se as aparências e desvelam-se os mecanismos internos, que se exteriorizam do
Espírito em conquistas necessárias.
Não obstante, o sofrimento nem sempre consegue levar, de imediato, à meta aquele que lhe experimenta o
concurso.
Nos indivíduos rebeldes, ainda mais vinculados à sensação, a sua presença causa revolta, em empurrando-
os para a animosidade, o ressentimento, o ódio, o desejo de autodestruição.
Naqueloutros de compleição emocional tímida resulta em processo de resignação estagnaria , sem produzir
a renovação, que induz à luta por superá-lo.
Não obstante, existem muitos que o recebem de maneira dinâmica, estimulante, por compreenderem que é
uma sequela de atos infelizes que ficaram no passado, ou de processos naturais do mecanismo evolutivo.
Entre os primeiros, as sequelas da rebeldia sistemática são: maior agudeza das aflições, continuidade
dos transtornos, ausência de pausas refazentes. Isto porque, bloqueados neles os centros do discernimento,
intoxicam-se com as próprias energias nefastas, ampliando a área e o tempo do processo-dor.
Nos segundos, a acomodação, de alguma forma, a revolta surda que conduz à submissão, de maneira alguma
trabalham para a renovação, gerando sequelas de parasitismo e quase inutilidade evolutiva .
Somente quando luz o entendimento das suas causas é que sequelas são: conquistas de harmonia
íntima, inteira moral, humildade legítima diante das Leis da Vida.
Portadores de enfermidades degenerativas que resvalam pelas rampas do desespero, da consciência de culpa,
do recalcitrar ante o aguilhão, partem do corpo com as sequelas correspondentes impressas nos tecidos sutis da
alma, no campo perispiritual, continuando a experimentar mais acentuadas aflições, até que, por exaustão, se
resolvem à mudança mental e à diluição dos registros gravados.
Nos processos referentes aos transtornos psicológicos, sequelas idênticas surgem , atraindo mais ao convívio
emocional os Espíritos inimigos que os atormentaram, agora prosseguindo em batalha mais inclemente.
Desse modo, em todos quantos desencarnam na aceitação parasitária das ocorrências aflitivas , as
sequelas permanecem assinalando esses pacientes por largo tempo, já que não lutaram por sobrepor-se aos
testemunhos da purificação.
Aqueles, entretanto, que se trabalharam emocional e espiritualmente , têm após o decesso tumular, como
sequelas, as ausências das impressões perturbadoras, das dores que ficaram na roupagem em diluição.
Ninguém transita pelos patamares do crescimento íntimo sem o concurso do sofrimento, que proporciona,
quando bem recebido, o direcionamento das aspirações para Deus e para o Bem, para a harmonia íntima, para a
atitude de respeito e amor pela Vida.

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O sofrimento surge, em muitos casos, como coroa de glória, que numerosos Espíritos nobres solicitam e
recebem, tornando-se protótipos de perfeita sintonia com Deus e por amor à Humanidade.
Quando o sofrimento é aceito como força dinâmica, faculta o êxtase dos santos, dos artistas, dos pensadores,
dos cientistas, porque afrouxa os laços materiais que retém o Espírito, permitindo-lhe pairar nas regiões de onde
procede, haurindo ali mais força e energia para ensinar auto -superação e felicidade.
Quando Jesus proclamou que são bem-aventurados os aflitos, é evidente que se referiu somente àqueles
cuja aflição não produza sequelas devastadoras que dilaceram a alma.
Aflitos e sofridos, sim, mas nem todos, em face das sequelas que produzam...
Joanna de Angelis – Reformador – 2000 – Agosto: Sequelas do Sofrimento (Centro Espírita Caminho da
Redenção– 4/Janeiro/1999.)

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3.2.8 Sofrimento Reparador

Delinquiste, sim, no passado, organizando, desde então, a programática redentora pela senda de aflição por
onde hoje segues entre agonias e interrogações para as quais parece não encontrares resposta.
Se te explicam que provéns de experiências malogradas, asseveras não concordar com a elucidação, em face
de considerares injusto um resgate referente a um compromisso de que não te recordas...
No entanto, hoje, embora conhecedor das leis de equilíbrio que regem a vida, atiras-te em desvario pelos
ínvios sítios, assumindo não menos graves responsabilidades que atiras na direção do futuro...
Sofrimento é processo purificador contra o qual será inútil a reação pela revolta ou através do desespero.
Tal atitude mais agrava o problema, qual ocorreria a alguém que, pensando ou desejando diminuir a
intensidade na dor de uma ferida aberta em chaga viva, lhe colocasse ácido ou espicace com estilete as carnes em
torpe decomposição e alta sensibilidade.
Alegas que, através do amor, pela metodologia doce da ternura, te seria fácil e melhor compreender a
Divindade, crescer nos rumos do Infinito.
Contempla a Natureza e deslumbrar-te-ás com ela ... Sem embargo, aí está a ecologia gritando contra os
danos da poluição defluente da ganância dos sistemas imediatistas, sem conseguir sensibilizar os governos ou os
povos, ou as comunidades...
Tudo é amor, inclusive quando hoje se revele em termos desagradáveis com vistas, porém, é dita mais tarde.
Parece repugnar-te ao entendimento armado contra as medidas conciliatórias, pacificadoras, o conceito das
leis de "causa e de efeito", porque, explicas que elas se diluem em incertezas sem campo de demonstrações
irrefutáveis...
Medita um pouco e convirás com a legitimidade do argumento espiritista.
Informas que todos sofrem, e, desse modo, teriam sempre errado antes...
Quando, de que forma, por que meio, isto teria ocorrido? — Gostarias de saber.
Dor é processo de desgaste natural, ínsito na estrutura da vida.
A Fitopatologia nos demonstra que os vegetais enfermam contaminando-se uns aos outros e morrem,
obedecendo a um processo de transformações paulatinas, desde que a Terra é um sublime laboratório de experiências
relevantes...
Demonstrações científicas nos comprovam a existência de "percepções" nos vegetais, vasta gama de
sensibilidade.
Nos animais, quando essa sensibilidade já é mais apurada, graças ao sistema nervoso, o processo prossegue,
obviamente sem que exista um fator causal dívida-resgate...
No homem, porém, a opção pessoal de cada um lhe enseja felicidade ou desdita. Essa situação se modifica
mediante a posição mental e a ação moral que se assuma em relação à vida em si e não compulsoriamente de indivíduo
para indivíduo...
Todas as dores, sim, que afetam o homem, têm suas causas matrizes na atitude anterior do ser, próxima ou
remotamente.
Assim, não te rebeles, não deblateres, não desesperes...

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Espera mais, confia um pouco mais e produze no bem como ideal superior.
Perda de pessoas queridas, arrebatadas por tragédias ou infortúnios outros, ou circunstâncias inesperadas;
enfermidades irreversíveis dolorosas e lancinantes que trazem o sinete-agonia; deficiências e graves limitações
congênitas no corpo ou na mente; soledade e azorragues morais; padecimentos íntimos sem consolo; necessidades
econômicas sem solução; "azares da sorte" em carga de permanente acicate; problemas e incertezas constituem
motivo redentor se souberes e quiseres confiar e superá-los.
São cárceres sem paredes nem grades, com que a Divina Justiça, que é equilíbrio, propicia o crescimento do
ser calceta inveterado no rumo da liberdade e do júbilo.
Prossegue, portanto, em qualquer situação em que estagies, de ânimo robusto, resgatando hoje, porque ontem,
sem dúvida, delinquiste.
Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap. 19: Sofrimento Reparador

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3.2.9 Serão Consolados

Nem todos aflitos, porém... Muitos que sofrem engendraram as aflições de que se tornaram vítimas inermes:
− Carregam o sofrimento aspirando e exalando o gás da ira mal dissimulada com que mais se
intoxicam e mais envenenam em derredor;
− Pessoas algumas esmagam -se nas paredes estreitas da usura , de que se não libertam;
− Estertoram nas garras do ciúme que as enceguecem ;
− Desagregam-se sob os camartelos da insatisfação face aos prazeres dissolventes;
− Transitam em sofreguidão contínua ao estridor da revolta que as agoniam ;
− Turbam-se nas dens as nuvens da desesperança;
− Tombam, desfalecidas, nas urdiduras do desânimo .
Toda aflição se fixa em raízes que devem ser extirpadas. Algumas possuem causas atuais, enquanto outras
se prendem ao passado espiritual, constituindo tais fatores a justiça impe rtérrita que alcança os infratores dos
códigos divinos do amor e do equilíbrio.
Aflições de vário porte conduzem ao crime de muitas denominações.
Somente a aflição resignada e confiante, de pronto receberá consolo. A chuva que reverdece a terra
crestada, em tempestade, aniquila colheitas, despedaça jardins, carcome o solo...
O repouso sensato refaz as forças; prolongado, anestesia os estímulos, entorpecendo a vontade e a ação.
Aflitos que, não obstante, em lágrimas, atendem alheio pranto; apesar de perseguidos, não se fazem
perseguidores; embora sob injustiça, confiam na probidade; sem embargo, enfermos, estimam a saúde do próximo;
todavia, incompreendidos, desculpam e sustentam a coragem do bem; no entanto, esfaimados, alevantam o ânimo
onde se encontram; mesmo em quase alucinação, tal a monta de problemas e dificuldades, recorrem à oração
refazente e à meditação renovadora – serão consolados!
Nem todos os aflitos, porém, lograrão consolação.
Há os que impõem tais ou quais medidas a fim de saciar-se; que esperam este ou aquele resultado com que
pensam comprazer-se; que situam esse ou outro fator como único pelo qual se apaziguariam; uma ou duas únicas
opções para fruírem felicidade, e, entretanto, são recursos da ilicitude, quando não dos caprichos que estão sendo
disciplinados pela própria aflição...
Trasladarão oportunidades, adiarão benesses, sofrerão...Não podem ser consolados, porquanto, não
aspiram a conforto e sim desforço, triunfo, vanglória.
Nicodemos possuía dúvidas honestas – foi esclarecido.
Marta inquietava-se no afã do zelo exagerado – recebeu diretriz.
Zaqueu dispunha de moedas azinhavradas – trocou-as pelos tesouros imperecíveis.
Madalena fossilizava na perversão obsidente – conseguiu curar-se.
Antes, aflitos, abriram-se ao consolo vertido das mãos de Jesus Cristo.
Indispensável valorizar a aflição, sopesando-a com discernimento, de modo a conduzi-la às fontes
inexauríveis do Evangelho em clima de serenidade, respeito e amor. Ali, todas as dores se acalmam, todas as lágrimas
se enxugam, todos os aflitos são consolados.
Joanna de Ângelis – Celeiros de Bênçãos – Cap. 35:Serão Consolados
3.2.10 Funções do Sofrimento

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Com propriedade afirmou Buda, numa das suas quatro nobres verdades, que tudo no mundo é
sofrimento,
em face da transitoriedade da organização material ante a incomparável imortalidade do espírito.
Para compreender-se o sofrimento e as funções que opera no ser, é necessário remontar-se-lhe às causas,
conforme acentua o nobre codificador do Espiritismo, Allan Kardec, esclarecendo que, não sendo atuais,
certamente são anteriores, apoiando-se na reencarnação.
É compreensível, portanto, sua informação, tendo- se em vista que o efeito procede sempre de uma causa;
se esta não é próxima encontra-se remota, mas sempre existente.
Assim, o sofrimento deflui das atitudes praticadas pelo ser no seu processo de desenvolvimento ético-
moral no rumo do infinito.
Às ações infelizes, desorientadas
ou malsucedidas, sucedem as consequências compatíveis com o grau de
responsabilidade e de conhecimento espiritual do seu autor, sendo, portanto, simples ou graves, de modo que lhe
enseje a indispensável reparação.
Existe, naturalmente, o sofrimento que decorre do desgaste da organização
celular que, para viver, consome energia, no que resultam processos afligentes e dolorosos, tanto do ponto de
vista físico, como emocional
e mental.
A atitude, porém, de cada qual diante da ocorrência, é que responde pela ampliação do sofrimento ou
a
sua atenuação.
Conforme o estado interior e a visão em torno dos objetivos da vida que caracterizam o ser humano, o
sofri­
mento apresenta-se com função específica e definidora.
No que se refere ao processo natural de consumpção pelas transformações moleculares que ocorrem, o

espírito deve encarar a ocorrência com tranquilidade, sem maiores preocupações, por tratar-se de fenômeno
biológico normal.
No entanto, quando o mesmo apresenta-se caracterizado por processos degenerativos, por agressões
violentas aos diferentes órgãos, infecções e processos tumorosos de natureza maligna, são
consequências dos
atentados impostos a si mesmo ou a outrem na atual ou em existências passadas, quando
houve desrespeito
pelo patrimônio concedido pela vida para o desenvolvimento espiritual.
Modelador do caráter e da personalidade sob imposição rigorosa das leis ela vida, o sofrimento
instalasse como necessidade para o despertamento do espírito para a sua realidade
, que não pode ficar
detida na ilusão material, na intérmina busca do prazer e do gozo,
sem responsabilidade nem compromisso
elevado com a
existência.
Ao invés de um castigo infligido pela Divindade, trata-se de um recurso terapêutico valioso de
corrigenda
dos hábitos doentios e recomposição dos sentimentos, tendo em vista a sublimação das tendências
atávicas do pretérito e as atrações superiores em relação ao
futuro.
Cada espírito escreve a trajetória que deverá percorrer mediante os pensamentos, as palavras e as ações
que se permite durante cada experiência carnal. Transferindo de uma para outra as conquistas e os prejuízos,
capacita- se para desenvolver o seu deus interno através dos esforços de auto-iluminação e de santificação.

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Estranhamente, alguns discípulos do Evangelho
restaurado pelo Espiritismo permanecem na teimosa
postura de terem solucionados os seus problemas pelos Guias espirituais, para eles transferindo as cargas da
leviandade e da invigilância que se permitem.
Insistem em acreditar-se frágeis para o sofrimento,
teimando em não compreender a sua função libertadora
e surpreendendo-se por experimentá-lo.
Quando são alcançados pelos seus benéficos recursos, reclamam e dizem-se frustrados, porque esperavam
um regime especial que lhes fosse oferecido, como
se a Divindade protegesse aqueles que creem no Seu amor em
detrimento daqueloutros que, também Seus
filhos, não se permitem a crença libertadora ...
Interrogam por que razão as suas ambições não
são atendidas, os seus sonhos injustificáveis não se realizam,
as suas enfermidades prosseguem, os dissabores os alcançam, demonstrando total desconhecimento
da doutrina das
reencarnações e dos postulados que
deveriam abraçar durante a filiação ao Espiritismo.

Recorrem aos médiuns como se esses possuíssem os elixires de longa vida e as soluções miraculosas
para
ser-lhes dispensados, enquanto que as demais pessoas devam carregar as suas cruzes, mesmo sem o apoio
de uma fé religiosa racional e iluminativa.

Entregam-se ao pessimismo, invariavelmente, en
volvendo- se em ondas contínuas de pensamentos
tóxicos, depressivos e perturbadores
, abrindo campos mentais para a instalação de parasitoses espirituais
obsessivas, de que se queixarão mais tarde, como crianças
desarvoradas...
Lamentam não encontrar o apoio fraternal, o que significa cireneus que lhes tomem os problemas e os
conduzam, enquanto eles permaneçam nas atitudes infantis da preguiça e ignorância em torno dos
processos
de evolução da vida.
Uma das funções do sofrimento é demonstrar que todos são iguais, e, por isso mesmo, experimentam
idênticos tipos de padeci mentos, na pobreza ou no excesso,
na penúria ou na abastança, na juventude ou na
velhice, na infância ou na idade adulta, portadores de beleza ou feiura, famosos ou ignorados ...
Os que dispõem de
recursos financeiros podem atenuar as dores através dos recursos médicos
sofisticados,
mas nem por isso deixam de experimentar as mesmas amarguras que sofrem aqueles que
vivem nos barracos da miséria
ou no abandono das ruas... A única diferença é externa, mas, interiormente,
os processos redentores são iguais
.


As pessoas mais poderosas do mundo, que se dizem responsáveis pelos destinos de multidões, de povos,
que
os levam à paz ou à guerra, não estão isentas do sofri mento que as constringe e submete ao seu impositivo,
porque diante de Deus não há diferenças significativas, senão aquelas de natureza moral e espiritual , em
verdadeiras hierarquias conquistadas anteriormente. Mas
essa conquista, não se tenham dúvidas, ocorreu
através
da dor que as projetou aos patamares mais elevados em que transitam.

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O conhecimento do Espiritismo e das suas propostas de amor faculta o equilíbrio necessário para os
enfrentamentos da evolução, como se apresentem no transcurso da existência.
Oferecendo coragem e bom ânimo, demonstra que
tudo obedece à planificação divina e que não cai uma
folha da árvore que não seja pela vontade de Deus, conforme asseverou Jesus.
Utilizar-se do recurso valioso do sofrimento para lapidar as arestas morais , modificando a conduta
para
melhor e trabalhando os metais dos sentimentos para servir e conquistar o infinito das emoções, constitui
o
desafio que todos devem conquistar.
A fim de exemplificar que não existem exceções nas
planificações divinas, Jesus, que não tinha quaisquer
dívidas perante a Consciência Cósmica, veio amar e experimentar a ingratidão humana, submetendo-se ao
holocausto com paciência, misericórdia e amor inexcedíveis.
A Sua é a lição de que se ao ramo verde foi feito
aquilo, que não se fará ao ramo seco?
Enriquecendo-te de compreensão e de lógica em relação ao sofrimento, permite que ele te conduza pelo

estreito caminho da renovação espiritual, submetendo-te aos seus impositivos de que resultarão a tua paz e a tua
plenitude.
Joanna de Angelis – Jesus e Vida – Cap. 30: Funções do Sofrimento

30

3.2.11 Infortúnios e Bênçãos

As denominadas desgraças terrestres, aquelas que se
convencionaram como divinas punições, tais os
acidentes com vítimas fatais ou que ficaram imobilizadas, os
terremotos e tornados, os prejuízos econômicos e
as perdas materiais, as enfermidades extenuadoras, os dissabores morais, assim se apresentam face à ignorância
humana em relação aos Soberanos Códigos.
Tais ocorrências têm sempre a providencial finalidade de demonstrar a transitoriedade da matéria e a

impermanência da existência física na Terra, convidando os seres inteligentes à reflexão em torno da sua
imortalidade e ao que lhes cumpre realizar enquanto se encontram no corpo.
Revestidos pela organização celular, perdem parcialmente a lucidez em torno da realidade do mundo causal
de onde procedem, fixando-se nos interesses existenciais da reencarnação, assim desperdiçando ou complicando,
pelos atos morais, a excepcional oportunidade para a própria evolução.
Espíritos em processo de aprimoramento, retornamos sempre ao proscênio terrestre para aprender; reeducar -
nos, quando erramos; recuperar-nos, quando nos comprometemos. Como consequência, volvemos sob a injunção das
provas e expiações, que se nos tornam os educadores ideais.
Essas provas surgem-nos, suaves e constantes, levando-nos à meditação e ao aprendizado dos deveres
elevados. Constituem-nos estímulos para o crescimento moral e espiritual, aplainando-nos as arestas e
dulcificando- nos
os sentimentos, quando embrutecidos.
São verdadeiras bênçãos, e não castigo, porque nos
despertam para a valorização da vida e para o
enriquecimento interior, com paz.
Tornam-se-nos, porém, desgraças, se nos rebelamos
quando as experimentamos, complicando-nos a
existência por efeito da agressividade e da presunção em que nos demoramos.
As provações, normalmente, são vivenciadas em
silêncio, na condição de infortúnios ocultos, quais
espículos
morais que ferem, mas depuram; azorragam, porém educam; afligem e santificam.
As expiações são mais dolorosas, quase sempre irreversíveis, durante a existência física.
Enquanto as provas são voluntárias, pedidas e aceitas, que podem ser superadas com certa facilidade,
as
expiações são impostas, constituindo-nos necessidades incondicionais para as reparações que tardam.
As primeiras regularizam pequenos débitos, e as
outras recuperam das faltas graves, dos delitos cruéis.
Quando alguém explora o seu próximo, levando-a à miséria e ao sofrimento, isto, sim, é-lhe uma
desgraça.
Quando se trai um amigo , induzindo-o ao desequilíbrio e à loucura, eis um ato de desgraça
cons
cientemente praticada.
Quando se estimula o crime ou dele se vive, sem qualquer consideração pela vida das demais criaturas,
pela ordem ou pelo dever, defrontamos com a desgraça real.

31

Quando o indivíduo se permite a inveja, o ciúme, o ressentimento , e cultiva o revide, o desejo do
mal, ei-lo à borda do abismo que o derrubará na desgraça
verdadeira.
Quando se vive parasitariamente, na inutilidade ou
no desperdício, olvidando os compromissos para
com a
existência em forma de edificação moral, pratica-se uma desgraça que se lamentará.
Quando, por insensatez ou perversidade, prejudicasse outrem, ferindo-lhe a confiança,
sobrecarregando-o de dores, infelicitando-o de qualquer maneira, aí está à
desgraça sem disfarce.
Desgraça verdadeira é o mal que se pratica em
relação ao próximo.
Num sentido mais lato, a agressão à natureza como
resultado da ambição desmedida do ser humano; o
desrespeito à vida, na flora e na fauna, destruindo- a – tais comportamentos são desgraças quase
irremediáveis,
que resultarão em expiações rudes para os seus transgressores.
Produzir sofrimento nos outros é cumular-se de desgraças.
Aqueles que são as vítimas, sabendo aproveitar o ensejo, beneficiar-se-ão pelos sofrimentos advindos,
resgatando os débitos perante a Consciência Cósmica e
adquirindo a sabedoria que deles decorre.
Toda dor que alcança o ser humano deve ser bem aceita, por constituir-lhe meio de depuração.
As dívidas, embora contraídas em relação às pessoas, não são resgatadas diretamente com elas, de
forma
compulsória. Muitas vezes se defrontam os comprometidos para a regularização, porém a agressão
cometida,
o débito contraído é sempre contra a Ordem Divina , contra as Leis que regem o Cosmo,
podendo- se liberar
daquelas desgraças praticadas, mediante a ação do bem , em qualquer direção, a quem
quer que seja.

A soma das ações dignificadoras diminui o peso dos males praticados. O amor cobre a multidão
de pecados,
conforme acentuou Jesus.
Diante das grandes tragédias, dos acontecimentos calamitosos, os sentimentos humanos se comovem e a

solidariedade se estende generosa, unindo as criaturas. A caridade estua e dá-se em socorro às vítimas em
desespero. O exercício dessa virtude leva, aqueles que a vivem,
a descobrirem os infortúnios ocultos, as dores
morais
ignoradas, distendendo- lhes os braços de apoio, os recursos salvadores, a presença confortadora.
Se te podes solidarizar com aqueles que sofrem as ocorrências coletivas, devastadoras; se consegues
enxergar
os espículos morais dilaceradores cravados nas almas; se podes perceber os sinais dos testemunhos
e das provações
silenciosos nos seres, e lhes ofereces a dádiva do amor em luz de caridade, encontraste
a fórmula ideal para te
libertares das desgraças reais , aquelas que anestesiam os sentimentos e
alucinam a razão.

Entrega-te, desse modo,
sem reservas, à sua vivência, e os teus infortúnios se converterão em
estrelas fulgurantes, clareando a tua noite
de provações terrestres.
Joanna de Angelis – Sob a Proteção de Deus – Cap. 9:Infortúnios e Benção

32

3.2.12 Dores e Resignação

Diante do alienado mental, que transita em aflição, não exclames: Resgata o passado infeliz, no qual se
comprometeu lamentavelmente!
Em face do agressor impenitente, que padece de exulcerações morais não apontes as marcas da sua desdita,
como se estivesse isento de desequilíbrios.
Acompanhando a jornada dos infelizes que comerciam com a ingenuidade de moçoilas e rapazes
inexperientes, não te permitas à irritabilidade nem clames por justiça...
Fitando a implantação das complexas máquinas da sexualidade tresvairada, não te permitas, na tua fé espírita,
uma atitude de revolta ou uma imperiosa necessidade do combate, vitimado pela agressividade...
O mal é sempre pior para quem o pratica.
Ninguém, na Terra, que se encontre em regime de exceção.
A dor é sempre a grande e anônima benfeitora que em nome da vida aprimora caracteres, modifica aspirações
e logra o milagre de conduzir o espírito para as sublimes cumeadas da sua destinação gloriosa.
Conheces Jesus, e com Ele aprendeste que é imperioso trabalhar e trabalhar sempre, a fim de lograres o fanal
redentor.
Face aos múltiplos fatores que engendram sofrimento entre as criaturas, seja tu aquele que ama que desculpa
que esclarece e serve.
Quando, todavia, a dor te alcance, no seu ministério sagrado de construir o homem novo dentro de ti mesmo,
recorre à paciência, à oração e à vigilância.
Motivos de resignação e calma possuis para enfrentar a problemática dos sofrimentos.
Estás fadado à luz inacessível, no entanto, procedes de experiências graves, que ainda te atam aos grilhões
fortes dos erros transatos.
Sabendo que a vida é uma experiência que te cumpre superar e sublimar, avança intimorato, certo da tua
vitória final.
Não desanimes em razão dos sofrimentos.
Se a borboleta receasse rastejar no solo, na condição de lagarta, jamais lograria plainar, leve, no ar.
Quando te pareça em trevas à noite, não te olvides das estrelas fulgurantes além das nuvens carregadas.
Hoje resgatas, amanhã estarás em liberdade...
Em qualquer posição, porém, em que te encontres, louva e bendize sempre a vida.
O companheiro equivocado viverá, seguirá adiante.
A vida, de todos nós se encarrega.
Experimentando o aguilhão da aflição como necessidade imperiosa de crescer e adquirir experiências,
aproveita-te da ensancha e não te detenhas, sejam quais forem as circunstâncias.
Resigna-te e cultiva o otimismo.
Logo mais soará hora nova para ti, como para o teu próximo.
Quem O visse de braços abertos nas duas traves toscas da Cruz suporia que se tratava de um vencido, ante o
domínio arbitrário e nefasto dos transitórios governantes da ilusão.
Resignado e confiante, no entanto, era o Rei Solar, ensinando-nos coragem e amor, com que, nos amando
inteiramente, alcançaremos a paz e a felicidade que a todos nós estão destinadas.
Penetra-te, portanto, de resignação e confiança, e não temas nunca.
Logo mais raiará a tua madrugada de bênçãos.
Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap. 8: Dores e Resignação

33

3.2.13 Provações

Antes que o vaso delicado fosse utilizado como adorno precioso, hábeis mãos modelaram a argila humilde,
levando-a ao fogo.
A luneta valiosa que aproxima a galáxia, mergulhada no abismo celeste, sofreu altas temperaturas,
demorando-se, longos meses, em resfriamento vagaroso.
Para que a lâmina de ferro pudesse resistir à invasão perigosa da umidade que a destrói, suportou a inoxidação
em fornos de alto teor calorífero.
A fim de que a joia delicada se tornasse adereço, o ouro foi submetido a cuidadoso processo de purificação
ao fogo.
Para que a força elétrica se transformasse em claridade na lâmpada, delicados filamentos se incandesceram.

* * *

O fogo está presente em múltiplas operações da atividade humana e da vida, em geral.
Fogo no zimbório infinito: novos sóis, novos mundos em ebulição; fogo na Terra: lavas mortíferas, metais
liquefeitos na pirosfera; fogo nas almas: chagas vivas da emoção dilacerada e do corpo ferido ...

***

A provação para o espírito encarnado é fogo purificador.
Dores na alma, em forma de angústia e saudade, provando a resistência da fé.
Dores no corpo, em úlceras purulentas, provando o valor da fé.
Dores no sentimento, em forma de ansiedade e frustração, provando a fé.
Todavia, de todas as lutas e provanças, sai a alma purificada para as inomináveis glórias da Imortalidade,
como da ganga impura sai o metal valioso para o esplendor dos diademas e os primores de ourivesaria.
Guarda-te, nas provações, no valioso refúgio da paciência, confiando no Celeste Pai.
Mesmo que chovam dificuldades, que a solidão assinale os teus dias e que ardam labaredas na alma,
impedindo que o claro sol pareça luminoso aos teus olhos, confia no Senhor e segue.
Aqueles que te precederam na jornada e hoje se constituem os teus Guias Espirituais, estiveram ontem na
mesma via de aflições, provados e azorragados, mas, vencendo a si mesmos, inçaram o coração ao Amor e atingiram
o clímax da redenção, com o coração ralado, as mãos feridas, a alma angustiada, as ilusões esboroadas, para
despertarem, logo depois, além-da-morte, redimidos de toda irredenção, infinitamente felizes.
Joanna de Angelis – Messe de Amor – Cap. 53: Provações

34

3.2.14 Inconformismo e Revolta

— “Não me conformo!” — Explodem, revoltados, aqueles que da vida somente esperam vantagens e
recompensas, quando surpreendidos por acontecimentos que lhes parecem desastrosos e trágicos.
— “Deus é injusto!” — Proferem, estentóricos, os que se supõem credores apenas de receber dádivas, embora
desassisados, da vida somente retiram lucros e comodidades.
— “Não mereço isto!” — Bradam, desatinados, quantos são colhidos pelo que denominam infortúnios e
desgraças, que os desarvoram.
— “Não creio em mais nada!” — Estridulam as pessoas tomadas por insucessos desta ou daquela natureza,
que afinal, se fossem examinadas com seriedade e reflexão, constituiriam ocasião iluminativa, roteiro de felicidade.
*
O homem teima em permanecer anestesiado pela ilusão, sem dar-se conta, conscientemente, da fragilidade
da organização carnal de que se encontra temporariamente revestido.
Cada um, por isso mesmo, a si se concede privilégios e se faculta méritos que não possui .
Examinassem melhor a vida, verificariam que as ocorrências do trivial, que atingem os outros, a eles também
alcançarão, procurando preparar-se para enfrentar com dignidade quaisquer injunções ou dissabores, que são
igualmente transitórios.
*
— “Prefiro não saber.” — Informam as pessoas passadistas, quando convidadas ao exame da vida menos
densa.
— “Não consigo acreditar.” — Escusam-se as criaturas invitadas ao esclarecimento imortalista, como se
estivessem indenes ao fenômeno da cessação da vida biológica.
— “Irei aproveitar o meu tempo, gozando.” — Justificam-se os imediatistas ante qualquer referência à
meditação, à caridade, ao sacrifício...
É natural que, visitados por acontecimentos não habituais no canhenho das suas conveniências, derrapem no
inconformismo, no desespero, na alucinação.
A ação inexorável do tempo, entretanto, aguarda todos e modela-os, submetendo-os.
Mesmo quando se pretende fugir da situação a que se vai arrojado, cai-se na realidade da vida, que
predomina em toda parte.
*
Recebe o insucesso como fenômeno normal nos tentames do teu processo evolutivo.
Não te consideres inatingível.
Acostuma-te à fragilidade do corpo e às necessidades de crescimento como espírito que és.
Nenhuma dor te alcança sem critério superior de justiça.
Sofrimento algum no teu campo emocional, que se não acabe, deixando o resultado do seu trânsito.
Utiliza-te das ocorrências que trazem dor, para crescer, e não te apresentes inconformado.
*
Jesus, que veio à Terra exclusivamente para viver e ensinar o amor, sem qualquer culpa, nasceu em modesta
gruta, passou pelo carreiro de inumeráveis injunções e partiu numa cruz, sob apupos e malquerenças, volvendo, no
entanto, Sol Divino que é, em, insuperável madrugada que dura até hoje, para que ninguém reclame, nem se revolte,
nem se inconforme ante as ocorrências dolorosas do mundo...
Joanna de Angelis – Alerta – Cap. 20: Inconformismo e Revolta

35

3.2.15 Amor a Vida

Ama a vida conforme se te apresentem os programas existenciais.
O campo, enriquecido de grãos, foi trabalhado arduamente.
A fonte cantante e abençoada venceu lama e pedra para fluir cristalina.
Não apagues a chama da alegria, antes que se consuma o combustível do amor.
Valorizando cada aprendizagem, no quotidiano, preparar-te-ás para futuros cometimentos.
Cada experiência merece respeito. As positivas devem oferecer substância para que sejam repetidas, e as
outras, as dolorosas, merecem examinadas nas suas causas, a fim de que não necessitem retomar.
Considera a dor como dádiva de salutar efeito para o teu progresso espiritual.
Ela é o meirinho austero que te induz à realização edificante.
Insiste no bem, mesmo quando tudo te pareça sombrio e desesperador, em conspiração odienta contra os teus
propósitos de elevação.
Sem a custódia da sua mensagem, a vida ser-te-á um fardo impossível de levado adiante.

*

Informas que há dias em que todas as coisas parecem somar-se para afligir-te mais.
Não recues, porém, nos propósitos superiores, quando tal suceder.
Ninguém consegue avançar no processo educativo da evolução, em regime de exceção injusta.
Quando a dor te acena, é um chamado para a meditação.
Quando se te instala no coração ou na mente, é um contributo para teu crescimento e resgate.
Sob quaisquer ocorrências, ama a vida e aprende a técnica de ser feliz.
Desgraça real é o desconhecimento dos objetivos superiores da existência sem a chama luminosa do amor
como bênção e a imperiosa necessidade de seguir, arrastado pelas circunstâncias penosas.
Inclina-te diante da necessidade de ressarcir os débitos e inflama- te de alegria pela graça de sofrer para
libertar-te e morrer para ressurgir dos escombros carnais em corpo de luz.
Joanna de Angelis – Alerta – Cap. 39: Amor a Vida

36

3.2.16 Desígnios de Deus

Em momento algum deixa de confiar nos desígnios de Deus.
Não te encontras à deriva, apesar de supores que o rumo para a felicidade perdeu-se em definitivo.
A ausência aparente de respostas diretas aos teus apelos e necessidades faz parte de uma programática
para o teu bem.
Sem que o percebas, chegam-te os socorros imprescindíveis para o equilíbrio e êxito, sem os quais,
certamente, não suportarias as provas a que te propuseste por impositivo da própria evolução.
* * *
Muitas pessoas resvalam na loucura, porque deixaram de preservar os contatos com Deus.
Criaturas sem conta arrojaram-se ao suicídio ou foram a ele atiradas, por perderem a confiança em Deus.
Expressivo número de homens rebolca-se nas paixões inferiores, por duvidar do auxílio de Deus.
Parasitos emocionais, perturbados espirituais iníquos e perversos, são pessoas que se negaram à vinculação
com Deus, deixando-se tresvariar nos abismos em que se comprazem, por estarem em rebelião também contra eles
mesmos.
Deus nunca abandona!
O homem, porém, a si mesmo se abandona, vitimado pelo egoísmo e os seus sequazes que, nutridos pela
invigilância de cada um, terminam por dominá-lo.
* * *
O teu sinal de vinculação com Deus é a prece.
Fala-Lhe em linguagem simples, honesta, entregando-te aos Seus planos e rogando-Lhe entendimento para
melhor discerni-los.
Sentirás a presença de Deus através da paciência ante as circunstâncias difíceis;
− da resignação em face dos problemas que não podem ser solucionados;
− da coragem perante os testemunhos, e o amor sempre, em todos os momentos e situações.
Quem pensa em Deus, nutre-se de paz.
Quem se comunica com Deus, estua de recursos e forças para vencer-se e mais ajudar.
* * *
Interrogas-te, em silêncio, como determinadas pessoas suportam vicissitudes e abandonos, ruínas econômicas
e aflições morais, ingratidões e violências como se nada lhes estivesse, aparentemente, acontecendo.
Não fosse uma observação mais acurada, não lhes descobririas os infortúnios ocultos.
Sucede, porém, que esses corações crucificados nos impositivos da redenção, ao invés de reagirem pela
agressividade inútil, confiam e esperam em Deus com alegria e superação das dificuldades, a fim de se
libertarem do mal e alcançarem a plenitude que Deus concede a todos aqueles que se Lhe entregam aos desígnios
superiores.
Joanna de Angelis – Otimismo – Cap. 51:Designios de Deus

37

3.2.17 Aceita a Vida

Atitude reprochável negar-se o homem a lutar pelo seu progresso espiritual, seja qual for a justificativa em
que se busque apoiar.
O solo mais árido, convenientemente corrigido, torna -se abençoado jardim e pomar.
A água contaminada, experimentando tratamento conveniente, faz-se potável e útil.
A pedra bruta, sob rigoroso cuidado, submete-se ao escultor e revela formas primorosas.
Os metais rijos, necessariamente aquecidos, amoldam -se a formas e situações diversas.
O homem, desejando educar-se e instruir-se, supera quaisquer impedimentos.
A vida são as finalidades superiores, estabelecidas pela Divindade, que ninguém pode evitar.
O crescimento é fenômeno natural, a parada faz-se por opção pessoal e o recuo nunca se dá.
Toda conquista se incorpora ao patrimônio do Espírito, que pode, temporariamente, não a utilizar, porém,
que jamais se perde.
Aceitar a ignorância e submeter-se-lhe é forma de preguiça e desinteresse pela vida.
Contentar-se na inferioridade é manifestar lamentável estado de morbidez.
Todo anseio deve ser dirigido para a conquista, a perfeição.
#
Renasceste para alcançar os objetivos elevados.
Reúnes experiências, que somam lições a se transformarem em aprendizagem libertadora.
O que te parece de difícil logro, constitui desafio e não impedimento.
Fracasso é somente uma tentativa que não deu certo.
Desequilíbrio é resultado de erro do próprio comportamento.
Toda sombra tem como gênese a luz ausente.
Enriquece-te de amor e inicia a sua vivência, aprimorando-te.
O pão precioso, relegado ao abandono, apodrece.
A terra feliz, em desprezo, se converte em matagal ou deserto.
Tudo depende do que se deseja, para que se quer e como se pretende conseguir.
Concede-te a bênção da luta edificante, sem muletas desculpistas.
Os que atingem quaisquer alturas passaram pelos trâmites difíceis e venceram as baixadas.
Disse Jesus: "Tudo é possível àquele que crê", afirmando que acreditar é forma de motivar-se à ação que
propicia os resultados compatíveis com os objetivos de que se reveste.
Jamais te negues o recomeço, a outra oportunidade, o esforço pessoal.
A chegada em triunfo é o somatório dos passos que venceram a distância.
Aceita a vida e ganha-a com alegria para o teu próprio bem.
Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap.4: Aceita a Vida

38

3.2.18 Ascenção Espiritual

Indiscutivelmente, a culpa resulta do grau de responsabilidade, da consciência do homem que pratica
qualquer ação.
Em razão disso, a penalidade ou corretivo deve ser proporcional à capacidade, à resistência do infrator.
Quando a criatura sofre sem conhecimento das causas que a levam à aflição, raramente logra forças para
superar-se e suportar com resignação as suas dores. Eis porque, ante a conjuntura ou situação dolorosa que atinge os
homens, somente se pode entender, ante a divina justiça, que se a causa dos padecimentos não se encontra na
existência atual, está, sem dúvida, em precedentes reencarnações.
Repetem-se as vidas corporais para o Espírito, quantas vezes se fazem necessárias para o seu burilamento, a
sua plenitude.
Cada etapa repara os erros da fase anterior, ao mesmo tempo contribuindo para a aquisição de valores e
experiências que necessitam ser armazenadas e que contribuem, poderosamente, para a evolução do homem. Sem
este processo, no qual se manifestam a excelsa justiça e o soberano amor, a vida inteligente perderia o sentido e a
criatura humana se transformaria em joguete de caprichosas e incontroladas mãos que lhe conduziriam o destino.
Se não compreendes o porquê das tuas dores atuais, ausculta a consciência e ela te inspirará a entender as
causas anteriores, ajudando-te a suportá-las e vencê-las bem.
O sofrimento não tem exclusiva finalidade corretiva, senão educadora, abrindo percepções e facultando
valores que não seriam conhecidos sem o seu contributo.
Não menosprezes, por essa razão, a fragilidade orgânica, a celeridade com que transcorre cada ciclo das
reencarnações. Aproveita, quanto possas, as ensanchas que se te apresentem, reunindo experiências positivas,
recuperando lições perdidas, realizando trabalhos valiosos.
A pessoa odienta que te molesta; a dificuldade persistente que te perturba; a enfermidade pertinaz que te não
abandona; o problema que não dilui; a dor que te estiola; a solidão que te martiriza; a angústia, de origem
desconhecida, que te dilacera; a pobreza que te preocupa; a limitação desta ou daquela natureza que te aflige; a
inquietação que te espezinha, têm suas raízes em comportamentos infelizes de que te olvidaste, sem os solucionar, e
que ora chegam, oferecendo-te ensejo de reparação e de paz íntima.
A conquista da tranquilidade impõe como condição precípua a ausência de culpa, por falta de delito praticado
ou como decorrência de erro regularizado.
Ninguém que consiga felicidade real, sem as condições de mérito advindo das ações nobres realizadas.
Os que se apresentam ditosos, tranquilos e não merecem, assim se apresentam, aquinhoados por dádivas de
acréscimo que todos recebem e nem sempre utilizam como devem, incidindo, então, na compulsória de adquirirem
pela dor, o que não realizaram pelo amor. “– O meu fardo é leve – disse Jesus – e suave é o meu jugo.”
Com Jesus, todas as injunções de prova e dor transformam -se em bênçãos, graças às mercês de que se fazem
portadoras Sob o Seu compassivo olhar e nas Suas mãos misericordiosas, o homem que se Lhe doa, supera-se e
penetra-se de paz, mediante o amor e a resignação, de que dá mostras no empreendimento da própria ascensão
espiritual.
Joanna de Angelis – Otimismo – Cap. 42: Ascenção Espiritual

39

3.2.19 Momentos de Aflição e Prova

Momentos de aflição e prova surgem pelo caminho, inesperados, concitando à disciplina espiritual
indispensável ao processo evolutivo do ser.
Águas serenas que são açoitadas por fortes vendavais; paisagens tranquilas que se modificam ao império de
tempestades violentas; climas de paz que se convertem em campos de lutas rudes; viagem segura, que se toma
perigosa; objetivos próximos de conquistados, que se perdem de repente; saúde que cede à enfermidade; amigos
dedicados, que vão adiante; adversários vigorosos, que surgem ameaçadores; problemas econômicos, que aparecem,
constringentes, tantos são os motivos de aflição e prova, que ninguém avança, na Terra, sem os experimentar.
Enquanto domiciliado no corpo, Espírito algum se encontra em segurança, vitorioso, isento de experiências
difíceis, de possíveis insucessos.
Os momentos de prova e aflição constituem recurso de aferição dos valores morais de cada um, mediante os
quais o homem deve adquirir mais valiosas expressões iluminativas como suportes para futuros investimentos
evolutivos.
Por isso, todos somos atingidos por tais métodos de purificação.
Vigia-te, no momento de aflição e prova, a fim de que não compliques, por precipitação, o teu estado íntimo.
Suporta o vendaval do testemunho com serenidade; recebe a adaga da acusação indébita com humildade;
aceita o ácido da reprimenda injusta com nobreza; medita diante do sofrimento com elevação de sentimentos.
Todos os momentos difíceis cedem lugar a outros: os de paz e compreensão.
Não te desalentes, exatamente quando deves fortalecer-te para a luta.
São nos instantes difíceis que as resistências morais devem estar temperadas, suportando as constrições que
ameaçam derruir as fortalezas íntimas.
Quando estiveres a ponto de desfalecer, procura refúgio na oração.
Orando, renovar-se-ão tuas paisagens mentais e morais, elevando-te o ânimo e reconfortando-te
espiritualmente.
Jesus, que não tinha qualquer dívida a resgatar e que é o Sublime Construtor da Terra, enquanto conosco não
esteve isento dos momentos de aflição, demonstrando, amoroso, como vencê-los todos e, ao mesmo tempo, ensinando
a técnica de como retirar, do aparente mal, as proveitosas lições da felicidade.
Considera-Lhe os testemunhos e, em qualquer momento em que sejas defrontado pela aflição ou prova,
enfrenta a circunstância e extrai, do amor, a parte melhor da tua tarefa de santificação.
Joanna de Angelis – Oferenda – Cap. 11: Momentos de Aflição e Prova

40

3.2.20 Carma e Consciência

O carma é efeito das ações praticadas nas deferentes etapas da existência atual como da pregressa.
Fruto da árvore plantada e cultivada, tem o sabor da espécie que tipifica o vegetal.
Quando os atos são positivos, os seus resultados caracterizam-se pela excelência da qualidade, favorecendo
o ser com momentos felizes, afetividade, lucidez, progresso e novos ensejos de crescimento moral, espiritual,
intelectual e humano, promovendo a sociedade, na qual se encontra.
Quando atua com insensatez, vulgaridade, perversão, rebeldia, odiosidade, recolhe padecimentos ultrizes,
que propiciam provas e expiações reparadoras de complexos mecanismos de aflições, que respondem como
necessidade iluminativa.
O carma está sempre em processo de alteração, conforme o comportamento da criatura.
A desdita que se alonga, o cárcere moral que desarvora, a enfermidade rigorosa que alucina, a limitação que
perturba, a solidão que asfixia, o desar que amargura, podem alterar-se favoravelmente, se aquele que os
experimenta resolve mudar as atitudes, aprimorando-as e desdobrando-as em prol do bem geral, no que resulta em
bem próprio.
Não existe nas soberanas Leis da Vida fatalidade para o mal.
O que ao ser acontece, é resultado do que ele fez de si mesmo e nunca do que Deus lhe faz, como apraz
aos pessimistas, aos derrotistas e cômodos afirmar Refazes, pois, a tua vida, a todo momento, para melhor, mediante
os teus atos saudáveis.
Constrói e elabora novos carmas, liberando -te dos penosos que te pesam na economia moral.
A consciência não é inteligência no sentido mental, mas a capacidade de estabelecer parâmetros para
entender o bem e o mal, optando pelo primeiro e seguindo a diretriz do equilíbrio, das possibilidades latentes,
desenvolvendo os recursos atuais em favor do seu vir-a-ser.
Essas possibilidades que se encontram adormecidas são a presença a de Deus em todos, aguardando o
momento de desabrochar e crescer.
A consciência, nos seus variados níveis, consubstancia a programação das ocorrências futuras, através das
quais conquista os patamares da evolução.
Enquanto adormecida, a consciência funciona por automatismo que se ampliam do instinto à conquista da
razão. Quando a lucidez faculta o discernimento, mais se favorecem os valores divinos que se manifestam,
aumentando a capacidade de amar e servir.
O carma, que se deriva da conduta consciente, tem a qualidade do nível de percepção que a tipifica.
Amplia, desse modo, os tesouros da tua consciência, e o teu carma se aureolará de luz e paz, que te ensejarão
plenitude.
Enquanto na ignorância, Maria de Magdala, com a consciência adormecida, vivia em promiscuidade moral.
Ao defrontar Jesus, despertou, alterando o comportamento de tal forma, que elaborou o abençoado carma de ser a
primeira pessoa a vê-lo ressuscitado.
Judas Iscariotes, consciente da missão do Mestre, intoxicou-se pelos vapores da ambição descabida e,
despertando depois, ao enforcar-se estabeleceu o lúgubre carma de reencarnações infelizes para reparar os erros
tenebrosos e recuperar-se.
O carma e a consciência seguem juntos, o primeiro como decorrência do outro.
Joanna de Angelis – Momentos de Consciência – Cap. 8: Carma e Consciência

41

3.2.21 Dores Morais

Os sofrimentos, genericamente dilaceram o corpo, alguns, todavia, esfacelam a alma, na roda dentada das
aflições.
Aqueles que decorrem das enfermidades físicas e mentais produzem desespero, levando, não raro, os que os
têm sobre os ombros, a estados de desesperação, se não se apoiam na resignação e na humildade. Todavia, os
sofrimentos morais parecem transcorrer em clima de mais ásperas provanças.
Há dores físicas que se tornam difíceis tormentos morais. Sem embargo, os legítimos sofrimentos morais,
aqueles que se transformam em feridas abertas em chaga viva ulcerando a alma, terminam em agonias físicas de largo
porte...
Para as dores físicas, a ciência já conseguiu um sem número de recursos que colaboram para a recuperação
da saúde e, ao mesmo tempo, produzem diminuição quando não transitória cessação dos padecimentos.
Diante, porém, das dores morais, as denominadas “ciências da alma" podem, quando muito, propor esquemas
paliativos que, de certo, não atuando no cerne do problema aflitivo, não conseguem modificar a paisagem de angústia
e sombra que escarnece e estiola a vítima.
Que medicamentos se podem propor, senão a terapia da prece, da fé abrasadora e da irrestrita confiança em
Deus! quando :
− um filho ingrato deposita ácido no coração dos pais;
− um amigo se fez verdugo do seu amigo, olvidando toda a amizade, tornando-se azedo e perseguidor;
− um irmão agride outro, usando as covardes armas da traição, da maledicência e da calúnia;
− se ama sem receber-se correspondente sentimento;
− se está a braços com dramas e situações de impossível momentânea solução, que se deve silenciar no algodão da
humildade, esmagando quaisquer expressões e manifestações do egoísmo e do orgulho;
− a viuvez, ou a orfandade, o abandono, ou desvalimento deixam à margem um ser sensível?...
Para as dores morais, sem dúvida, o amor feito de paciência e perdão deve constituir arrimo e apoio a quem
experimenta essa benéfica provação.
Não te desesperes, quando colhido pelas dores morais reparadoras.
Não te rebeles ante a injunção moral que te chega, semelhante a uma brasa ardendo na mente ou uma férrea
mão a esmagar-te o coração no peito ferido.
Levanta a cabeça, e ora, sem desfalecimento.
Ajoelha-te, em espírito, numa atitude de humildade, e suporta.
O algoz de agora se modificará com o tempo.
A vida espera-o logo depois, conforme a ti próprio hoje alcança.
Não revides de forma alguma.
Utiliza-te da ensancha e aprofunda uma análise mental nas tuas atitudes comportamentais.
Se eles, os que te crivam de farpas de angústia, têm razão, perdoa-os e renova -te, modificando para melhor
o roteiro por onde segues.
Se não têm razão, perdoa-os da mesma forma e espera.
O amanhã é novo dia para todos.
O que agora não entendas, mais tarde se te aclarará.
Porfia no testemunho, lanhado e sofrido, com humildade, vencendo o orgulho, e chegará o momento da tua
paz e perfeita integração no clima de felicidade que desde hoje almejas...
Joanna de Angelis – Rumos Libertadores – Cap. 21: Dores Morais

42

3.2.22 Infortúnios

Do ponto de vista humano, infortúnio ou desgraça significa tudo que perturba a comodidade e contraria as
ambições imediatas em que se compraz a criatura humana.
Educada por técnicas de condicionamentos para colimar resultados utilitaristas, não obstante as vinculações
religiosas que se permite, os seus agitados passos a levam quase sempre aos interesses materialistas, fazendo-a
atormentada, aflita e infeliz...
Observado, no entanto, do ponto de vista espiritual, o infortúnio que poderia significar verdadeira desdita
para os desarmados morais faculta aos que sabem entregar-se a Deus conquistas que se trasladam para a vida imortal
— a verdadeira.
As dores de qualquer procedência, as injunções de toda natureza, as enfermidades ditas incuráveis, a presença
da pobreza material, a ausência dos valores amoedados, a ingratidão das pessoas amadas, representam apelos ao
espírito calceta e atrabiliário para cuidar quanto antes da sua renovação e consequente ascensão moral.
Provas e expiações de qualquer monta são necessidades elaboradas por nós próprios, a fim de repararmos as
faltas cometidas, encontrando na dor que se deve superar os recursos valiosos para a libertação dos gravames
inditosos e a paz da consciência.
Não são, portanto, desgraças reais os chamados infortúnios, conforme conceituam as convenções do
utilitarismo e do imediatismo.
O verdadeiro infortúnio pode ser encontrado na ausência da fé em Deus com o impositivo de prosseguir-se
caminhando entre dores e desesperações sem os arrimos abençoados da crença e da esperança.
Infortunados estão aqueles que traíram a consciência e se enganaram, a si mesmos, não se dando conta do
delito apesar do apelo da razão que desperta e deseja fixar -se vitoriosa sobre o instinto.
Verem-se assinalados pela imperiosa necessidade de redimir-se e não poderem, prosseguindo estiolados pelas
conjunturas perniciosas a que se afervoram, sim, isto constitui para tais uma desventura das mais rudes porquanto
anestesia o espírito e dilui a esperança do porvir, pela falta de alento e da reserva de forças necessárias para se
construir a alegria que decorre da resignação.
Há, porém, entre os que experimentam infortúnios, aqueles que no estrugir das dores e na concussão das
angústias perseveram confiantes, aguardando o auxílio da Divina Misericórdia, sem rebeldia nem recriminação
podendo exalçar o amor e agradecer os sofrimentos que os lapidam...
Dos infortúnios, o espírito consciente retira, sempre, bênçãos de consolação e equilíbrio se permanecendo
fiel a si esmo e ao Pai Criador que o destina à ventura.
Muitos desavisados consideram que a “perda das pessoas amadas” é verdadeira desgraça, quando, em
verdade, morrer não é finar-se nem se consumir, mas libertar-se.
Incontáveis pessoas se queixam de infelicidade diante de enfermos queridos que se demoram amarrados em
paralisias constritoras, para eles anelando a morte como bênção, esquecidos de que a imobilidade de hoje resulta da
má direção que antes deram aos próprios passos.

43

Pais desarvorados se revoltam, crendo-se inditosos, ao receberem nos braços, que aguardavam um ser
perfeito, o filhinho hebetado, idiotizado, débil ou marcado pôr anomalias outras que o afeiam e entristecem. E
preferem não acreditar que a Justiça Superior lhes devolveu aquele que ajudaram a infelicitar-se no passado, ora
retornando com os sinais da desdita num corpo de expiação redentora.
Pessoas reduzidas à miséria econômica acreditam-se presas da adversidade e rebolcam-se, desarvoradas, em
injustificado desespero, quando poderiam recorrer aos tesouros da oração e da paciência, mediante o trabalho
contínuo, com que se credenciariam a tentames de outra relevância.
Dor é advertência e lição que ninguém deve desprezar.
Sim, há infortúnios que elevam e infortúnios que desgraçam.
É desgraça a fuga cobarde pelo suicídio, através de cujo ato o homem se rebela contra Deus e a vida,
rompendo, tresloucado, os compromissos de reabilitação para atirar-se nos poços sem fundo das dores inimagináveis
e dos remorsos sem termo...
Suplício sem conforto, também, o do homicida de qualquer classe, que rouba a vida do seu irmão, dirigido
pelo ódio ou pelo ciúme, pela suspeita ou pela ganância, pela revolta ou pela piedade...
O santo e o apóstolo, o anjo e o missionário são trabalhados na forja ardente do sofrimento purificador
tomando forma na bigorna e no malho das aflições que suportam e vencem.
Tarefa sacrossanta está reservada ao Espiritismo: a de preparar o homem para as circunstâncias nem sempre
agradáveis, imediatamente, que há de defrontar pelo caminho redentor.
Ensinando-lhe que cada um é o construtor do seu próprio destino, recebendo conforme produziu, concede-
lhe a indispensável maturidade para conscientizá-lo quanto às responsabilidades decorrentes dos seus atos.
Assim, a dor e o agravo, a angústia e o desespero são vigorosas terapêuticas da vida para que o enfermo
espiritual inveterado se preocupe com a cura real e se volte em definitivo para os elevados objetivos da Vida Maior,
em cujo rumo se encontra desde agora, lá chegando quando a desencarnação o despir da transitória indumentária em
que marcha tentando a felicidade que só mais tarde alcançará após resgatados os compromissos atrasados.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 11: Infortúnios

44

3.2.23 Glórias e Insucessos

Pessoa alguma se encontra em clima de privilégio, enquanto na vilegiatura material.
Triunfos e galas, destaques e fortuna, saúde e lazer não significam concessões indébitas que alguém pode
usufruir sem o ônus da responsabilidade.
Empréstimos superiores ensejam aquisições relevantes, de que nem sempre sabem utilizar-se os transitórios
mordomos dos valores terrenos.
Teste para os portadores dos títulos e láureas, dos bens e moedas, são também exemplo da excelsa
misericórdia, a fim de que todos se possam adestrar na movimentação dos recursos que levam à dita ou à alucinação,
mediante o uso e a direção que cada um resolva dar às posses vulneráveis.
Isto, porque, as alegrias facilmente se convertem em tristezas, as honrarias e glórias se transmudam em
amargura e desaire, as moedas e títulos se consomem e desaparecem, a saúde e o lazer passam, enquanto a vida física
se extingue.
Somente perduram o que se fez das posses, quanto se armazenou em bênçãos, tudo que se dividiu em nome
do amor, multiplicando esperança e paz.
*
Ninguém que esteja em estado de desgraça, enquanto transitando nas roupagens carnais.
Soledade, pobreza, doença, limitação, esquecimento constituem provas redentoras de que se utilizam os
excelsos mentores encarregados da programática reencarnatória, para a educação, a ascensão e a felicidade dos que
tombaram nos fossos da loucura e da criminalidade, quando no uso das disponibilidades que lhes abundavam no
passado.
Desgraça real é sempre o mal que se faz, nunca o que se recebe.
Insucesso social, prejuízo econômico, fatalidade são terapêuticas enérgicas da vida para a erradicação dos
cânceres morais existentes em metástase cruel nos tecidos do espírito imortal.
Nesse sentido, a soledade se enriquece de presenças, a enfermidade passa, o abandono desaparece, a limitação
se acaba, a pobreza cede lugar à abundância e, mesmo ocorrendo a morte, a vida espera, em triunfo, após a cessação
dos movimentos do corpo.
*
Êxitos e desditas à luz do Evangelho se apresentam comumente em sentido oposto à interpretação imediatista
dos conceitos humanos.
Na manjedoura, entre pecadores, no trabalho humilde, convivendo com os deserdados, reptado e perseguido
pela argúcia dos vencedores terrenos, largado numa cruz, Jesus é o símbolo do triunfo real sobre tudo e todos, em
imperecível lição, que ninguém pode deslustrar ou desconhecer.
Toma-o por modelo e não te perturbes nunca!
Nas glórias ou nos insucessos guarda-te na paz interior e persevera no amor, seguindo a rota do Bem
inalterável.
Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap.45: Glórias e Insucessos

45

3.2.24 Cristo em Casa

Contrapondo- se à onda crescente da loucura que irrompe avassaladora de toda parte, e domina, penetrando
os lares e os destroçando, o Evangelho de Jesus, hoje como no passado, abre larga faixa para a esperança, facultando
a visão de um futuro promissor onde os desassossegos do coração não terão ensejo de medrar.
A par da lascívia e do moderno comércio do erotismo, que consomem as mais elevadas aspirações humanas
na Indústria da devassidão, as sementes luminosas da Boa Nova, plantadas na intimidade do conjunto familiar,
desdobram-se em embriões de amor que enriquecem os espíritos de paz, recuperando os homens portadores das
enfermidades espirituais de longo curso e medicando-os com as dádivas da saúde.
Enquanto campeia a caça desassisada aos estupefacientes e barbitúricos a os narcóticos e aos excessos do
sexo em desalinho, a mensagem do Reino de Deus cada semana, na família, representa placebo valioso que consegue
recompor das distonias psíquicas aqueles que jazem anestesiados sob o jugo de forças ultrizes e vingadoras de
existências pretéritas.
Há mais enfermos no mundo do que se supõe que existam. Isto porque, no reduto familiar raramente
fecundam a conversação edificante, o entendimento fraterno, a tolerância geral, o amor desinteressado...
Vinculados por compromissos vigorosos para a própria evolução, os espíritos reencarnam-se no mesmo
grupo cromossomático, endividados entre si, para o necessário reajustamento, trazendo nos refolhos da memória
espiritual as recordações traumáticas e as lembranças nefastas, deixando-se arrastar, invariavelmente, a complexos
processos de obsessão recíproca, graças ao ódio mantido, às animosidades conservadas e nutridas com as altas
contribuições da rebeldia e da violência.
Em razão disso, o desrespeito grassa, a revolta se instala, a indiferença insiste e a aversão assoma...
A família, em tais circunstâncias, se transforma em palco de tragédias sucessivas, quando não se faz aduana
de traições e desídias...
Estimulando os desajustes que se encontram inatos nos grupos da consanguinidade, a hodierna técnica da
comunicação malsã tem conspirado poderosamente contra a paz do lar e a felicidade dos homens.
Cristo, porém, quando se adentra pelo portal do lar, modifica a paisagem espiritual do recinto.
As cargas de vibrações deletérias, os miasmas da intolerância, os tóxicos nauseantes da ira, as palavras azedas
vão rareando, ao suave-doce contágio do Seu amor e se modificam as expressões da desarmonia e do desconforto,
produzindo natural condição de entendimento, de alegria, de refazimento.
Cristo no lar significa comunhão da esperança com o amor.
A Sua presença produz sinais evidentes de paz, e aqueles que antes experimentavam repulsa pelo ajuntamento
doméstico descobrem sintomas de identificação, necessidade de auxílio mútuo.
Com Jesus em casa acendem-se as claridades para o futuro, a iluminar as sombras que campeiam desde agora.
* * *
Abre o “livro da vida” e medita nos “ditos do Senhor” pelo menos uma vez na semana, entre aqueles que
vivem contigo em conúbio familiar. Mergulha a mente nas suas lições, embriaga o espírito na esperança, sorve a
água lustral da “fonte viva” generosa e abundante, esquece os painéis tumultuados que são habituais e marcha na
direção da alegria.
Se não consegues a companhia dos que te repartem a consanguinidade para tal ministério, não desfaleças.

46

Faze-o, assim mesmo.
Se assomam óbices inesperados não descoroçoes, insistindo, ainda assim.
Se surpresas infelizes conspiram à hora do teu encontro semanal com Ele, não desesperes e retoma as
tentativas, perseverando...
Quando Cristo penetra a alma do discípulo, refá-la, quando visita a família em prece, sustenta-a.
Faze do teu lar um santuário onde se possa aspirar o aroma da felicidade e fruir o néctar da paz.
* * *
Sob o dossel das estrelas, no passado, o Senhor, enquanto conosco, instaurou nos lares humildes dos
discípulos o convívio da prece, da palestra edificante, inaugurando a era da convivência pacífica, da discussão
produtiva, do intercâmbio com o Mundo Excelso...
Abrindo-lhe o lar uma vez que seja, em cada sete dias, experimentarás com Ele a inexcedível ventura de
aprender a amar para bem servir e crescer para a liberdade que nos alçará além e acima das próprias limitações,
integrando-nos na família universal em nome do Amor de Nosso Pai.
Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap. 3: Cristo em Casa

47

3.2.25 Suicídio

Ato de extrema rebeldia, reação do orgulho desmedido, vingança de alto porte que busca destruir-se ante a
impossibilidade de a outrem aniquilar, o suicídio revela o estágio de brutalidade moral em que se demora a criatura
humana .... Por um minuto apenas, a revolta atira o ser no dédalo do desvario, conseguindo um tentame de desdita
que se alonga por decênios lúridos de amarguras e infortúnios indescritíveis.
Por uma interpretação precipitada, o amor -próprio ferido arroja o homem que se deseja livrar de um problema
no poço sem fundo de mais inditosas conjunturas, que somente a peso de demorados remorsos e agonias consegue
vencer.
Sob a constrição de injustificável ciúme, a criatura desforça-se da vida, naufragando em águas encrespadas
que a afogam sem a acalmar, de cuja asfixia incessante e tormentosa não logra liberar-se ...
Em nome da dignidade atirada por terra se arroja a pessoa geniosa na covarde fuga pela estrada-sem -fim da
cavilosa ilusão, em que carpe, inconsolável, o choro do arrependimento tardio ...
Evitando a enfermidade de alongada presença que conduzirá à morte, o impaciente antecipa o momento da
libertação e através desse gesto se escraviza por tempo infindável ao desespero e à dor que o afligiam, agravados pela
soma dos novos infortúnios infligidos à existência que lhe não compete exterminar.
Temendo o sofrimento o suicida impõe-se maior soma de aflições, no pressuposto de que o ato de cobardia
encetado seria sancionado pelo apagar da consciência e pelo sono do nada ...
No fundo de todas as razões predisponentes para o autocídio, excetuando-se as profundas neuroses e psicoses
de perseguição, as maníaco-depressivas – que procedem de antigas fugas espetaculares à vida e que o espírito traz
nos refolhos do ser como predisposições à repetição da falência moral – se encontra o orgulho tentando, pela
violência, solucionar questões que somente a ação contínua no bem e a sistemática confiança em Deus podem
regularizar com a indispensável eficiência.
Condicionado para os triunfos de fora, não se arma o homem para as conquistas interiores, mediante cujas
realizações se imunizaria para as dificuldades naturais da luta com que se encontra comprometido em prol da própria
ascensão.
Mudam-se as circunstâncias, alteram-se os componentes, variam as condições por piores que se apresentem,
mediante o concurso do tempo. À desdita sobrepõe-se a ventura, ao desaire a alegria, ao infortúnio resignado a
esperança, quando se sabe converter os espinhos e pedrouços da estrada em flores e bênçãos.
O homem está fadado à ventura e à plenitude espiritual. Não sendo autor da vida, não obstante se faça o
usufrutuário nem sempre responsável, é-lhe vedada a permissão de aniquilá-la. Rompe -lhe, pelo impulso irrefletido,
a manifestação física, jamais, porém, destrói as engrenagens profundas que lhe acionam a exteriorização orgânica.
Toda investida negativa se converte em sobrecarga que deve conduzir o infrator do código de equilíbrio, que
vige em todo lugar.
Alguns que se dizem religiosos mas, desassisados, costumam asseverar, irrefletidos, que preferem adiar o
resgate, mesmo que sejam constrangidos ulteriormente a imposições mais graves ...
Incapazes, no entanto, de suportarem o mínimo, se atribuem possibilidades de, após a falência, arcarem com
responsabilidades e encargos maiores.
Presunção vã e justificativa enganosa para desertarem do dever!

48

A si mesmos iludem os que debandam dos compromissos para com a vida. Não morrerão. Ninguém se destrói
ante a morte. Províncias de infortúnio, regiões de sombras enxameiam em ambos os lados da vida. Da mesma forma
prosseguem além da morte os estados de consciência ultrajada, de mente rebelada, de coração vencido ...
Em considerando a problemática das graves quão imprevisíveis desgraças decorrentes do suicídio, convém
examinemos, também, a larga faixa dos autocidas indiretos, daqueles que precipitam a hora da desencarnação,
mediante os processos mais variados.
São, também, suicidas, os sexólatras inveterados, os viciados deste ou daquele teor, os que ingerem altas
cargas de tensão, os que se envenenam com o ódio e se desgastam com as paixões deletérias, os glutões e ociosos, os
que cultivam o pessimismo e as enfermidades imaginárias ...
A vida é um poema de amor e beleza esperando por nós. Uma gota d'água transparente, uma nervura de folha,
uma partícula de adubo, uma pétala perfumada, uma semente fértil, um raio de sol, o piscar de uma estrela, são
desafios à imaginação, à inteligência, à contemplação, à meditação, ao amor!
Há, sem dúvida, agravantes e atenuantes, no exame do suicídio .... Todavia, seja qual for o motivo, a
circunstância para o crime de retirada da vida, tal não consegue outro resultado senão o de atirar o delituoso ao
encontro da vida estuante, em circunstância análoga àquela da qual pensou evadir-se, com os problemas que não
esperava defrontar ...
Expungem, sim, na Erraticidade, em inenarráveis condições, os gravames da decisão funesta, e, na Terra,
quando retomam, em cruentas expiações, os que defraudam a sagrada concessão divina, que é o corpo plasmado para
a glória e a elevação do espírito.
Espera pelo amanhã, quando o teu dia se te apresente sombrio e apavorante. Aguarda um pouco mais, quando
tudo te empurrar ao desespero.
A Divindade possui soluções que desconheces para todos os enigmas e recursos que te escapam, a fim de
elucidar e dirimir equívocos e dificuldades.
Ama a vida e vive com amor – embora constrangido muitas vezes à incompreensão, sob um clima de martírio
e sobre um solo de cardos ...
Recupera hoje o desperdício de ontem sem pensares, jamais, na atitude simplista do suicídio, que é a mais
complexa e infeliz de todas as coisas que podem ocorrer no homem.
Se te parecerem insuportáveis as dores, lembra-te de Jesus, na suprema humilhação da Cruz, todavia
confiando em Deus, e de Maria, Sua Mãe, em total angústia, fitando o filho traído, aparentemente abandonado, de
alma também trespassada pela dor sem nome, por meio de cuja confiança integral se converteu em exemplo
insuperável de resignação e paciência, na sua inquestionável fé em Deus, tornando-se a Mãe Santíssima da
Humanidade toda.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 18: Suicídio

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3.2.26 Aflição e Consolação

— "Bem-aventurados os que choram (aflitos), pois que serão consolados" — disse Jesus.
Nem todo aflito ou todo aquele que chora será consolado.
As aflições são processos depurativos, que chegam ao homem, concitando-o à meditação em torno da
problemática da existência, que não pode ser conduzida, levianamente.
Tua aflição mede o teu estado espiritual e representa o patrimônio de que dispões para recuperares a paz.
Dores de hoje, dividas de ontem.
Aquele que ora se aflige, recupera-se das aflições que a outrem impôs, por isso "só na vida futura", se hoje
bem se conduzir, será consolado.
Há, todavia, aflitos que se fazem afligentes, explodindo, em rebeldia, contra os fatores causais das suas
necessidades evolutivas, não raro assumindo uma falsa posição de vítima e engalfinhando-se nas disputas do
desequilíbrio pelo trânsito através do corredor da loucura por onde derrapou.
Há aflições que se fazem fardo de pesado ônus para aquele que da vida somente considera as vantagens
utópicas, isto é, as transitórias alegrias decorrentes da ilusão.
Muitas aflições têm à medida que se lhes atribui, aumentando-as ou valorizando-as, em face de uma atitude
falsa ou decorrente da exigência de um mérito que em verdade não se possui...
Os aflitos, a que se refere o Mestre, são aqueles que da tribulação retiram o bom proveito; aqueles que
encontram na dor um desafio para superarem-se a si mesmo; os que se abrasam na fé ardente e sobrepõem-se às
conjunturas dolorosas; todos os que convertem as dificuldades e provações em experiências der sabedoria; os que
sob o excruciar dos testemunhos demonstram a sua fé e perseverança nos ideais esposados, porfiando fiéis aos
compromissos abraçados...
Os aflitos humildes e que se convertem em lições vivas de otimismo e de esperança — eis os que serão bem-
aventurados, porque após as dívidas resgatadas, os labores realizados, os testemunhos confirmados, "serão
consolados" pela bênção da consciência tranquila, no país da redenção total.
Tua aflição é o caminho da tua vitória sobre ti mesmo.
Ela te dará a medida da tua fraqueza e a grandeza do amor e da sabedoria do Pai Criador.
*
Utiliza-te da sua metodologia para o mais breve triunfo que te cumpre alcançar.
Aquele que se arrepende de um mal, está aflito; que se encoleriza, sofre aflição; que persegue, padece agonia;
que inveja, estremunha-se e chora; que odeia, galvaniza-se sob o açodar da fúria e combure-se nos altos fornos do
desequilíbrio que gera.
Estes não serão, por enquanto, consolados.
Somente quando a consciência da dor os faça amar, submetendo-os à divina vontade, encontrará na aflição a
felicidade porque anelam.
A aflição está na Terra, por ser este um planeta de provas e dores, onde a felicidade ainda não se instalou,
nem poderia fazê-lo por enquanto...
Concentra, desse modo, as tuas aflições no Afligido sem dívidas e entrega-te a Ele, seguindo-Lhe o exemplo,
e enquanto te encontres aflito, procura diminuir a aflição do teu próximo.
Assim, fazendo, serás consolado, porque, conforme asseverou Allan Kardec, "as vicissitudes da vida derivam
de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa". Sofrendo-as com resignação, superá-las -á,
encontrando a paz.
Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap. 5: Aflição e Consolação

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3.2.27 Ante a Dor

Quando a alma mergulhou na carne referta de vibrações, desejou transmitir toda a musicalidade que conduzia
virgem, e para que o tumulto do ambiente não lhe perturbasse a evocação, perdeu, paulatinamente, os registros
auditivos para somente escutar nas telas da mente os acordes sublimes da natureza e de Deus — e Beethoven ficou
surdo!
Para expressar a melancolia suave e a pungente saudade de algo que não se pode identificar, Chopin
experimentou a amargura do coração perdido entre desejos e decepções.
Destinado a ferir as cordas da emoção e tangê-las com habilidade, o espírito retornou ao palco de antigas
lutas para defrontar-se com inimigos acirrados e vencê-los através da autodoação, enchendo a Terra de musicalidade
superior.
Inquieto, todavia, fraquejando sem cessar, Schumann deixou-se arrastar pela caudal da obsessão, conquanto
fizesse incomparável legado, através do Lied e das nobres melodias para piano.
* * *
Oh! Dor bendita, libertadora de escravos, discreta amiga dos orgulhosos, irmã dos santos, mensageira da
verdade, tanto necessitamos do teu concurso, que se nos afiguras um anjo caído, a serviço da misericórdia para
sustentar-nos na luta redentora! Ensina-nos a descobrir a rota da humildade para avançarmos com acerto.
* * *
A dor é a mensageira da esperança que após a crucificação do Justo vem ensinando como se pode avançar
com segurança.
Recebamo-la, pacientes, sejam quais forem as circunstâncias em que a defrontemos, nesta hora de
significativas transformações para o nosso espírito em labor de sublimação.
O sofrimento de qualquer natureza, quando aceito com resignação — e toda aflição atual possui as suas
nascentes nos atos pretéritos do espírito rebelde — propicia renovação interior com amplas possibilidades de
progresso, fator preponderante de felicidade.
A dor faculta o desgaste das imperfeições, propiciando o descobrimento dos valiosos recursos, inexoráveis,
aliás do ser.
Após a lapidação fulgura a gema.
Burilada a aresta ajusta-se a engrenagem.
Trabalhado, o metal converte-se em utilidade.
Sublimado pelo sofrimento reparador o espírito liberta-se.
Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap. 17: Ante a Dor

51

3.2.28 Necessidade de Evolução

Educação–Fonte de Bênção
As tendências, que promanam do passado em forma de inclinações e desejos, se transformam em hábitos
salutares ou prejudiciais quando não encontram a vigilância e os mecanismos da educação pautando os métodos de
disciplina e correção. Sob a impulsão do atavismo que se prende nas faixas primevas, das quais a longo esforço o
Espírito empreende a marcha da libertação, os impulsos violentos e a comodidade que não se interessa pelos esforços
de aprimoramento moral amolentam a individualidade, ressurgindo como falhas graves da personalidade.
As constrições da vida, que se manifestam de vária forma, conduzem o aspirante evolutivo à trilha correta
por onde, seguindo-a, mais fácil se lhe torna o acesso aos objetivos a que se destina. Nesse desiderato, a educação
exerce um papel preponderante, porque faculta os meios para uma melhor identificação de valores e seleção deles,
lapidando as arestas embrutecidas do eu, desenvolvendo as aptidões em germe e guiando com segurança, mediante
os processos de fixação e aprendizagem, que formam o caráter, insculpindo-se, por fim, na individualidade e
externando-se como ações relevantes.
Remanescente do instinto em que se demorou por longos períodos de experiência e ainda mergulhado nas
suas induções, o Espírito cresce, desembaraçando-se das teias de vigorosos impulsos em que se enreda para a
conquista das aptidões com que se desenvolve.
Pessoa alguma consegue imunizar-se aos ditames da educação, boa ou má, conforme o meio social em que
se encontra. Se não ouve a articulação oral da palavra, dispõe dos órgãos, porém, não fala; se não vê atitudes que
facilitam a locomoção, a aquisição dos recursos para a sobrevivência, consegue por instinto a mobilização com
dificuldade e o alimento sem a cocção; tende a retornar às experiências primitivas se não é socorrido pelos recursos
preciosos da civilização, porque nele predominam, ainda, as imposições da natureza animal.
Possui os reflexos, no entanto, não os sabe aplicar; desfruta da inteligência e, por falta de uso, já que se
demora nas necessidades imediatas, não a desenvolve; frui das acuidades da razão e do discernimento, entretanto se
embrutece por ausência de exercícios que os aprofunde. Nele não passam de lampejos as manifestações espirituais
superiores se arrojado ao isolacionismo ou relegado às faixas em que se detêm os principiantes nas aquisições
superiores.. .
Muito importante a missão da educação como ciência e arte da vida.
Encontrando- se ínsitas no Espírito as tendências, compete à educação a tarefa de desenvolver as que se
apresentam positivas e corrigir as inclinações que induzem à queda moral, à repetição dos erros e das manifestações
mais vis, que as conquistas da razão ensinaram a superar.
A própria vida facultou ao Espírito, em longos milênios de observação, averiguar o que é de melhor ou pior
para si mesmo, auxiliando-o no estabelecimento de um quadro de valores, de que se pode utilizar para a tranquilidade
interior. Trazendo do intervalo que medeia entre uma e outra reencarn ação reminiscências, embora inconvenientes,
do que lhe haja sucedido, elege os recursos com que se pode realizar melhormente, ao mesmo tempo impedindo-se
deslizes e quedas nos subterrâneos da aflição.
Outrossim, inspirado pelos Espíritos promotores do progresso no mundo, assimila as ideias envolventes e
confortadoras, entregando- se ao labor do auto-aprimoramento.
O rio corre e cresce conforme as condições do leito.

52

A plântula se esgueira e segue a direção da luz.
A obra se levanta consoante o desejo do autor.
Em tudo e toda parte predominam leis sutis e imperiosas que estabelecem o como, o quando e o onde devem
ocorrer as determinações divinas. Rebelar-se contra elas, é o mesmo que atrasar-se na dor, espontaneamente,
contribuindo duplamente para a realização que conquistaria com um só esforço.
A tarefa da educação deve começar de dentro para fora e não somente nos comportamentos da moral social,
da aparência, produzindo efeitos poderosos, de profundidade.
Enquanto o homem não pensar com equidade e nobreza os seus atos se assentarão em bases falsas, se deseja
estruturá-los nos superiores valores éticos, porquanto se tornam de pequena monta e de fraca duração. Somente
pensando com correção pode organizar programas comportamentais superiores aos quais se submete consciente,
prazeirosamente.
Não aspirando à paz e felicidade por ignorar-lhe o de que se constituem, impraticável lecionar-lhe sobre tais
valores. Só, então, mediante o paralelismo da luz e da treva, da saúde e da enfermidade, da alegria e da tristeza se
poderão ministrar-lhe as vantagens das primeiras em relação às segundas...
Longo tempo transcorre para que os serviços de educação se façam visíveis, e difícil trabalho se impõe,
particularmente, quando o mister não se restringe ao verniz social, à transmissão de conhecimentos, às atitudes
formais, sem a integração nos deveres conscientemente aceitos.
Por educar, entenda-se, também, a técnica de disciplinar o pensamento e a vontade, a fim de o educando
penetrar-se de realizações que desdobrem as inatas manifestações da natureza animal, adormecidas, dilatando o
campo íntimo para as conquistas mais nobres do sentimento e da psique.
Nas diversas fases etárias da aprendizagem humana, em que o ser aprende, apreende e compreende, a
educação produz os seus efeitos especiais, porquanto, através dos processos persuasivos, libera o ser das condições
precárias, armando-o de recursos que resultam em benefícios que não pode ignorar.
A reencarnação, sem dúvida, é valioso método educativo de que se utiliza a vida, a fim de propiciar os meios
de crescimento, desenvolvimento de aptidões e sabedoria ao Espírito que engatinha no rumo da sua finalidade
grandiosa.
Como criatura nenhuma se realiza em isolacionismo, a sociedade se torna, como a própria pessoa, educadora
por excelência, em razão de propiciar exemplos que se fazem automaticamente imitados, impregnando aqueles que
lhes sofrem a influência imediata ou mediatamente.
No contexto da convivência, pelo instinto da imitação, absorvem-se os comportamentos, as atitudes e as
reações, aspirando-se a psicosfera ambiente, que produz, também, sua quota importante, no desempenho das
realizações individuais e coletivas.
Como se assevera, com reservas, que o homem é fruto do meio onde vive, convém se não esquecer de que o
homem é o elemento formador do meio, competindo-lhe modificar as estruturas do ambiente em que vive e elaborar
fatores atraentes e favoráveis onde se encontre colocado a viver.
Não sendo infenso aos contágios sociais, não é, igualmente, inerme a eles, senão, quando lhe compraz, desde
que reage aos fatores dignificantes a que não está acostumado, se não deseja a estes ajustar-se.

53

Além do ensino puro e simples dos valores pedagógicos, a educação deve esclarecer os benefícios que
resultam da aprendizagem, da fixação dos seus implementos culturais, morais e espirituais. Por isso, e sobretudo, a
tarefa da educação há que ser moralizadora, a fim de promover o homem não apenas no meio social, antes preparando-
o para a sociedade essencial, que é aquela preexistente ao berço donde ele veio e sobrevivente ao túmulo para onde
se dirige.
Nesse sentido, o Evangelho é, quiçá, dos mais respeitáveis repositórios metodológicos de educação e da
maior expressão de filosofia educacional. Não se limitando os seus ensinos a um breve período da vida e sim
prevendo-lhe a totalidade, propõe uma dieta comportamental sem os pieguismos nem os rigores exagerados que
defluem do próprio conteúdo do ensino.
Não raro, os textos evangélicos propõem a conduta e elucidam o porquê da propositura, seus efeitos, suas
razões. Em voz imperativa, suas advertências culminam em consolação, conforto, que expressam os objetivos que
todos colimam.
— “Vinde a mim", — assentiu Jesus, — porque eu “Sou o caminho, a Verdade e a Vida”, não delegando a
outrem a tarefa de viver o ensino, mas a si mesmo se impondo o impostergável dever de testemunhar a excelência
das lições por meio de comprovados feitos.
Sintetizou em todos os passos e ensinamentos a função dupla de Mestre — educador e pedagogo —, aquele
que permeia pelo comportamento dando vitalidade à técnica de que se utiliza, na mais eficiente metodologia, que é
a da vivência.
Quando os mecanismos da educação falecem, não permanece o aprendiz da vida sem o concurso da evolução,
que lhe surge como dispositivo de dor, emulando-o ao crescimento com que se libertará da situação conflitante,
afligente, corrigindo-o e facultando-lhe adquirir as experiências mais elevadas.
A dor, em qualquer situação, jamais funciona como punição, porquanto sua finalidade não é punitiva, porém
educativa, corretora. Qualquer esforço impõe o contributo do sacrifício, da vontade disciplinada ou não, que se
exterioriza em forma de sofrimento, mal-estar, desagrado, porque o aprendiz, simplesmente, se recusa considerar de
maneira diversa a contribuição que deve expender a benefício próprio.
Nenhuma conquista pode ser lograda sem o correspondente trabalho que a torna valiosa ou inexpressiva.
Quando se recebem títulos ou moedas, rendas ou posição sem a experiência árdua de consegui -los, estes
empalidecem, não raro, convertendo-se em algemas pesadas, estímulos à indolência, convites ao prazer exacerbado,
situações arbitrárias pelo abuso da fortuna e do poder.
Imprescindível em qualquer cometimento, portanto, o exame da situação e a avaliação das possibilidades
pessoais.
Sendo a Terra a abençoada escola das almas, é indispensável que aqui mesmo se lapidem as arestas da
personalidade, se corrijam os desajustamentos, se exercitem os dispositivos do dever e se predisponham os Espíritos
ao superior crescimento, de modo a serem superadas as paixões perturbadoras que impelem para baixo ao invés
daquelas ardentes pelos ideais libertadores, que acionam e conduzem para cima.
Os hábitos que se arraigam no corpo, procedentes do Espírito como lampejos e condicionamentos, retornam
e se fixam como necessidades, sejam de qual expressão for, constituindo uma outra natureza nos refolhos do ser, a
responder como liberdade ou escravidão, de acordo com a qualidade intrínseca de que se constituem.

54

A morte, desvestindo a alma das roupas carnais, não lhe produz um expurgo das qualidades íntimas, antes
lhe impõe maior necessidade de exteriorizá-las, liberando forças que levam a processos de vinculações com outras
que lhes sejam equivalentes. Na Terra isto funciona em forma de complexos mecanismos de simpatia e antipatia, em
afinidades que, no além-túmulo, porque sincronizam na mesma faixa de aspiração e se movimentam na esfera de
especificidade vibratória, reúnem os que se identificam no clima mental, de hábitos e aptidões que lhes são próprios.
Nunca se deve transferir para mais tarde o mister de educar-se, corrigir-se ou educar e corrigir. 0 que agora
não se faça, neste particular, ressurgirá complicado, em posição diversa, com agravantes de mais difícil remoção.
Pedagogos eminentes, os Espíritos Superiores ensinam as regras de bom comportamento aos homens como
educadores que exemplificam depois de haverem passado pelas mesmas faixas de sombra, ignorância e dor, de que
já se libertaram.
Imperioso, portanto, conforme propôs Jesus, que se faça a paz com o “adversário enquanto se está no caminho
com ele”, de vez que, amanhã, talvez seja muito tarde e bem mais difícil alcançá- lo.
O mesmo axioma se pode aplicar à tarefa da educação: agora, enquanto é possível, moldar-se o eu, antes que
os hábitos e as acomodações perniciosas impeçam a tomada de posição, que é o passo inicial para o deslanchar sem
reversão.
Educação, pois, da mente, do corpo, da alma, como processo de adaptação aos superiores degraus da vida
espiritual para onde se segue.
A educação, disciplinando e enriquecendo de preciosos recursos o ser, alça-o à vida, tranquilo e ditoso, sem
ligações com as regiões inferiores donde procede. Fascinado pelo tropismo da verdade que é sabedoria e amor, após
as injunções iniciais, mais fácil se lhe torna ascender, adquirir a felicidade.
Joanna de Angelis – No Limiar do Infinito – Cap. 6: Necessidade de Evolução

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3.2.29 Almas Problema

À pessoa– problema que renteia contigo, no processo evolutivo, não te é desconhecida...
O filhinho–dificuldade que te exige doação integral, não se encontra ao teu lado por primeira vez.
O ancião–renitente que te parece um pesadelo contínuo, exaurindo-te as forças, não é encontro fortuito na
tua marcha...
O familiar de qualquer vinculação que te constitui provação, não é resultado do acaso que te leva a desfrutar
da convivência dolorosa.
Todos eles provêm do teu passado espiritual.
Eles caíram, sim, e ainda se ressentem do tombo moral, estando, hoje, a resgatar injunção penosa. Mas, tu
também.
Quando alguém cai, sempre há fatores preponderantes e outros predisponentes, que induzem e levam ao
abismo.
Normalmente, oculto, o causador do infortúnio permanece desconhecido do mundo. Não, porém, da
consciência, nem das Soberanas Leis.
Renascem em circunstâncias e tempos diferentes, todavia, volvem a encontrar-se, seja na consanguinidade,
através da parentela corporal, ou mediante a espiritual, na grande família humana, tomando o caminho das reparações
e compensações indispensáveis.
*
Não te rebeles contra o impositivo da dor, seja como se te apresente.
Aqui, é o companheiro que se transforma em áspero adversário; ali, é o filhinho rebelde, ora portador de
enfermidade desgastante; acolá, é o familiar vitimado pela arteriosclerose tormentosa; mais adiante, é alguém
dominado pela loucura, e que chegam à economia da tua vida depauperando os teus cofres de recursos múltiplos.
Surgem momentos em que desejas que eles partam da Terra, a fim de que repouses...
Horas soam em que um sentimento de surda animosidade contra eles te cicia o anelo de ver-te libertado. ..
Ledo engano!
Só há liberdade real, quando se resgata o débito.
Distância física não constitui impedimento psíquico.
Ausência material não expressa impossibilidade de intercâmbio.
O Espírito é a vida, e enquanto o amor não Iene as dores e não lima as arestas das dificuldades, o problema
prossegue inalterado.
Arrima-te ao amor e sofre com paciência. Suporta a alma-problema que se junge a ti e não depereças nos
ideais de amparar e prosseguir.
Ama, socorrendo.
Dia nascerá, luminoso, em que, superadas as sombras que impedem a clara visão da vida, compreenderás a
grandeza do teu gesto e a felicidade da tua afeição a todos.
O problema toma a dimensão que lhe proporcionas.
Mas o amor, que “cobre a multidão dos pecados” voltado para o bem, resolve todos os problemas e
dificuldades, fazendo que vibre, duradoura, a paz por que te afadigas.
Joanna de Angelis – Alerta – Cap.6: Almas Problema

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3.2.30 Sob testes e exames

A cada instante o aprendiz do Evangelho é convidado a reflexão, para não descer ao abismo da
irresponsabilidade.
Quando menos espera, a cólera o surpreende, disfarçada, trabalhando para seu aniquilamento. Se lhe resiste
à investida inicial, muito falta para conservar-se em paz, pois que, surgindo novo ensejo, ei-la de volta, sitiando
impiedosa.
Obrigado a retirar-se, deixa o seu miasma danoso, em forma de cansaço ou irritabilidade, que lhe servirão de
base para acolhimento futuro. . .
Supondo-se livre, o discípulo do Cristo vê-se enrodilhado nas perigosas malhas da intriga, sem mesmo atinar
como se deixou envolver pela atmosfera venenosa da maledicência ou da calúnia.
Recobrando, porém, o ânimo e demorando-se resoluto na peleja, descobre o azedume da incompreensão que
o precede como ácido destruidor, espalhado pela senda.
Refugiando-se na paciência e bondade, é visitado pelos mil nonadas das exigências do cotidiano com que a
frivolidade dos companheiros complica o tempo. . . E sente-se instigado por verdugos atormentantes, que parecem
acumpliciados entre si com o objetivo central de impedir-lhe a ascensão.
Não há dúvidas de que testes e exames constantes fazem a verificação dos resultados evangélicos na mente
e no coração do homem afeiçoado à lavoura cristã.
Com muita propriedade a Terra é considerada planeta de “provas e expiações”.
A prova examina, experimentando o grau de preparação do educando.
A expiação ensina, rigorosa, a lição desperdiçada na inutilidade ou na viciação.
A prova lembra escolaridade.
A expiação solicita enfermagem.
O aprendiz estuda e se prepara para a vida.
O enfermo se reeduca e disciplina para continuar a vida.
Escola e Hospital são os valiosos recursos que se multiplicam para o discípulo sincero de Jesus, na jornada
libertadora.
* * *
Exames e testes a todo instante.
Teste à paciência, exame da produtividade.
Teste à humildade, exame do amor.
Teste à bondade, exame da vigilância.
Teste à compreensão, exame da palavra.
Teste ao equilíbrio, exame do bem que jaz latente em todos os seres.
Por isso, a cólera, a intriga, a incompreensão e todo o cortejo de tentações que afligem o homem voltado para
a luz de Cima são quesitos importantes, a responder com serenidade nas provas de hoje para evitar as expiações de
amanhã.
A cólera produz para o manicômio.
A intriga trabalha para a guerra.
A incompreensão alicia para o crime.
O cansaço, a irritabilidade, a presunção, colaboram com
egoísmo, tóxico destruidor de consciências e sentimentos.
Acautela-te , trabalhando na oração da confiança e do bem para a emancipação de ti mesmo.

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A lâmpada acesa ilumina, mas não dispensa o combustível desta ou daquela natureza que lhe vitaliza o jorro
de luz.
O servidor do Cristo deve deixar que “brilhe a sua luz” com os combustíveis da renúncia de si mesmo e da
abnegação incessante.
***
Enquanto Nosso Senhor e Mestre esteve conosco, foi provado e testado em exames rudes e cruéis. No entanto,
permaneceu fiel e digno até o fim. Quando reptado pelo amor, ao a sós, ao lado dos companheiros que dormiam, no
Horto, à hora extrema; e mesmo aí, aguardando o supremo testemunho, orou, unindo-se ao Pai; e, ungido de
abnegação e amor por todos, transformou, logo mais, os braços ásperos da cruz em asas luminosas com que ascendeu
ao Reino, fazendo-nos o legado da Sua coragem e resistência ao mal para ensinar-nos que só o amor possui a força
inamovível de edificar a verdade no coração do homem indefinidamente, sem tropeço nem queda.
Joanna de Angelis – Dimensões da Verdade – Cap. 39

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3.3 Emmanuel
3.3.1 Provação e Expiação

Qual a diferença entre provação e expiação?
– A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação
espiritual. A expiação é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime.

A lei da prova e da expiação é inflexível?
– Os tribunais da justiça humana, apesar de imperfeitos, por vezes não comutam as penas e não beneficiam
os delinquentes com o “sursis”? A inflexibilidade e a dureza não existem para a misericórdia divina, que, conforme
a conduta do Espírito encarnado, pode dispensar na lei, em benefício do homem, quando a sua existência já demonstre
certas expressões do amor que cobre a multidão dos pecados.
Emmanuel – O Consolador – Perg. 246/247

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3.3.2 Expiação

O problema da expiação não é privativo dos irmãos encarcerados nas enxovias do mundo.
A justiça humana, em verdade, apenas corrige o companheiro infeliz que caiu, desprevenido, nas malhas do
delito espetacular.
Entretanto, nas reentrâncias de cada instituto doméstico, a crueldade oculta ergue trincheiras de ódio e
separação, tanto quanto desabotoa tormentas de sangue e lágrimas, gerando as garras da enfermidade, tantas vezes
mensageiras da morte.
Aqui é a ingratidão para com os entes mais caros; ali, é a calúnia retalhando a esperança alheia.
Além, é a deserção do dever, fazendo com que os ombros do próximo sangrem, feridos, ao peso de cargas
acumuladas; mais além, é a atitude agressiva, sustentada com dureza e paixão, exterminando a sementeira de paz
naqueles que às vezes nos pedem unicamente um sorriso de bondade ou um gesto de perdão para que se renovem
perante Deus.
É aí, nesses redutos silenciosos da batalha de cada dia, que, muitas vezes enganamos e traímos, indiferentes
à dor que implantamos naqueles que nos partilham a marcha, amealhando fel e inquietação, de mistura com as
bênçãos de amor e trabalho que procuramos entesourar.
No entanto, a justiça Divina sabe joeirar nossos atos. E, nós mesmos, embora o carinho dos benfeitores
abnegados que nos acolhem, no Mais Além, sem recursos para desculpar-nos, na intimidade da consciência,
suplicamos o recomeço, renascendo na Terra, junto daqueles que se nos fazem credores nas trilhas da vida.
Sejam quais forem as nossas dificuldades no campo íntimo, saibamos aceitá-las de ânimo firme, incinerando
no crematório da renúncia os nossos próprios desejos para que a felicidade dos outros nos assegure a própria
felicidade, porquanto, conduzidos pela morte, ao império da Grande Luz, reconhecemo- nos, tais quais somos,
aplicando a nós mesmos a lei do equilíbrio que determina a quem deve o reajuste preciso na base reta do ceitil por
ceitil.
Emmanuel – Nascer e Renascer – Cap. 5: Expiação

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3.3.3 Inferno Antes

Reporta-se muita gente ao inferno, além do sepulcro, no entanto, é imperioso lembrar o inferno que nós
mesmos criamos antes do berço.
Em verdade, se somos individualmente examinados depois do túmulo, não será lícito esquecer que a Justiça
Divina nos observa igualmente em nossa expressão grupal.
Dessa forma, nas linhas da experiência doméstica, no campo da luta humana, quase sempre enxameiam, junto
aos espíritos encarnados, aquelas almas desprevenidas que com eles se acumpliciaram na delinquência e que, em lhes
precedendo os passos na viagem da morte, não se fizeram ausentes.
E o tempo, o juiz que premia méritos e retifica defeitos, reúne nas telas da vida espiritual antigos
companheiros de viciação e de ignorância, investindo cada um na parcela de sofrimento, indispensável à precisa
reparação.
Renteando com a morada terrena, dolorosos processos de purgação e acrisolamento aglutinam os seres
imprevidentes que, tomados de aflição e loucura, suplicam a bênção da volta à carne, para o trabalho do recomeço.
Diante disso, o mesmo tempo, em nome de Deus, confere de novo aos desertores do bem a suspirada ocasião
para o reajuste, orientando-lhes o retorno através de reaproximações gradativas.
Desse modo, pais e filhos, cônjuges e parentes, superiores e subalternos, irmãos e amigos renascem, uns ao
lado dos outros, na hora justa, cada qual suportando o quinhão de dor regenerativa que lhes é adjudicado.
E enfermidades e provas, separações e amarguras, mutilações e desastres, aleijões e infortúnios surgem,
portas adentro das instituições e dos lares, tanto quanto nos elos da consanguinidade e nos laços afetivos.
Fruto do passado delituoso a expiação pede a todos serenidade e renúncia para que o horizonte se aclare na
recomposição do destino.
Saibamos render culto constante ao amor fraterno, auxiliando sem paga, porque somente construindo a
alegria dos outros é que edificaremos o caminho ditoso que nos liberte, enfim, das algemas da sombra para a bênção
da luz.
Emmanuel – Vida em Vida – Cap. 29: Inferno Antes

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3.3.4 Na Senda Evolutiva

Quantos milênios gastou a Natureza Divina para realizar a formação da máquina física em que a mente
humana se exprime na Terra?
O corpo é para o homem santuário real de manifestação, obra-prima do trabalho seletivo de todos os reinos
em que a vida planetária se subdivide.
Quanto tempo despenderá, desse modo, a Sabedoria Celeste na estruturação do organismo da alma?
Da sensação à irritabilidade, da irritabilidade ao instinto, do instinto à inteligência e da inteligência ao
discernimento, séculos e séculos correram incessantes.
A evolução é fruto do tempo infinito.
A morte da forma somática não modifica, de imediato, o Espírito que lhe usufruiu a colaboração.
Berço e túmulo são simples marcos de uma condição para outra.
Assim é que, para as consciências primárias, a desencarnação é como se fora a entrada em certo período de
hibernação. Aves sem asas, não se elevam à altura. Aguardam o momento de novo regresso ao ninho carnal para a
obtenção de recursos que as habilitem para os grandes voos.
Crisálidas espirituais, imobilizam-se na feição exterior com que se apresentam, mas no íntimo conservam as
imagens de todas as experiências que armazenaram nos recessos do ser, revivendo-as em forma de pesadelos e
sonhos, imprimindo na mente as necessidades de educação ou reparação, com que devem comparecer no cenário da
carne, em momento oportuno.
Para semelhantes inteligências, a morte é como que a parada compulsória, por algum tempo, diante de mais
altos degraus da escada evolutiva que ainda não se acham aptas a transpor.
Sem os instrumentos de exteriorização, que lhes cabe desenvolver e consolidar, essas mentes, quando
desencarnadas, sofrem consideráveis alterações da memória.
Quase sempre, demoram-se nos acontecimentos que viveram e, de alguma sorte, perdem, temporariamente,
a noção do tempo.
Cristalizam-se, dessa maneira, em paixões e realizações do passado que lhes é próprio, para renascerem, na
arena da luta material, com as características do quadro moral em que se colocam, desintegrando erros e corrigindo
falhas, edificando, pouco a pouco, as qualidades sublimes com que se transportarão às Esferas Mais Altas.
Em razão disso, os Espíritos delinquentes ressurgem nas correntes da vida física, reproduzindo no patrimônio
congenial as deficiências que adquiriram à face da Lei.
O malfeitor conservará consigo longo remorso por haver desequilibrado o curso do bem, impondo lamentável
retardamento ao avanço espiritual que lhe diz respeito e, com essa perturbação, represará na própria alma grande
número de imagens que, na zona mental dele mesmo, se digladiarão mutuamente, inibindo, por tempo
indeterminável, o acesso de elementos renovadores ao campo do próprio “eu”.
Purificado o vaso íntimo do sentimento, renascerá na paisagem das formas, com o defeito adquirido através
do longo convívio com o desespero, com o arrependimento ou com a desilusão, reajustando o corpo perispirítico, por
intermédio de laborioso esforço regenerativo na Esfera carnal.
Os aleijões de nascença e as moléstias indefiníveis constituem transitórios resultados dos prejuízos que,
individualmente, causamos à corrente harmoniosa da evolução.
De átomo a átomo, organizam-se os corpos astronômicos dos mundos e de pequenina experiência em
pequenina experiência, infinitamente repetidas, alarga-se-nos o poder da mente e sublimam-se-nos as manifestações
da alma que, no escoar das eras imensuráveis, cresce no conhecimento e aprimora-se na virtude, estruturando,
pacientemente, no seio do espaço e do tempo, o veículo glorioso com que escalaremos, um dia, os impérios
deslumbrantes da Beleza Imortal.
Emmanuel – Roteiro – Cap. 4: Na Senda Evolutiva

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3.3.5 Na Terra e no Além

Interessado em desfrutar vantagens transitórias no imediatismo da existência terrestre, quase sempre o
homem aspira à galhardia de apresentação e a porte distinto, elegância e domínio, no quadro social em que se
expressa; entretanto, conduzido à Esfera Superior, pela influência renovadora da morte, identifica as próprias
deficiências, na tela dos compromissos inconfessáveis a que se junge, e implora da Providência Divina determinados
favores na reencarnação, que envolvem, de perto, o suspirado aprimoramento para a Vida Maior.
É assim que cientistas famosos, a emergirem da crueldade, rogam encarceramento na idiotia;
Políticos hábeis, que abusaram das coletividades a que deviam proteção e defesa, suplicam inibições
cerebrais que os recolham a precioso ostracismo;
Administradores dos bens públicos que não hesitaram em esvaziar os cofres do povo, a favor da economia
particular, solicitam raciocínio obtuso que lhes entrave a sagacidade para o furto aparentemente legal;
Criminosos que brandiram armas contra os semelhantes requisitam braços mutilados, assinando aflitivas
sentenças contra si mesmos;
Suicidas que menosprezaram as concessões do Senhor, atendendo a deploráveis caprichos, recorrem a
organismos quebrados ou violentados no berço, para repararem as faltas cometidas contra si mesmos;
Tribunos da desordem pedem os embaraços da gaguez;
Artistas que se aviltaram, arrastando emoções alheias às monstruosidades da sombra, invocam a internação
na cegueira física;
Caluniadores eminentes, que não vacilaram no insulto ao próximo, requerem o martírio silencioso dos
surdos-mudos;
Desportistas eméritos e bailarinos de prol, que envileceram os dons recebidos da Natureza, exoram nervos
doentes e glândulas deficitárias que os segreguem a distância de novas quedas morais;
Traidores que expuseram corações respeitáveis, no pelourinho da injúria, demandam a própria detenção no
catre dos paralíticos;
Mulheres que desertaram da excelsa missão feminina, a se prostituírem na preguiça e na delinquência,
solicitam moléstias ocultas que lhes impeçam a expansão do sentimento enfermiço,
E expoentes da beleza e da graça que corromperam a perfeição corpórea, convertendo-a em motivo para
transgressões lamentáveis, requestam longos estágios em quadros pênfigosos que lhes desfigurem a forma, de modo
a expiarem nas chagas da presença inquietante as culpas ominosas que lhes agoniam os pensamentos…
Ajudai-vos, assim, buscando no auxílio constante aos outros o pagamento facilitado das dívidas do pretérito,
porquanto, amanhã, sereis na Espiritualidade as consciências que hoje somos, abertas à fiscalização da Verdade, com
a obrigação de conhecer em nós mesmos a ulceração da treva e a carência da luz.
Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 26: Na Terra e no Além

63

3.3.6 No Problema da Dor

Para liquidar o problema da dor, ninguém deprecie a responsabilidade que lhe compete.
O Universo é regido pela Justiça Divina, e, nos tribunais do Perfeito Equilíbrio, todo sofrimento é resgate
entre as criaturas, quando não seja luminosa missão de amor dos Espíritos angélicos.
Para ilustrar o conceito, recordemos que as doenças no mundo requerem medidas especiais.
O embaraço gástrico pede medicação laxativa.
A arteriosclerose exige tratamento adequado.
A apendicite reclama a intercessão operatória.
A escabiose aguarda recurso balsamizante.
O carcinoma pede extirpação e limpeza.
A loucura roga amparo e insulamento.
Para a legião das moléstias comuns, surge todo um exército de especialistas e enfermeiros, socorros e
intervenções.
Assim também, na Vida Espiritual, cada consciência culpada que lhe alcança os domínios pelos braços da
morte, implora a assistência na farmácia da vida.
A dor é procurada como remédio valioso e a reencarnação é o caminho em que deve ser encontrada.
Quem abusou da fortuna material, pede a cooperação da extrema pobreza.
Quem relaxou a saúde, clama pela enfermidade como medida capaz de garantir-lhe o reajuste.
Quem se arrojou à delinquência, na alucinação da beleza física, pede o corpo disforme que lhe assegure o
retorno à tranquilidade.
Quem aviltou a inteligência, suplica as inibições mentais do cérebro curto, como serviço indispensável à
própria restauração.
Quem se valeu do poder para espalhar aflições e lágrimas, requisita a desvalia social com problemas difíceis
em que lágrimas e aflições lhe regenerem o campo íntimo.
Recebe, pois, o tipo de experiência que escolheste na Terra, em benefício de tua própria recuperação para
Deus, sem desfalecer no trabalho que a Justiça te reservou.
Acolhe a dor e a luta por sábias instrutoras da vida e não lhes menoscabes o concurso santificante.
A sombra de ontem te procura o asilo de hoje e somente ao preço de teu sacrifício na tarefa redentora, pelo
próprio dever bem cumprido, é que atingirás, valoroso e feliz; a Plena Luz de Amanhã.
Emmanuel – Páginas de Fé – Cap. 1: No Problema da Dor

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3.3.7 Dentro da Luta


“Não peço para que os tires do mundo, mas que os livres do mal.” – Jesus. (JOÃO, capítulo 17,
versículo 15.)

Não peças o afastamento de tua dor.
Roga forças para suportá-la, com serenidade e heroísmo, a fim de que lhe não percas as vantagens do contato .
Não solicites o desaparecimento das pedras de teu caminho.
Insiste na recepção de pensamentos que te ajudem a aproveitá-las.
Não exijas a expulsão do adversário.
Pede recursos para a elevação de ti mesmo, a fim de que lhe transformes os sentimentos.
Não supliques a extinção das dificuldades. Procura meios de superá-las, assimilando-lhes as lições.
Nada existe sem razão de ser.
A Sabedoria do Senhor não deixa margem à inutilidade.
O sofrimento tem a sua função preciosa nos planos da alma, tanto quanto a tempestade tem o seu lugar
importante na economia da natureza física .
A árvore, desde o nascimento, cresce e produz, vencendo resistências.
O corpo da criatura se desenvolve entre perigos de variada espécie.
Aceitemos o nosso dia de serviço, onde e como determine a Vontade Sábia do Senhor.
Apresentando os discípulos ao Pai Celestial, disse o Mestre: — "Não peço que os tires do mundo, mas que
os livres do mal.”
A Terra tem a sua missão e a sua grandeza; libertemo-nos do mal que opera em nós próprios e receber-lhe-
emos o amparo sublime, convertendo- nos junto dela em agentes vivos do Abençoado Reino de Deus.
Emmanuel – Fonte Viva – Cap. 162:Dentro da Luta

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3.3.8 Em Plena Prova

Aguardas a melhora que parece tardia...
Suspiras em vão pelo amigo ideal...
Anseias inutilmente pela concórdia doméstica...
Clamas debalde pelo socorro em serviço...
Todavia, mesmo nos transes mais duros, espera com paciência.
*
Ontem devastamos lares alheios.
Hoje é preciso reconstruí-los.
Ontem traçamos caminhos de lodo e sombra aos pés dos outros.
Hoje é preciso purificá-los.
Ontem retínhamos sem proveito a fortuna de todos.
Hoje é preciso devolvê-la em trabalho, acrescida de juros.
Ontem cultivamos aversões.
Hoje é preciso desfazê-las, a preço de sacrifício.
Ontem abraçamos o crime, supondo preservar-nos e defender-nos.
Hoje é preciso reparar e solver.
Ontem cravamos no próximo o espinho do sofrimento.
Hoje é preciso experimentá-lo por nossa vez.
*
Se sobes calvário agreste, irriga em suor e pranto a senda para o futuro.
Qual ocorre ao enfermo que solicita assistência adequada antes da consulta, imploraste, antes do berço,
a prova que te agracia.
Aspirando a sanar as chagas do pretérito, comissio naste o próprio destino para que te entregasse à existên-
cia o problema inquietante e a frustração temporária, o embaraço imprevisto e a trama da obsessão, o parente
amargoso e a doença difícil.
Não atraiçoes a ti mesmo, fugindo ao merecimento da concessão.
Milhares de companheiros desenleados da carne suplicam o ensejo que já desfrutas.
Mergulhados na dor maior, tudo dariam para obter a dor menor em que te refazes.
*
Desse modo, quando estiveres em oração, sorvendo a taça de angústia, na sentença que indicaste a ti próprio
diante das Leis Divinas, roga a bênção da saúde e a riqueza da paz, a luz da consolação e o favor da ale gria,
mas pede a Deus, acima de tudo, o apoio da humildade e a força da paciência .
Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 75: Em Plena Prova

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3.3.9 Perante a Dor

A dor é uma benção que Deus nos envia – diz-nos o verbo iluminado da Codificação Kardequiana, e
ousaríamos acrescentar que é também o remédio que solicitamos no limiar da existência terrestre.
Espíritos enfermos e endividados, rogamos, antes do berço, os problemas e as provações suscetíveis de
propiciar-nos a alegria da cura e a benção do resgate.
Entre votos de esperança e lágrimas de angústia, pedimos em prece o reencontro com antigos desafetos de
nossa estrada, pedimos as deformidades orgânicas, as moléstias ocultas, as mutilações dolorosas, o pauperismo
inquietante, os golpes da calúnia, as desilusões afetivas, a incompreensão dos mais amados e os enigmas do
sofrimento junto daqueles que se erigem à posição de nossos credores na Contabilidade Divina.
Entretanto, em plenitude das energias físicas, quase sempre recuamos ante os cálices de amargura, exigindo
conforto imediatista e vantagens materiais, à feição de doentes enceguecidos recusando o medicamento que lhes
prodigalizará a recuperação, ou à maneira de alunos preguiçosos e imprudentes fugindo sistematicamente à lição...
Lembremo-nos, pois, de que a luta é concessão celeste e de que a dificuldade é benfeitora do coração.
Aceitamo-las no caminho, não apenas com a noção de justiça que, por vezes, exageramos até a flagelação da
secura, nem somente com o bordão da coragem que, em muitas ocasiões, transformamos em perigosa temeridade
mas, acima de tudo, com a humildade da paciência que tudo compreende para tudo ajudar e purificar, na jornada de
nossa cruz redentora, pela qual, entre a serenidade e o amor, encontraremos por fim a imortalidade vitoriosa.
Emmanuel – Através do Tempo – Cap. 39: Perante a Dor (Psicografia em Reunião Publica Data – 12-9-
1958 Local – Centro Espírita Uberabense)

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3.4 André Luiz
3.4.1 Bem-Aventurados

Bem-aventurados os aflitos
Que, chorando – não se desanimam,
Que, ofendidos – não revidam,
Que, esquecidos pelos outros – não olvidam os deveres que lhes são próprios,
Que, dilacerados – não ferem,
Que, caluniados – não caluniam,
Que, desamparados – não desamparam,
Que, acoitados – não praguejam,
Que, injustiçados – não se justificam,
Que, traídos – não atraiçoam,
Que, perseguidos – não perseguem,
Que, desprezados – não desprezam,
Que, ridicularizados – não ironizam,
Que, sofrendo – não fazem sofrer…
Até agora, raros aflitos da Terra conseguiram merecer as bem-aventuranças do Céu, porque, realmente, com
amor puro somente o Grande Aflito da Cruz se entregou ao sacrifício total pelos próprios verdugos, rogando perdão
para a ignorância deles e voltando das trevas do túmulo para socorrer e salvar, com sua ressurreição e com o seu
devotamento, a Humanidade inteira.
André Luiz – Através do Tempo – Cap. 9: Bem– Aventurados (Psicografia em Reunião Publica Data – 17-
12-1951, Local – Centro Espírita Luiz Gonzaga, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas)

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3.5 Hermínio de Miranda
3.5.1 Terapia Homeopata da Dor

Recente pesquisa divulgada por uma rede nacional de televisão levou ao público a mensagem da Homeopatia.
Para muita gente deve ter constituído surpresa verificar que, se o sonho de Hahnemann ainda não é uma realidade
universal, como seria desejável, os fundamentos da sua filosofia médica mostram-se perfeitamente consolidados e
sua técnica de curar permanece viva, podendo mesmo a qualquer momento explodir num movimento de verdadeira
renascença.
Eis a esperança para a humanidade que, na ânsia de minorar suas mazelas físicas, muitas vezes as agrava
com a ingestão indiscriminada de drogas potentes que, em lugar de combateras causas do mal, limitam-se a mascarar
o efeitos e a acarretar complicações funcionais.
Ao que tudo indica, Hahnemann– Espírito não deve estar preocupado com a temporária desatenção a que foi
relegada a sua doutrina. Era de esperar-se que assim acontecesse, dado que em todo impulso rumo à verdade é preciso
levar em conta as imperfeições humanas e as dificuldades que o bem precisa vencer para impor-se. Ele sabe que essa
fase é transitória e, na escala dos séculos, efêmera.
Hahnemann integrou a plêiade de Espíritos luminosos qu e se incumbiram de transmitir a Kardec a síntese de
sabedoria que constitui o Espiritismo. Na verdade, foi quem confirmou ao Prof. Rivail sua posição no esquema da
Terceira Revelação.
Em mensagem mediúnica recebida pela Senhora W. Krell (1), Hahnemann, que informa ter sido a
reencarnação de Paracelso, lamenta alguns desvios que então se praticavam na Homeopatia, mas deixa bem claro
que sua visão se projeta muito mais longe, ao informar que a medicina do futuro será essencialmente espiritual.
Não há como contestá-lo. Com toda a sua carga materialista, as mais esclarecidas correntes da medicina
moderna admitem hoje a origem psicossomática de inúmeras doenças, como se pode evidenciar, aliás, pela ampla
disseminação de tranquilizantes e psicotrópicos em geral.
Já há muito a Homeopatia vem alcançando curas do corpo físico atuando através do perispírito. Para isso, os
medicamentos são praticamente “desmaterializados” e convertidos em energia pelas sucessivas e numerosas
dinamizações.
Mas não é para discutir técnicas homeopáticas ou médicas que aqui estamos a conversar. Mesmo porque não
temos para isso as necessárias credenciais. É que no silêncio interior da meditação — esse diálogo sem palavras com
o nosso próprio eu — ocorreu-nos que a lei da cura pelo semelhante, o célebre princípio Hahnemanniano do “similia
similibus curantur”, parece operar tanto nos males físicos como nos espirituais.
Pois não é quase sempre a dor que nos livra das nossas dores?
Não é o amor dinamizado, transubstanciado em energia pura que nos cura dos males que o amor-paixão
causou em nós?
Não é, tantas vezes, o ódio alheio, ao atingir-nos de maneira inexplicável, que nos redime do ódio que outrora
espalhamos?
Não é a invalidez de hoje que elimina da nossa ficha cármica o estigma das mutilações que infligimos em
irmãos nossos em tempos outros?

69

Não são as carências de agora que nos compensam das penúrias materiais e emocionais que impusemos a
criaturas como nós?
Assim como a doença orgânica resulta de abusos que geram desarmonias ou desafinamentos no sistema
biológico, assim também as dissonâncias e desarmonias espirituais criam doenças mentais e emocionais gravíssimas
resultantes de abusos de natureza ética. Num e noutro caso, o reajuste ou, melhor, a cura deve ser buscada por meio
de um remédio que, sem intoxicar a criatura, a leve a provocar em si mesma os sintomas do mal que a infelicitou.
No caso das doenças orgânicas, Hahnemann descobriu que os remédios que curavam eram precisamente
aqueles que, tomados por indivíduo sadio, provocavam os sintomas da doença a ser combatida.
No caso das mazelas espirituais, o “tratamento”, às vezes um tanto rude, mas sempre justo que as leis divinas
nos prescrevem, consiste em nos fazer experimentar dores, angústias, aflições e carências que impusemos ao
semelhante.
Somente assim estaremos em condições de avaliar com lucidez a extensão e profundidade do sofrimento que
causamos ao nosso irmão, ou seja, sentindo-o na “própria pele”.
E por isso, quem destruiu lares, tem seu lar desfeito; quem se apossou de fortunas alheias, renasce com as
matrizes da miséria material; quem abusou do poder, volta nas mais ínfimas camadas da escala social.
Operando, porém, em nível infinitamente mais elevado do que os mecanismos meramente bioquímicos, os
dispositivos das leis espirituais não exigem o sofrimento a qualquer preço, implacável e inexorável, para compensar
o sofrimento.
O objetivo delas é levar o ser humano à compreensão do erro, à conscientização do bem e, portanto, ao
exercício equilibrado do livre-arbítrio. Se por um processo espontâneo, resultante de um esforço individual, a criatura
e despertada para essa realidade e se entrega com firmeza ao trabalho regenerador, passa a dispor de opções e
alternativas marcadas com sinal positivo.
Nesse caso, em vez de ter que destruir algo em si mesmo — como a sua visão ou a sua família —, o devedor
pode dedicar-se a construir situações semelhantes àquelas que destroçou no passado.
Desmantelou lares? Por que não organizá-los agora e sustentá-los para recolher os que vagam sem rumo e
sem agasalho pelas ruas?
Sacrificou vidas as suas ambições desgovernadas? Pode agora salvá-las, curando como médico devotado ou
como médium de benfeitores espirituais que por ele operam e dão passes ou consolam e orientam.
— Livre-me Deus de aconselhar-te igual processo terapêutico – escreve Samuel Maia. — Não procures na
ação dos contrários alívio para as tuas queixas. Hás de sarar com o emprego dos semelhantes. Alguma vez serei
homeopata na minha vida de médico. (2)
Inúmeras vezes as nossas vítimas já seguiram à frente e até mesmo voltam sobre seus passos para ajudarem
a servir àquele que as feriu. Não estão mais interessados em se vingarem, em receber a restituição na dura lei do
“olho por olho”, em assistir ao funcionamento do retorno.
Mas o que errou, deve à lei a reparação, porque ao fazê-lo criou automaticamente a matriz do resgate. Se não
pode desfazer o que fez, poderá sempre refazer a caminhada sem tomar a cair na mesma falha.

70

Sem dúvida alguma essa reparação será exigida, um dia, na sua forma corretiva, através da dor, ou na sua
forma construtiva, na dinâmica do amor ao próximo. “Não sairás de lá enquanto não pagares até o último ceitil”,
advertiu o Cristo. Deus não deseja que a criatura sofra, mas que se redima, pois aquele que erra é escravo do erro.
Ele ensinou que o Pai é um Deus de amor e de misericórdia. Nós é que custamos muito a entender isso. Por
séculos incontáveis nossos espíritos somente tomaram conhecimento da dor quando a experimentavam em si mesmos
e nunca quando a infligiam aos outros.
Mas, como estamos todos em Deus, somos partícipes de um universo totalmente solidário e, portanto, o
sofrimento que impomos ao semelhante tem que retomar um dia sobre nós. A não ser que, antes disso, resolvamos
dissolvê-lo, com todas as sombras que traz no seu bojo, com a pequena lamparina do amor irradiante que
conseguirmos acender em nosso espírito.
De repente, a gente irá descobrir, algo perplexo, que a lamparina, com a sua tímida luzinha bruxuleante, com
a qual tateávamos nas sombras, virou uma estrela em nossas mãos... Como foi que isso aconteceu? E quando? E
onde? Teria sido coincidência, ou foi porque resolvemos, afinal, experimentar a prática da sabedoria intemporal que
o Cristo nos ensinou?
Hermínio de Miranda – Candeias na Noite Escura – Cap. 39: Terapia Homeopata da Dor
Notas:
(1) Ver "Rayonnements de la vie Spirituelle*.
(2) “Mudança de Ares", capítulo 3, página 59, 2\ edição, citado no “Dicionário Contemporâneo da Língua
Portuguesa”, de Caldas Aulete, edição Delta

71

3.6 Marta Antunes de Moura
3.6.1 As Provas e Expiações como mecanismos Evolutivos

Um dos princípios da Doutrina Espírita é a reencarnação, entendida pelos orientadores espirituais
como necessária à evolução humana, pois “uma só existência corpórea é claramente insuficiente para que o Espírito
possa adquirir todo o bem que lhe falta e de desfazer de todo o mal que traz em si.”[1]
Para nos auxiliar no processo ascensional, Deus nos concede o livre arbítrio, uma vez que, se o homem “(…)
tem liberdade de pensar, tem também a de agir. (…).”[2] Podemos, então, afirmar que o ser humano é o árbitro do
seu destino e que cada escolha, independentemente das suas motivações ou justificativas, acionam a lei de causa e
efeito em qualquer plano de vida que se situe: o físico ou o espiritual.
O uso do livre arbítrio são ações que provocam reações, no tempo e no espaço. As boas escolhas produzem
progresso evolutivo, enquanto as escolhas infelizes geram provações ou expiações que se configuram como
mecanismos evolutivos, moduladores da lei de causa e efeito, claramente consubstanciada no planejamento
reencarnatório de cada indivíduo. Daí Emmanuel afirmar: “A lei das provas é uma das maiores instituições universais
para a distribuição dos benefícios divinos.”[3]
Para melhor compreensão do assunto, Emmanuel especifica também a diferença que há entre prova (ou
provação) e expiação: “A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da
edificação espiritual. A expiação é pena imposta ao malfeitor que comete um crime.”[4]
Percebe- se, portanto, que a prova assemelha-se a uma corrida de obstáculos que tem o poder de impulsionar
o progresso humano. As provas sempre existirão, mesmo para Espíritos superiores, por se tratarem de desafios
evolutivos. A expiação, contudo, representa uma contenção temporária da liberdade individual, necessária à
reeducação do Espírito que, melhor utilizando o livre arbítrio, reajusta-se às determinações das leis divinas.
As provações podem ser difíceis, não resta dúvida, mas, por seu intermédio, o Espírito é colocado em
situações que o afasta do estado de inércia em que ora permanece ou se compraz, proporcionando-lhe, ao mesmo
tempo, oportunidades para que ele possa trabalhar a melhoria das suas atuais condições de vida.
Nas expiações, o Espírito vê-se colocado prisioneiro das más ações cometidas, pelo uso indevido do livre
arbítrio. Para que não se prejudique mais, renasce sob processos de contenção que, obviamente, produzem
sofrimentos, sobretudo se o ser espiritual ainda não consegue apreender o valor da dor como instrumento de educação
e cura espirituais.
Em O Céu e o Inferno, Allan Kardec lança outras luzes a respeito do tema, quando explica que o
arrependimento das faltas cometidas é o elemento chave para liberar o Espírito das provações dolorosas e das
expiações. O Codificador, assim se expressa:
Arrependimento, expiação e reparação são as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta
e suas consequências. O arrependimento suaviza as dores da expiação, abrindo pela esperança o caminho da
reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa.(Grifos no original)[1]
Nesses termos, a libertação do Espírito, ou reparação, indica ser a etapa final da expiação porque, perante
os códigos divinos, não nos é suficiente expiar uma falta, é preciso anulá-la, definitivamente, da vida do Espírito
imortal, pela prática do bem:

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A reparação consiste em fazer o bem a quem se havia feito o mal. Quem não repara os seus erros nesta vida
por fraqueza ou má vontade, achar-se-á numa existência posterior em contato com as mesmas pessoas a quem
prejudicou, e em condições voluntariamente escolhidas, de modo a demonstrar-lhes o seu devotamento, e fazer-lhes
tanto bem quanto mal lhes tenha feito.[2]
Referências
[1] Allan Kardec. O Céu e o Inferno. Pt. 1, cap. III, it. 9, pág. 49.
[2] Idem. O Livro dos Espíritos. Q. 843, pág. 507.
[3] Francisco Cândido Xavier. O Consolador. Q. 245, pág. 201.
[4] Ibid., q. 24, pág. 201.
[5] Allan Kardec. O Céu e o Inferno. Pt. 1, cap. VII – Código penal da vida futura –, q.16ª, pág. 126.
[6] Ibid., q. 17ª, p. 12.
Marta Antunes de Moura – Site de O Reformador – 25/06/2013
Marta Antunes Moura, coordenadora das Comissões Regionais na área da Mediunidade da Federação
Espírita Brasileira (FEB), Vice-presidente da FEB.

http://www.febnet.org.br/blog/geral/colunistas/as-provas-e-expiacoes-como -mecanismos-evolutivos/

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3.7 Maria Dolores
3.7.1 Jornadas no Tempo

Vejo-lhes, muita vez, os grupos rumorosos...
Rogam socorro a Deus, em suplício profundo.
Querem renascimento, a fim de se esquecerem
Da culpa que os mantém presos ao chão do mundo.

Espíritos no Além que passaram na Terra,
Estendendo a ambição e o domínio sem peias,
Recolhem, de retorno, as obras que fizeram,
Plantando espinheiras nas estradas alheias.

Suplicam renascer, em extrema penúria,
Pedem expiação que os corrija e reprima,
Rogam corpos em chaga, ostracismo e abandono
Com a perda integral de toda a humana estima.

Imploram regressar em condições amargas,
Anelam revelar na luta que lhes doa
A nova compreensão de quem se emenda e sofre,
Bendizendo o infortúnio em que se aperfeiçoa...

O Senhor lhes concede a bênção suplicada
E ressurgem na Terra, entre almas sofridas,
Devem buscar na paz, no amor e na humildade
A força de apagar os erros de outras vidas...
Conquanto as exceções, no entanto novamente,
Crescendo para o mundo em sombras de ilusão,
Ei-los a repetir equívocos de outrora,
Rebeldia, vaidade, orgulho, ostentação...

Não escutam a fé que lhes pede trabalho
Na obediência à luz que lhes vem da rotina,
E a vasta multidão se transvia em protestos,
Complica-se a gritar, padece, desatina...

Atentos ao passado a que se voltam,
Tentam fugir de Deus que os ampara e os escolta...
Pobres seres que varam vida e tempo
Entre o frio da treva e o fogo da revolta!...

Alma querida, escuta!... Se na Terra
A provação é sombra que te alcança,
Não temas... É o pretérito de volta...
O presente aflitivo é a nossa própria herança...

Sofre sem reclamar, serve, prossegue...
Além da própria angústia, alma sincera,
Encontrarás, chorando de alegria,
A luz da vida nova que te espera...
Maria Dolores – Vida em Vida – Cap. 28: Jornadas no Tempo

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3.8 Cornélio Pires
3.8.1 Escolha das Provas

“Se pedimos nossas provas,
– Diz você, Joaquim Paixão –
Como é que se vê do Além
O assunto da aceitação?”

“Se há tanta gente na fuga
Do respeito a compromisso,
Diga, Cornélio, o que há,
Como posso entender isso?”

Compreendo, caro irmão,
Seus raciocínios extremos.
No entanto, saiba!... Nós mesmos
Pedimos o que sofremos.

Nos fatos da delinquência
É que a coisa se complica :
Reparação do infrator
É a pena que se lhe aplica.

Sem essa exceção na regra,
Na verdade vista, a fundo,
Rogamos, antes do berço,
As nossas lições no mundo.

Ao fim de cada existência,
Em conta particular,
O espírito reconhece
Os débitos a pagar.

A gente anota com susto
Quantas faltas ao dever ;
Quantos votos a cumprir,
Quanto trabalho a fazer!

Analisando a nós mesmos,
Em claro e justo juízo,
Pede-se a Deus corpo novo
Para o que seja preciso.

Aparece a concessão.
Eis que a pessoa renasce;
Por dentro, as tendências velhas

Sob a luz de nova face...

Aí, começam problemas...
Encontra-se a obrigação.
Entretanto, é muita gente
Nas ondas da deserção.

Se você quer aprender,
Segundo o Reto Pensar,
São muitos os casos tristes
Que podemos relembrar.

Você recorda o Nhô Cássio?
Pediu cegueira comprida;
Ao ver-se na provação,
Matou-se com formicida.

Aninha rogou viver
Com dois filhos mutilados ;
Ao ter dois gêmeos em luta

Fez dois anjos enjeitados.

Rogou fraqueza no corpo
Nhô Nico Bartolomeu ;
Sentindo- se desprezado,

Evoltou- se e enlouqueceu.

73

Anita pediu o encargo
De proteger João de Tina ;
Ao vê-lo pobre e doente,

Largou- se na cocaína.

Na penúria que pedira

Nosso amigo João Vilaça,
Em vez de buscar serviço,
Atolou-se na cachaça.

Pediu nervos relaxados

Nhô Sizínio Rapadura ;
Ao ver-se em corpo imperfeito,

Jogou- se de grande altura.





Léo rogou prisão no leito
E, tendo paralisia,
Atirou-se na descrença

E acabou na rebeldia.

Joana pediu procissões,
Corpo enfermo e vida em brasa,

Quando entrou na provação,
Desprezou a própria casa.

É isso aí... Paciência
Não vive conosco em vão...

Quem se aceita, espera e serve,
Melhora de condição.

De tudo, aparece um ensino
Que não se deve olvidar:
Dor de quem não se conforma

Tende sempre a piorar.
Cornélio Pires – Amanhece – Cap. 5 – Escolha das Provas

74

3.9 Antero de Quental
3.9.1 A Dor

Vi a Dor caminhando em negra estrada,
Qual megera da sombra, em noite escura,
E perguntei, ralado de amargura:
“–Por que nasceste, bruxa desvairada?”

“Por que ostentas a espada estranha e dura,
Sobre o seio da vida atormentada,
Reduzindo à miséria, cinza e nada
Todo sonho de paz e de ventura?”

Mas a Dor respondeu: –“Cala-te, amigo!
Na torturada senda em que prossigo,
O veneno do mal morre infecundo.

Sem meu gládio que salva, pouco a pouco,
O homem padeceria cego e louco
Em tenebrosos cárceres do mundo!...”

Antero de Quental – Através do Tempo – Cap. 11: A Dor (Psicografia em Reunião Publica Data – 28-6-1949
Local – Centro Espírita Amor ao Próximo, na cidade de Leopoldina, Minas)

75

4 Anexo – Joanna de Angelis – Biografia
São incompletas as informações sobre a situação atual de Joanna de Ângelis na Espiritualidade. Sabemos
que trata-se de um Espírito de elevadas aquisições espirituais e que possui profundas raízes literárias e poéticas,
como podemos perceber em encarnações anteriores e através de seus livros.

4.1 Joanna de Angelis e a Codificação Espírita

Joanna de Ângelis integrou a equipe do Espírito de Verdade quando do trabalho de implantação da Doutrina
Consoladora em nosso plano.
No livro "Após a Tempestade", em sua última mensagem, Joanna faz uma referência a esta tarefa nos
seguintes termos:
"Quando se preparavam os dias da Codificação Espírita, quando se convocavam trabalhadores dispostos
à luta, quando se anunciavam as horas preditas, quando se arregimentavam seareiros para Terra, escutamos o
convite celeste e nos apressamos a oferecer nossas parcas forças, quanto nós mesmos, a fim de servir, na ínfima
condição de sulcadores do solo onde deveriam cair as sementes de luz do Evangelho do Reino."
Após a compilação e organização elaborada por Allan Kardec, chegaram à edição final de O Evangelho
Segundo o Espiritismo, duas mensagens de Joanna de Ângelis, assinadas como "Um Espírito Amigo".
Identificando-se como Um Espírito Amigo , mesma denominação adotada nas primeiras mensagens ditadas
ao médium Divaldo Franco.
No capítulo 9º, item 7, intitulada "A Paciência", psicografada em Havre, 1862.
(...)
Sede pacientes. A paciência também é uma caridade e deveis praticar a lei de caridade ensinada pelo Cristo,
enviado de Deus.
A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas. Outra há, porém, muito mais
penosa e, conseguintemente, muito mais meritória: a de perdoarmos aos que Deus colocou em nosso caminho para
serem instrumentos do nosso sofrer e para nos porem à prova a paciência.
Um Espírito Amigo – Havré, 1862
E no capítulo 18º, itens 13, 14 e 15, intitulada "Dar-se-á Àquele que Tem", na cidade de Bordéus, também
em 1862.
(...)
15. "Dá-se ao que tem e retira-se ao que não tem". Meditai sobre esses grandes ensinamentos, que quase
sempre vos parecem paradoxais. Aquele que recebeu é o que possui sentido da palavra divina. Ele a recebeu porque
esforçou-se para fazer-se digno, e porque Senhor, no seu amor misericordioso, encoraja-lhe os esforços e direção
ao bem. Esses esforços contínuos, perseverantes, atraem graças do Senhor. São como um imã, que atraísse as
melhoras progressivas, as graças abundantes, que vos tornam fortes para a subida da montanha sagrada, em cujo
cume encontrareis o repouso que sucede ao trabalho.
Um Espírito Amigo – Bordeaux, 1862
(...)
Continuando a sua trajetória iluminativa, em 1948 ela revela-se ao médium Divaldo Franco, assinando suas
primeiras comunicações como Um Espírito Amigo e, mais tarde, em 1956, solicitada pelo médium a identificar-se,
pede que seja chamada de Joanna de Angelis, passando a desenvolver a sua grandiosa tarefa, conhecidíssima em todo
o Brasil e no Exterior, agora verdadeira Heroína da Independência do Homem, para liberta-lo do materialismo.
Adilton Pugliese – Revista Presença Espírita – Setembro/Outubro/2003: Joanna de Ângelis – Um exemplo
de mulher na evolução dos tempos.

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4.2 Joanna de Angelis e as suas Vidas Passadas

Quanto às suas encarnações passadas, as informações que a E spiritualidade e o próprio Espírito nos permitem
tomar conhecimento são as seguintes:
− Joana de Cusa, Judéia, nos tempos de Cristo;
− Clara de Assis, Itália, na época de Francisco de Assis;
− Sóror Juana Inês de La Cruz, México do século 17;
− Joana Angélica de Jesus, Brasil do século 19.

4.2.1 Joana de Cusa

Esposa de Cusa, intendente de Ântipas; disfarçada entre as pessoas comuns, encanta-se pela mensagem de
Jesus, ouve-lhe os inesquecíveis discursos e converte-se em seguidora do Cristo; foi martirizada nos circos romanos,
junto com o filho e mais de quinhentos cristãos.
Tem-se conhecimento, até o presente momento, de três referências literárias existentes sobre Joana de Cusa:
duas do evangelista Lucas, e uma do autor espiritual Humberto de Campos, em sua obra Boa Nova.
Na primeira referência, capítulo 8º, versículos 2 e 3, Lucas relata que Joana foi uma das mulheres seguidoras
de Jesus, e que fora curada por Ele, junto com Maria Madalena, Suzana e muitas outras.
(...)
1. Depois disso Jesus ia passando pelas cidades e povoados proclamando as boas-novas do Reino de Deus.
Os Doze estavam com ele,
2. e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e doenças: Maria, chamada
Madalena, de quem haviam saído sete demônios;
3. Joana, mulher de Cusa, administrador da casa de Herodes; Susana e muitas outras. Essas mulheres
ajudavam a sustentá-los com os seus bens.
Lucas – 8:2
Na segunda referência do Evangelista Lucas, capítulo 24º, versículo 10, Joana é mencionada entre as
mulheres que na manhã de Páscoa encontraram vazio o sepulcro de Jesus.
(...)
1. No primeiro dia da semana, de manhã bem cedo, as mulheres levaram ao sepulcro as especiarias
aromáticas que haviam preparado.
2. Encontraram removida a pedra do sepulcro,
3. mas, quando entraram, não encontraram o corpo do Senhor Jesus.
10. As que contaram estas coisas aos apóstolos foram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago, e as
outras que estavam com elas.
Lucas – 24:10


O Espírito Humberto de Campos, através da mediunidade de Chico Xavier, nos oferece uma excelente fonte
de informações sobre Joana de Cusa, no capítulo 15 do livro Boa Nova.
(...)
Entre a multidão que invariavelmente acompanhava a Jesus nas pregações do lago, achava-se sempre uma
mulher de rara dedicação e nobre caráter, das mais altamente colocadas na sociedade de Cafarnaum. Tratava-se
de Joana, consorte de Cusa, intendente de Ântipas, na cidade onde se conjugavam interesses vitais de comerciantes
e de pescadores.
Joana possuía verdadeira fé; contudo, não conseguiu forrar-se às amarguras domésticas, porque seu
companheiro de lutas não aceitava as claridades do Evangelho.
Humberto de Campos – Boa Nova – Cap. 15

77

4.2.2 Clara de Assis

Joanna de Ângelis viveu no século XIII (de 16 de julho de 1194 à 11 de agosto de 1253), na personalidade
de Chiara d'Offreducci, sendo fundadora da ordem feminina Franciscana. Mais tarde, em 15 de agosto de 1255 foi
canonizada pelo papa Alexandre IV, agora conhecida como Santa Clara de Assis (Clara de Assis).
O Martirológico da Igreja Católica comemora-a em 14 de maio.
Proclamada padroeira da televisão pelo Papa Pio XII, em 1958.
(...)
Há, dentro de suas existências na Terra, um ponto que gostaria de realçar.
Quando em 1970 Divaldo Franco visitou o Monastério de Santa Clara, em Assis, na Itália, o Espírito Joanna
de Angelis, diante do corpo em conservação de Clara de Assis, desvela um outro ângulo de suas existências.
Esse momento, em nosso entendimento, revela sua reencarnação como Clara de Assis, no século XII, na
cidade de Assis , na Itália.
Relatam seus biógrafos que durante a gestação, sua mãe tinha medo, era o primeiro filho. Um dia correu à
igreja . Lá ouviu uma voz: “não tenhas medo, com felicidade serás mãe de uma menina, e esta filha há de aclarar o
mundo com o seu esplendor”.
Finalmente, no dia 16.07.1194, o castelo dos Condes de Favarone e Hortolona comemora o grande momento:
o nascimento de sua primogênita. A mãe insistiu em chamar-lhe de Clara, pois em seus ouvidos soava a promessa:
ela há de aclarar o mundo inteiro com o seu esplendor ...
No ano de 1211, com 17 anos, ouviu um jovem de 29 anos pregar a Quaresma na Catedral de Assis e ficou
arrebatada, não apenas com a eloquência da palavra, mas com o gesto da vida daquele jovem. O jovem era Francisco
de Assis(26.09.1182 – 04.10.1226), que desde o ano de 1206 havia criado um grande impacto em sua cidade natal.
Jovem rico, filho do grande comerciante Pedro Bernadone que, de repente, após retornar da guerra, no sul da
Itália, passara a pregar o desapego às coisas materiais e o amor à mais absoluta pobreza.
Em 18.03.1212, Clara toma uma decisão: abandonar a família e seguir Francisco, o que consegue. Mais tarde
ela se tornaria a primeira mulher franciscana e, com ela, nasceria a Segunda Ordem Franciscana, a das mulheres.
Em 15.08.1253, ela desencarna aos 59 anos, após uma vida de prodígios e dedicação aos pobres.
Identificamos dias interessantes e significativas conexões reencarnatórias entre Clara de Assis e Joanna
Angélica de Jesus: Em 1241, a Itália é invadida por Frederico II, com bandos armados à busca de riqueza e aventuras
e chegaram à cidade de Assis.
Clara enfrenta a soldadesca com a imagem do Santíssimo Sacramento na mão, na porta do Mosteiro,
defendendo as irmãs de ideal e a cidade; em 20.02.1822(581 anos depois) ela enfrentaria, às portas de outro Mosteiro,
o da Lapa, em Salvador, os soldados do brigadeiro Madeira, comandante das tropas portuguesas.
Adilton Pugliese – Revista Presença Espírita – Setembro/Outubro/2003: Joanna de Ângelis – Um exemplo
de mulher na evolução dos tempos.


(...)
Pai Francisco!
Abençoai-nos!

78

Evocando aquela tarde de 4 de outubro de 1226 , com céu transparente e azulado, há setecentos e oitenta e
quatro anos, três meses e um dia, quando vos preparáveis para o retorno ao Grande Lar, murmurastes para
os poucos irmãos que vos cuidavam: Fiz o que me cabia.
E após suave pausa, entrecortada pela respiração débil, concluístes: Que Cristo vos ensine o que vos cabe.
As Irmãs cotovias, algumas das quais vos ouviram cantar a Palavra um dia no passado, fizeram-se presentes
com outras, alegres com a vossa libertação, voando em círculos sobre a choupana modesta em que vos encontráveis
na amada Porciúncula.
Encerrava-se naquele momento uma parte da saga incomparável do vosso testemunho de amor ao Amigo
crucificado, crucificado que também estáveis...
Toda uma epopeia de sacrifícios e abnegação ficaria inscrita nas páginas da História, demonstrando quanto
se pode fazer e viver sob a inspiração do amor de totalidade.
(...)
Menestrel de Deus!
Neste momento em que a Ciência e a Tecnologia soberbas falharam na tarefa de fazerem felizes os seres
humanos, intercedei ao Pai por todos nós que ainda transitamos pela senda libertadora, buscando a perdida alegria
que desfrutávamos ao vosso lado, naqueles inolvidáveis dias.
Pai Francisco!
Abençoai-vos, mais uma vez.
Joanna de Ângelis – Liberta-te do Mal – Cap. 2: Epístola ao Menestrel de Deus / Revista Reformador –
2011 – Abril: O Menestrel de Deus (Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na reunião
mediúnica da noite de 5 de janeiro de 2011, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia. Em
04.07.2011)

(...)
Os ásperos caminhos da Úmbria foram-lhe a confortável senda para o ministério de amor.
Os rigorosos invernos fizeram-se-lhe o agasalho para o espírito imbatível.
As rudes incompreensões tornaram-se-lhe o fogo purificador para o forte metal da tarefa.
As duras renúncias e flagícios constituíram-lhe o apoio para a dedicação total.
Os espinhos cravados nas carnes da alma transformaram-se nas rosas sublimes do apostolado e da abnegação.
As caminhadas esmoleantes para os fustigados pela lepra e pelo abandono, forjaram-lhe as fibras da
santificação.
O amor, na sua mais absoluta expressão humana, exalçou-lhe o amor divino emboscado no ser sensível.
As refregas da atividade infatigável, as lutas pela paz, a viagem em favor da "terra do Senhor", o
esquecimento de si mesmo, a confiança total e a visão esplendorosa do Cristo, que o assistia, alçaram-no à posição
de êmulo perfeito do Mestre Inconfundível.
Ninguém que imitasse o amor de Jesus com tanto alento!
Amante da natureza e "trovador de Deus", o cancioneiro da humildade fez-se a melodia sem voz de todas as
vozes com os seus, aqueles com os quais confabulava.
Pregador do exemplo, apóstolo da ação, irmão do sofrimento, Francisco, o "pobrezinho", logrou
reunir o tesouro de fé inquebrantável e de força insuperável, que dele fez o fiel construtor de um mundo novo,
que novo mundo por pouco não destruiu completamente.
Diante dele, recorda-te de Jesus. Meditando nele, acompanha-o até Jesus. – Orando com ele, avança para
Jesus. Não aceites colocações impossíveis quando chamado à trilha da dedicação cristã. Nas novas Porciúnculas, nas
recentes vias das Assis megalópoles, ergue no coração o eremitério para o amor e sai a cantar bênçãos e consolações
para os irmãos do mundo em agonia.
Estigmatiza-te com as feridas do sentimento em sublimação e abre as comportas do espírito à embriaguez do
amor.
Faze da vida um poema simples, uma canção de simplicidade, uma oração simples exaltando os bens
inconfundíveis do Evangelho, que deves imprimir nos atos de toda hora.
Amor a Deus, amor aos homens, amor aos animais, amor a todas as coisas.
Pensando nas santas aspirações e ideais de Francisco de Assis, o "esposo da pobreza" e o dedicado servo do
Cristo, esforça-te até ao sacrifício total, rogando ao Senhor que faça de ti "instrumento de sua paz", em louvor de
todas as criaturas.
Joanna de Ângelis – A Serviço do Espiritismo – Cap. 6 – Pag. 227: Émulo de Jesus ( psicografado ao
lado do túmulo aonde está enterrado São Francisco de Assis – 3 de Setembro/1978 )

79

4.2.3 Juana Inês de La Cruz
Em 12 de novembro de 1651 nascia no México, Juana de Asbaje y Ramires de Santillana
Religiosa católica e escritora barroca, poetisa e dramaturga hispânica nascida na cidade mexicana de San
Miguel de Nepantha, um povoado próximo a Amecameca, do vale do México, conhecida como A Fénix da América
e também de A Décima Musa , que atingiu seu ponto mais alto na poesia, ligada pelo estilo e pelos temas à lírica
barroca espanhola.
Filha de Isabel Ramírez de Santillana e de Pedro Manuel de Asbaje y Vargas Machuca, militar espanhol da
província basca de Guipúzcoa, em Vergara, aos nove anos passou a viver na Cidade do México e começou a
freqüentar a biblioteca de seu avô e assim se tornou aficionada pela leitura. Desde então manifestou grande
precocidade intelectual, leu os clássicos gregos e romanos e temas teológicos.
Como autodidata aprendeu inclusive português e latim e dedicou- se ao estudo das mais diversas disciplinas,
como matemática, literatura, música, geografia e filosofia.
Ainda adolescente demonstrou sua erudição e personalidade e ganhou muita popularidade na corte do vice-
rei, inclusive tornando-se dama de honra da vice-rainha, a Marquesa de Mancera.
Aos 16 anos tentou entrar na universidade, mas sua condição feminina tornou-s e um obstáculo intransponível
e decidiu abraçar a vida monástica.
Ingressou em um convento carmelita (1667), mas dois anos depois, por causa da rigidez disciplinar extrema,
mudou-se para o convento de São Jerônimo, onde continuou com sua intensa atividade intelectual pelo resto de sua
vida, escrevendo versos sacros e profanos, canções a cada Natal, autos sacramentais e peças religiosas e até comédias
de capa-e -espada.
Conhecida com Monja da Biblioteca; escritora, pintora de miniaturas, artista, de tão produtiva e influente,
considerada a primeira feminista de língua espanhola, teve sua imagem insculpida na cédula de 200 pesos e na moeda
de mil pesos.
Também serviu como administradora do convento e, vitimada por uma epidemia quando cuidava de suas
irmãs de ordem, morreu na Cidade do México aos 44 anos, em 1695.
(...)
Especular sobre Sor Juana Inés de la Cruz é especular sobre a paixão. Sobre uma paixão que a dominou e
cinzelou desde a primeira infância. Enganando a mãe, a menina Juana, de três anos de idade, pede à professora da
irmã mais velha que a ensine a ler. Numa fase de apreensão do mundo em que as demais crianças ainda estão tentando
apropriar-se do código oral, ela já deseja decifrar o código escrito.
Sor Juana começa, neste momento, a viver uma relação amorosa com a palavra, numa entrega absoluta.
(...) Entre seus seis e sete anos, pede acumpliciamento da mãe para vesti-la como menino e enviá-la à
Universidade. Ou seja, descobre ainda muito nova que, para poder viver sua paixão pelo logos, deve driblar a outra
metade da humanidade, aquela que detém o poder e a chave do conhecimento: os homens.
E, vencida, resolve “ desforrar-se” como ela mesma diz, seu desejo não cumprido, vencendo agora todos os
castigos e repreensões que lhe impõe a família, metendo-se na biblioteca do avô.
(...)
Penetrar na biblioteca, decifrá-la, dominá -la, é quase penetrar, decifrar o mundo. Juana abre a porta da
biblioteca do avô e contempla o Universo.
Teresa Barreto – Letras sobre o E spelho( biografia de Juana) – Pag. 11( Revista Presença Espírita –
2017 – Março )
(...)
"Eu não amo tesouros nem riquezas, e assim há sempre mais contentamento em muitas riquezas pôr no
pensamento que pôr meu pensamento nas riquezas."
Juana Inés de la Cruz (segundo quarteto de um de seus sonetos filosófico-morais)

80

4.2.4 Joana Angélica de Jesus

Sóror Joanna Angélica de Jesus nasceu na cidade do Salvador a 11 de dezembro de 1761. Aos 21 anos de
idade ingressou no Convento da Lapa, fazendo profissão de Irmã das Religiosas Reformadas de Nossa Senhora da
Conceição. Pelos seus incontáveis méritos atingiu a posição de Abadessa em 1815, aos 61 anos.
(...)
Entrou para o noviciado no Convento de Nossa Senhora da Lapa em 1782, pronunciando os votos um ano
depois.
Entre 1798 e 1801 exerceu diversos cargos burocráticos na comunidade, assumindo as funções de vigaria.
Conduzida ao posto de conselheira em 1809, retornou ao vicariato em 1811. Eleita abadessa, em 1814, esteve à frente
do convento até 1817, sendo reeleita três anos depois.
Em 7 de setembro de 1822, no Ipiranga, S. Paulo, D. Pedro I proclamou a independência do Brasil, separando-
o de Portugal. Porém, na Bahia, as tropas portuguesas comandadas pelo Brigadeiro Inácio Luis Madeira de Mala
(1775–1833), resistiram tenazmente às forças mandadas por D. Pedro I. Somente em 2 de julho de 1823 Madeira de
Malo abandonou a Bahia, embarcando para Portugal com suas tropas.
As tropas brasileiras eram comandadas pelo militar francês Pierre Labatut (1768–1849), e o tenente Luís
Alves de Lima e Silva, futuro duque de Caxias. Vale lembrar que Maria Quiteria de Jesus Medeiros, a primeira
mulher-soldado, sagra-se heroína, sendo condecorada por D. Pedro I.
Durante as lutas pela independência, em 19 de fevereiro de 1823, os soldados portugueses invadiram o
convento de Nossa Senhora da Lapa.
Soror Joana Angélica sai à porta do Convento, intimando-os com a cruz alçada, a não profanarem o abrigo
de suas protegidas. Resistiu valentemente, sendo atacada a golpes de baioneta.
Com o seu martírio deu tempo às internas de escaparem, refugiando-se no Convento da Soledade.
Soror Joana Angélica recebeu socorros, vivendo, porém, poucas horas, desencarnando no dia seguinte, 20 de
fevereiro.
Tombando numa luta pelos ideais de liberdade, Soror Joana Angélica tornou-se mártir da Independência do
Brasil.
(...)
No Mundo Espiritual, sob o pseudônimo de Joanna de Ângelis, vem contribuindo para o engrandecimento
do espírito humano, de forma relevante como Emissária do Senhor, na Obra de recristianização da Humanidade.
No Livro Falando á Terra pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier temos no Cap. 4: Paz e Luta,
mensagem transmitida pela Personalidade Espiritual de Joana Angélica.
(...)
Muitas vezes, a pretexto de servir a Jesus, fugimos para a sombra quieta do claustro, abandonando a luta
em que o Mestre espera de nós a colaboração salutar.
Mal nos sabe a escolha, porque, em semelhante contemplação, cultivamos a inutilidade e acordamos, ao
clarim da morte, na condição do pássaro de asas entorpecidas.
(...)Fora preciso que o amor não passasse de escura mentira, para crermos em nossa salvação exclusiva,
com deplorável esquecimento dos outros. Um soluço de criança na Terra destruiria o Céu que a teologia comum
criou para atender, em caráter provisório, as nossas indagações.
(...) A paz resulta do equilíbrio e não da inércia.
(...) Ninguém abandone a luta, crendo conquistar, assim, a paz.
Nenhum general experimenta o soldado em relvas floridas, e alma nenhuma se elevará ao cume da
purificação, sem as provas compreensíveis e justas do sofrimento, no combate interior às inclinações menos dignas,
ante as circunstâncias do mundo externo.
(...)Muitos encontram luta amarga onde procuram as doçuras da paz, porque a serenidade legítima provém
das obrigações bem cumpridas no quadro de trabalho que a realidade nos designa.
Conflitos e atritos vibram em toda a parte, porque, em todos os recantos, o espírito suspira por ascensão.
Aceitemos os desafios do mundo sem temer o pecado, as trevas, o lodo, a morte.
Joana Angélica – Falando à Terra – Cap. 4: Paz e Luta

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5 Referências

Esta relação bibliográfica não está, intencionalmente, seguindo os padrões canônicos – está numa forma mais
sintética, fazendo uma correlação direta entre o texto do trabalho e os livros/mensagens.


# Autor/Referência
1 Adilton Pugliese – Revista Presença Espírita – Setembro/Outubro/2003: Joanna de Ângelis – Um
exemplo de mulher na evolução dos tempos
2 Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – Vocabulário
3 Allan Kardec – O Céu e o Inferno – 1ª parte – Cap. 2 – Item 4
4 Allan Kardec – O Céu e o Inferno – 1º Parte – Cap. 7 – Item 17
5 Allan Kardec – O Céu e o Inferno – 1º Parte – Cap. 7 – Item 3
6 Allan Kardec – O Espiritismo em sua Expressão mais Simples – Cap. 1 – Item 40
7 Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. 5 – Causas anteriores das aflições – item 9
8 Allan Kardec – O Livro dos Espíritos –2º Parte – Cap.67 –Perg. 258
9 Allan Kardec – O Livro dos Espíritos –2º Parte – Cap.67 –Perg. 264
10 Allan Kardec – Revista Espírita – 1863 – Setembro: Sobre a Expiação e a Prova
11 Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo – Capítulo 5 – item 10
12 André Luiz – Através do Tempo – Cap. 9: Bem-Aventurados
13 André Luiz – Estude e Viva – Cap. 40: O Espiritismo em sua Vida
14 Antero de Quental – Através do Tempo – Cap. 11: A Dor
15 Cornélio Pires – Amanhece – Cap. 5 – Escolha das Provas
16 Divaldo Franco – Viagens e Entrevistas – Perg. 89:Sofrimento
17 Emmanuel – Assim Vencerás – Cap. 9: Justiça e Misericórdia
18 Emmanuel – Através do Tempo – Cap. 39: Perante a Dor
19 Emmanuel – Chico Xavier pede Licença – Cap. 19: Desencarnações Coletivas
20 Emmanuel – Fonte Viva – Cap. 162:Dentro da Luta
21 Emmanuel – Leis de Amor – Cap. 6 – Item 2:Redenção
22 Emmanuel – Nascer e Renascer – Cap. 5: Expiação
23 Emmanuel – O Consolador – Perg. 246/247
24 Emmanuel – Páginas de Fé – Cap. 1: No Problema da Dor
25 Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 26: Na Terra e no Além
26 Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 75: Em Plena Prova
27 Emmanuel – Roteiro – Cap. 4: Na Senda Evolutiva
28 Emmanuel – Segue-me – Cap. 19:O Ponto Certo
29 Emmanuel – Vida em Vida – Cap. 29: Inferno Antes
30 Hermínio de Miranda – Candeias na Noite Escura – Cap. 39: Terapia Homeopata da Dor

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31 Humberto de Campos – Boa Nova – Cap. 15: Joana de Cusa
32 Joana Angélica – Falando à Terra – Cap. 4: Paz e Luta
33 Joanna de Ângelis – A Serviço do Espiritismo – Cap. 6 – Pag. 227: Émulo de Jesus
34 Joanna de Angelis – Alerta – 2º Parte – Cap. 7: Nem Todos Consolados
35 Joanna de Angelis – Alerta – Cap. 20: Inconformismo e Revolta
36 Joanna de Angelis – Alerta – Cap. 39: Amor a Vida
37 Joanna de Angelis – Alerta – Cap.6: Almas Problema
38 Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 11: Infortúnios
39 Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 18: Suicídio
40 Joanna de Angelis – Celeiros de Bênçãos – Cap. 35: Serão Consolados
41 Joanna de Angelis – Espírito e Vida – Cap. 37: Considerando o Sofrimento e a Aflição
42 Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap. 17: Ante a Dor
43 Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap. 3: Cristo em Casa
44 Joanna de Angelis – Jesus e Vida – Cap. 30: Funções do Sofrimento
45 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg. 108
46 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg. 124
47 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg. 168
48 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg. 54
49 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg. 69
50 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg.106
51 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg.118
52 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg.123
53 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg.127
54 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg.128
55 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg.178
56 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg.91
57 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg.99
58 Joanna de Angelis – Lampadário Espírita – Cap. 21: Provações
59 Joanna de Angelis – Lampadário Espírita : Cap. 14 – Necessidade da Reencarnação
60 Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap.45: Glórias e Insucessos
61 Joanna de Ângelis – Liberta-te do Mal – Cap. 2: Epístola ao Menestrel de Deus
62 Joanna de Angelis – Messe de Amor – Cap. 53: Provações
63 Joanna de Angelis – Momentos de Consciência – Cap. 8: Carma e Consciência
64 Joanna de Angelis – Momentos de Felicidade – Cap. 20: Dor Benfeitora
65 Joanna de Angelis – No Limiar do Infinito – Cap. 6: Necessidade de Evolução
66 Joanna de Angelis – Oferenda – Cap. 11: Momentos de Aflição e Prova
67 Joanna de Angelis – Otimismo – Cap. 42: Ascenção Espiritual

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68 Joanna de Angelis – Otimismo – Cap. 42: Ascenção Espiritual
69 Joanna de Angelis – Otimismo – Cap.51: Desígnios de Deus
70 Joanna de Angelis – Reformador – 2000 – Agosto: Sequelas do Sofrimento
71 Joanna de Angelis – Reformador – Maio/2016: Provas e Expiações
72 Joanna de Ângelis – Revista Reformador – 2011 – Abril: O Menestrel de Deus
73 Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap. 10: Aprendizagem pela Dor
74 Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap. 19: Sofrimento Reparador
75 Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap. 5: Aflição e Consolação
76 Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap. 8: Dores e Resignação
77 Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap.4: Aceita a Vida
78 Joanna de Angelis – Rumos Libertadores – Cap. 21: Dores Morais
79 Joanna de Angelis – Rumos Libertadores – Cap. 5: Aflição e Consolação
80 Joanna de Angelis – Sob a Proteção de Deus – Cap. 9:Infortúnios e Benção
81 Juvanir Borges de Souza – Tempos de Renovação – Cap.13: Auto-Educação
82 Lacordaire – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 5 – Item 18
83 Lívia Maria Costa Souza – Revista Presença Espírita – 2017 – Março
84 Maria Dolores – Vida em Vida – Cap. 28: Jornadas no Tempo
85 Marta Antunes de Moura – Site de O Reformador – 25/06/2013
86 O Espírito de Verdade – Revista Espírita – 1864 – Dezembro
87 Victor Hugo – Calvário da Libertação – 4º Parte – Cap. 7