Psiccopatologia I - Aula 6: alterações da orientação

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Slide Content

Curso de Psicologia
Disciplina: Psicopatologia I (72 hs/aula)
Período: 5o
- primeiro semestre / 2010 -
Professor Alexandre Simões

Tema:
SEMIOLOGIA PSICOPATOLÓGICA:

ALTERAÇÕES DA ORIENTAÇÃO
E DAS VIVÊNCIAS DO ESPAÇO E DO
TEMPO
Relatividade. M. C. Escher (1898-1972)

Definição Genérica da orientação:
•capacidade individual de situar-se quanto a si mesmo
(o que inclui as relações de proximidade e diferença em
relação ao outro) e ao ambiente (espaço e tempo). Está
intimamente relacionada com o funcionamento da
consciência.

Segundo Jaspers, o espaço e o tempo representam as qualidades
essenciais na estrutura das vivências, tanto nas vivências
consideradas normais como nas patológicas. Seria impossível a
representação de qualquer vivência humana desvinculada do espaço
e/ou do tempo. Embora nas vivências interiores, principalmente
naquelas destituídas de objeto (reflexão, sentimentos, etc), possa se
abandonar a espacialidade, o tempo, porém, permanece sempre
presente.

Tipos de orientação:
•Orientação autopsíquica;
•Orientação alopsíquica;
•Orientação temporal;
•Orientação espacial;

•Quando nos referimos aqui ao tempo, devemos considerar que,
cotidianamente, que há situações muito agradáveis que nos deixam a
impressão de terem transcorrido muito rápido, enquanto a mesma
quantidade de tempo passada numa circunstância pouco amistosa pode
alterar profundamente o sentido de duração. Por outro lado, o tempo de
expectativa de algum acontecimento supostamente bom sempre se
apresenta como excessivamente longo;
•Já a espacialidade, não a percebemos simplesmente pela relação de
proximidade ou de longitude físicas. Da primeira vez que percorremos um
determinado trajeto, este nos parece sempre mais longo que das próximas
vezes ou mais longo que o trajeto de volta. A mesma distância de um dado
percurso nos parecerá maior ou menor, conforme, estejamos empenhados
percorrê-la com mais urgência ou mais despreocupadamente.

Sobre a orientação autopsíquica:
Pode-se dizer que o paciente está bem orientado
quanto a noção do eu, quando fornece ele próprio
dados de sua identificação pessoal, revelando saber
quem é, como se chama, que idade tem, qual sua
nacionalidade, profissão, estado civil, etc.
Nota geral: a desorientação quanto à própria
identidade se verifica nas amnésias totais
traumáticas, nos estados de acentuada obnubilação da
consciência ou na evolução extremas dos processos
demenciais. Bem mais comum é a chamada falsa
orientação autopsíquica. Trata-se daquele tipo de
orientação que ocorre em pacientes delirantes,
quando se auto atribuem uma nova identidade ou
quando assimilam a personalidade de figuras
fantasiosas de seus delírios.

Édipo e a esfinge. Museu do
Vaticano

ALTERAÇÕES PSICOPATÓLIGAS DA ORIENTAÇÃO:
A)Desorientação Torporosa ou Confusa (também chamada de
Amencial):
É influenciada pela redução do nível da consciência, acarretando a
dificuldade de síntese perceptiva. Tanto os casos de obnubilação da
consciência quanto uma boa parte dos estados delirantes se
acompanham de dificuldades da compreensão e, por conseqüência,
de alterações da síntese perceptiva. As alucinações e a impressão
das percepções, observadas nesses casos, influem também no
aparecimento da Desorientação Amencial.;
•É a forma mais comum de desorientação;
•Ocorrência: exemplarmente, no delirium acarretado pela
abstinência alcóolica (podendo, pois, ser acompanhada por
alucinações);

B) Desorientação Amnéstica:
•oriunda de um déficit de memória ( o paciente mostra-se incapaz de
fixar os acontecimentos). Isto repercute nas relações com o tempo e
o espaço, bem como com as pessoas de seu ambiente;
•Ocorrência: exemplarmente, na Síndrome de Korsakov;

•OBS.: é bastante próxima da desorientação demencial (esta ocorre não
apenas por déficit de memória, mas também por déficit de reconhecimento
ambiental - agnosias - e por perda e desorganização global das diversas
funções cognitivas);
•Ocorrência da Desorientação Demencial: quadros demenciais em geral;
•Nas psicoses orgânicas, os pacientes vão perdendo progressivamente a
orientação alopsíquica. No início da doença, ocorre desorientação apenas
durante a noite e por breves espaços de tempo. Mais tarde eles se
desorientam também durante o dia. À medida que a demência se vai se
agravando, há perda completa da orientação no tempo e no espaço,
chegando, nos casos mais graves à perda também da orientação
autopsíquica. É neste ponto que falamos em desorientação amnéstica,
caracterizada pela incapacidade do paciente de saber a data de sua consulta,
o dia, o mês e o ano em que se encontra. A complexificação desta
desorientação pode conduzir o paciente à desorientação demencial (mais
comum nos pacientes senis), que resulta de alteração profunda de fixação,
de perturbações da compreensão e do raciocínio.

C) Desorientação Apática ou Abúlica:
•decorrente de uma marcante alteração do humor e da volição,
gerando desinteresse profundo e apatia. Isto pode ocorrer ao lado de
uma preservação de clareza e nitidez sensorial;
•Ou seja, embora o paciente esteja lúcido e perceba com clareza
sensorial o que se passa no ambiente à sua volta, existe enorme falta
de interesse, expressiva inibição psíquica e insuficiente energia para
a elaboração da representação e do raciocínio. O paciente percebe
todas as particularidades do ambiente mas não tem capacidade para
integrar essas informação e formar um juízo sobre a própria
situação.
•Ocorrência: depressões graves e melancolia;

D) Desorientação Delirante:
•oriunda de um profundo estado delirante, com idéias delirantes
muito intensas. Apesar da completa lucidez da consciência, observa-
se um tipo de desorientação que é o resultado da adulteração da
situação no tempo e no espaço;
•Pode ocorrer a denominada “dupla orientação” (coexistência da
orientação habitual com a orientação determinada pelo delírio) que
finda por promover uma espécie de adulteração da orientação: os
pacientes podem estar orientados no tempo e no espaço mas, por
outro lado, podem acreditam que se encontram em uma nave
espacial, prisão ou no inferno.;
•É mais observado nas psicoses esquizofrênicas;

E) Desorientação Oligofrênica:
•ocorre em circunstâncias nas quais se verificam graves déficits
intelectuais por incapacidades ou dificuldades em compreender o
ambiente e de reconhecer e interpretar as normas sociais que
moldam os laços-sociais;

F) Desorientação Histérica:
•ocorre conjuntamente com a dissociação histérica;

G) Desorientação por Desagregação:
•ocorre nas Esquizofrenias, sobretudo quando se verifica nas mesmas
as vivências de despersonalização. Esta última se caracteriza por um
sentimento de estranheza resistente ao sentido, inicialmente
relacionado com o meio exterior e que tende a se dirigir à própria
pessoa;

Nota geral sobre as alterações da vivência do espaço:
•Estados depressivos: tendem a um estreitamento da vivência
espacial;
•Estados depressivos: tendem a um alargamento da vivência espacial;
•Estados fóbicos: tendem a um estranhamento (perda de intimidade)
com certas regiões do espaço;

Sobre as alterações do tempo:
Consideremos a seguinte distinção:
•A) tempo subjetivo (pessoal, introspectivo);
•B) tempo material (exterior, mensurável, notável);

O descompasso entre os tempos:
•Pode ser um fenômeno primário: ou seja, decorrente de uma
alteração da consciência;
•Pode ser um fenômeno secundário: ou seja, derivado de alterações
da memória, do pensamento, etc.

Apresentação das alterações:
•Estados depressivos: tendem a apresentar um tempo lentificado
(bradipsiquismo);
•Estados maníacos ou nas circunstâncias nitidamente marcadas pela
presença da ansiedade: tendem a apresentar um tempo acelerado
(taquipsiquismo)

Ilusões quanto a duração do tempo:
•Ocorrem geralmente em quadros
decorrentes de intoxicações por
alucinógenos ou substâncias
psicoestimulantes (anfetaminas,
cocaína, etc.);
•Todavia, os momentos iniciais das
crises psicóticas também podem
conduzir a esta vivência, bem como
situações de pressão e estresse;

Em esquizofrênicos podemos observar diversos tipos de alterações
das vivências temporais, inclusive quanto à duração do vivido e
incluindo o fenômeno chamado de dupla cronologia, a sensação
verdadeira ao lado da sensação de falsa cronologia. Também ocorre,
na esquizofrenia e nos estados de euforia do transtorno do humor, a
perda da continuidade da consciência do tempo onde o paciente
carece da noção de um curso temporal, motivo pelo qual o tempo lhe
parece vazio, como se fosse constituído de uma sucessão de
presentes desarticulados.

Entrecruzamento das alterações consciência, atenção,
orientação (tempo e espaço):
“Nos estados de obnubilação da consciência de grande relevo não podem
faltar a incoerência, a desorientação e a perplexidade. Como consequência da
perda da capacidade para ordenar as idéias e ter um pensamento claro,
irrompe o pensamento incoerente. A desorientação se produz em relação ao
tempo e espaço. Também podem haver falsos reconhecimentos de pessoas. A
perplexidade se baseia, por sua vez, na consciência do transtorno psíquico e o
esforço para superá-lo. Estes traços básicos do ofuscamento intenso da
consciência se acompanham comumente de um intenso déficit da atenção e
das capacidades de fixação e evocação. O deficiente funcionamento da
capacidade de fixação leva implícita a instauração de uma amnésia lacunar,
total ou quase total. A perda da capacidade de fixação equivale à supressão do
processo psíquico que consiste em integrar as vivências atuais com o material
mnêmico preexistente.” (ALONSO-FERNDEZ, F. Fundamentos de la psiquiatria actual.
Madri: Paz Montalvo, 1972, p. 417.)

Prosseguiremos na próxima aula!
Prof. Alexandre Simões
Contatos:
[email protected]
http://twitter.com/alexansimoes