Arquitectura Gótica
Prof. Isidro Santos
História da Arte
Bibliografia: Gozzoli,Maria C. – Como reconhecer a arte Gótica. Lisboa, Ed.70:2005.
Esquema estrutural de uma Catedral gótica
A fachada
O exemplo de Chartres permite
salientar muitos elementos típicos da
arquitectura gótica: os portais que
põem em evidência, no exterior, a
proeminência da nave central em
relação às colaterais; a grande
rosácea; as torres altíssimas e
elegantes, ligadas à fachada por
relações muito precisas.
Fachada ocidental da catedral
de Notre-Dame, em Chartres. As
duas torres, que flanqueiam a
fachada e lhe reforçam a
impulsão vertical, apresentam-se
com formas e proporções
diferentes. A torre setentrional (à
esquerda), iniciada em 1134, foi
rematada, nos princípios do
século XVI, com agulha
fenestrada e ricamente
decorada, de 115 metros de
altura; a torre meridional,
iniciada em 1145,tem por seu
turno, apenas 106 metros.
Arcobotantes
Nas catedrais, os arcobotantes,
tão aéreos na sua estrutura, têm
uma função estática definida: na
realidade, eles recebem pressões
laterais das abóbadas de cruzaria
ogival, descarregam-na sobre os
contrafortes e, daí, para o chão.
Cabeceira da catedral de Notre-
Dame de Paris,iniciada em 1163 e
terminada no decurso do século XIII.
Os elegantes arcobotantes, que
descarregam para o chão o peso dos
impulsos laterais das abóbadas,
formam um sugestivo jogo de linhas.
Contrafortes
Pormenor da catedral de Notre-Dame de
Chartres. Os contrafortes destacam-se
do corpo do edifício e vão ter aos pilares
de sustentação externa, ou seja, aos
contrafortes, que têm a finalidade de
reforçar as paredes e de contrariar a
pressão descarregada sobre eles.
O tímpano
As figuras esculpidas no tímpano é que dão
o nome ao portal, executado por volta de
1220; ao centro, domina a imagem de
Cristo Juiz, entre Maria, S. João e os anjos
que simbolizam a Paixão. A densa
decoração escultórica, que preenche
praticamente todo o espaço disponível, é
uma característica dos portais góticos.
O portal central da catedral de Notre-
Dame de Paris, chamado do Juízo
Final, é um exemplo clássico de
como, na arte gótica, arquitectura e
escultura se fundem num todo
harmonioso. A estrutura, articulada
em numerosos e profundos
enxalços, rasgados diagonalmente
na espessura da parede, é
completamente esculpida: nas
arquivoltas aparecem as figuras dos
anjos e dos santos da corte celestial.
Essencialidade
A ausência de decoração sublinha
a ossatura gótica da sinagoga de
Praga: de cada capitel das meias-
colunas adossadas à parede,
saem o arco toral que delimita a
abóbada de cruzaria e as nervuras
que recebem o seu peso e a
dividem em «panos».
Pormenor da abóbada da sinagoga de
Praga, construída por volta de 1270. O
edifício constitui um dos exemplos mais
puras da arquitectura gótica, lembrando,
pela essencialidade das formas e pela
falta de elementos decorativos, o interior
de certas abadias e conventos.
A nave central da catedral de Colónia,
edificada a partir de 1248. O interior
desta catedral causa uma forte
impressão de misticismo devido às
proporções da nave central, muito
estreita em relação à sua altura. O
impulso para o alto é acentuado pela
articulação vertical dos sucessivos
pilares e arcos torais e pela ausência de
quaisquer interrupções de estruturas
horizontais, como capitéis ou cornijas
salientes.
Impulsão mística
A excepcional impulsão para o alto da nave
central da catedral de Colónia é acentuada
pela relação sucessivamente reduzida
existente entre a largura e a altura; essa
relação é de 1:3,8 constituindo um máximo
entre as catedrais góticas. Por outro lado, o
desenho põe em evidência o movimento
das nervuras, que vão convergir no ponto
mais alto da abóbada de cruzaria ogival,
chamado chave da abóbada.
Paredes inexistentes
Nas grandes catedrais góticas, as
paredes não têm funções
dinâmicas e isso permite reduzir
ao mínimo indispensável a sua
estrutura: a nave central é
delimitada, na parte inferior, por
arcos ogivais e seguindo-se ao
alto pelo trifório (galeria formada
por arcos apoiados sobre esguios
colunelos), sobre o qual se
rasgam, por sua vez, grandes e
altas janelas.
Paredes da nave
central da catedral de
Colónia. Nas grandes
pilastras de meias-
colunas adossadas de
apoio dos arcos torais
foram inseridas
estátuas dos apóstolos.
Torna-se evidente
como os pilares são o
único elemento de
sustentação: as
arcarias, o trifório e os
vitrais formam apenas
um diafragma com as
naves laterais, na zona
inferior, e com o
exterior na zona
superior.
Ligações contínuas
Pormenor da abóbada da
catedral de Colónia, no
cruzamento da nave central
com o transepto. Pode ver-se
a rigorosa geometria do
conjunto, elemento típico do
estilo gótico. Com o jogo
particularmente movimentado
e complexo, cada meia-coluna
dos pilares continua pela
estrutura arquitectónica das
abóbadas.
O transepto
É característico das catedrais góticas o desenvolvimento do
transepto,ou seja, do elemento que forma uma cruz com o corpo
longitudinal do edifício. É frequentemente dividido em naves e apurado
no exterior com fachadas monumentais, enriquecidas com grandes
portais, estátuas,galerias e rosáceas.
Abóbada cruzada simples
Abóbada cruzada sexpartida
A abóbada cruzada tem as
arestas reforçadas por
nervuras, o que permite a sua
utilização em todo o tipo de
projectos e lugares, como as
absides e os cruzeiros das
igrejas góticas.