Reflexões sobre Allan Kardec Pesquisa e Formatação Música: Somewhere in time- Liberace Transição manual dos Slides 30/09/17 19:52:42 HELIO CRUZ
A sublime Doutrina Espírita tem sido um farol a iluminar caminhos de todos quantos dela se aproximam em busca de explicações para os “problemas do ser, do destino e da dor”, bem como tem servido de lenitivo para os que buscam os seus ensinamentos nos instantes de sofrimentos físicos, das contrariedades, ou nos aflitivos momentos de perdas de entes queridos que nos precedem no retorno à Pátria Espiritual. O mês de outubro, para nós, espíritas, é conhecido como o “mês de Kardec”. Foi em outubro de 1804, mais precisamente no dia 3, em Lyon, na França, que reencarnou na Terra o mensageiro divino que recebeu o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail , como consta em sua certidão de batismo ou Denizard Hippolyte Léon Rivail , como constante em seu registro civil.
Com o pseudônimo de Allan Kardec, este missionário fez com que a luz do Consolador se acendesse por toda a Terra, trazendo de volta os ensinamentos deixados pelo Cristo. A predestinação deste Espírito, plasmado para cumprir a promessa do Cristo em revelar um Consolador para a humanidade, com o claro objetivo de recuperar os padrões primeiros do Cristianismo, quando a palavra luminosa de Jesus estabeleceu a Regra Áurea do relacionamento entre os homens. Que responsabilidade Kardec assumiu! Somente sua interação secular com a terra gaulesa poderia dar a ele a compreensão do Espírito de França e cercar-se de um grupo seleto e comprometido com a restauração cristã.
Ele sabia que todos os riscos estariam presentes, mas sabia também que eminentes cientistas de sua época estariam nas trincheiras do seu bom combate. Até na companheira de sua vida, Amélie Boudet , Kardec foi privilegiado porque nela encontrou as condições de paz e serenidade, para montar a estrutura da codificação espírita . E , mais do que isto, Kardec trouxe para o domínio da razão e da ciência os fenômenos que envolvem o mundo dos espíritos e que até então estavam restritos ao campo das superstições e do sobrenatural. Foi um homem de ciência, na acepção mais rigorosa do termo, pois não descartava nem aceitava qualquer dado novo que lhe chegava sem antes submetê-lo ao crivo da razão e da crítica experimental. Certamente, foi preparado pela Espiritualidade Superior, ao longo da sua trajetória como espírito imortal, para a missão que se lhe estava reservada.
Ainda nascente, o Espiritismo já foi alvo das mais pesadas críticas, da mais perversa intolerância e isso, por parte dos descendentes morais dos cristãos perseguidos, dos algozes do Cristo, que pediu ao Pai que os perdoasse. A tradição cristã é rica no histórico dos mártires que pagaram com a vida, a prática de uma fé renovadora e sublime, superando seus próprios receios e abraçando, sem temor, a causa da felicidade. A simples leitura da Revista Espírita mostra, com riqueza de detalhes, a força dos argumentos do Codificador para desfazer as críticas, afastar as intrigas, num incessante trabalho de esclarecimentos, estudos e quebra de um paradigma estratificado na imperfeição humana. Pode-se imaginar o que Kardec passou na cética Paris, quando anunciou o Espiritismo.
Teve que lidar com os mesmos algozes que empalavam os cristãos, que decapitaram Paulo, que queimaram Joanna D’Arc e Jan Huss , os mesmos e tristes recalcitrantes que destruíram, saquearam, ensanguentaram o mundo, em nome de Deus, durante as trevas medievais da inquisição ou na insana peregrinação das cruzadas. Consolar, essa foi a missão que ele recebeu. Dizer aos homens que nada está perdido, que tudo se reconstrói através da regeneradora engenharia da reencarnação e que somos perfectíveis, que podemos, sim, construir a paz e o amor, com nosso esforço e nossa luta. Sim, sempre é tempo de lembrarmos Kardec e segui-lo nesta moderna e promissora imitação do Cristo, a doutrina Espírita .
Desempenhou-se da missão com a altivez e a humildade dos sábios, sempre defendendo, perante aqueles que o combatiam, de forma elegante e respeitosa, as novas ideias de que se fizera propagador. Numa época em que ainda ressoavam os ecos da Inquisição e as doutrinas positivistas e materialistas mostravam-se ao mundo, ante um pensamento religioso que já não atendia aos anseios do homem, coube a Kardec a tarefa de contê-las, não através de um proselitismo fácil, mas de um corpo doutrinário vindo do Alto e para o qual contribuiu com o ordenamento de seus ensinamentos e com toda a parte experimental. Demonstrou a certeza da vida futura, acenando com uma nova era de progresso e esperança.
Também, no mês de outubro, em 1861, há um fato importante ocorrido no dia 09, o Auto de fé de Barcelona, na Espanha, ocasião em que teve seus livros queimados (mais de 300 obras espíritas) pela intolerância religiosa, por ordem do Bispo Don Palaú Y Termens , que insistia em resistir, mas em momento nenhum esmoreceu, dedicando-se de corpo e alma à missão confiada, mesmo com prejuízo da própria saúde, conforme fora previamente advertido pelos Espíritos . Kardec iniciou-se no intercâmbio com o além; constatou a realidade da vida além-túmulo e da manifestação dos espíritos; propôs milhares de indagações aos mentores espirituais que o assistiam; catalogou, classificou, comparou e selecionou respostas; colocou-as em ordem, dando corpo de doutrina à ideias que, isoladamente, arranhavam a realidade, mas em conjunto consubstanciavam autêntica revelação.
Assim, sendo, publicou em 18 de abril de 1857 O Livro dos Espíritos, a obra fundamental da Doutrina Espírita, com menos de dois anos de pesquisas. O Livro dos Espíritos é uma ponte entre o visível e o invisível, entre o Céu e a Terra, entre o homem e os Espíritos. A Humanidade, mais cedo ou mais tarde, encontrará essa ponte; ponte a unificar os continentes separados, as saudades intransponíveis dos que partiram, a dilaceração entre o amar e a distância do objeto do amor. Enfim, no episódio da Ponte Marie podemos encontrar, em metáfora, a definição humanizada da Ciência e da Filosofia contidas na obra O Livro dos Espíritos, nas questões mais pungentes e dolorosas que, através de 1019 perguntas, são respondidas. Ponte Marie significa a ode dramática do homem diante de suas contingências. Faça-se a luz ! A luz se fez!
Depoimento do Espírito Hilário Silva, na obra O Espírito da Verdade: Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, naquela triste manhã de abril de 1860, estava exausto, acabrunhado. Fazia frio. Muito embora a consolidação da Sociedade Espírita de Paris e a promissora venda de livros, escasseava o dinheiro para a obra gigantesca que os Espíritos Superiores lhe haviam colocado nas mãos. A pressão aumentava. Missivas sarcásticas avolumavam-se à mesa. Quando mais desalentado se mostrava, chega a paciente esposa, Madame Rivail , a doce Gaby , a entregar-lhe certa encomenda, cuidadosamente apresentada. O professor abriu o embrulho, encontrando uma carta singela. E leu: “Sr. Allan Kardec: Respeitoso abraço .
Com a minha gratidão, remeto-lhe o livro anexo, bem como a sua história, rogando-lhe, antes de tudo, prosseguir em suas tarefas de esclarecimento da Humanidade, pois tenho fortes razões para isso. Sou encadernador desde a meninice, trabalhando em grande casa desta capital. Há cerca de dois anos casei-me com aquela que se revelou minha companheira ideal. Nossa vida corria normalmente e tudo era alegria e esperança, quando, no início deste ano, de modo inesperado, minha Antoinette partiu desta vida, levada por sorrateira moléstia. Meu desespero foi indescritível e julguei-me condenado ao desamparo extremo. Sem confiança em Deus, sentindo as necessidades do homem do mundo e vivendo com as dúvidas aflitivas de nosso século, resolvera seguir o caminho de tantos outros, ante a fatalidade. A prova da separação vencera-me, e eu não passava, agora, de trapo humano.
Faltava ao trabalho e meu chefe, reto e ríspido, ameaçava-me com a dispensa. Minhas forças fugiam. Namorara diversas vezes o Sena e acabei planeando o suicídio. “Seria fácil, não sei nadar” – pensava. Sucediam-se noites de insônia e dias de angústia. Em madrugada fria, quando as preocupações e o desânimo me dominaram mais fortemente, busquei a Ponte Marie. Olhei em torno, contemplando a corrente. E, ao fixar a mão direita para atirar-me, toquei um objeto algo molhado que se deslocou da amurada, caindo-me aos pés. Surpreendido, distingui um livro que o orvalho umedecera. Tomei o volume nas mãos e, procurando a luz mortiça de poste vizinho, pude ler, logo no frontispício, entre irritado e curioso: “Esta obra salvou-me a vida. Leia-a com atenção e tenha bom proveito. – A. Laurent .”
“Estupefato, li a obra O LIVRO DOS ESPÍRITOS, ao qual acrescentei breve mensagem, volume esse que passo às suas mãos abnegadas, autorizando o distinto amigo a fazer dele o que lhe aprouver.” Ainda constavam da mensagem agradecimentos finais, a assinatura, a data e o endereço do remetente. O Codificador desempacotou, então, um exemplar de O LIVRO DOS ESPÍRITOS ricamente encadernado, em cuja capa viu as iniciais do seu pseudônimo e na página do frontispício, levemente manchada, leu com emoção não somente a observação a que o missivista se referira, mas também outra, em letra firme: “Salvou-me também. Deus abençoe as almas que cooperaram em sua publicação. – Joseph Perrier .”
Após a leitura da carta providencial, o Professor Rivail experimentou nova luz a banhá-lo por dentro. Conchegando o livro ao peito, raciocinava, não mais em termos de desânimo ou sofrimento, mas sim na pauta de radiosa esperança. Era preciso continuar, desculpar as injúrias, abraçar o sacrifício e desconhecer as pedradas. Diante de seu espírito turbilhonava o mundo necessitado de renovação e consolo. Allan Kardec levantou-se da velha poltrona, abriu a janela à sua frente, contemplando a via pública, onde passavam operários e mulheres do povo, crianças e velhinhos. O notável obreiro da Grande Revelação respirou a longos haustos e, antes de retomar a caneta para o serviço costumeiro, levou o lenço aos olhos e limpou uma lágrima. Por tudo isso, não podemos lhe negar fidelidade.
A esse grande missionário do Cristo, o nosso preito de gratidão pela obra que nos foi legada. Tratemo-la como um precioso tesouro de toda a Humanidade; estudando-a e levando sua mensagem aos corações carentes de esclarecimento e de consolo. Obrigado, Kardec! O ano de 1861 foi marcado por várias manifestações de intolerância contra a nascente Doutrina Espírita, e com a publicação de "O livro dos Médiuns a "Biblioteca Católica" passa a acusar o Espiritismo pela criminalidade e pelos suicídios, mas é também um ano muito fecundo na divulgação da doutrina, sobretudo pela viagens de Kardec destacando as visitas as cidades de Sens , Mâcon , Lyon e Bordéus .
Muita Paz! Visite o meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br A serviço da Doutrina Espírita; com estudo comentado de O Livro dos Espíritos e Reflexões sobre O Livro dos Médiuns. O amanhã é sempre um dia a ser conquistado. Pense nisso! Leia Kardec! Estude Kardec! Pratique Kardec! Divulgue Kardec!