Introdução No início do século XVI, o monge alemão Martinho Lutero, abraçando as ideias dos pré-reformadores , proferiu três sermões contra as indulgências em 1516 e 1517. Em 31 de outubro de 1517 foram pregadas as 95 Teses na porta da Catedral de Wittenberg , com um convite aberto ao debate sobre elas. Esse fato é considerado como o início da Reforma Protestante. Ao mesmo tempo em que ocorria uma reforma em um sentido determinado, alguns grupos protestantes realizaram a chamada Reforma Radical. 2
Queriam uma reforma mais profunda. Foram parte importante dessa reforma radical os Anabatistas, cujas principais características eram a defesa da total separação entre igreja e estado e o "novo batismo" (que em grego é anabaptizo ). Enquanto na Alemanha a reforma era liderada por Lutero, Na França e na Suíça a Reforma teve como líderes João Calvino e Ulrico Zuínglio . 3
Igreja Católica Na França séc XVI A estrutura sociopolítica em que vive a Igreja francesa no século XVI não é mais feudal da igreja alemã, mas uma monarquia absoluta. A igreja francesa esta sujeita ao poder do rei e integrada às estruturas monárquica . Toda a administração do Pais passa para o rei: depois de 1438, não existe mais um conselho nacional, que é substituído pelo conselho do rei. 4
O poder eclesiástico é redimensionado também no campo Judicial. Onde tem de se sujeitar ao parlamento de Paris e aos parlamentos provinciais, que se colocam como um tribunal de apelação contra as sentenças dos tribunais eclesiásticos, intervindo até nas excomunhões. A Igreja francesa caracteriza-se pela falta de unidade e de organização; não tem mais sínodos provinciais; a igreja diocesana não esta mais nas mãos de um bispo e outros. 5
Com a consolidação do poder absolutista no século XVII afirma-se uma eclesiológica e outra politica, que caracterizarão a Igreja e a monarquia francesa. Trata-se do “ galicanismo eclesiástico”, doutrina segundo a qual a originalidade da igreja dos gauleses deve ser mantida, pois essa tradição expressa-se em certo número de cânones de antigos concílios que o papa deve respeitar. 6
Reforma Francesa O inicio da reforma na França coincidem o movimento de renascimento católico e evangélico. Este movimento, no séc XVI, exprime-se através da busca de um cristianismo mais puro e mais próximo do evangelho: ele propõe a volta a uma piedade sincera, baseada na pregação, na frequência aos sacramentos, na direção espiritual dos fiéis. 7
as ideias luteranas se difundem rapidamente, em abril de 1521 com a publicação da determinatio , a Sobornne condena a tese de Lutero. Mas ela permanece viva nos círculos humanistas na mesma universidade. A maciça propaganda protestante na França desencadeia uma nova realidade da Sobornne (5 de outubro de 1521), que condena os escritos de Lutero que circulam em Paris; além disso, a própria universidade, junto ao parlamento de Paris, exige o imprimatur para a impressão dos livros protestantes. O luteranismo é perseguido e alguns protestantes são mandados para a fogueira. 8
A corte favorece o evangelismo, mas, com a mudança da politica internacional, muda também a sua atitude: quando está aliada ao papa, ela é mais rígida contra os protestantes; quando é contra o papa, é mais tolerante. Nessa época Calvino é membro ativo dos círculos culturais nos quais se propagam as novas ideias luteranas. 9
João Calvino (1509-1569 ) João Calvino nasceu em Noyon , 10 de julho de 1509. Educado com severidade, por ser destinado a vida clerical foi encaminhado aos estudos: no colégio Montaigu , em Paris, estuda artes e se torna Magister artium entre 1523 e 1527. E m 1529 vai para Paris para estudar teologia com uma renda anual concedida pela Igreja, mas seu pai mudou de planos em relação seu futuro e que ele quer que estude Direito. A "ciência das leis torna normalmente ricos aqueles que se debatem com ela", referia o seu pai (ele próprio um advogado do bispado), segundo as próprias palavras de Calvino. 10
Inicialmente Calvino preparava-se para ser padre, enveredaria pelo estudo do direito, mas Deus trouxe-o de novo ao caminho da Teologia . Em Orleães , Calvino sofre influencia de seu professor Pierre de l'Estoile . Em 1529, dirige-se também a Bourges , para assistir a aulas do famoso professor de direito italiano Andrea Alciati , onde também assiste a aulas do alemão Gräzist Wolmar , que o entusiasmou pela literatura grega da antiguidade. 11
Em 1532, termina seu doutorado em Direito em Orleães . O seu primeiro trabalho publicado foi um comentário sobre o texto do filósofo romano Séneca "De Clementia ". Aos 23 anos era já um famoso humanista, seguindo os passos de Erasmo de Roterdão , que também escreveu sobre Séneca nestes anos. Em "De Clementia " não há da parte de Calvino uma alusão explicitamente religiosa. É antes uma obra que reflete o estoicismo de Séneca e a predestinação no sentido estoico. Séneca escrevera o texto como forma de apelar Nero à moderação e à razão. 12
As Reformas em Genebra Calvino exerceu uma grande e poderosa influência em Genebra. Motivado por um forte senso de moralidade e justiça . Os huguenotes, que seguiam a mesma ética de trabalho de Calvino, impulsionaram a economia da cidade, fazendo de Genebra um centro de impressão e de fabricação de relógios. Daí o prelúdio do capitalismo. 13
Refugiados de outros países também foram para Genebra. os calvinistas desenvolveram a“teologia dos perseguidos ”. Em 1560, os refugiados publicaram a Bíblia de Genebra, a primeira Bíblia em inglês que continua a divisão numérica dos versículos. 14
Genebra não era um lugar seguro para todos. Miguel Servet , nascido em 1511 na Espanha, estudou grego, latim, hebraico, advocacia e medicina, e talvez tenha conhecido Calvino quando os dois estudavam em Paris . Servet percebeu pelo seu estudo da Bíblia que a doutrina da Trindade não era bíblica. Ele tentou se corresponder com Calvino sobre esse assunto , mas Calvino encarava Servet como um inimigo. 15
Perseguido pelos católicos na França, Servet fugiu para Genebra, a cidade de Calvino. Em vez de ser bem acolhido, ele foi preso, julgado por heresia e queimado na estaca em 1553. “A execução de Servet continua a ser uma marca desonrosa na vida e no trabalho do grande Reformador João Calvino ”. 16
Inquisição Protestante Em relação a inquisição protestante Embora não houvesse a institucionalização de tribunais similares aos do Santo Ofício, também foram usadas estratégias de controle da fé nos locais em que o protestantismo era dominante, levando à perseguição por crimes como adultério, discordância dos dogmas protestantes e bruxaria. Na Alemanha, o líder protestante Martinho Lutero (1483-1546) exigiu perseguições aos anabatistas, grupo cristão mais radical da Reforma, porque, entre outras questões, eles não aceitavam as regras da Igreja Evangélica e divergiam sobre o batismo. 17
Em Genebra, um dos berços da Reforma Protestante e onde ela se mostrou bastante radical, funcionou uma verdadeira “polícia da fé”. João Calvino (1509-1564), devido à sua autoridade sobre os protestantes suíços, era conhecido como o “papa de Genebra ”. Ao organizar a Igreja Presbiteriana, instaurou comissões compostas de religiosos e leigos: a Venerável Companhia, responsável pelo magistério, e o Consistério , que zelava pela disciplina religiosa. 18
Para isso, promovia confissões, denúncias, espionagens e visitas às residências, levando muitos à prisão, à tortura, ao julgamento e, em alguns casos, à morte. A população era proibida de cultivar certos hábitos, como jogar, dançar e representar. Alguns pensadores foram perseguidos, como o médico e humanista espanhol Miguel Servet Griza . Ele foi preso, condenado e queimado em efígie – representado por um boneco. Fugiu em direção à Itália, mas acabou preso em Genebra, onde foi processado pelo Conselho presidido por Calvino e queimado por causa de proposições vistas como antibíblicas e heréticas, entre outras culpas. 19
A teologia de João Calvino João Calvino da ênfase a Majestade e a Soberania divinas, a ponto de dizer que há duas predestinações: uma para a salvação e outra, explícita, para a condenação eterna; Deus não apenas permite a perda dos pecadores, mas impele-os para o abismo . Deus, segundo consta, proíbe o pecado a todos, mas na verdade quer que alguns pequem, porque devem ser condenados. Calvino, embora propusesse doutrina tão espantadora, sabia atrair discípulos, pois afirmava: todo aquele que crê realmente na justificação por Cristo, é do número dos predestinados e pode viver tranquilamente porque a salvação lhe está garantida. 20