12/02/13 O POTENCIAL HÍDRICO NAS PLANTAS
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propriedades coligativas. Estas propriedades têm este nome porque actuam em conjunto. Elas dependem do número de partículas e
não da natureza do soluto. Assim, a presença de solutos reduz a pressão de vapor duma solução, aumenta o seu ponto de ebulição e baixa
o seu ponto de congelação (Taiz & Zeiger, 1998).
Em muitos casos, em vez de potencial osmótico, que é negativo, muitos autores preferem o termo pressão osmótica (P = -Y
p
).
Pode demonstrar-se que o potencial osmótico está relacionado com a fracção molar da água (x
w
) ou com a sua actividade (a
w
), da
seguinte forma (Jones, 1992):
em que, g
w
é um coeficiente de actividade que mede o afastamento do comportamento ideal duma solução, Â é a constante dos gases
perfeitos (8.314 m
3
Pa mol
-1
K
-1
), e T é a temperatura em graus kelvin (K). À medida que a concentração em solutos aumenta, x
w
e Y
p
diminuem. Ainda que g
w
seja igual a 1 em soluções muito diluídas, a maioria dos sistemas vegetais mostra um desvio deste
comportamento ideal. Uma aproximação muito útil da equação anterior, e que é razoavelmente correcta para muitas soluções biológicas, é
a relação de van´t Hoff (Jones, 1992):
em que, c
s
é a concentração de solutos expressa em mol m
-3
de solvente. Muitas plantas têm um potêncial osmótico (Y
p
) na ordem de - 1
Mpa (P = 1 Mpa). Usando a equação anterior, substituindo o valor ÂT a 20 ºC (8.314 m
3
Pa mol
-1
K
-1
x 293 K = 2436 m
3
Pa mol
-1
),
teremos c
s
= Y
p
/ -ÂT = (-10
6
Pa) / (-2436 m
-3
Pa mol
-1
) = 4.105 x 10
-4
x 10
6
mol m
-3
» 411 mol m
-3
, ou mais correctamente 411 osmol
m
-3
. (NOTA: Um osmole é análogo a um mole, uma vez que contém o número de Avogadro de partículas osmoticamente activas, por
exemplo: um mol de NaCl tem 2 osmol).
¨ O termo Y
p
, representa a pressão hidrostática da solução ou potencial de pressão. Pressões positivas elevam o potencial
hídrico e as negativas reduzem-no. A pressão hidrostática positiva no interior das células pode ser referida como pressão de
turgescência (P) ou turgidez. O valor de Y
p
pode ser negativo, por exemplo no xilema, ou entre as paredes das células onde se podem
desenvolver forças de tensão ou pressão hidrostática negativa (Taiz & Zeiger, 1998).
A pressão hidrostática é medida como desvio à pressão ambiente. Como a água no estado de referência está à pressão ambiente,
então por definição Y
p
= 0 MPa para água no estado padrão. Assim, o valor de Y
p
de água pura num copo é = 0 MPa, ainda que o valor da
sua pressão absoluta seja 1 atmosfera (» 0,1 MPa). A água sujeita a um vacúo perfeito tem um Y
p
= -0,1 MPa, mas o valor da sua pressão
absoluta é de 0 MPa. Consequentemente é importante ter sempre presente a diferença entre o Y
p
e a pressão absoluta (Taiz & Zeiger,
1998).
¨ O termo Y
m
é designado por potencial mátrico (Y
m
), é semelhante a Y
p
, ex-cepto que a redução de a
w
resulta de forças
existentes à superfície de sólidos. Este componente pode ser muito importante quando se estuda o potencial hídrico de solos, sementes,
paredes celulares, etc. A distinção entre Y
m
e Y
p
é até certo ponto arbitrária uma vez que é difícil decidir se as partículas são solutos ou
sólidos, de forma que Y
m
é muitas vezes incluido em Y
p
(Jones, 1992).
¨ A componente gravitacional, potencial gravitacional (Y
g
), resulta de diferenças na energia potencial devidas a uma diferença
na altura do nível de referência, sendo positivo se o nível estiver acima do nível de referência, e negativo se estiver abaixo:
em que, r
w
é a densidade da água e h é a altura acima do nível de referência. Ainda que frequentemente negligenciado em sistemas
vegetais, o Y
g
aumenta 0.01 Mpa m
-1
acima da altura do solo, e por isso deveria ser incluido sempre que se estudam árvores altas (Jones,
1992).
1.4.3. AS RELAÇÕES HÍDRICAS DAS CÉLULAS VEGETAIS:
As células vegetais funcionam como osmómetros com um compartimento interno, o protoplasto, envolto pela membrana plasmática
semipermeável, isto é, permeável à água e impermeável aos solutos. O grau de semipermeabilidade duma membrana a qualquer soluto é
dada pelo coeficiente de reflecção (s), que varia entre 0 para uma membrana completamente permeável, a 1 para uma membrana
perfeitamente semipermeável. Uma vez que a água permeia facilmente a membrana plasmática, o potencial hídrico dentro das células
equilibra-se com o ambiente circundante dentro de segundos, ainda que seja preciso mais tempo para todas as células num tecido se
equilibrarem com uma solução exterior (Jones, 1992).
Outra característica importante das células vegetais é que estão encaixadas numa parede celular relativamente rígida que resiste à
expansão, permitindo, assim, que se gere uma pressão hidrostática interna. Os componentes do potencial hídrico que são relevantes numa
célula vegetal são os potenciais osmótico e de pressão (Jones, 1992):
ou
A diferença de pressão entre o interior e o exterior da parede duma célula é vulgarmente chamada pressão de turgescência (P).
Para um dado conteúdo celular em solutos a pressão de turgescência diminui à medida que o potencial hídrico da célula diminui (fica mais
negativo). O potencial hídrico da maior parte das espécies vegetais situa-se entre os -0.5 e os -3.0 Mpa.