Relativas com núcleo e relativas livres - Gerativismo

animarchesan2 0 views 81 slides Oct 14, 2025
Slide 1
Slide 1 of 81
Slide 1
1
Slide 2
2
Slide 3
3
Slide 4
4
Slide 5
5
Slide 6
6
Slide 7
7
Slide 8
8
Slide 9
9
Slide 10
10
Slide 11
11
Slide 12
12
Slide 13
13
Slide 14
14
Slide 15
15
Slide 16
16
Slide 17
17
Slide 18
18
Slide 19
19
Slide 20
20
Slide 21
21
Slide 22
22
Slide 23
23
Slide 24
24
Slide 25
25
Slide 26
26
Slide 27
27
Slide 28
28
Slide 29
29
Slide 30
30
Slide 31
31
Slide 32
32
Slide 33
33
Slide 34
34
Slide 35
35
Slide 36
36
Slide 37
37
Slide 38
38
Slide 39
39
Slide 40
40
Slide 41
41
Slide 42
42
Slide 43
43
Slide 44
44
Slide 45
45
Slide 46
46
Slide 47
47
Slide 48
48
Slide 49
49
Slide 50
50
Slide 51
51
Slide 52
52
Slide 53
53
Slide 54
54
Slide 55
55
Slide 56
56
Slide 57
57
Slide 58
58
Slide 59
59
Slide 60
60
Slide 61
61
Slide 62
62
Slide 63
63
Slide 64
64
Slide 65
65
Slide 66
66
Slide 67
67
Slide 68
68
Slide 69
69
Slide 70
70
Slide 71
71
Slide 72
72
Slide 73
73
Slide 74
74
Slide 75
75
Slide 76
76
Slide 77
77
Slide 78
78
Slide 79
79
Slide 80
80
Slide 81
81

About This Presentation

Estudo sobre relativas com núcleo e relativas livres.


Slide Content

RELATIVAS COM NÚCLEO
(AULA PPGEL/UFFS – DIAS 15 E 17 OUT./2024)
ANI CARLA MARCHESAN

REFERÊNCIAS BÁSICAS
KENEDY, E. Estruturas sintáticas de orações relativas. In: BISPO, E. B.;
OLIVEIRA, M. R. de. Orações relativas no português brasileiro: diferentes
perspectivas. Niterói: UFF, 2014. p. 11-46.

FIGUEIREDO SILVA, M. C. Contribuições da aquisição da linguagem para o
ensino: o caso das orações relativas. In: GUESSER, S.; RECH, N. F. (org.).
Gramática, aquisição e processamento linguístico: subsídios para o professor
de língua portuguesa. Campinas: Pontes, 2020. p. 217-244.

MEDEIROS JUNIOR, P. Uma análise da relativização no PB: questões teóricas
e panorama geral. In: MEDEIROS JUNIOR, P.; GUESSER, S.; LUNGUINHO,
M. V.; VICENTE GUERRA, H. (org.). Relativização e clivagem no PB: sintaxe,
aquisição, diacronia e experimentação. Campinas, Pontes, 2020. p. 77- 106.

DE VRIES, Mark.The Syntax of relativization. Amsterdan: LOT, 2002.
Disponível em: https://www.lotpublications.nl/the-syntax-of-relativization-the-
syntax-of-relativization. Acesso em: jul. 2021.

ROTEIRO (2 ENCONTROS)
1 RELATIVAS COM NÚCLEO
1.1 DEFINIÇÃO
1.2 PRONOMES RELATIVOS

2 CLASSIFICAÇÃO DAS RELATIVAS
2.1 SINTÁTICA
2.2 SEMÂNTICA

3 RELATIVAS NA ESCOLA

4 MODELOS DE ANÁLISE DAS RELATIVAS
4.1 MODELO PADRÃO
4.2 MODELO DO D-COMPLEMENTO

1 AS ORAÇÕES RELATIVAS: DEFINIÇÃO

Uma relativa é uma sentença encaixada/subordinada (propriedade
universal):


João comprou o livro. O livro estava sujo.


(1) João comprou o livro que estava sujo.



Núcleo nominal

1 AS ORAÇÕES RELATIVAS: DEFINIÇÃO

No PB, a relativa é antecedida pelo núcleo nominal
pivô
antecedente
cabeça da relativa.

1 AS ORAÇÕES RELATIVAS: DEFINIÇÃO


João comprou o livro. Maria escreveu o livro.


(2) a. *João comprou o livro Maria escreveu que.

b. João comprou o livro que Maria escreveu.

(De Vries, 2001, p.235)

(1) a. João assistiu o jogo (*pela TV) [que emocionou as pessoas].
b. A bandeira (*que era branca) [com que João torceu] era grande.
(Nickel, 2014, p.5)

Em dados de fala, porém, pode surgir o que Tarallo (1983) chama de
“material
interveniente” (intervening material), como em:

(2) a. Mas se você encontrasse uma mulher que você gostasse muito dela,
e que ela gostasse muito de você?. (SP81-1-J-163)

b. O único higiênico que tinha lá era o Garanhão, o único, que ele fez
um banheiro para ele de 12 metros quadrados. (SP81-1-11-258)

c. Aí teve um rapaz aqui de Jundiaí que ele levou umas balas. (SP81-
1-11-574)

(Tarallo, 1983, p.80) – dados de fala de informantes paulistanos

1 AS ORAÇÕES RELATIVAS: DEFINIÇÃO

João comprou o livro. Maria falou do livro.


(3) a. *João comprou o livro Maria falou de que.

b. *João comprou o livro que Maria falou de.

c. João comprou o livro de que Maria falou.

d. João comprou o livro que Maria falou de.

e. João comprou o livro que Maria falou dele.

1 AS ORAÇÕES RELATIVAS: DEFINIÇÃO

O livro está esgotado. Falamos do livro.

(4) a. *O livro está esgotado falamos de que.
b. *O livro está esgotado de que falamos.
c. *O livro de que está esgotado falamos.
d. O livro de que falamos está esgotado.

1 AS ORAÇÕES RELATIVAS: CLASSIFICAÇÃO DE TARALLO (1983)

(5) João comprou o livro que estava sujo. (relativa padrão DP).

(6) João comprou o livro de que Maria falou. (relativa padrão PP / Pied Piping).

(7) João comprou o livro que Maria falou dele. (relativa resumptiva PP/pronome lembrete)

(8) Essa é a turma que eu a vejo estudar todo dia. (relativa resumptiva DP/pronome lembrete)

(9) “A opinião pública teve acesso a um conjunto de informações que, numa situação normal,
elas não seriam conhecidas.”

(10) João comprou o livro que Maria falou. (relativa cortadora)

(11) Este é o celular que João não vive sem. (relativa com preposição órfã)

pied-piping é um nome dado às relativas
PP em alusão à obra do escritor inglês
Robert Browning (1812-1889), The pied-
piper of Hamelin.

flautista (pied-piper)
flauta [pipe]

“A comparação sugere que o DP seja o
flautista e a preposição, o rato.” (Radford,
1997, p. 138 apud Kenedy, 2002, p. 78).

1 AS ORAÇÕES RELATIVAS: DEFINIÇÃO
Propriedades universais das relativas (De Vries, 2002, p. 14-15):

i)é uma sentença encaixada/subordinada;
ii)está conectada a algum tipo de material à sua volta por um pivô;
iii)o papel semântico e a função sintática que o pivô exerce na sentença relativa é
independente daqueles papeis exercidos fora da relativa


(12) O rato [que eu peguei __ ontem] estava faminto. (De Vries, 2002, p. 14-15)
(13) João reconheceu o rapaz [que __ roubou sua carteira]. (Marchesan, 2012, p. 22)
(14) A casa [que eu comprei __] é lindíssima. (Medeiros Junior, 2020, p. 79)

1 AS ORAÇÕES RELATIVAS: DEFINIÇÃO

Qual das sentenças abaixo contém uma relativa?

(15) a. O João me contou o medo [que ele sentiu].
b. O João tem medo [que a Maria o deixe].
(Valer, 2008, p. 18)

EXERCÍCIO
Diga qual é o tipo de relativa (padrão, resumptiva, cortadora,
com prep. órfã):

1)Eu encontrei a pessoa com quem você conversou.
2)Eu encontrei a pessoa que você viu.
3)João comprou a casa onde Maria mora.
4)Eu encontrei a pessoa que você conversou com ela.
5)Eu encontrei a pessoa que você viu ela.
6)Eu encontrei a pessoa que você conversou.
7)Aquele é o livro que Carla falou sobre.
8)Aquele é o livro sobre o qual Carla falou.
9)Compramos o livro que Maria gosta.
10)Encontramos o livro que Maria queria.

1 AS ORAÇÕES RELATIVAS: PRONOMES RELATIVOS
Pronomes relativos:

Quem = a pessoa que [+humano]
O que = a coisa que (what) [-humano] [-animado]
Quanto = a quantia que [+quantia] [-animado]

Quando = o/no momento (em) que [+tempo] [-animado]
Como = da forma/modo que [+modo] [-animado]
Onde = no lugar (em) que [+locativo] [-animado]

Que
(o/a) qual semanticamente subespecificados
Cujo = posse


(Móia, 1992, 1996; Marchesan, 2008)

1 AS ORAÇÕES RELATIVAS: PRONOMES RELATIVOS
Quem = pessoa Eu conheço a pessoa com quem Maria conversou.
Eu conheço a pessoa [*quem/que] a Maria convidou para a festa.
... the man who ...

O que = coisa O edital não explica o propósito para o que ele foi escrito.
O garoto desenhou o boneco [*o que/que] ele imaginou.

Quanto = quantia Eu sei o valor por quanto João vendeu a casa.
João vendeu a casa pelo valor [*quanto/que] Maria podia pagar.

No PE, Móia (1992, p. 73) afirma que quem, o que e quanto
“não surgem normalmente em relativas com antecedente
expresso, mesmo que precedidos de preposição”. A
“exceção” apontada pelo autor parece ser as relativas
precedidas do quantificador tudo:

(1) Tudo {o que/quanto} ele disse é mentira.
(Móia, 1992, p. 75)


Citko (2004, p. 96) analisa dados parecidos do polonês. Ela
chama essas sentenças de light-headed relatives:

(2) Jan czyta to, co Maria czyta.
João lê isto, o-que Maria lê
‘João lê aquilo o que Maria lê’

A sentença (1) representa um problema para o que afirmamos (quem, o que,
quanto não podem estar adjacentes ao NN). Móia, então, apresenta evidências
que comprovam que [tudo] não é o NN:

(3) a. Tudo {o que/quanto} ele disse é mentira.
b. O que ele disse é tudo mentira.
c. ?Quanto ele disse é tudo mentira.

(4) Tudo aquilo [que ele disse] é mentira.

(5) a. *Tudo aquilo [o que/quanto ele disse] é mentira.
b. ?Tudo aquilo [com que ele sonhou] realizou-se.
Exemplos de Móia (1992, p. 76-77)
“Portanto, [aquilo] ocupa a
posição de núcleo nominal,
enquanto que [tudo] deve estar
em uma posição mais à
esquerda (de adjunção),
característica dos
quantificadores universais”
(Móia, 1992, p. 77)

[o que] = pronome (relativo ou interrogativo)? ou
demonstrativo + pronome? ou
demonstrativo + complementizador?
(ver Nickel, 2017)
Não confundir com:
(6)
a. Verifiquei todos os barcos e vou vender o que está mais deteriorado.
b. Entrevistei todos os candidatos e vou aprovar o que estiver mais preparado.
c. Verifiquei todas as motos e decidi vender a que está mais deteriorada.

(7)
a. Verifiquei todos os barcos e vou vender o ec [que está mais acabado].
b. Entrevistei todos os candidatos e vou aprovar o ec [que estiver mais preparado].
c. Verifiquei todas as motos e decidi vender a ec [que está mais acabada].
(Marchesan, 2012, p. 33)

Argumentos de Marchesan (2008, p. 31-32) de que há [o que] como relativo:

1º) em PB, há um pronome interrogativo [o que] homófono ao relativo:

(8) João perguntou o que Maria comprou ontem.



2º) não há concordância com o adjetivo, como apontado por Braga, Kato e
Mioto (2009):

(9) a. O que Maria é é escandalosa.
b. *Aquilo que a Maria é é escandalosa.

3º)argumento proposto por Móia (1992) e retomado por Ferreira (2007): apesar de
a sequência o que poder ser substituída por aquilo que, como em (10), a
construção preposicionada o de que, facilmente encontrada em relativas com
núcleo, como em (11a), não é permitida quando a sequência é, de fato, um
pronome relativo o que, como mostra a agramaticalidade de (11b):

(10) a. Aproveitei a minha deslocação a Londres para comprar o que me pediste.
b. Aproveitei a minha deslocação a Londres para comprar aquilo que me pediste.
(Ferreira, 2007, p. 46)

(11) a. Observei todos os livros expostos. Comprei o [ de que me falaste].
b. *Aproveitei a minha deslocação a Londres para comprar o de que me falaste.
(Ferreira, 2007, p. 46)

4º) apresentado por Hirschbühler e Rivero (1981a), citado por Hirschbühler e
Rivero (1983, p. 508), com base nos dados do catalão:

(12) a. *[l'home qui parla] = *[o homem quem fala]
b. [l'home que parla] = [o homem que fala]
c. [el qui diu això] = [[o que] diz isso] [*el que]

Qui = pron. relativo
Que = complementizador.

Se o [el] fosse um NN aquilo, o qui não poderia permanecer, mas não é o que
acontece.

1 AS ORAÇÕES RELATIVAS: PRONOMES RELATIVOS
Quando = tempo
Marta adora o período quando está de férias.
Marta gritou no momento quando o professor entrou na sala.

Como = modo
Gosto do modo como Marcos se veste.

Onde = lugar
Eu moro na casa onde Matias nasceu.

1. SENTENÇAS RELATIVAS (PRONOMES RELATIVOS)
Comportamento do [onde]: em alguns dialetos, o [onde] aparece adjacente a núcleos nominais que não
expressam lugar.

PIRES DE OLIVEIRA, Roberta. Os caminhos do ‘onde’: uma contribuição da semântica ao ensino de
língua materna. In: CABRAL, L. G.; GORSKI, E. (org.). Linguística e ensino: reflexões para a prática
pedagógica da língua materna. Florianópolis: Insular, 1999.


Os usos do ‘onde’

●Locativo espacial (descrito pela GN).
(1) Sou a terra onde o famigerado nasceu.

●Locativo temporal
(2) Gosto da época de férias onde a gente passa mais tempo junto. (VARSUL)

●Locativo abstrato
(3) Paramos onde o autor falava de vírus.

●Locativo relativo
(4) Em seguida, os professores, onde votaram favorável a iniciativa do sindicato, decidiram pela greve.
(Boletim do Sindicato dos Professores).







24

1. SENTENÇAS RELATIVAS (PRONOMES RELATIVOS)
OLIVEIRA, Leonor de Araújo Bezerra. A trajetória de gramaticalização do onde. In: CUNHA,
Maria Angélica Furtado. Procedimentos discursivos na fala de Natal: uma abordagem
funcionalista. Natal: UFRN, 2000.
25

1. SENTENÇAS RELATIVAS (PRONOMES RELATIVOS)
●Espaço físico
(5) ... para o banheiro... e no banheiro fica duas portas.. de lado.. e uma do lado da outra...
que é a do quarto do banheiro... no banheiro nós vamos encontrar.. um espelho.. um
box... onde é o local que a gente toma banho... vamos encontrar um espelho... uma
prateleira... onde fica os utensílios pessoais.. vamos encontrar também um cesto de
roupas... (Língua falada, 8ª série, p.309)

●Espaço virtual
(6) Ao término dos cinco anos, Jó teve um sonho onde Deus perguntou-lhe se, apesar dos
cinco anos de sofrimento, ele ainda tinha a mesma fé. (Língua escrita, 8ª série)

●Espaço discursivo
(7) O meu forte mesmo, é ampliar desenhos. Onde eu acho um desafio. Pois eu tenho de
chegar à perfeição. O meu objetivo é fazer um desenho mais parecido o possível daquele
outro. (Língua escrita, 8ª série)



26

1. SENTENÇAS RELATIVAS (PRONOMES RELATIVOS)
●O onde como metáfora temporal
(8) ...quando chegou no acampamento... ele pegou a comida que tava tudo junto e dividiu....
sendo que... cada pessoa comia de cada coisa uma... ou seja... o que eu levei... eu não
comi sozinho... eu tive que dividir com todos os amigos.... depois disso... teve a noite onde
foi escolhido o grupo de cinco pessoas mais ou menos... (Língua falada, 8ª série).

●O onde textual
(9) então eu sou super contra a pena de morte... e também a pena de morte só pode ser
adotada em país em que a justiça realmente é super eficiente... não é o caso do Brasil...
em que a justiça é falha... onde (a) ela bota muita vez nas cadeias as pessoas
inocentes.... [...] onde (b) a justiça do Brasil só é válida para os pobres... [...] onde (c) as
pessoas poderiam viver num país bom..... certo? Onde (d) realmente iria acabar com a
criminalidade... [...] (Língua falada, 8ª série)


27

1. SENTENÇAS RELATIVAS (PRONOMES RELATIVOS)

●Turma Administração UFFS (2024-II) – Textos escritos (resumo):


(10) O texto mostra que a pesquisa apresentou resultados acima da média, onde a menor pontuação
obtida foi dezesseis.

(11) A metodologia utilizada é uma pesquisa quantitativa e descritiva, onde a coleta de dados foi
realizada através de instrumento capaz de identificar características empreendedoras nas pessoas.

(12) Voginski e Locatelli encaminharam, através das redes sociais, um questionário, onde o
respondente [...].


28

1. SENTENÇAS RELATIVAS (PRONOMES RELATIVOS)
●Turma Geografia UFFS (2024-I) – Textos escritos (resenha):

(13) “De acordo com Moreira e Monteiro, a participação e interação dos alunos foi enorme no decorrer
da disciplina, facilitando a aprendizagem. Ao final da disciplina, as autoras citam um questionário
respondido por 16 estudantes, onde 93,8% concordaram que a gamificação tornou a aprendizagem
dinâmica e efetiva, [...]”

(14) “Para o processo de gamificação da disciplina, os 6 assuntos principais foram transformados em 6
fases, cada um com missões próprias que o aluno deveria vencer. As notas se transformaram em
pontos de vida, onde o aluno pode ganhar ou perder, onde cada um começaria com 7 [...]”

(15) “Dando sequência ao artigo, na seção três, é apresentada a Organização da disciplina de
Estrutura de Dados, que foi dividida em duas grandes unidades, onde foram introduzidas as
metodologias da gamificação e computação desplugada no decorrer da disciplina.”

(16) “Conceitos, esses, que eram aplicados em exercícios e avaliações tradicionais, realizados em
laboratório computacional, por meio da linguagem de programação C, onde seriam obtidos os 50%
restantes para completar a média final.”


29

1 AS ORAÇÕES RELATIVAS: PRONOMES RELATIVOS
Que Eu moro na cidade em que Matias nasceu.
(o/a) Qual Eu moro na cidade sobre a qual você falou.
Cujo A menina cujo pai está doente faltou a aula.


o livro do menino > … menino cujo livro …
o pai do menino > … menino cujo pai …
os personagens do filme > … filme cujos personagens …
o cabo do pente > … pente cujo cabo …

Não são possíveis construções em que o nome preposicionado por de expressa,
por exemplo, material de que é feito (vaso de cerâmica > *… cerâmica cujo vaso
…) ou assunto (livro de química > *… química cujo livro…).
(Figueiredo Silva, 2020, p. 241)

(16) a. Eu vi o {guarda-costas/cão/carro} [que João fotografou].
b. Eu vi o {guarda-costas/cão/carro}[sem o qual João não vive].
c. Eu vi o {guarda-costas/cão/carro} [cuja foto João guarda].
(Marchesan, 2012, p. 24)

1 AS ORAÇÕES RELATIVAS: PRONOMES RELATIVOS

1 AS ORAÇÕES RELATIVAS: RESUMO
Propriedades universais das relativas (De Vries, 2002, p. 14-15):

i) é uma sentença encaixada/subordinada;
ii)está conectada a algum tipo de material a sua volta por um pivô;
iii)o papel semântico e a função sintática que o pivô exerce na sentença relativa é
independente daqueles papeis exercidos fora da relativa

João reconheceu o rapaz. O rapaz roubou sua carteira.

(17) João reconheceu o rapaz [que __ roubou sua carteira]. (Marchesan, 2012, p. 22)

1 AS ORAÇÕES RELATIVAS: RESUMO
Pronomes relativos:

Quem = Conheci o menino [com quem Maria falou __ na festa].
O que = O edital não explica o propósito [para o que ele foi escrito __].
Quanto = Eu sei o valor [por quanto João vendeu a casa __].

Quando = Marta adora o período [quando está de férias].
Como = Gosto do modo [como Marcos se veste __].
Onde = Isso aconteceu na casa [onde Maria mora __].

Que =Eu moro na cidade [em que Matias nasceu __].
Qual = Eu moro na cidade [sobre a qual você falou __].
Cujo = A menina [cujo pai __ está doente] faltou a aula.

1 AS ORAÇÕES RELATIVAS: RESUMO



TEXTO DAD SQUARISI (2003): TOQUE DE CLASSE

2 CLASSIFICAÇÃO SINTÁTICA DAS RELATIVAS (DE VRIES, 2002)

Pós-nominais (postnominal RC)
Pré-nominais (prenominal RC)
Circumnominais (circumnominal RC ou internally headed relatives)


(1) a. Jack nunca lê livros [que eu recomendo a ele].
b. Jack nunca lê [eu recomendo a ele] livros.
c. Jack nunca lê [eu recomendo livros a ele].
(tradução de De Vries, 2002, p. 2)

(De Vries, 2002, p. 16)


(a) Exemplo do Mandarin (variação da língua chinesa);
(c) Exemplo do Dagbani (língua falada em Gana, África);
Exemplos do Mandarin e do Dagbani, De Vries (2002) retira do texto de Lehamann (1984)
“so”, da letra (c) é que
marca o item lexical que
funciona como o pivô da
relativa.
2 CLASSIFICAÇÃO SINTÁTICA DAS RELATIVAS (DE VRIES, 2002)

Além das pós-nominais, pré-nominais e circumnominais, De Vries
(2002. p. 16 - 17) apresenta outras relativas que nem sempre
ocorrem entre as línguas:


(2) a. Jill liked [what I gave to her]. [free relative | relativa livre]
b. Jill gosta d[o que eu dou a ela].
2 CLASSIFICAÇÃO SINTÁTICA DAS RELATIVAS (DE VRIES, 2002)

Baseado em trabalhos de Comrie (1981), Culy (1990), Downing (1978), Givón (1984), Keenan
(1985), Keenan e Comrie (1977), Lehamann (1984), Paranteau et al. (1972) e Smits (1988);
De Vries (2002, p. 17-18) chega a seguintes classificações paramétricas das relativas:
De Vries analisa 223 estratégias de relativas em 172 línguas naturais (Apêndice II)
2 CLASSIFICAÇÃO SINTÁTICA DAS RELATIVAS (DE VRIES, 2002)

Tipologia das relativas
analisadas por De
Vries (2002, p. 385)

(3)

a. João comprou o livro que estava sujo. (relativa padrão DP / Headed relative).

b. João comprou o livro de que Maria falou. (relativa padrão PP / Pied Piping).

c. João comprou o livro que Maria falou dele. (relativa resumptiva PP / Resumptive)

d. Essa é a turma que eu a vejo estudar todo dia. (relativa resumptiva DP)

f. João comprou o livro que Maria falou. (relativa cortadora / Chopping)

g. Este é o celular que João não vive sem. (relativa com preposição órfã /
prepositional-stranding)
2 CLASSIFICAÇÃO DAS RELATIVAS PÓS-NOMINAIS POR
TARALLO (1983)

Relativas restritivas (restrictive relatives).
Relativas apositivas (appositive relatives).
Relativas de grau/maximizadas (degree relatives)  Carlson (1977).


(4) a. Jill spoke to the lectures that failed the test on didactics. [restrictive]
b. Jill spoke to the lectures, who failed the test on didactics. [apositive]
c. Jill spilled the milk that there was in the can. [degree relative]

(De Vries, 2002, p. 16)

3 CLASSIFICAÇÃO SEMÂNTICA DAS RELATIVAS (DE VRIES, 2002)

(5) O professor admira alunos que estudam.

Or. Sub. Adjetiva Restritiva
“limitam ou precisam a significação do antecedente”
(Figueiredo Silva, 2020, p. 221)


(6) Chapecó, que está no oeste catarinense, tem 224.000 habitantes.



Or. Sub. Adjetiva Explicativa
“acrescentam uma qualidade acessória,
muitas vezes genérica, ao nome antecedente”
(Figueiredo Silva, 2020, p. 221)

3 CLASSIFICAÇÃO SEMÂNTICA DAS RELATIVAS (DE VRIES, 2002)

(7) a. Meu filho que está na Europa casou.
b. Meu filho, que está na Europa , casou.
c. Meu filho que está na Europa , casou. => pontuação inadequada


(8) O livro que está sujo, Maria escreveu.


(9) Fui à Argentina, que vivia uma convulsão social.


3 CLASSIFICAÇÃO SEMÂNTICA DAS RELATIVAS (DE VRIES, 2002)

(10)

a. O dinheiro que estava na gaveta sumiu.
b. Referimo-nos aos alunos que se envolveram na confusão.
c. Esse é o aluno cujos pais nos procuraram.
d. O médico descreveu os instrumentos com os quais realizou o procedimento.


3.1 RELATIVAS RESTRITIVAS

As restritivas não podem modificar um antecedente que represente um exemplar
único em uma espécie, porque, se assim fosse, o processo de restrição não se
aplicaria (Medeiros Junior, 2019, p. 81):

(11) a. *João que faz essas coisas é estranho.
b. Menino que faz essas coisas é estranho.
c. O João que faz essas coisas é meu primo.
(Medeiros Junior, 2020, p.81)

Restritivas modificam apenas DPs (Medeiros Junior, 2020, p. 82):

(12) a. *Ela negou ser [
AP corrupta] de que falaram.
b. Ela negou ser [
DP a corrupta] de que falaram.
c. Ela negou ser a pessoa de que todos falavam.
d. *Ela negou ser pessoa de que todos falavam.
(Medeiros Junior, 2020, p.82)
3.1 RELATIVAS RESTRITIVAS

As restritivas não podem estar associadas a expressões altamente referenciais
(= referente único), ao contrário do que ocorre com as apositivas:

(13) a. Alunos que estudam muito destacam-se em suas classes.
b. *A Terra que é o terceiro planeta é azul.
c. A Terra, que é o terceiro planeta, é azul.
(Medeiros Junior 2020, p. 83)
3.1 RELATIVAS RESTRITIVAS

Apositivas “são sentenças de natureza includente, generalizante; o conjunto
que denotam inclui todo e qualquer representante do conjunto denotado pelo
antecedente” (Medeiros Junior, 2019, p. 83)

(14)
a. Essas atletas, que receberam medalhas olímpicas, agora acusam seus
técnicos de abuso.
b. Galinhas, que são aves, põem ovos.
c. *Aves, que são galinhas, põem ovos.
(Medeiros Junior, 2020, p. 82-83)



3.2 RELATIVAS EXPLICATIVAS/APOSITIVAS

Apositivas podem estar associadas a qualquer tipo de antecedente (ao
contrário das restritivas):

(15)
a. [DP Seres humanos], que são racionais, degradam seu próprio habitat.
(??) b. Eles correram [AdvP rapidamente], o que surpreendeu a todos.
c. Eles negaram serem [AP culpados], o que de fato eram.
d. Ela veio [PP de Brasília], onde de fato nasceu.
(Medeiros Junior, 2020, p. 82-83)



3.2 RELATIVAS EXPLICATIVAS/APOSITIVAS

“vamos à escola para aprender algo que ainda não sabemos. A
função da escola seria diminuta se o que devesse ser aprendido já
fosse de conhecimento geral na sociedade” (Figueiredo Silva, 2020,
p. 218).

“uma das funções que a escola brasileira se coloca é a de ensinar a
variedade padrão do português para os alunos [...] vamos à escola
para aprender um padrão de língua que não está à nossa disposição
no círculo familiar” (Figueiredo Silva, 2020, p. 217-218).


Orações relativas = Orações subordinadas adjetivas
4 AS RELATIVAS NA ESCOLA

Or. subordinadas adjetivas “são apresentadas nas GTs porque valem por
adjetivos, na formulação de Rocha Lima (1972, p. 268)” (Figueiredo Silva,
2020, p. 219) => desempenham, portanto, função de adjunto adnominal:

(16) a. Nesta foto, o homem [sorridente] é o meu irmão.
b. Nesta foto, o homem [que está sorrindo] é meu irmão.

(17) Nesta foto, o homem que está comendo melancia, é o meu irmão.

(18) a. Um [velho] amigo abraçou o meu irmão.
b. *Um [que era velho] amigo abraçou o meu irmão.
c. ♯Um amigo [que era velho] abraçou o meu irmão.
(não tem a interpretação de a)

(Figueiredo Silva, 2020, p. 219)
4 AS RELATIVAS NA ESCOLA

As GTs acertam quando:

1º) descrevem as subordinadas adjetivas como sendo introduzidas por
pronomes relativos que se referem a um termo anterior (o
antecedente);
2º) reconhecem que o pronome relativo e o termo antecedente (o NN)
exercem funções sintáticas independentes;
3º) classificam as subordinadas adjetivas em restritivas e explicativas.
(Figueiredo Silva, 2020, p. 221)
4 AS RELATIVAS NA ESCOLA

As GT falham quando:

1º) dão um tratamento muito superficial às or. subordinadas adjetivas;
2º) apenas listam as funções sintáticas que o pronome relativo pode
exercer;
3º) apresentam apenas o uso da vírgula como fator de distinção entre
restritivas e explicativas.
4 AS RELATIVAS NA ESCOLA

Algumas “novas” propriedades das subordinadas adjetivas que “parece
ter escapado às gramáticas tradicionais”:

1º) “o fato de as relativas permitirem que duas sentenças que possuem o
mesmo núcleo nominal possam vir a constituir uma única sentença
complexa” (Figueiredo Silva, 2020, p. 221-222)


(19) a. O Pedro namora [uma moça].
b. [Essa moça] estuda computação.


As relativas de (20) seriam.......

4 AS RELATIVAS NA ESCOLA

2º) a observação das descrições linguísticas das relativas como o trabalho
seminal de Tarallo (1983) que dividiu as relativas em padrão (DP e PP),
resumptiva ou pronome lembrete (DP e PP), cortadora e preposição
órfã:

(210)
a. O menino [com quem eu jogava bola] é o presidente do clube.
b. O menino [que eu jogava bola com com ele] é o presidente do clube.
c. O menino [que eu jogava bola] é o presidente do clube.
(Figueiredo Silva, 2020, p. 225)
4 AS RELATIVAS NA ESCOLA

(apud Figueiredo Silva, 2020, p. 226)
4 AS RELATIVAS NA ESCOLA

(apud Figueiredo Silva, 2020, p. 226)
Hipótese de Tarallo para esse fenômeno de aumento da estratégia
cortadora se relaciona a outro fenômeno que começa a se desenhar
no final dos séc. XIX: o preenchimento da posição sintática de
sujeito (pela entrada do você no sistema pronominal e pela
consequente perda da perda da desinência da concordância verbal)
e o menor preenchimento dos objetos (por conta do crescente
desaparecimento dos pronomes oblíquos átonos).

4 AS RELATIVAS NA ESCOLA

(apud Figueiredo Silva, 2020, p. 227)
-Aumento da retenção
pronominal de sujeito;
-declínio da retenção
pronominal de objeto e
oblíquo.
“Para Tarallo (1983), é
um processo de elipse o
responsável pelo
apagamento que dá
ensejo à rel. cortadora”
4 AS RELATIVAS NA ESCOLA

Hipótese de Kato (1993), retomada em Kato e Nunes (2009): Left
dislocation

(21) a. Eu falei com essa moça por telefone.
b. *Eu falei essa moça por telefone.
c. Essa moça, eu falei com ela por telefone.
(Figueiredo Silva, 2020, p. 225)

(22) a. Essa é a moça [que eu falei por telefone].
b. Essa é a moça [que eu falei com ela por telefone].
c. Essa é a moça [com quem eu falei por telefone].
(Figueiredo Silva, 2020, p. 225)
4 AS RELATIVAS NA ESCOLA

Hipótese de Kato (1993), retomada em Kato e Nunes (2009): Left
dislocation

(23) a. Eu falei com essa moça por telefone.
b. *Eu falei essa moça por telefone.
c. Essa moça, eu falei com ela por telefone.
(Figueiredo Silva, 2020, p. 225)

(24) a. Essa é a moça [que eu falei por telefone].
b. Essa é a moça [que eu falei com ela por telefone].
c. Essa é a moça [com quem eu falei por telefone].
(Figueiredo Silva, 2020, p. 225)
4 AS RELATIVAS NA ESCOLA
Na posição in situ, a prep. é
obrigatória.
Quando deslocado (à esquerda
– LD), o sintagma aparece sem
a prep.
Nas relativas, há uma posição de
deslocamento (LD), o que
explicaria o desaparecimento da
prep. em (23a,b); a rel. padrão
de (23c) não tem a posição de
LD disponível.

Trabalho de Corrêa
(1998), mencionado
ela profª Maria
Cristina Figueiredo
Silva (2020, p. 231)

4 AS RELATIVAS NA ESCOLA

RESULTADO DA PESQUISA DE CORRÊA (1998 APUD FIGUEIREDO SILVA (2020, P. 231-232):

Alguns apontamentos:

a) Há um consenso
na literatura sobre a
preferência para a
produção de relativas
de sujeito, como
revela o trecho de
Figueiredo Silva
(2020, p. 232) 

b) Também Tarallo (1983, p. 174) mostrou que das 1700 relativas
encontradas nas 45h de entrevistas (dados sincrônicos), as posições
de sujeito e de objetivo são as preferidas:

992 – sujeito
384 – objeto direto
76 – objeto indireto (complementos que podem ser substituídos por clíticos. Eu gosto de você. -> Eu te gosto).
231 – oblíquo (verbos de movimento : chegamos ao parque -> chegamos lá).
17 – genitivo

RESULTADO DA PESQUISA DE CORRÊA (1998, APUD. FIGUEIREDO SILVA (2020, P. 234-235):

Segundo
Corrêa (citada
por Figueiredo
Silva, 2020, p.
23), “os
estudantes
aprendem a
usar a
estratégia
padrão durante
o último ano do
segundo grau,
quando estão
se preparando
para o
vestibular”
“os alunos procuram
estratégias de esquiva [da
rel. prep.]”

4.1 SUGESTÕES PARA O PROF. DA ED. BÁSICA (FIGUEIREDO SILVA, 2020):
Figueiredo Silva (2020) cita que Corrêa fez testes de juízo de gramaticalidade
(GT) com 27 professores de português que trabalham com as séries finais do
Ens. Médio:

(25)
a. É aquela a moça que o garçom deixou a carteira em cima da mesa que ela sentou.
b. Esses professores que a gente vai entrar em contato com eles são novos.
c. Xadrez é um jogo que nunca pude aprender as regras.
d. Língua extinta é aquela que não possuímos provas de sua existência.
Sentenças (24c,d) foram aceitas
por 1/3 dos prof. entrevistados.

Tentar tornar a estrutura das relativas mais transparente,
observando que uma sentença complexa que contém uma relativa
surge da união de 2 sentenças simples que têm um núcleo em
comum.

Estratégias: (i) jogos de encaixe (para alunos menores), (ii)
atividades mais desafiadores (para alunos maiores), como contar
uma história usando somente 5 períodos compostos por
subordinação.
4.1 SUGESTÕES PARA O PROF. DA ED. BÁSICA (FIGUEIREDO SILVA, 2020):

5 MODELO WH-MOVEMENT (MODELO TRADICIONAL)
Refinamento do Modelo Transformacional.
Proposta por Chomsky (1977) com base no trabalho de Ross (1967).
As relativas no modelo Wh-movement (Chomsky, 1977): adjunção de
CP a DP/NP

DP/NP
wo
DP/NP CP
PIVÔi 3
whi IP
5
ti
(Medeiros Junior, 2020)
Essa correferência entre o
alvo/pivô e o wh ocorre na LF.

5 MODELO WH-MOVEMENT (MODELO TRADICIONAL)

Problemas do wh-movement apontdos Kenedy (2002, p. 18-24):

1º) sendo aplicada em LF, a relação NP-Wh não enfrenta qualquer tipo de
restrição (subjacência, ilha etc.);

2º) não é claro como ocorre o compartilhamento de traços morfossintáticos
(gênero, nº e caso) que deveriam ser checados em uma relação sintática local;

3º) o modelo de Chomsky (1977) não previu a possibilidade de haver relativas sem
o pronome wh – o que fere o princípio da Projeção:

(26) a. The book [
CP that [
IP I read last week]].
O livro [
CP que [
IP eu li semana passada]]

b. The book [
CP [
IP I read last week]]
O livro [
CP [
IP eu li semana passada]].
5 MODELO WH-MOVEMENT (MODELO TRADICIONAL)

Solução de Chomsky (1995): prever um OP (Operator Phrase -
operador nulo) responsável pela preservação do Princípio da
Projeção:

(27) [
NP [
NP the book [
CP OP
i that [
IP I read t
i last week]]]]

(28) a. O livro [
CP OP
i [
C que [
IP eu li t
i na semana passada]]]
b. O livro [
CP que
i [
C [
IP eu li t
i na semana passada]]]

5 MODELO WH-MOVEMENT (MODELO TRADICIONAL)

Outros problemas do wh-movement apontados por Medeiros Junior,
2020):

4º) O modelo de Chomsky (1977) não consegue explicar como ocorre
a derivação das relativas resumptivas/copiadoras/com pronome
lembrete:

(29)
Você acredita que um dia teve uma mulher
i [que ela
i queria que a
gente entrevistasse ela pelo interfone]. (TARALLO, 1983, p. 2)
5 MODELO WH-MOVEMENT (MODELO TRADICIONAL)

5º) O modelo de Chomsky (1977) não consegue explicar porque o PB
apresenta, em certos casos, relativas sem restrição de ilha-wh:

(30)

a. O homem [
CP que eu acredito n[
NP/DP[
NP/DP o fato [
CP que Maria viu
(e)]] veio me visitar.

b. O homem [
CP que eu sei [
CP quando a Maria viu (e)]] é meu primo.
(Tarallo, 1983, p. 17)
5 MODELO WH-MOVEMENT (MODELO TRADICIONAL)

6 MODELO RAISING

Iniciado nos anos 60 (Smith, 1964; Brame, 1968)

Refinado nos anos 70 por Schachter (1973), Vergnaud
(1974) e Brame (1976) – denominada Promotion
Analysis

Resgatada nos anos 90 por Kayne (1994) por conta do
LCA (Axioma de Correspondência Linear).

Complementação de CP a D – Refinamento feito por Kayne (1994):

[
D [
CP PIVÔ
i [
IP ... t
i …]]

DP
wo
D CP

6 MODELO RAISING

DP
3
D CP
The 3
Spec CP
girli 3
C IP
that 5
I saw ti
DP
3
D CP
The rp
DPi CP
2 3
Spec DP C IP
bookk 2 5
D NP I read ti
which 5
tk
Fonte: Medeiros Júnior (2020, p. 94)
6 MODELO RAISING

6.1 MODELO RAISING - EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS
1ª) palavras que, quando antecedidas de artigo, só funcionam se são seguidas por uma sentença
relativa:

(i) expressões tipológicas
(31) a. [* eu comprei o tipo de pão] vs. b. [eu comprei o tipo de pão de que você gosta]

(ii) expressões de medida
(32) a. [* Maria pesa os 45 quilos] vs. b. [Maria pesa os 45 quilos que Suzana quer pesar]

(iii) expressões resultativas
(33) a. [* João pintou a casa com a cor] vs. b. [João pintou a casa com a cor que sua namorada sugeriu]

(iv) expressões “com”
(34) a. [* Pedro comprou o carro com o motor] vs. b. [Pedro comprou o carro com o motor que ele queria]
Fonte: Kenedy (2014)

2º) expressões idiomáticas:

(35) [o mico que eu paguei me deixou envergonhado].


Como o núcleo verbal é um constituinte da relativa, seu complemento
também deve ser:

(36) O [
CP [
DP mico
i que [
IP eu paguei t
i ]]] me deixou envergonhado.



Fonte: Kenedy (2014)
6.1 MODELO RAISING - EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS

3ª) artigos definidos que são licenciados em contextos que
normalmente não seriam:

(37) a. [
DP os [
CP livros
i que havia t
i na biblioteca]] eram bons.
b. * [
VP havia [
DP os [
NP livros bons]] na biblioteca].

(38) a. [
DP a [
CP Paris
i que eu conheço t
i [é bonita]].
b. * [
DP a [
NP Paris] é bonita].


Fonte: Kenedy (2014)
6.1 MODELO RAISING - EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS

7 VIRTUDES E VÍCIOS DE CADA MODELO
Modelo wh-movement:

Mais intuitivo (segue a análise sintática
escolar);
Mais abrangente, já que é utilizado para
relativas (restritivas e apositivas),
topicalizações, clivagens etc.;
Regra de predicação em LF é
injustificável;
Criação do OP é injustificável;
Não há como justificar o modelo diante do
LCA de Kayne (1994);
Não há como justificar as evidências
empíricas elencada pelos que defendem
o modelo raising.
Modelo não pensado para as relativas
não canônicas.
Modelo raising:

É mais refinado do que o wh-movement;
Os fatos empíricos em favor da análise
D+CP ainda não receberam contra-
argumentos;
Não captura a intuição de que o NN
possui uma existência independente em
relação à oração relativa;
Fraqueza técnica: precisa lançar mão de
determinantes abstratos (D nulos, sem
preenchimento fonético) – o que parece
ser um problema semelhante ao do OP;
Modelo não pensado para as relativas
não canônicas.



Fonte: Kenedy (2014)

REFERÊNCIAS:
FIGUEIREDO SILVA, M. C. Contribuições da aquisição da linguagem para o ensino: o caso das orações
relativas. In: GUESSER, S.; RECH, N. F. (org.). Gramática, aquisição e processamento linguístico: subsídios
para o professor de língua portuguesa. Campinas: Pontes, 2020. p. 217-244.

KENEDY, E. N. A. Aspectos estruturais da relativização em português – uma análise baseada no Modelo
Raising. 2002, 146f. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Linguística),Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro.

MEDEIROS JUNIOR, P. Uma análise da relativização no PB: questões teóricas e panorama geral. In:
MEDEIROS JUNIOR, P.; GUESSER, S.; LUNGUINHO, M. V.; VICENTE GUERRA, H. (org.). Relativização e
clivagem no PB: sintaxe, aquisição, diacronia e experimentação. Campinas, Pontes, 2020. p. 77- 106.

MÓIA, T. A sintaxe das orações relativas sem antecedente expresso do português. 1992. 163f. Dissertação
(Mestrado em Linguística Portuguesa Descritiva) – Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, Lisboa,
1992.

NICKEL, R. O estudo dos itens lexicais [que] e [o que] contido nas relatias. 2017. Dissertação (Mestrado em
Estudos Linguísticas) – Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos, Universidade Federal da
Fronteira Sul, Chapecó, 2017.

TARALLO, F. L. Relativization Strategies in Brazilian Portuguese. Tese de Doutorado, Universidade da
Pensilvania, 1983.