Renascimento Comercial

edgardhistoria 4,745 views 4 slides Apr 24, 2011
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O Renascimento
Comercial
O Renascimento
Comercial
“Entre a cidade e o campo o contraste era profundo. Uma cidade medieval não se
perdia em extensos subúrbios, fábricas e casas de campo. Cercada de muralhas, erguia-
se como um todo compacto,eriçada de torres sem conta. Por mais altas e ameaçadoras
que fossem as casas dos nobres ou dos mercadores, a massa imponente das igrejas
sobressaía no conjunto da cidade.
O contraste entre o silêncio e o ruído, entre a luz e as trevas, do mesmo modo que
entre o verão e o inverno, acentuava-se mais fortemente do que nos nossos dias. A cida-
de moderna mal conhece o silêncio ou a escuridão na sua pureza e o efeito de uma luz
solitária ou de um grito isolado e distante”
in. Huizinga, Johan. O declínio da Idade Média. Pág.10.A
partir do século XII o feudalismo
entrou em declínio cedendo espa
ço a uma nova sociedade mais di
nâmica caracterizada pelas transa-
ções comerciais, trabalho assalariado e o aparecimen-
to da burguesia. Pouco a pouco, modificaram-se os
hábitos e costumes engendrando-se um novo padrão
de comportamento e uma maneira diferente de ver o
mundo. O crescimento demográfico do período foi
determinante para o desalinho da Ordem Feudal pois
centenas de migraram das zonas rurais em direção as
nascentes cidades. Gradativamente a população urba-
na foi aumentando enquanto aumentavam também os
negócios e as transações comerciais.
Como estímulo externo, as Cruzadas possibili-
taram um fluxo constante de navios que se desloca-
vam para o Oriente em busca de mercadorias. O con-
tato com o Oriente gerou um grande incentivo ao cres-
cimento urbano. As frequentes viagens para o mundo
oriental funcionaram como um impulso de fora para
dentro, ativando o crescimento urbano.
As rotas de comércio
que traziam mercadorias do
Oriente, utilizaram Cons-
tantinopla como entreposto
comercial. Dezenas de navi-
os transportavam produtos
exóticos que eram consumi-
dos no Ocidente, por uma eli-
te de nobres e clérigos, ávida
por novidades. Em troca, os
europeus exportavam para o
Oriente tecidos, peles, couro,
trigo, linho, peixes,
sal e muito vinho.
A expansão
do comércio e das ati-
vidades urbanas con-
frontou mercadores e
nobres feudais. Nas
cidades que cresce-
ram próximas aos
feudos era comum a
cobrança de taxas
abusivas para a libe-
ração da atividade
comercial. Respalda-
dos por leis locais os
senhores feudais se
tornaram um obstá-
culo ao incremento
do comércio.
Reagindo às arbitrariedades feudais os merca-
dores enfrentaram os nobres no Movimento Comunal
que se espalhou por várias regiões.
No norte da Europa existiu um grupo de cidades que se tornou proeminente no século XIII, denominado Hansa Teutônica ou Liga Hanseática, centrado na Alemanha mas com ramificações nas regiões vizinhas. Situado na ilha báltica de Gotland o porto de Visby,
com seus
armazens de
calcário era um
desses entrepostos
mais importantes.
A expressão “Renascimento Comercial” tem sido
criticada por muitos historiadores quando alegam que sem-
pre houve comércio Idade Média, embora tenha se dado em
caráter local. A ênfase no renascimento do comércio surgiu
de um preconceito com a Idade Média, que foi durante mui-
to tempo, injustamente apelidada de Idade das Trevas.
Concordando com a visão crítica ao termo “Renascimento
Comercial, vamos aqui usa-lo no seu aspecto formal.

O Renascimento Comercial
A contenda diminuiu quando foi criada a Carta
de Franquia, espécie de salvo-conduto de liberação do
comércio, mediante o pagamento de uma taxa fixa anual.
Com o passar do tempo, as Cartas de Franquia foram
ampliadas com o objetivo
de assegurar direitos às ci-
dades que se emancipa-
vam da tutela feudal.
Com o novo acerto foi
possível a organização
de milícias e autono-
mia para organizar o
governo e a adminis-
tração.
A alforria tornou as cidades “donas do seu pró-
prio nariz” e a Carta de Franquia tornou-se o rascunho
das futuras constituições. Na Itália onde o comércio
era mais intenso, desenvolveram-se as cidades com fei-
ção de repúblicas, a exemplo de Veneza, Gênova e
Florença. Na França, foram chamadas de comunas e
na região germânica, cidades-livres.
O sul da Europa interligava-se ao norte através
de rotas terrestres e marítimas. Os navios não se afas-
tavam muito do litoral - navegação de cabotagem -
com receio de enfrentar o mar aberto, principalmente
no Oceano Atlântico, apelidado de mar Tenebroso. Os
instrumentos de navegação eram muito precários. Nor-
malmente os navegadores orientavam-se pelos astros
como faziam seus antepassados desde a Antiguidade.
Para esses navegadores o gigantesco oceano
Atlântico ainda era uma incógnita. Muitos marinhei-
ros acreditavam que se afastando muito do litoral en-
contrariam terríveis monstros. Portanto, até o fim da
Idade Média, o Mediterrâneo continuaria sendo a prin-
cipal via de comércio.
O Tempo da História
Séculos XII - XV
Renascimento Comercial
CIDADES
. FEIRAS
. ECONOMIA MONETÁRIA - TROCAS
. PRODUÇÃO ARTESANAL
. MANUFATURAS
. SURGIMENTO DA BURGUESIA
. CÂMBIO DE MOEDAS NOS BANCOS
Cresciam as cidades e cresciam
as guildas, que eram associações de
proteção formadas por comerciantes e
artesãos. O diretório das guildas,
escolhido por eleição, esforçava-se por
manter a boa qualidade e os preços dos
produtos locais. Uma prova do seu
crescente poder pode ser dada, por
exemplo, pelo monopólio usufruído pelos
tintureiros de Derby, na Inglaterra, “onde
ninguém podia tingir panos até a distância
de dez léguas de Derby, senão em Derby”.
E à medida em que se expandiam os
negócios proliferavam as guildas de
artíficies. Paris, por exemplo, contava em
1292 com 130 profissões regulares”,
inclusive a medicina. Nessa época as
guildas já tinham assumido várias funções
sociais, e até mesmo se haviam associado
para tomar conta do governo da cidade. In.
Anne Fremantale. A Idade da Fé. Coleção
Time-Life. pág 85.
Símbolo das guildas, uma figura real assiste ao
trabalho de um canteiro que talha um capitel e de um carpinteiro que usa um
trado.

O Renascimento Comercial
No que se refere ao comércio, as
cidades de Veneza e Gênova tiveram o
retorno do investimento realizado duran-
te as Cruzadas e tornaram-se ponto de
parada obrigatória dos mercadores de
todo o continente. Guardadas as devidas
proporções, Veneza e Gênova tiveram um
potencial equivalente à Nova York e Tó-
quio nos dias atuais. Do outro lado do
continente, no norte da Europa, se desta-
cou a região de Flandres como entreposto
e produtora de tecidos de lã. Nos arredo-
res de Flandres formou-se a Liga
Hanseática ou Hansa Teutônica - agrupa-
mento de 80 cidades produtoras de ma-
nufaturas e detentoras de uma poderosa
esquadra que monopolizou o comércio do mar Bálti-
co e do Norte.
O RENASCIMENTO URBANO
As cidades da Baixa Idade Média eram exem-
plo de desorganização e improviso. Apertadas, geral-
mente sujas, sem esgotamento sanitário se amontoa-
vam em dezenas de casas de madeira e pedra. Algu-
mas cidades eram sitiadas por muros, o que piorava o
problema. As pessoas dividiam o espaço com os ani-
mais que ficavam soltos nas ruas. Contudo, apesar de
todos os problemas, a vida na cidade era, no mínimo,
mais promissora que a vida nos feudos. Nas cidades
pairava um clima de maior liberdade e menor opres-
são. A poluição ambiental era compensada pela auto-
nomia e individualidade do cidadão.
Nas cidades surgiram as feiras que se torna-
ram um acontecimento à parte. Variando na frequência
duravam em média um mês, atraindo mercadores da
Europa inteira e de vários lugares do mundo. Devido
Mapa. As rotas de comércio na Europa Ocidental
ao grande volume de transações comerciais surgiram os cambistas que trocavam moedas utilizando uma es- pécie de balança, que vinculava o peso ao valor. Aos poucos a população urbana foi crescendo, no início as cidades mais populosas tinham no máximo 200.000 ha- bitantes, como é o caso de Veneza, Londres, Gênova, Paris, Milão etc.
CORPORAÇÕES DE OFÍCIO
Durante a Alta Idade Média a produção artesanal
se desenvolvia internamente nos feudos, com o objeti-
vo de abastecer as necessidades domésticas. No
Renascimento Comercial a produção artesanal urbana
foi suplantando a produção dos feudos, concentrando
nas cidades um numeroso “exército” de artesãos. Com
o objetivo de estruturar melhor a produção e venda das
mercadorias surgiram nas cidades as Corporações de
Ofício ou Guildas, englobando artesãos de uma mesma
área de produção.
O período que se tornou conhecido como Baixa Idade
Média caracterizou-se pelo desenvolvimento das cidades, do
comércio e das atividades manufatureiras. Embora no
conjunto da Europa ainda predominasse uma economia
basicamente agrícola, inúmeras regiões já apresentavam
acentuado desenvolvimento comercial e urbano. Essas
mudanças repercutiam na esfera política - com o processo de
fortalecimento do poder real - como nas artes, com o
florescimento de novos temas nos trabalhos artísticos. In
História das Civilizações. Volume 2. Abril Cultural. pág 253
Praça do Mercado, afresco do período medieval

O Renascimento Comercial
A estrutura das corporações se baseava numa
rígida hierarquia: o mestre - normalmente proprietário
de uma oficina artesanal; o jornaleiro - aspirante ao car-
go de mestre e o aprendiz - espécie de iniciante nas
artes e ofícios. A propaganda das mercadorias era proi-
bida e os salários tinham valor estabelecido pelos diri-
gentes das corporações, com o objetivo de impedir gran-
des disparidades.
As inúmeras barreiras da sociedade feudal
não impediram que os burgueses amontoassem
extraordinária riqueza. Não há como compreen-
der a Baixa Idade Média sem associá-la ao
surgimento e expansão dos negócios da burgue-
sia. Normalmente viajavam em grupo e quando
chegavam nos castelos eram obrigados a perma-
necer na área externa, aonde se realizavam as
feiras. O desenvolvimento do comércio desper-
tou a cobiça de vários senhores feudais que pro-
curavam tirar vantagem das novas relações co-
merciais.
Pensava-se, no passado, que a causa
primordial da revolução urbana medieval tivesse
sido a revivescência do comércio a longa distância.
Em teoria, mascates itinerantes, que não dispunham
de um lugar seguro na sociedade predominante-
mente agrária da Europa, aos poucos se juntaram
em cidades, a fim de prestar uns aos outros uma
proteção de extrema necessidade e criar mercados
para a venda de seus produtos. Na realidade, as
coisas foram muito mais complicadas. Conquanto muitas cidades realmente tenham recebido muito
estímulo do comércio a longa distância - e o crescimento de uma grande cidade como Veneza teria
sido inimaginável sem esse comércio - a origem e a primitiva
vitalidade econômica da maioria das cidades decorreram muito
mais da riqueza das áreas circundantes. Tais áreas
levavam-lhes produtos agrícolas excedentes, matérias-primas
para manufatura e um influxo populacional. Em outras palavras,
o aceleramento da vida econômica em geral foi a principal cau-
sa do crescimento urbano: as cidades existiam em relaciona-
mento simbiótico com o campo, oferecendo mercados e
também artigos fabricados por artesãos, ao passo que viviam
do excedente alimentício rural e cresceram com a migração de
servos ou camponeses desnecessários, que estavam à procura
de uma vida melhor. (Os servos fugidos tinham garantida sua
liberdade caso permanecessem numa cidade um ano e um dia.)
Tão logo as cidades começaram a florescer, muitas se espe-
cializaram em certas atividades. Paris e Bolonha adquiriram riquezas copiosas ao se tornarem sedes
de importantes universidades; Veneza, Gênova, Colônia e Londres fizeram-se centros de comércio a
longa distância; e Milão, Ghent e Bruges especializaram-se em manufaturas. As mais importantes
indústrias urbanas eram as de tecidos. Os fabricantes de tecidos desenvolveram por vezes técnicas
de produção e de investimento em grande escala que são ancestrais do moderno
sistema fabril e do capitalismo industrial. Contudo, cabe salientar que as grandes empresas
industriais eram, de modo geral, atípicas na vida econômica medieval. In Burns, Edward McNall
Burns. História da Civilização Ocidenta. Editora Globo. pág 250/25
Em muitos locais próximos aos grandes cen-
tros urbanos ocorreu um afrouxamento dos laços feu-
dais favorecendo o acúmulo do capital burguês.
Como afirmava Marx; ”A ordem econômica
capitalista saiu das entranhas da ordem econômica
feudal. A dissolução de uma produziu os elementos
constitutivos da outra”.
PARA VOCÊ SABER MAIS.