O Renascimento Cultural
A elite urbana impossibilitada de obter o privi-
légio de nascimento, compensava a diferença inves-
tindo nas artes. Em conseqüência, vários artistas pu-
deram desfrutar da proteção e incentivo dos “magna-
tas” da cultura, que se tornaram os mecenas. Para os
novos ricos a arte tinha um sentido pratico, vinculada
à riqueza e o sucesso no mundo dos negócios.
Paradoxalmente a Igreja Católica acossada por
várias heresias e seitas que abalavam os seus alicer-
ces, procurou se aproximar, ao máximo, dos artistas
do Renascimento. Os artistas que atenderam o ape-
lo tiveram acolhida segura. Entretanto, os “re-
beldes” foram perseguidos pela Igreja Católi-
ca que não perdoaria a contestação aos seus
dogmas.
O intenso contato com regiões do
mundo oriental contribuiu imensamente
para a renovação cultural. No Oriente ha-
via uma civilização mais dinâmica onde a
filosofia grega era debatida por inúmeros
intelectuais. Os navios que vinham do
Oriente trazendo perfumes, âmbar, incen-
so e outras mercadorias, traziam também
livros, obras científicas, e às vezes, os pró-
prios sábios que se deslocavam para os
magníficos centros de comércio e cultura
italianos. O ataque de árabes e turcos que
não deixavam Constantinopla em paz, con-
tribuiu para acentuar o êxodo de sábios para o
Ocidente, diante da iminência da cidade
bizantina vir a ser conquistada pelos turcos-
otomanos.
HUMANISMO
A ALMA DO RENASCIMENTO.
Durante a Alta Idade Média, a Igreja Católica
controlava todos os centros de estudo que eram mi-
nistrados por clérigos e padres. As escolas tinham como
finalidade preparar os noviços que investiam na car-
reira religiosa. Nos mosteiros os jovens padres com-
pletavam as carreiras tradicionais de Teologia, Medi-
cina e Direito.
A concepção de mundo imposta pelos valores
religiosos, era estática e dogmática não permitindo mu-
danças que afastassem o homem do plano espiritual. O
padrão moral religioso impunha a submissão, obediên-
cia, paciência, tolerância e aceitação.
No fim da Idade Média, as alterações do
Renascimento Comercial, exigiram da Igreja Católica uma
adequação aos novos tempos. Nesse contexto se inse-
re a Suma Teológica, escrita pelo dominicano Tomás de
Aquino. Sua obra se constitui a primeira tentativa de
conciliar a fé com a razão, quando a própria
Igreja admitiu os postulados da Antigüidade.
“Como a razão não era inimiga da fé, sua
aplicação à revelação não devia ser temida.
À medida que o raciocínio humano se tor-
nava mais eficiente, disse Aquino, também
se tornava mais cristão, e as incompatibili-
dades entre a fé e a razão desapareciam.
Reconhecendo que tanto a fé como
a razão se voltam para a mesma verdade, o
homem prudente aceita a religião como
guia em todas as questões diretamente re-
lacionadas com o conhecimento neces-
sário à salvação. Havia também toda uma
ampla gama de conhecimentos que Deus
não revelou e que não eram necessários à
salvação. Nessa categoria enquadrava-se
grande parte do conhecimento sobre o
mundo natural das coisas e das criaturas,
que os seres humanos tinham perfeita li-
berdade de explorar.”
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A obra de Tomás de Aquino quebrou a barreira
que divorciava a Igreja dos pensadores da época. Seus
seguidores exaltaram os valores do indivíduo,
enaltecendo a relação do homem com o mundo. O jeito
diferente de pensar e agir envolveu os artistas e pensa-
dores, que se viam sedentos de transformar e mudar os
valores tradicionais. Os humanistas voltavam-se para o
presente, olhavam para o futuro e resgatavam o lado
bom do passado medieval. Movia-os o ideal, que o
homem.era a mais bela criação de Deus. Buscaram en-
tão valorizar o que havia de divino dentro de cada pes-
soa.
O Tempo da História
IDADE MÉDIA
- SUBMISSÃO DO HOMEM
- CONTEMPLAÇÃO
- VALORIZAÇÃO DO
ESPIRITUAL
- METAFÍSICO
TEOCENTRISMO
RENASCIMENTO
CULTURAL
- HUMANISMO E
ANTROPOCENTRISMO
- CIÊNCIA E RAZÃO
- INDIVIDUALISMO
- CONTESTAÇÃO