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I – A compaixão divina
1. O Deus que é compassivo
Em geral, a compaixão é apresentada na Bíblia como um atributo
divino em seu sentido pleno, e isso está ligado diretamente àquilo que Deus
é. Entre os Seus muitos atributos invisíveis (Rm 1:20), encontramos Sua
compaixão, que desde os tempos remotos é apresentada no contexto da
misericórdia, graça e benevolência, ou seja, não é pertencente ao homem
por direito, mas por vontade de Deus (Efésios 2:13), que nos aproximou de
Si, olhou para nós e nos amou primeiramente (1 João 4:19).
Conforme descrito pelo dicionário, a compaixão é um sentimento,
isto é, afeição resultante de uma inquietação interior em face de um
ocorrido exterior. Contudo, ao analisarmos a compaixão divina, vemos
que, longe de ser um sentimento, mera afeição por uma humanidade
sofredora, Sua compaixão se revela em Seus atos de livramento para com
o povo da aliança, que mesmo se desviando de seu amor a Ele e voltando-
se para outros deuses que nada sentem, são apenas ídolos, ainda assim são
alcançados pelo infinito amor de seu Pai celestial.
Entretanto, a compaixão de Deus também é resultante de um retorno
abnegado e da perfeita obediência aos Seus estatutos e ordenanças,
como vemos em Juízes 10:16: “E tiraram os deuses alheios do meio de
si e serviram ao Senhor; então, já não pôde Ele reter a Sua compaixão
por causa da desgraça de Israel.” Que maravilhosa compaixão! O Grande
Deus já não pôde mais reter a Sua compaixão! Seu coração se comove ao
perceber a intenção de um coração arrependido e que busca a salvação.
2. O Deus que move à compaixão
Não obstante ser Ele de pura e plena compaixão, Deus também
move Seu povo à compaixão, ou seja, Sua compaixão nos impele, nos
constrange, nos motiva a uma ação compassiva, e isso é o reflexo de Sua
glória brilhando em nós. Vejamos, por exemplo, o que nos diz Salomão
em sua oração de consagração do templo, na chegada da Arca da Aliança.
Ele reitera a fidelidade e a misericórdia de Deus (I Reis 8:23), contrastando
com a pecaminosidade e infidelidade de Seu povo (v. 46) e então diz, no
verso 50: “Perdoa o Teu povo, que houver pecado contra Ti, todas as suas