visão de justiça exposta por Polemarco resume-se em roubar, pois favorece uns em
detrimento a outros. Sócrates, torna com outra indagação dialética, “A quem chamas tu
de amigos, a os que nos parecem honestos, ou àqueles que de fato são, embora não o
pareçam, e assim também quanto aos inimigos? ”. Com essa pergunta, Sócrates diz que
não é próprio do justo fazer mal ao inimigo ou a qualquer pessoa, mas do injusto. E que
a justiça não consiste literalmente em devolver a cada um o que lhe pertence
(explicando o pensamento de Simônides) e, que não é sábio dizer isto, pois a ninguém
parece justo fazer o mal. Durante o diálogo é explícito que havia um homem “louco”
para entrar na discussão (as discussões eram por costumes feitas à disposição do
público), mas estava sendo impedido por seus vizinhos. Este homem era o sofista
chamado, Trasímaco. Por estar sendo impedido de entrar no diálogo sobre justiça,
Trasímaco eleva a voz à Sócrates – “Se queres saber o que é justo, não te limites a
indagar, nem a refutar quem responde, mas depois de compreender que é mais fácil
responder que perguntar, responde tu mesmo e dize no que consiste a justiça”. Socrates
surpreso com a “abordagem”, responde com certa ironia, “Não fiques zangado,
Trasímaco, porque, se eu e este jovem cometemos um erro em nossa análise, sabes que
foi involuntariamente [...]Mas creio que a tarefa ultrapassa as nossas forças. Por isso,
é muito mais natural para vós, os hábeis, ter compaixão de nós do que testemunhar-nos
irritação”. O diálogo continua e Trasímaco define a justiça como “a vantagem do mais
forte”, nesse momento ele pede que Sócrates o aplauda por sua sucinta e grande
resposta a indagação sobre justiça. Contudo, Sócrates, lhe questiona sobre o que ele quis
dizer com “a vantagem do mais forte”, pois, não havia entendido seu pensamento
claramente. Trasímaco retoma a fala justificando seu pensamento dizendo que o
governo estabelece as leis para seu próprio benefício, a saber: A democracia, as leis
democráticas; A tirania, leis tirânicas. Logo, cada governo ao estabelecer suas leis,
declara justo para os governados, o seu próprio interesse, puindo quem elas deixam de
cumprir, sendo este um violador da lei, culpando-o de injustiça. Portanto, Trasímaco
defende a tese de justiça como sendo o interesse do mais forte sobre o mais fraco.
Examinando a tese de Trasímaco, Sócrates, diz: “é justo obedecer aos governantes,
contudo eles também tendem a se enganar, por consequência elaborando boas e más
leis, sendo as boas as vantajosas e as más as desvantajosas, sendo elaboradas a seu
proveito [...]. Pergunto, nisto consiste a injustiça, não é?”. Trasímaco, em resposta
concorda com Sócrates que, mais uma vez usando da dialética conclui – “Logo, não só
é justo, no teu pensamento fazer o que é proveitoso ao mais forte, porém, também o que