obtenção de informação tenha seu valor para o autor. Saber tudo não é o foco, mas o poder está
em delegar, o que vai além do saber. Colaboradores sem cursos universitários podem sem
nenhum problema chefiar equipes com pessoas de maior formação, a depender de sua
capacidade técnica. A prioridade deve ser dada aos funcionários da empresa nas promoções.
Semler não valoriza pessoas extremamente inteligentes, chegando a dizer estas são melhores em
falar do que em ouvir(180). Colaboradores com boa formação devem começar de baixo, assim
valorizando a prátiva acima da educação. A luta contra preconceitos ou problemas externos a
empresa são os colaboradores que convivem com este problema, não a Semco, não a empresa.
Aplicou-se na Semco uma auto-avaliação aos colaboradores sobre seus salários, perguntando aos
mesmos qual o salário que achariam justo para suas tarefa. Supreendentemente os colaborares,
salvo raras excessões, não fugiram a aquilo que já ganhavam, tendo alguns inclusive valorizado
este salárioa ainda abaixo do que já tinha.
– Transparência e abertura são partes integrantes da filosofia, segundo o autor. Prega a
democracia , ainda que de difícil implantação no começo, trazendo suas compensações no longo
prazo. Importante destacar que Semler apoiou o movimento Diretas Já! . Existem, na Semco,
reuniões de tomada de decisão onde participam pessoas de vários níveis hierárquicos, onde os
votos são de mesmo peso. Aquilo que for a melhor idéia será aprovado, não importando de quem
seja esta idéia. Há igualdade entre todos, funcionários e horistas, escritório e fábrica, todos
devem receber o mesmo tratamento. Aos colaboradores a tarefa de escolher e implantar as
melhorias em seu ambiente de trabalho e controlar os benefícios e a qualidades daquilo que estão
fazendo. As grandes decisões da empresa precisam ser tomadas em conjunto com os
colaboradores. Reuniões informais e proximidade como escritório são necessidades da empresa,
diz Semler. A formação de grupos-tarefas, reuniões entre os níveis e consultas aos níveis
inferiores que demonstram uma política de descentralização e buscam nos colaboradores
contribuições para a empresa. Sobreviver ao longo prazo, para Semler, depende de ouvir aquilo
que até mesmo os mais humildes funcionários tem a dizer dentro da organização(180). Semler
acredita no diálogo com sindicatos, o que não quer dizer que concorde com eles. Jamais mantém
negociações durante greves, respeitando contudo a decisão de realizar uma, não demitindo
ninguém, porém não pagando salários a nenhum dos grevistas durante este período. O homem-
chave da empresa tem seus méritos que apesar de pouco visíveis acabarão aparecendo. Aos
acionistas, uma mudança de hábitos que os levem a não utilizar a empresa em proveito próprio.
Pessoas são substituíveis, e cada colaborador deve trabalhar buscando que outras pessoas
possuam as suas competências para que possam vir a substituí-las. É uma política ruim para a
empresa a existência de muitos níveis hierarquicos, assistentes e grandes diferenças salariais.
Tais diferenças não devem ser segredo, devem ser divulgadas e postas em discussão. Aquele
executivo que tiver vergonha daquilo que recebe é porque não merece ganhar aquilo(122). O
cancelamento das mordomias injustificadas da cúpula deve ser feito. Os funcionários devem
avaliar seus chefes e receber participação nos lucros pois merecem uma justa parte de respeito e
dos lucros que geram(141). Uma co-gestão deve ser implantada com a participação de todos os
níveis hierarquicos, sendo que para isso os participantes devem estar preparados para discutir em
pé de igualdade, representantes do chão de fábrica, gerentes e diretores.
–Enxergar as mudanças cedo e implantá-las, sendo flexível, aberta a mudanças e transformações,
ágil, arrojada e com a efetiva participação dos funcionários é, para Semler, o maior desafio. As
mundanças, em sua maioria, nada mais são do que releituras de maneiras antigas de se fazer as
coisas(39) e deve-se agir então com bom senso, pois não há processos revolucionários que
transplantados de outras empresas para a sua possam surtir os mesmos efeitos. Buscar melhorias
é inevitável, e com esta busca erros de trajetória. Mas erros devem ser encarados como
aprendizados, lembrando que quando não há erros, também há morosidade em decisões e poucas
realizações(197). Os conflitos com comissões de fábrica é completamente normal, já que a
função destes é representar o interesse dos funcionários. Este conflito é positivo pois visam criar
o bem estar entre as partes. Ao RH a tarefa de harmonizar os desejos dos colaboradores com a
possibilidade econômica da empresa. Nem defender um lado e nem outro. Semler ensina,
sobretudo, a sempre buscar a diversificação.