A revelação especial não serve, simplesmente, ao propósito de comunicar ao homem algum
conhecimento geral de Deus. Descobre ao homem o conhecimento específico do plano divino para a
salvação dos pecadores; da reconciliação de Deus e dos pecadores por meio de Jesus Cristo; do caminho
da salvação aberto por Sua obra redentora, da influência transformadora e santificadora do Espírito Santo,
e das exigências divinas para os que participam da vida do Espírito.
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Como está claro, a Revelação Especial é indispensável ao ser humano a fim de que este possa sair de seu estado
de pecado e entrar em comunhão com o Criador. Ou seja, a Revelação Especial tem importância imensurável por se
tratar de verdades que mudarão a situação eterna do homem. É por esta causa que Deus fez com que se registrasse esta
revelação a fim de que fosse preservada pelos séculos durante a história humana, sem os perigos de ser perdida com o
passar do tempo, ou ser ―adulterada por idéias humanas‖. Podemos então falar da relação entre a Escritura e a
Revelação Especial da seguinte forma:
Em geral pode-se dizer que a revelação especial de Deus assumiu uma forma permanente na Escritura, e
foi assim preservada para a posteridade. Deus quis que Sua revelação fosse o Seu falar perene para todas
as gerações sucessivas dos homens; e tinha, pois, de guardá-la contra a perda, corrupção e falsificação. E
Ele o fez provendo-lhe um registro infalível e vigiando-o com cuidado providencial.
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Evidentemente nem tudo que fez parte da Revelação Especial está escrito nas Escrituras (Jo 20:30-31), porém,
tudo que foi escrito é suficiente para as necessidades humanas, e suficiente para o homem cumprir os seus deveres para
com Deus (2Tm 3:16, 17).
Base Bíblica: 2Rs 17:13; Sl 103:7; Jo 1:18; Hb 1:1, 2; 1Co 2:9, 10; 1:21
Base Confessional:
Confissão de Fé de Westminster (Capítulo I , Seção I – Da Escritura Sagrada):
Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência de tal modo manifestem a bondade, a sabedoria e o
poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, contudo não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus
e da sua vontade necessário para a salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos,
revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade,
para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do
mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna indispensável a Escritura Sagrada, tendo cessado
aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo.
Catecismo Maior: (perg. 2) ―Como podemos saber se existe um Deus?‖ Resposta: ―... só a sua Palavra e o seu
Espírito o revelam de um modo suficiente e eficaz, aos homens, para a sua salvação.‖
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Conclusão
Certamente Deus não revelou tudo acerca de Si mesmo, mas o que revelou é suficiente para suprir nossas
necessidades como criaturas espirituais que precisam de comunhão com Ele. Mesmo porque, ainda que Ele viesse a
revelar-Se plenamente a nós, não poderíamos compreendê-lo, pois somos finitos. ―Deus é O Incompreensível. O homem
não pode conhecê-lO como Ele é nas profundezas de Seu ser divino‖.
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O Senhor está tão acima de nós que por mais
que quiséssemos conhecer mais dEle, nunca conseguiríamos chegar a um conhecimento completo:
Não só é verdade que jamais poderemos compreender plenamente a Deus; é verdade também que jamais
poderemos compreender plenamente nem mesmo uma só coisa acerca de Deus. Sua grandeza (Sl 145:3),
12
BERKHOF, Louis. Manual de Doutrina Cristã, p 36.
13
Ibid, p 38.
14
MARRA, Cláudio Antônio Batista. editor, O Catecismo Maior, p 1.
15
BERKHOF, Louis, Manual de Doutrina Cristã. Campinas, Luz Para o Caminho, 1985, p 26.