Rim e função renal 251
Existem vários fatores e constituintes que po-
dem alterar a cor da urina, incluindo substâncias
ingeridas, atividade física, assim como diversos
compostos presentes em situações patológicas. O
exame da cor da urina deve ser realizado empre-
gando uma boa fonte de luz, olhando através de
recipiente de vidro transparente contra um fundo
branco. As cores comumente encontradas são:
Amarelo-claro ou incolor. É encontrado em
pacientes poliúricos, diabetes mellitus, diabetes
insípido, insuficiência renal avançada, elevado
consumo de líquidos, medicação diurética e in-
gestão de álcool.
Amarelo-escuro ou castanho. É freqüente nos
estados oligúricos, anemia perniciosa, estados
febris, início das icterícia (presença anormal de
bilirrubina), exercício vigoroso e ingestão de argi-
rol, mepacrina, ruibarbo e furandantoínas.
Alaranjada ou avermelhada . É comum em
presença de hematúria, hemoglobinúria, mioglobi-
núria, icterícias hemolíticas, porfirinúrias e no
emprego de anilina, eosina, fenolftaleína, rifocina,
sulfanol, tetranol, trional, xantonina, beterraba,
vitamina A, derivados de piridina, nitrofurantoína,
fenindiona e contaminação menstrual.
Marrom-escuro ou enegrecida . (“Cerveja
preta”) ocorre no carcinoma de bexiga (“borra de
café”), glomerulonefrite aguda, meta-hemoglobi-
núria, alcaptonúria (ácido homogentísico), febres
palustres, melanoma maligno e no uso de metil-
dopa ou levodopa, metronidazol, argirol e salici-
latos.
Azulada ou esverdeada . Deve-se a infecção
por pseudomonas, icterícias antigas, tifo, cólera e
pela utilização de azul de Evans, azul de metileno,
riboflavina, amitriptilina, metocarbamol, cloretos,
indican, fenol e santonina (em pH ácido).
Esbranquiçada ou branco leitosa . Está pre-
sente na quilúria, lipidúria maciça, hiperoxalúria
primária, fosfatúria e enfermidades purulentas do
trato urinário.
ASPECTO
Geralmente, a urina normal e recentemente emi-
tida é límpida. Nas urinas alcalinas é freqüente o
aparecimento de opacidade por precipitação de
fosfatos amorfos – ocasionalmente carbonatos –
na forma de névoa branca. A adição de algumas
gotas de ácido acético dissolve os fosfatos e os
carbonatos. A urina ácida normal também pode
mostrar-se opaca devido à precipitação de uratos
amorfos, cristais de oxalato de cálcio ou de ácido
úrico. Muitas vezes, o aspecto da urina ácida lem-
bra pó de tijolo, provocado pelo acúmulo de pig-
mento róseo de uroeritrina na superfície dos cris-
tais. A uroeritrina é um componente normal na
urina. A turvação provocada pelos uratos pode ser
dissolvida por aquecimento da urina a 60
0
C.
A turvação comumente é causada por leucó-
citos, hemácias, células epiteliais ou bactérias. Os
leucócitos formam precipitados semelhantes aos
provocados pelos fosfatos mas não se dissolvem
pela adição de ácido acético; a presença de leucó-
citos é confirmada pela sedimentoscopia. A bacte-
riúria produz opalescência uniforme que não é
removida pela acidificação; de modo geral, estas
urinas apresentam cheiro amoniacal pelo desdo-
bramento da uréia pelas bactérias. A presença de
hemácias (hematúria) promove turvação que é
confirmada microscopicamente.
Espermatozóides e líquido prostático causam
turvação que pode ser clarificada por acidificação
ou aquecimento. O líquido prostático normalmente
contém alguns leucócitos e outros elementos. A
mucina pode causar filamentos e depósito volu-
moso, sobretudo nos estados inflamatórios do
trato urinário inferior ou trato genital.
Algumas vezes a urina apresenta aspecto turvo
em razão de coágulos sangüíneos, pedaços de
tecido, lipídios, levedura, pequenos cálculos, pus,
material fecal, talco, antissépticos, cremes vagi-
nais e contrastes radiológicos. São ainda causas de
turvação a presença de linfa e glóbulos de gor-
dura.
O aspecto da urina é observado após a homo-
geinização da mesma. A urina se apresenta lím-
pida, opaca, leitosa, levemente turva, turva ou
fortemente turva. A verificação também da pre-
sença de componentes anormais como coágulos,