SERMÃO DA MONTANHA
As montanhas sempre foram associadas com épocas distintas da história do povo de Deus;
o monte Sinai é sagrado para a lei, e o monte Sião é um símbolo da Igreja. O Calvário iria
estar conectado, no seu devido tempo, com a redenção, e o monte das Oliveiras, com a
ascensão de nosso Senhor ressurreto. Era conveniente, portanto, que o início do ministério
do Redentor estivesse vinculado a um monte tal como “a Colina das Bem-aventuranças”.
Foi a partir de uma montanha que Deus proclamou a Lei, e é sobre um monte que Jesus
a explica. Graças a Deus, não era um monte em torno do qual tivessem que impor limites;
não era a montanha que ardia com fogo, da qual Israel fugiu com medo. Era, sem dúvida,
um monte todo coberto de ervas e adornado com lindas flores, cujos lados eram invadidos
de oliveiras e figueiras, exceto nos pontos onde as rochas abriam caminho erguendo-se
entre a grama, convidando avidamente a seu Senhor a honrá-las, momentaneamente,
transformando-as em Seu púlpito e Seu trono.
A lei tinha dois montes, Ebal e Gerizim, um para bênçãos e outro para maldições, mas o
Senhor Jesus abençoou eternamente, e não amaldiçoou.
As Bem-aventuranças que temos diante de nós, que se relacionam com o caráter, são sete;
a oitava é uma benção para as pessoas descritas nas sete Bem-aventuranças, nos casos em
que sua excelência tem provocado a hostilidade.
Em seu primeiro discurso Jesus condena todos os valores sobre os quais se baseava um
mundo então dominado pelo império romano, idólatra e opressor.
É necessário ter em mente a quem se destina o Sermão, e porque foi colocado naquele
momento. É para os discípulos que ele fala, e não para o povo em geral. Portanto não são
preceitos para as pessoas obterem a salvação, mas o padrão esperado de quem já era
discípulo de Jesus para fazer parte do seu reino. É importante ressaltar que estas palavras
foram ditas a judeus antes da formação da igreja, que é o corpo de Cristo formada por
judeus e gentios
As palavras pronunciadas no Sermão, refletem e desenham um rosto impressionante e
desconcertante: o do homem, do humano chamado a se realizar em Deus e a sua imagem.
Cada palavra deste texto acaba numa visão futurista do mundo vindouro (Reino de Deus),
através de um autorretrato onde os traços de um rosto revelam a possibilidade de uma
harmoniosa coexistência dos contrários.