6968SEMANA JOVEM 2017
te uma igreja vibrante. Mas o sonho de Lutero não se concretizou. Não conseguiu
estabelecer uma igreja composta por membros voluntários. Então, confiou na ajuda
do estado para construir a nova Igreja Evangélica. Dentre outras coisas, isso signi-
ficou que cada recém-nascido fosse batizado diretamente, depois do nascimento,
para ser assim membro da igreja. Porém, visto que um bebê não era ainda capaz
de crer, Lutero era da opinião que, no batismo, os padrinhos prometessem ajudar a
criar a criança na fé cristã. E, posteriormente, quando jovem, no Rito da Confirma-
ção, esse indivíduo poderia então confessar que era filho de Deus.
Mas onde ficam, afinal de contas, a liberdade de escolha e a decisão pessoal pela fé?
Nesse sentido, a Reforma Protestante permaneceu sem convicção e dependia
da autoridade do estado. Logo, os cristãos que criam de forma diferente em pon-
tos individuais do ensino eram também pressionados ou perseguidos pelos pro-
testantes. Assim sendo, nunca devemos nos esquecer dos homens e mulheres da
Reforma que buscaram viver essa compreensão do batismo e de serem membros
voluntários na igreja e que pagaram por isso com a vida. Isso também faz parte
da Reforma, mas, muitas vezes, é simplesmente esquecido.
O EXEMPLO DO MOVIMENTO ANABATISTA
Além de Wittenberg, na Saxônia, havia um segundo centro de Reforma Pro-
testante, na Suíça, liderada por Ulrico Zuínglio, em Zurique. Dentre seus amigos,
também havia famílias que, na questão do batismo e de suas crenças fundamentais,
desejavam seguir o modelo bíblico a todo custo e que, portanto, não permitia que o
batismo de bebês fosse realizado. Eles se separaram depois de uma disputa pública
entre eles. Um grupo, reunido em torno de Konrad Grebel, Felix Manz e Jörg
Blaurock, seguiu clandestino e realizou o primeiro batismo depois da confissão de
fé, no dia 21 de janeiro de 1525. Isso provocou profunda indignação no concílio da
cidade protestante, Zurique e em outras autoridades. Os assim chamados anabatis-
tas queriam não apenas batizar os crentes, mas também entendiam a igreja, como
uma irmandade, de acordo com o modelo bíblico, que eles tentavam interpretar o
mais literalmente possível. Dentre outras coisas, eles exigiam a liberdade religiosa,
incluindo a separação de igreja e do estado e tentavam cumprir o ideal de partilhar
todas as posses, de praticar a não violência e de buscar permanecer separados do